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Transformação Radical: em busca do evangelho integral
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Transformação Radical: em busca do evangelho integral
E-book380 páginas7 horas

Transformação Radical: em busca do evangelho integral

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Sobre este e-book

Não há dúvida de que o conhecimento científico moderno nos trouxe grandes benefícios. Mas nossa dependência desse princípio foi adquirida por um alto preço. Aceitamos várias separações: corpo e espírito, palavras e ações, indivíduo e grupo. Hoje, estamos lutando para redescobrir uma compreensão do todo: o evangelho todo, a pessoa como um todo, o indivíduo em comunidade, o cuidado com a saúde que leva em consideração a pessoa toda. Wagner Kuhn apresenta um estudo profundo sobre a compreensão da vida. Ele mostra que a Bíblia não reconhece nenhuma dessas separações modernas. O evangelho é dirigido ao ser humano em todas as suas dimensões, necessidades e potencialidades.
IdiomaPortuguês
EditoraUnaspress
Data de lançamento25 de ago. de 2021
ISBN9786589185581
Transformação Radical: em busca do evangelho integral

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    Transformação Radical - Wagner Kuhn

    Capítulo 1

    Teologia, desenvolvimento e missão: o aspecto transcultural do Evangelho integral

    O que era desde o princípio, o que temos ouvido, o que temos visto, o que temos visto com os nossos olhos, o que contemplamos, e as nossas mãos apalparam, com respeito ao Verbo da vida (e a vida se manifestou, e nós a temos visto, e dela damos testemunho, e vo-la anunciamos, a vida eterna, a qual estava com o Pai e nos foi manifestada), o que temos visto e ouvido anunciamos também a vós outros, para que vós, igualmente, mantenhais comunhão conosco. Ora, a nossa comunhão é com o Pai e com seu Filho, Jesus Cristo. Estas coisas, pois, vos escrevemos para que a nossa alegria seja completa (1Jo 1:1-4).

    Introdução

    Deus é amor. Portanto, Ele busca continuamente alcançar a todos (Jo 3:16; 1Jo 4:8-10, 19), querendo revelar seu caráter e vontade como lhe agrada; querendo educar e redimir não só transculturalmente, mas através do espaço, do tempo e dos mundos. O amor [de Deus], base da criação e redenção, é o fundamento da educação verdadeira (WHITE, 1903, p. 16). O seu amor é constantemente comunicado e demonstrado através de um desenvolvimento redentivo¹ que busca transformar aqueles que recebem e creem em sua Palavra e, como o apóstolo Paulo, desejam se tornar servos de Jesus Cristo, aceitar e comunicar suas boas-novas através de princípio, teoria e prática, e através do pensamento, palavra e ação — mente, corpo e espírito. Assim, a linguagem teológica que aprendemos e usamos torna-se fundamental na transmissão da fé, especialmente num contexto transcultural e multilinguístico.²

    Compreendendo e comunicando a teologia: seguindo o apóstolo Paulo — o teólogo-missionário

    O apóstolo Paulo ensinou teologia e praticou missão tentando se aproximar o máximo possível das pessoas, a fim de salvá-las para Cristo. Ele diz: Fiz-me fraco para com os fracos, com o fim de ganhar os fracos. Fiz-me tudo para com todos, com o fim de, por todos os modos, salvar alguns (1Co 9:22).

    Essa é a metodologia de Paulo (sua pedagogia teológica), que em palavras e atos, pela teologia e pela missão dada a ele, combina, em seu ministério, tanto o conhecimento quanto a pregação do evangelho — ele aprende e comunica teologia na missão. A teologia e pedagogia de Paulo, e a prática do evangelho integral de Deus, produzem frutos à medida que ele segue a Cristo. Ele afirma: Sede meus imitadores, como também eu sou de Cristo (1Co 11:1). Ele toma o exemplo de Cristo e o aplica à sua própria vida apostólica — a vida de um servo, um discípulo, um teólogo e um missionário. Paulo aprende, compreende e comunica teologia seguindo o exemplo do Deus encarnado em Cristo.

    O encontro (revelação) e a visão do apóstolo Paulo com Cristo talvez ofereça o melhor exemplo humano da unidade entre teologia e missão. Como esses dois conceitos ou disciplinas (facetas da revelação divina) andam de mãos dadas. No conhecimento de Deus (teologia) e na prática ou pregação do evangelho (missão), a salvação de Deus em Cristo é transmitida, comunicada e dada aos gentios. O próprio Deus revela-se a Paulo e, portanto, Paulo conhece a Deus, prega as boas-novas (evangelho), é guiado pelo Espírito Santo, escreve a maior parte do NT e o faz a partir da perspectiva do seu encontro com Deus. Ele escreve e transmite teologia em missão, e essa missão que lhe foi dada pelo próprio Cristo (At 9) é o fator que produz teologia. Ao pregar e comunicar teologia, ele ensina e escreve; e ao escrever, ele prega e ensina! Isso é teologia e missão educadora e transformadora (KUHN, 2011, p. 450).

    A teologia e a missão do apóstolo Paulo se relacionam entre si não só como teoria e prática, no sentido de que a sua missão brota de sua teologia, mas no sentido de que sua teologia é uma teologia missionária e que a sua mensagem e missão são totalmente relacionadas e transmitida através de sua identidade, pensamento, vocação e chamado divinos.

    Paulo é um teólogo, mas da mesma forma que é um comunicador, um servo, um missionário e um mestre (BOSCH, 1991, p. 123-124, 492-493). Assim, o processo de aprender e comunicar a teologia deve estar centrada no amor de Deus revelado por Cristo na cruz do Calvário, e deve vir de Deus por meio de chamado (revelação), vocação e missão. Os princípios, conteúdos e métodos de comunicação teológica devem ter sua origem e fundamento na Palavra de Deus. Nós também devemos imitar Paulo naquilo em que ele seguiu o exemplo de Cristo.

    Revelação, visão e comunicação: teologia e missão andando de mãos dadas

    Na perspectiva bíblica, a missão recebida de Deus vem de sua revelação a nós, sua iniciativa de buscar e salvar (Gn 3:9, 15, 21; Jo 3:16). É uma missão que tem que ver com a revelação (teologia), que Deus faz de si mesmo, e com os conhecimentos adquiridos a partir dessa revelação e visão (encontro). Essa visão ou revelação confere significado, conteúdo e direção à missão e mostra como essa missão deve ser comunicada e desenvolvida. Teologia e missão sempre estão presentes no processo de salvação iniciado por Deus. Deus se revela, toma a iniciativa, fornece uma visão e, em seguida, por meio da misericórdia, nos dá uma missão. Sua missão, portanto, torna-se a nossa missão.

    Toda missão que provém de Deus é baseada numa revelação (teologia) de seu caráter e de sua iniciativa para salvar (Missio Dei).³ O exemplo de Moisés ilustra bem essa questão. Deus fala com Moisés na sarça ardente. Deus se revela a Moisés (teologia/teofania). A partir dessa experiência de revelação que acontece pela iniciativa divina, Moisés começa a compreender o caráter e a vontade de Deus e, ao mesmo tempo, recebe uma missão (Êx 3).

    A revelação de Deus a Moisés continua à medida que Deus se revela progressivamente (teologia). Deus se comunica com Moisés em uma linguagem teológica que ele pode e é capaz de entender. Embora a linguagem humana de Moisés limite sua comunicação com Deus, quanto mais Deus se revela a ele, mais ele compreende e mais confia; e, neste contexto, recebe uma missão. A partir da revelação e missão, ele anda com Deus cumprindo a vontade divina. A missão comunicada a Moisés inclui não só a libertação do povo de Israel, mas também o processo de escrita do Pentateuco — o Evangelho no AT. Sua missão inclui revelar e comunicar o conhecimento de Deus a Israel e às nações por meio da Palavra escrita. Nos escritos de Moisés, Deus transmite e revela o seu caráter, a sua vontade e os seus planos. Deus revela que Ele existe, quem Ele é, o que Ele faz e o que exige de seus filhos.

    Outro exemplo é o caso do profeta Isaías. Ele recebe uma visão na qual Deus se revela. Por meio dessa revelação teológica, Isaías consegue entender um pouco mais sobre a glória a majestade de Deus, e sua santidade divina e absoluta. Isaías compreende sua própria condição e a condição humana, que é caída, pecaminosa, mortal e finita. Da forma como está, ele não pode estar na presença de Deus, o Rei do universo, sem ser consumido.

    Deus toma a iniciativa e envia um querubim que segura uma brasa viva e toca na boca de Isaías. Por meio desse processo, o profeta é perdoado e, ao ouvir o chamado de Deus, Isaías diz: Eis-me aqui, envia-me (Is 6:8). A resposta ao chamado e à missão é dada com base numa revelação e encontro com Deus, uma compreensão do seu caráter, sua santidade, e uma infusão de sua graça perdoadora. Ela é comunicada por meio de linguagem teológica para um propósito missológico. Essa missão ou método divino, que inicia o processo de transformação necessária à nossa salvação, implica autorrevelação (teologia), a comunicação de visões, e também a outorga de sua Palavra, que contém a missão de Deus e a nossa missão (Mt 28:19-20).

    Revelação semelhante também é dada a Davi em missão. O conhecimento de Deus é concedido a ele gradualmente, à medida que executa a missão de Deus. Davi se comunica de tal maneira, usando uma linguagem teológica tão singular que todos nos maravilhamos com a capacidade que ele recebeu para compreender e relacionar-se com o Deus justo, misericordioso e compassivo.

    Nos encontros de Davi com Deus, a sua compreensão de Deus aumenta. Ele escreve usando linguagem teológica para comunicar os atos redentores de Deus que serão cumpridos com a vinda do Messias. Essa teologia é concebida e escrita por Davi enquanto ele realiza a missão concedida por Deus, enquanto louva, obedece e honra a vontade de Deus, e enquanto internaliza a lei de Deus em seu coração (por meio de habitação do Espírito de Deus). Ele aprende e educa a si mesmo, e o conhecimento teológico que recebe e transmite acontece enquanto ele está envolvido na missão. Na visão recebida por Pedro (At 10), Deus lhe revela uma missão abrangente. Ao receber essa visão, revelação e instrução do Espírito Santo, a compreensão teológica de Pedro se expande e, em seguida, ele crê que Cristo quer salvar a todos, especialmente os gentios pagãos. A realidade e cosmovisão de Pedro são abaladas e transformadas. Isso afeta a sua língua e perspectivas interculturais. Na realidade, isso afeta e influencia a maneira como o evangelho e a missão eram transmitidos pelo apóstolo.

    A revelação da missão de Deus e seu plano de salvação que inclui pessoas de todas as raças, línguas e nações, levou os apóstolos a expandirem a sua missão. Ela se tornou uma missão totalmente abrangente, e usaram uma linguagem teológica que era capaz de atravessar fronteiras sociais e geográficas com o Evangelho. A visão conferida pela revelação divina, por meio de instruções do Espírito Santo, quebra barreiras, preconceitos, tradições e regras humanas. Ela fornece uma ampla compreensão de Deus (teologia) e sua missão. Além disso, determina a missão da igreja. É uma missão que usa a linguagem teológica e transcultural de Deus, em todos os lugares e para todos.

    A Encarnação como linguagem teológica redentiva de Deus

    No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. Ele estava no princípio com Deus. Todas as coisas foram feitas por intermédio dele, e, sem ele, nada do que foi feito se fez. A vida estava nele e a vida era a luz dos homens. A luz resplandece nas trevas, e as trevas não prevalecem contra ela (Jo 1:1-5).

    Jesus Cristo, nosso Criador e Redentor, Aquele que nos dá uma melhor compreensão da teologia e da linguagem teológica, e do eterno Deus, o faz em missão.⁴ Nele, que é Emanuel (Is 7:14), recebemos o conhecimento e a teologia de um Deus que não só é eterno e divino, mas também é um Deus pessoal (Jo 1:1, 14). Sua missão era vir para revelar a si mesmo e, a partir de sua encarnação, que é cumprida em missão, Deus continua a revelar, transformar e desenvolver, e salvar o pecador. No Cristo encarnado — o Evangelho e as boas-novas de Deus —, temos o exemplo, o método e o princípio por excelência da missão de Deus e da missão para seus servos.

    A Bíblia toda segue esse padrão. Deus se revela em missão, porque a sua missão é revelar-se a si mesmo — para salvar e redimir. A Bíblia como um todo e, especificamente, os quatro Evangelhos, nos dão uma compreensão equilibrada da teologia e da missão, a saber, que uma não é superior e mais importante do que a outra, mas ambas integram e complementam uma à outra. Isso se torna evidente quando analisamos a vida e o ministério de Cristo — Deus se une com o homem para salvar a raça humana caída. Misteriosamente, Cristo se encarna para servir, tendo a atitude de um servo. Em Cristo, Deus cumpre perfeitamente a sua missão de salvar e revelar o seu caráter da forma mais objetiva possível. Assim, a Encarnação nos comunica claramente a linguagem teológica de Deus — vista em seu autossacrifício na cruz em nosso lugar.

    A linguagem transcultural do Evangelho integral: envolvendo teologia, desenvolvimento e cura em missão

    A missão de Deus, vivida e comunicada por meio dos apóstolos de Jesus, é transmitida principalmente mediante pregação, ensino e ministérios de cura (Mt 28:19-20). É uma missão que visa a alcançar e transformar a pessoa inteira — espírito, mente e corpo. Esse foco denota um esforço para considerar a missão da igreja como um todo abrangente e um ministério integral. Mais do que podemos perceber, os cristãos vão a lugares distantes e difíceis para ministrar e servir os necessitados, e essa é uma tarefa desafiadora e um difícil empreendimento transcultural.

    À medida que os missionários vão pregar as boas-novas do Evangelho, muitas vezes eles encontram-se envolvidos em circunstâncias desafiadoras, em que fornecer cura física e educação às pessoas é uma prioridade. Em muitos lugares, a educação teológica tem desempenhado um papel significativo no cumprimento da missão global da igreja, que é proclamar o Evangelho eterno a todo o mundo. Em várias regiões do mundo, as escolas foram algumas das primeiras instituições a ser estabelecidas. Entre os primeiros assuntos a ser ensinados, estavam a Bíblia, religião e, então, teologia, uma vez que essas disciplinas eram consideradas as mais importantes para os novos membros e futuros líderes das comunidades locais e das igrejas.

    Também não é incomum para muitos obreiros da igreja se envolver na tarefa de prover educação e outras atividades ligadas ao desenvolvimento, uma vez que esses tipos de ministérios proporcionam um meio em que as pessoas e as comunidades podem ter uma oportunidade de participar no desenvolvimento, mudança e transformação e — o mais importante — a proclamação do Evangelho. Em outras palavras, o pensamento tradicional, que compartimentaliza ensino, pregação, cura, educação e desenvolvimento espiritual, tornam-se mesclados, e todos eles alimentam um ao outro, formando um ministério evangélico integrado e holístico.

    Muitas vezes, a motivação por trás desses tipos de ministérios integrais e de educação é ajudar a proporcionar oportunidades para aqueles que são pobres ou discriminados, aqueles que nunca poderiam ouvir sobre Jesus Cristo e seu breve retorno de outra forma não seja por meio das envolvidas em vários tipos de cura e iniciativas educacionais. No passado, muitas dessas iniciativas educacionais (incluindo a educação teológica) foram motivadas por um espírito de caridade e inspiraram a criação de várias escolas e universidades na Europa e em todo o mundo, muitas dos quais ainda existem hoje. Para esses missionários, uma educação inspirada pelo espírito e fervor do Evangelho deve abranger todas as formas de vida cristã e prática evangelística — educacional, médica, pastoral, e assim por diante. Assim, a educação teológica tem desempenhado um papel vital e importante ao preparar e equipar muitos a continuarem levando a Palavra de Deus e a missão até os confins da Terra (WERNER, 2011, p. 92-100).

    Os cristãos devem estar sempre conscientes de que Deus lhes provê uma excelente oportunidade de alcançar e tocar as pessoas por meio da educação, já que ela significa desenvolvimento, o que leva à transformação e redenção. A educação tem que ver com a restauração da dignidade humana. Assim, uma educação que é transformadora e redentora abrange todas as dimensões da existência humana — física, mental, social e espiritual.

    No mais alto sentido, a obra da educação e da redenção são uma; pois, na educação, como na redenção, ‘ninguém pode pôr outro fundamento, além do que já está posto, o qual é Jesus Cristo’ (1Co 3:11) (WHITE, 1903, p. 30). A autora amplia esse princípio, afirmando: Redenção é o processo pelo qual a alma é preparada para o Céu. Esse preparo implica conhecer a Cristo. Significa emancipação de ideias, hábitos e práticas adquiridos na escola do príncipe das trevas. A alma se deve libertar de tudo que se opõe à lealdade para com Deus (WHITE, 1940, p. 330). Em minha opinião, esse é um princípio universal que deve ser seguido por teólogos e educadores, porque possui grandes implicações teológicas e missiológicas para a igreja em todos os lugares.

    Assim, o objetivo de uma teologia e educação abrangentes (integrais) é contemplar as pessoas transformadas e redimidas pelo amor de Cristo. Qualquer filosofia, teologia e prática da educação, especialmente no contexto da missão, devem levar os princípios do Evangelho integral de Jesus, que visa a transformar o ser humano inteiro — corpo, mente e espírito.

    Além disso, uma teologia e educação que, em sua própria natureza, são bíblicas e missionárias, também devem visar o resgate e a transformação das estruturas e poderes que dificultam e impedem uma pessoa de experimentar a vida abundante que Cristo quer que todos desfrutem (Jo 10:10). Esse conhecimento de Deus adquirido por meio da linguagem teológica, transmite e infunde no aluno e cristão o zelo e a visão para o ministério. Mediante o poder do Espírito Santo, o crente se torna um discípulo, alguém capaz de transformar indivíduos e comunidades para a glória e honra de Deus. Assim, uma teologia e educação que não são transformadoras, que não visam também ajudar e resgatar aqueles que estão quebrantados e destruídos pelo pecado, perderá sua missão, valor e foco. Consideremos um exemplo de uma educação abrangente que visa a transformar uma pessoa por inteiro, e também se concentra na integração do conhecimento de Deus e na pregação da Palavra. Foi com esse objetivo em mente que Ellen G. White avançou com a visão de estabelecer uma instituição de ensino superior — Loma Linda College of Medical Evangelists (Faculdade de Médicos Evangelistas de Loma Linda), em 1906. O objetivo era que a cura dos doentes e o ministério da Palavra andassem de mãos dadas (SCHAEFER, 1995, p. 162).

    Esse propósito deve continuar, e não só na Universidade de Loma Linda (Califórnia, EUA), ou em outros seminários teológicos, mas em todas as demais instituições educacionais, médicas, de publicação da igreja — integrando o ensino da Palavra e a cura do corpo. Contudo, para que isso ocorra, precisamos conhecer o nosso Criador, aquele que cura as nossas feridas, restaura nossos corpos e transforma nossas mentes — daí, a importância da teologia e da educação.

    Considerações finais

    A missão de Deus, uma missão abrangente, deve continuar por meio de hospitais que não só curem, mas também ensinem as palavras do grande Médico. Sua missão deve continuar por meio de agências de assistência e desenvolvimento que não só prestam ajuda humanitária, mas também as palavras de esperança sobre o Deus que ama e cuida. Ela deve continuar por meio de instituições educacionais que não apenas ensinem o programa de estudo estabelecido, mas também formem homens e mulheres de caráter nobre para este mundo e para o reino vindouro. Sim, a missão de Deus também deve continuar por meio de seminários teológicos, que são responsáveis por fornecer educação teológica a membros leigos, pastores, professores e missionários — os que possuem responsabilidade especial de ensinar e pregar as boas-novas a toda a humanidade. A missão de Deus deve continuar por meio de todos os membros do seu corpo — você e eu — a sua igreja.

    Não podemos aprender, comunicar ou ensinar teologia se não for integrada com a missão de Deus — porque a missão de Deus é a missão da igreja cristã. Assim como o Espírito Santo integra teologia e missão, teólogos e educadores também devem integrar a teologia com a missão, de modo que a missão tenha conteúdo baseado e alicerçado na Palavra de Deus. Ao mesmo tempo, eles também devem integrar a teologia com a missão, de modo que a teologia tenha uma meta, um objetivo, um propósito.

    Nosso pensamento deve ser moldado por uma teologia bíblica, à medida que caminhamos e ouvimos, aprendemos, compartilhamos e seguimos em frente, e à medida que vamos a todo o mundo como discípulos, apóstolos, teólogos e missionários; comunicando o Senhor Jesus Cristo em um contexto transcultural. Estamos no cruzamento em que linguagem teológica, educação, desenvolvimento e missão se encontram. As perguntas a serem feitas devem ser: Como essas disciplinas precisam andar juntas para moldar nossa vida, nossa igreja, e o mundo ao nosso redor? Como podemos comunicar melhor o Evangelho integral e curativo de Deus a um mundo que está morrendo?

    Deixe-me sugerir que a maneira como nos engajamos com a Bíblia (a Palavra de Deus) e com um desafio teológico, bem como educação e questões transculturais, determinarão as formas como iremos desafiar ou confirmar o que deve ser feito em nosso contexto de missão. Seguindo os passos de Paulo, devemos permitir que a missão molde a nossa teologia, e infunde nossa prática de missão com o conteúdo da reflexão teológica. Devemos permitir que a Palavra revelada seja fundamental e transformadora em nossa vida e ministério. Ao fazermos isso, vamos nos esforçar a fim de preparar a próxima geração para pensar sobre questões críticas de uma forma em que missão e teologia sejam integrantes uma à outra em resposta às questões específicas que surgem a partir dos diferentes contextos. E com Paulo, seremos capazes de dizer: Sede meus imitadores, como também eu sou de Cristo (1Co 11:1).

    Além disso, ao refletirmos sobre a Palavra e seguindo os passos de Cristo, devemos esforçar-nos para utilizar uma linguagem que comunica de forma eficaz o evangelho transcultural de uma forma integral. Isso liga o Céu e a Terra — a Divindade com a humanidade — e, assim, linguagem teológica e transcultural do Evangelho integral serão aprendidas, ouvidas e praticadas à medida que seguimos o Deus encarnado onde quer que Ele nos levar.


    ¹ As palavras desenvolvimento e educação são usadas alternadamente neste capítulo.

    ² Este capítulo toma emprestado alguns dos conceitos e ideias desenvolvidas em Kuhn (2012, p. 13-22).

    ³ Samuel Rowen (1996, p. 97), parafraseando Abraham Kuyper, diz que o conhecimento adquirido na teologia, um conhecimento de Deus, é obtido porque o objeto de estudo está ativo em fazer-se conhecido. Deus comunica ativamente esse conhecimento na criação e na revelação redentora nas Escrituras. Rowen, citando Elias Medeiros dos Santos, um missiólogo brasileiro, comenta que "há um ‘movimento missiológico’ em Deus no qual Ele está se fazendo conhecido. Deus está em missão, e a missão consiste em fazer com que a sua glória seja conhecida em toda a Terra. O único conhecimento de Deus que temos é o conhecimento de um Deus que está em missão.

    ⁴ Ellen G. White (1940, p. 15) expande esse pensamento: "Foi para manifestar essa glória que Ele veio ao mundo. Veio à Terra entenebrecida pelo pecado, para revelar a luz do amor de Deus, para ser ‘Deus conosco’. […] Vindo habitar conosco, Jesus devia revelar Deus tanto aos homens como aos anjos. Ele era a Palavra de Deus — o pensamento de Deus tornado

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