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Caminhos Da Cordilheira
Caminhos Da Cordilheira
Caminhos Da Cordilheira
E-book194 páginas2 horas

Caminhos Da Cordilheira

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Sobre este e-book

Saiba que você está prestes a adquirir um livro totalmente fora do padrão. pegue o lenço e sente-se num lugar confortável, pois essa história vai fazer você viajar para uma trama sem igual. O destino de duas crianças é selado no momento em que conseguem escapar de um massacre no zoológico. Enquanto enganam a morte e tentam sobreviver em uma terra sem lei, percebem que não são os únicos que conseguiram sair daquela chacina com vida. O garoto não sabia, nem mesmo a garota e muito menos o leão, que os seus destinos estariam entrelaçados até o fim de suas vidas. A Cordilheira os uniu e em seguida os separou, vinte anos depois, o garoto já é um homem quando recebe um convite inesperado para voltar à Cordilheira. Sua missão; Parar um leão assassino que assola um vilarejo. Em meio ao caos, o ex-tenente cruza seu caminho com um andarilho misterioso que sabe demais e uma agente federal que desperta fantasmas de seu passado. Três histórias, três caminhos e um só destino. Embarque nessa aventura épica e desvende os mistérios da Cordilheira do Atlas. Siga as pistas para descobrir a causa dos ataques e se impressione ao destramar o laço que ligou duas crianças e um leão.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento20 de jun. de 2022
Caminhos Da Cordilheira

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    Caminhos Da Cordilheira - Willyan Hartz

    Copyright © 2022 de Willyan Garcia

    Todos os direitos reservados. Este ebook ou qualquer parte dele não pode ser reproduzido ou usado de forma alguma sem autorização expressa, por escrito, do autor ou editor, exceto pelo uso de citações breves em uma resenha do ebook.

    Primeira edição, 2022

    Número do Registro de Obras:312243989

    www.letranomade.com.br

    – Você precisa confiar em mim! Se você não for agora, vai morrer!

    Era para ser um final de semana perfeito, incluindo uma tradicional viagem dos sonhos em família, entretanto alguma coisa deu errada…

    – Não posso ir! Por favor, vem comigo! Essa coisa vai virar.

    Eram apenas duas crianças que precisavam tomar decisões que até adultos achariam difíceis.

    Um garoto e uma garota. E os dois não tinham mais que dez anos de idade.

    Sem esperanças, nem seus pais, embora estivessem juntos, faziam parte de famílias diferentes. Totalmente diferentes.

    O azar poderia ser considerado a única coisa que eles tinham em comum, visto que suas famílias estavam no lugar e hora errados.

    Apesar do pior desastre ter ocorrido com as duas crianças, a garota ainda lamentava o passado; se isso não tivesse acontecido, ela ainda teria seus pais, entretanto não teria conhecido o garoto, o qual a ensinou como sobreviver e a fez se sentir segura. Sentia medo, mas não solidão, havia momentos em que ela sentia que podia conquistar o mundo.

    O menino a ensinou a escalar e ela aprendeu com perfeição. Sentia-se orgulhosa por isso. Ele também ensinou a diferenciar quais frutas eram comestíveis e quais eram venenosas.

    O sentimento era recíproco, o garoto se sentia seguro ao seu lado. Ele sabia que não conseguiria sobreviver sozinho, pois a garota era mais ágil e mais inteligente.

    Se completavam como o vento e a semente. Naquele momento, uma não poderia viver sem o outro, e esse sentimento fez com que um laço fosse criado entre as duas crianças. Algo mais forte que o próprio aço.

    Ela o admirava, queria estar perto dele e isso era um pensamento tolo.

    Pensava a garota. Pois ninguém em sua sã consciência escolheria trocar toda a sua vida por momentos de terror, noites sem dormir, fome constante e desesperança.

    Não dava para rebobinar a fita, pois a vida real se apresenta tal como é, além de que, o que passou, por pior que seja, já se foi e não volta mais.

    Então naquele momento, o mais sensato a se fazer, seria assegurar que pudessem sair dali vivos, ou, pelo menos, um deles.

    Se a menina pudesse optar, certamente seria o garoto. Ela o amava.

    Afinal, o que uma garota de apenas dez anos saberia do amor? Sua mãe dizia que ela encontraria alguém que a fizesse se sentir segura e feliz, que faria ela sentir borboletas no estomago e que certamente saberia quando chegasse tal hora, caso sentisse esses sentimentos. Em especial nos momentos mais difíceis de sua vida.

    O menino estava apavorado, com os nervos à flor da pele. Segurava-se tão forte naquele pedaço improvisado de jangada que as suas unhas começavam a sangrar.

    – Presta atenção: Esta coisa só vai aguentar um de nós dois e acho que você é a mais resistente.

    Ela não respondeu, pois gritos histéricos foram ouvidos e ao se virar para o outro lado da margem, fitou espantada para o garoto e, assustada, avisou:

    – Eles nos alcançaram!

    O garoto então olhou para o lado e viu de onde vinham os gritos. Em sua direção, cerca de dez homens, bem armados, precipitaram-se pela trilha feita recentemente pelas crianças.

    Eles parecem bravos! Muito bravos.

    Pensou ele, desesperado, enquanto olhava fixamente nos olhos azuis dela.

    – Não vou te deixar sozinha, pode ficar tranquila. – comentou ele, tentando acalmá-la.

    Ela por sua vez, argumentou:

    – Eu tenho um plano, mas você precisa confiar em mim. O que me diz? – O

    menino balançou a cabeça freneticamente em sinal de sim. Então ela continuou – Siga o riacho e não pare na margem até que você encontre a próxima aldeia. Não pare por nada, entendeu?

    – Esse é o seu plano? Acha mesmo que vou deixar você aqui?

    Do outro lado da margem não muito longe, o garoto avistou uma sombra se formando na mata, mas não era de um dos homens. A sombra estava a poucos metros da menina.

    Ofegando, o menino comentou:

    – O… a… Aquela coisa está voltando!

    A menina espiou com o canto de seus olhos até encontrar a sombra se aproximando deles e ao olhar para o outro lado, notou que os homens também. E agora?

    – Não se esqueça de mim! – Sussurrou repentinamente a garota – Na próxima vez, você me salva. – Seu sorriso era genuíno e gentil.

    Ele sabia o que a garota pretendia fazer, mas não a deixaria para morrer.

    No momento certo, ele a agarraria e a jogaria na jangada, trocando de lugar.

    Estendeu sua mão e ela repetiu o ato, fazendo com que seus dedos se entrelaçassem. Ele tremia, não sabia se era por medo ou por frio. Pensava a todo momento se era mesmo isso que queria fazer. Arriscar sua vida por uma garota.

    Sim… é o que quero fazer! É o que vou fazer! Ela vai viver.

    – Eu… Te amo! – Confessou o garoto repentinamente.

    Não houve respostas, não em palavras. Ela sorriu novamente. Para ele, seu sorriso lhe pareceu tão encantador quanto um céu estrelado. Então ela se aproximou e tocou seus lábios levemente com a boca, deixando o garoto sem reação.

    – Quando você avistar um pássaro voando, pense em mim. Pássaros azuis… – Pediu ela, encostando sua testa sobre a dele. – Eu amo pássaros azuis!

    – Quando a gente sair daqui, vamos procurar juntos os pássaros mais lindos deste mundo. E nunca mais vou deixar ninguém tocar em você. Eu prometo!

    – disse o garoto, apertando ainda mais seus dedos com os dela enquanto a olhava seriamente.

    NÃO VOU DEIXAR VOCÊ AQUI!

    Se existia algum ato de amor tão forte quanto aquele, somente os deuses puderam presenciar.

    É agora! Vou puxá-la e empurrar a jangada com toda minha força!

    E se eu não conseguir?

    E se ela não conseguir?

    E se nós dois morrermos aqui, separados um do outro?

    Queria poder abraçar ela e não soltar mais.

    E se eu nunca mais vê-la?

    Eram muitos e se.

    Seus olhares se interromperam com o ricochete de um projétil nas pedras do riacho. Sem pensar, ela o empurrou com toda força.

    NÃÃÃÃOOOOO! – Gritou ele, tentando retornar, mas já era tarde, pois foi pego pela correnteza do riacho.

    Aquela foi a última vez que eles se viram. Antes de sumir nas margens, o menino ainda contemplou a garota correndo desesperadamente no lado contrário aos homens, gritando e chamando a atenção deles. A sombra da besta na mata também a seguia. E ele sabia. Era um leão.

    É engraçado como as coisas funcionam. Sempre me considerei um homem de sorte e sempre me perguntei o porquê.

    Durante toda a minha infância, ou boa parte dela, tive a sorte de ser salvo por mulheres incríveis.

    Bem, isso era como eu pensava ou queria pensar. Você não se consideraria sortudo por ser salvo por seja lá quem for, depois que seus pais são mortos brutalmente, bem na sua frente? Ou ainda se perder em uma floresta perigosa e selvagem, longe de seu país e mesmo assim, conseguir ser achado?

    É por estas e outras que sim; eu me considero muito sortudo!

    E, principalmente por aquela garota ter salvado a minha vida no riacho. Ela se sacrificou por mim e, a única lembrança que tenho dela é de estar fugindo desesperadamente, tentando se desviar dos projéteis de balas. Eu disse que a amava e até hoje lembro de seu sorriso.

    Como esquecer alguém que salvou sua vida? Alguém que te fez sorrir e se apaixonar, mesmo não entendendo nada do amor?

    Constatei que sim, eu tive muita sorte, mas ela durar muito.

    Depois de quilômetros descendo rio abaixo, com fome, frio e cansado, avistei uma mulher na margem daquelas águas violentas. Eu havia obedecido às ordens da menina; grudei na jangada tão fortemente que as minhas unhas fazem parte daquela madeira até hoje. A minha vontade de descer dali aumentava a cada curva que aquele rio fazia. Confesso que eu nunca me senti tão tentado ao ver uma curva de rio! Mas resisti; por ela. E

    ela estava certa.

    Tive a sorte de conseguir chegar vivo a um vilarejo. E mais daquela mulher estar coletando água naquele exato momento. Curioso foi a coragem com que ela se jogou nas águas turbulentas, a fim de me salvar.

    Depois que me acolheu, ela chamou o que parecia ser o chefe daquele vilarejo, clamando por ajuda e cuidou de mim, enquanto estive lá. Depois de tudo eu não estava mais com frio, nem com fome e tampouco cansado.

    A ajuda veio, e com ela, a ideia de que eu voltaria para a minha terra natal, mas sem os meus pais. E sem ela; a menina mais bela e corajosa que já encontrei.

    De fato, eu não poderia mesmo ter a mesma sorte pela terceira vez. Foi isso que eu pensei quando meu mundo desabou e eu fui obrigado a viver num orfanato. Entretanto eu me enganei, pois lá eu tive a sorte pela terceira vez, apesar de que a convivência não foi fácil, pois havia pessoas que conseguiam deixar meu mundo insuportável. Também haviam pessoas dispostas a fazer tudo por mim. A Sra. Margoh era uma delas, se não a mais importante.

    Uma freira que, em toda a sua essência, desejava ver corações puros. Não tinha nada a ver com sua religião, mas essa era quem ela era. E ela tentou me ensinar a amar o próximo, por Deus, como ela tentou.

    Margoh estava ciente dos meus traumas e medos e consequentemente da raiva que me consumia. Ela costumava dizer: Ainda existem pessoas bondosas neste mundo. Eu, por minha vez dizia para ela: Qualquer um que segure uma arma, apontando para outras pessoas, não tem o direito do seu amor.

    Apesar das incessantes e, quase, desanimadoras tentativas em me convencer que havia coisas boas no mundo, ela nunca me deixou desistir dos meus sonhos. Tampouco, permitiu que a frustração tomasse conta da minha mente.

    Sempre que podia, ela me levava ao museu para ver os grandes leões de Tsavo. Confesso que eu assistia os animais em toda a sua magnitude, porém, encontravam-se empalhados, mortos e sem oferecer ameaça alguma. E isso era a única coisa que me deixava centrado. Eu visitava o museu para que pudesse lembrar que eu tinha medo e eu sempre, sempre, não importava as circunstâncias, tive a indolência de superar meus piores pesadelos.

    E parte de minha infância seguiu assim. Naquela época já estava em um estágio onde já havia perdido as esperanças de muitas coisas. Eu mesmo testemunhei a alegria de muitas crianças quando eram finalmente adotadas, uma por uma. Fiz boas amizades, inclusive um melhor amigo.

    Eu e Erick apostávamos quem sairia do orfanato primeiro. A punição sempre era uma loucura a parte, como por exemplo: subir na torre da igreja, esconder os calçados do senhor Jenkis, pregar uma peça nas meninas e assim por diante. Não necessariamente punições, pois nós nos divertíamos muito.

    E como num roteiro desses filmes de superação, Erick também foi embora, e com a promessa de que me visitaria todo fim de semana. Ele bem que a cumpriu, mas não era a mesma coisa que antes. Eu estava sozinho novamente e me sentindo desolado. De repente eu me dei conta de que não poderia mais contar com a sorte.

    Até que ela apareceu em minha vida…

    Niara Malaika trouxe junto consigo, a minha última esperança, minha última chance e por fim, a minha última sorte.

    Na época, não poderia me segurar nesta falsa esperança, pois na minha falta de fé e amor-próprio, imaginava que ninguém queria ficar perto de mim; um garoto de apenas doze anos, sem expectativa alguma de futuro e ainda cheio de traumas, decerto incuráveis.

    Eu pensava dessa forma enquanto assistia aquela magnífica mulher caminhando, elegantemente, pelo corredor do orfanato. Ao seu lado, a senhora Margoh a acompanhava, sorridente, como uma criança no Natal.

    Havia, inclusive, várias crianças pelo corredor, envolvidas com os afazeres como arrumar as camas. Algumas delas ainda cochichavam umas para as outras sobre a nova mãe de alguém.

    Confesso que eu achava engraçado. Sim, havia um pouco de graça em tudo aquilo. De certa forma, eu ficava feliz cada vez que uma delas saía do orfanato. E ainda ficava encantado com os sorrisos sinceros da senhora Margoh. Cada visita era um evento à parte e digna de clima festivo, e sempre foi assim.

    E naquela manhã não foi diferente; eu já tinha uma rotina. Apenas me sentava em minha cama, já arrumada, cruzava as pernas e observava. A senhora Margoh então me avistou e com um largo e alegre sorriso, acenou para mim. Eu retribuí a gentileza e dei a ela o meu mais genuíno sorriso, claro, mesclado com outros sentimentos.

    Então as duas mulheres se aproximaram de mim, e a cada passo eu me empertigava na cama de nervosismo. Foi neste momento que eu percebi que teria aquela mesma chance uma quarta vez.

    Niara me deu uma segunda vida. Nunca conheci alguém tão incrível quanto ela… Forte, independente e muito bem resolvida em todos os sentidos da vida. De descendência africana, Niara parecia um anjo. Seu cabelo sempre me hipnotizava de tão lindo; encaracolado e bem volumoso.

    Ela era como a noite estrelada,

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