Pensar - Amar - Fazer: Para glorificar a Deus com o coração e a mente
De John Piper e David Mathis
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Pensar - Amar - Fazer - John Piper
Pensar. Amar. Fazer. Um chamado para glorificar a Deus com o coração e com a mente. Org. John Piper e David Mathis © 2013 Editora Cultura Cristã. Publicado originalmente em inglês com o título Thinking. Loving. Doing.: A Call to Glorify God with Heart and Mind. Copyright © 2011 by Desiring God Foundation. Esta edição foi publicada mediante acordo com a Crossway. Todos os direitos são reservados.
1ª edição 2013
P665p Piper; John
Pensar –Amar– Fazer / John Piper, David Mathis;
traduzido por Markus Hediger. _ São Paulo: Cultura Cristã, 2013
Tradução Thinking – Loving – Doing
Recurso eletrônico (ePub)
ISBN 978-65-5989-155-9
1. Cristianismo integral 2. Vida cristã
CDU 27-187
A posição doutrinária da Igreja Presbiteriana do Brasil é expressa em seus símbolos de fé
, que apresentam o modo Reformado e Presbiteriano de compreender a Escritura. São esses símbolos a Confissão de Fé de Westminster e seus catecismos, o Maior e o Breve. Como Editora oficial de uma denominação confessional, cuidamos para que as obras publicadas espelhem sempre essa posição. Existe a possibilidade, porém, de autores, às vezes, mencionarem ou mesmo defenderem aspectos que refletem a sua própria opinião, sem que o fato de sua publicação por esta Editora represente endosso integral, pela denominação e pela Editora, de todos os pontos de vista apresentados. A posição da denominação sobre pontos específicos porventura em debate poderá ser encontrada nos mencionados símbolos de fé.
EDITORA CULTURA CRISTÃ
Rua Miguel Teles Júnior, 394 – CEP 01540-040 – São Paulo – SP
Fones 0800-0141963 / (11) 3207-7099 – Whatsapp (11) 97133-5653
www.editoraculturacrista.com.br – cep@cep.org.br
Superintendente: Clodoaldo Waldemar Furlan
Editor: Cláudio Antônio Batista Marra
Para
John Frame
e
Vern Poythress,
os quais, por meio da vida da mente, nos ensinaram tão bem a não negligenciar o nosso coração e as nossas mãos.
Sumário
Autores
Introdução
Pensar, amar, fazer: Na perspectiva do evangelho
David Mathis
1 A batalha pela sua mente
Rick Warren
2 O modo como o mundo pensa: Um encontro com
a mente natural no espelho e no mercado
R. Albert Mohler Jr.
3 Pensando profundamente no oceano da revelação:
A Bíblia e a vida da mente
R. C. Sproul
4 Pensando em prol da fidelidade global:
O encontro do islã com a mente de Cristo
Thabiti Anyabwile
5 Pense profundamente, permaneça humilde:
A vida da mente e o perigo do orgulho
Francis Chan
Conclusão
Pensando em prol da alegria: A vida da mente e o amor de Deus
John Piper
Uma conversa com os colaboradores
Agradecimentos
Autores
Thabiti Anyabwile
é pastor sênior da First Baptist Church de Grand Cayman, nas ilhas Cayman; antes disso serviu na igreja Capitol Hill Baptist em Washington, DC. Casado com Kristie, o casal tem três filhos: Afiya, Eden e Titus. Thabiti escreve no blog Pure Church no site da Gospel Coalition e é o autor de The Gospel for Muslims: An Encouragement to Share Christ with Confidence.
Francis Chan
é fundador da Cornerstone Church em Simi Valley, na Califórnia, onde foi pastor-professor durante dezesseis anos, e da Eternity Bible College. Francis é autor do best-seller Crazy Love: Overwhelmed by a Relentless God. Ele e sua esposa Lisa têm quatro filhos: Rachel, Mercy, Eliana e Ezekiel. Atualmente vivem em São Francisco, Califórnia.
David Mathis
é presbítero na Bethlehem Baptist Church em Minneapolis, Minnesota, e assistente pastoral executivo de John Piper. Mathis é co-organizador de Com Calvino no teatro de Deus e The Pastor as Scholar and the Scholar as Pastor: Reflections on Life and Ministry. Ele e sua esposa, Megan, são pais dos gêmeos Carson e Coleman.
R. Albert Mohler Jr.
é o nono reitor do The Southern Baptist Theological Seminary em Louisville, Kentucky. Ele mantém o blog albertmohler.com sobre assuntos morais, culturais e teológicos, que atualiza frequentemente. Al é autor de vários livros, incluindo O desaparecimento de Deus e Palavras do fogo, ambos publicados pela Editora Cultura Cristã. Casado com Mary, eles têm dois filhos.
John Piper
é pastor de pregação e visão na Bethlehem Baptist Church em Minneapolis, Minnesota, onde serve desde 1980. Escreveu mais de quarenta livros, incluindo Apascenta o meu rebanho, Casamento temporário, Com Calvino no teatro de Deus, Fascinado pela glória de Deus, Fome por Deus, Não jogue sua vida fora, A paixão de Cristo, A paixão de Deus por sua glória, Quando eu não desejo Deus, Sexo e a supremacia de Cristo, Sofrimento e a soberania de Deus e Alegrem-se os povos, todos publicados pela Editora Cultura Cristã. John e sua esposa, Noel, têm cinco filhos e um número crescente de netos.
R. C. Sproul
é fundador de Ligonier Ministries, chanceler da Ligonier Academy of Biblical and Theological Studies, editor executivo da revista Tabletalk, e professor e apresentador do programa de rádio diário Renewing Your Mind. O Dr. Sproul é pastor sênior de pregação e ensino na St. Andrews Chapel em Sanford, na Flórida, e autor de mais de setenta livros, incluindo Amados por Deus, Apascenta o meu rebanho, Avante, soldados de Cristo, Como viver e agradar a Deus, O conhecimento das Escrituras, Crer e observar, Eleitos de Deus, Estudos bíblicos expositivos em Romanos, Glória de Cristo, A Justificação pela fé somente, Mistério do Espírito Santo, A pregação da cruz, O que é teologia reformada, O Rei sem sombra, O sacerdote com a roupa suja, A Santidade de Deus, Sola Gratia, Sola Scriptura, Os últimos dias segundo Jesus, Verdades essenciais da fé cristã, todos publicados pela Editora Cultura Cristã. Ele e sua esposa, Vesta, têm dois filhos adultos.
Rick Warren
é o pastor fundador da Saddleback Church em Lake Forest, na Califórnia. Warren exerce influência mundial sobre temas como pobreza, saúde, educação, fé e cultura e desenvolvimento de liderança, e é conhecido como estrategista global e filantropo dedicado. Ele e Kay, sua esposa há mais de trinta anos, têm três filhos adultos e quatro netos.
Introdução
Pensar, amar, fazer: Na perspectiva do evangelho
David Mathis
Oevangelho possui instintos. O impulso para a pureza e o impulso para a união são partes da mensagem cristã central. O instinto da pureza resiste a comprometimentos da mensagem e o instinto da união estende ardorosamente suas mãos para ligar-se a outros que também celebram o evangelho bíblico.
A pureza e a união são partes integrantes do evangelho pois o próprio Deus do evangelho é purificador e unificador. Ninguém se importa mais do que o próprio Deus com a pureza do evangelho – ou seja, que sua mensagem central para a humanidade não seja alterada nem manchada. Anote isto: ninguém se importa mais com a união de sua igreja em torno de seu Salvador, seu próprio Filho, do que Deus. Deus é o grande purificador e unificador.
Assim, do mesmo modo, o seu evangelho – que não apenas salva e santifica, mas é a mais rica, profunda e completa revelação de quem Deus é – tem tanto o impulso para a pureza quanto o impulso para a unidade embutidos
nele, por assim dizer. No papel, isso parece muito simples, mas se transforma numa terrível confusão na vida real.
Como nós estragamos tudo
Para nós, que vivemos após a queda e ainda não no céu – todos pecadores, com exceção de um – é inevitável que nossos sensores de pureza e união não funcionem adequadamente. Alguns de nós perdemos por completo o impulso para a pureza. Temos facilidade para dizer coisas que as pessoas gostam de ouvir e dificilmente são mal-entendidas, mas gostamos de dizer coisas difíceis. Gostamos de reunir pessoas – quanto mais, melhor – mas, diferente do nosso Salvador, perdemos a coragem de expressar as verdades difíceis, que podem ameaçar nossos relacionamentos.
Por outro lado, muitos de nós – talvez até um número esmagador de pessoas na comunidade evangélico-reformada, da qual faço parte – reprimiram o impulso para a união. Somos capazes de identificar uma falha teológica a quilômetros de distância e não temos problema algum em produzir, de imediato, respostas vergonhosas (e petulantes) e deliberadamente provocar divisões. Qualquer pessoa que seja diferente de nós em algum aspecto pode transformar-se em candidato para uma surra verbal ou, no mínimo, sofrer uma censura. Perdemos a capacidade de amar como nosso Salvador ama.
Há ainda um terceiro tipo que se infiltra no círculo dos pecadores imprudentes que somos: aqueles entre nós que são inconsistentes a ponto de oscilarem entre esses dois erros, que às vezes purificam sem se preocuparem com a união do evangelho, e outras vezes buscam a união sem nenhuma preocupação com a pureza do evangelho. Às segundas-feiras, dizemos a verdade sem amor e, às terças-feiras, amamos sem falar a verdade – deixando sempre de fazer face ao simples, mas quase impossível, desafio de Paulo de seguir a verdade em amor
(Ef 4.15).
O que há de bom e de ruim nos unificadores e purificadores
¹
Os purificadores podem até se esforçar para notar bem aqueles que provocam divisões e escândalos, em desacordo com a doutrina que aprendestes
– e então sobressair-se no próximo desafio de Paulo de afastar-se deles
(Rm 16.17), mas somente depois de um ataque pessoal ou, melhor ainda, depois de uma investida pelo meio seguro da comunicação eletrônica. Talvez nos empenhemos em identificar o homem faccioso
e, talvez, até em evitá-lo
(Tt 3.10). Alguns purificadores do tipo tudo ou nada
estão tão focados em descobrir os erros em outros cristãos, que não param nem por um instante para pensar na possibilidade de eles mesmos serem a causa das divisões contra as quais Paulo nos alerta. Há uma beleza no instinto da pureza, a beleza da preservação do evangelho, mas, para nós, pecadores, esse instinto pode vir acompanhado de uma série de perigos – arrogância, ódio, maldade, malícia e calúnia.
Os unificadores, por outro lado, se vangloriam de como é bom e agradável viverem unidos os irmãos!
(Sl 133.1) e nos lembram de que, em João 17, Jesus orou a fim de que sejam aperfeiçoados na unidade, para que o mundo conheça
(v. 23). Os unificadores se apressam a dizer com Paulo: o Deus da paciência e da consolação vos conceda o mesmo sentir de uns para com os outros, segundo Cristo Jesus, para que concordemente e a uma voz glorifiqueis ao Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo
(Rm 15.5-6). São os trechos sobre a união que mantêm à tona o barco dos unificadores – o capítulo 4 de Efésios em particular:
esforçando-vos diligentemente por preservar a unidade do Espírito no vínculo da paz; há somente um corpo e um Espírito, como também fostes chamados numa só esperança da vossa vocação; há um só Senhor, uma só fé, um só batismo; um só Deus e Pai de todos, o qual é sobre todos, age por meio de todos e está em todos. [...] E ele mesmo concedeu uns para apóstolos, outros para profetas, outros para evangelistas e outros para pastores e mestres, com vistas ao aperfeiçoamento dos santos para o desempenho do seu serviço, para a edificação do corpo de Cristo, até que todos cheguemos à unidade da fé e do pleno conhecimento do Filho de Deus, à perfeita varonilidade, à medida da estatura da plenitude de Cristo, para que não mais sejamos como meninos, agitados de um lado para outro e levados ao redor por todo vento de doutrina, pela artimanha dos homens, pela astúcia com que induzem ao erro. Mas, seguindo a verdade em amor, cresçamos em tudo naquele que é a cabeça, Cristo, de quem todo o corpo, bem ajustado e consolidado pelo auxílio de toda junta, segundo a justa cooperação de cada parte, efetua o seu próprio aumento para a edificação de si mesmo em amor (v. 3-6,11-16).
Há sempre beleza na união cristã. A série de perigos, porém, que, por causa do nosso pecado, pode acompanhá-la, inclui covardia, apatia prático-filosófica e indiferença doutrinal.
O desafio no contexto da comunidade
Uma realidade que pode nos ajudar a ficar atentos aos nossos pontos cegos e equívocos frequentes é a comunidade cristã. Deus raramente nos deixa sem um contexto comunal em que a pureza e a união bíblicas sejam praticadas simultaneamente (ou não teríamos uma comunidade), que nos orienta em decisões relacionadas a isso. Aqueles entre nós que apresentam uma forte tendência para a pureza precisam dar ouvidos aos unificadores, e aqueles entre nós que normalmente tendem a enfatizar a união precisam frequentemente da visão dos purificadores.
Dado que a nossa finitude conspira com nosso pecado, nenhum de nós consegue enxergar a realidade de todas as perspectivas (como Deus faz), e muitas vezes usamos o que conseguimos ver de modo inadequado. Por isso, o benefício de conhecer bem as perspectivas alheias e compará-las com nosso próprio padrão de pensar, amar e agir, que se orienta pela Bíblia e é inspirado pelo Espírito, é incalculável.
O benefício das perspectivas múltiplas
John Frame e Vern Poythress (a quem este livro é dedicado), além de outros, têm sido uma grande ajuda em levar os cristãos (os evangélicos reformados em particular) a entender a necessidade de ver a realidade de pontos de vista múltiplos. Frame escreve:
Pelo fato de não sermos Deus, pelo fato de sermos finitos e não infinitos, é impossível saber tudo de imediato, e, por isso, nosso conhecimento se limita a uma ou outra perspectiva.
Deus sabe absolutamente tudo, pois foi ele quem planejou tudo, criou tudo e determina tudo o que acontece no mundo por ele criado. É por isso que nós o definimos como ser onisciente. Uma consequência interessante da onisciência divina é que Deus não só conhece todos os fatos sobre ele mesmo e o mundo; ele também sabe como tudo se apresenta sob qualquer perspectiva possível. [...] Portanto, o conhecimento de Deus não é apenas onisciente, mas oniperspectivo. Seu conhecimento se baseia na sua própria perspectiva infinita, mas essa perspectiva infinita inclui também o conhecimento de todas as perspectivas criadas, sejam elas factuais ou apenas possíveis.
Nós, porém, somos diferentes. Somos seres finitos, e o nosso conhecimento é finito. Posso conhecer o mundo apenas da perspectiva limitada do meu próprio corpo e mente. Os efeitos dessa finitude, e do pecado, deveriam nos alertar contra confiar totalmente nos nossos conhecimentos. Não estou dizendo que devamos duvidar de tudo. A minha perspectiva limitada certamente não me autoriza a duvidar do fato de que tenho cinco dedos, ou de que dois mais dois é igual a quatro, ou de que Deus existe. A nossa finitude não significa que todo o nosso conhecimento seja falso ou que qualquer certeza esteja fora do nosso alcance. Mas é necessário que, na maioria dos casos, fiquemos atentos a equívocos.
Uma maneira de aumentar nosso conhecimento e nosso nível de certeza é acrescentar à nossa própria perspectiva as perspectivas de outros. Quando nossos próprios recursos nos deixam na mão, podemos consultar amigos, autoridades, livros, etc. Podemos visitar outros lugares, visitar pessoas de outras culturas. Até mesmo uma boa compreensão de uma árvore exige que andemos ao redor dela e a observemos de vários ângulos.²
Os unificadores precisam dos purificadores e vice-versa. E relacionado a isso está também a tríade pensar-amar-fazer
, que desenvolvemos neste livro. Como as Escrituras deixam bem claro, a vida cristã é uma realidade multidimensional. Apenas a perspectiva da vida da mente não é capaz de captar toda a textura bíblica. A vida cristã é mais do que o mero intelecto. E o ponto de vista emocional – a vida do coração – não faz jus ao testemunho bíblico completo. Ele é mais do que simplesmente paixão. E a ação também não é a única perspectiva sobre a vida cristã. O que está acontecendo abrange mais