Encontre milhões de e-books, audiobooks e muito mais com um período de teste gratuito

Apenas $11.99/mês após o término do seu período de teste gratuito. Cancele a qualquer momento.

Primeiros Passos Na Doutrina Espírita
Primeiros Passos Na Doutrina Espírita
Primeiros Passos Na Doutrina Espírita
E-book653 páginas4 horas

Primeiros Passos Na Doutrina Espírita

Nota: 0 de 5 estrelas

()

Ler a amostra

Sobre este e-book

Todos os dias, nas Casas Espíritas, aporta uma quantidade regular de irmãos, interessados no conhecimento do Espiritismo. Curiosos uns, desesperados outros, enfermos aqueloutros, porém, todos eles, de uma forma geral, são carentes e necessitados da medicação Divina e salutar que só Jesus nos pode oferecer, e o Espiritismo, que é uma religião embasada nos ensinamentos Dele, o Cristo de Deus, possui esse papel fundamental. Desde muito tempo, com o passar dos anos na labuta Espírita, sentimos o desejo de poder escrever algo que pudesse ser útil ao Espiritismo, até mesmo, como não cansamos de dizer, como forma de gratidão por tudo o que essa Doutrina maravilhosa tem feito por nós. Passamos então a nos perquirir sobre quais os assuntos que poderiam ser explanados em um livro, de acordo com as necessidades observadas durante todo esse período. Assim, dentro das nossas meditações, percebemos que, muitos daqueles que estavam iniciando, eram sempre portadores de muitas dúvidas e até mesmo de desconhecimento das bases doutrinárias do Espiritismo. Após todas essas reflexões, conseguimos encontrar alguns temas, que ao nosso ver, poderiam ser de muita valia para todos aqueles que estivessem iniciando sua jornada no mundo novo que o Espiritismo nos faculta. Assim, este livro tem como principal objetivo fornecer os esclarecimentos básicos, aos que iniciam sua caminhada “pelas estradas luminosas” que compõem o Espiritismo, e que, acima de tudo, desejam saciar a sua sede de conhecimentos acerca das leis imutáveis e sábias do nosso Criador: Deus
IdiomaPortuguês
Data de lançamento29 de set. de 2012
Primeiros Passos Na Doutrina Espírita

Leia mais títulos de Ricardo Rêgo Barros

Relacionado a Primeiros Passos Na Doutrina Espírita

Ebooks relacionados

Filosofia para você

Visualizar mais

Artigos relacionados

Categorias relacionadas

Avaliações de Primeiros Passos Na Doutrina Espírita

Nota: 0 de 5 estrelas
0 notas

0 avaliação0 avaliação

O que você achou?

Toque para dar uma nota

A avaliação deve ter pelo menos 10 palavras

    Pré-visualização do livro

    Primeiros Passos Na Doutrina Espírita - Ricardo Rêgo Barros

    PRIMEIROS PASSOS NA DOUTRINA ESPÍRITA – Volume III

    1

    Ricardo Rêgo Barros

    PRIMEIROS PASSOS NA DOUTRINA ESPÍRITA

    VOLUME III

    * Todo o produto desta edição é destinado à manutenção de

    obras assistenciais responsáveis por crianças órfãs.

    2

    PRIMEIROS PASSOS NA DOUTRINA ESPÍRITA – Volume III

    3

    Ricardo Rêgo Barros

    PRIMEIROS PASSOS NA DOUTRINA ESPÍRITA

    VOLUME III

    1ª. Edição

    Recife

    Ricardo Rêgo Barros Silva

    2012

    4

    PRIMEIROS PASSOS NA DOUTRINA ESPÍRITA – Volume III

    5

    Ricardo Rêgo Barros

    © 2011 por Ricardo Rêgo Barros

    Supervisão Editorial

    Ricardo Rêgo Barros

    Revisão de Provas

    Sandra Gallindo

    Revisão Geral

    Ricardo Rêgo Barros e Sandra Gallindo

    Capa

    Ricardo Rêgo Barros

    Impressão e Acabamento

    Editora Clube de Autores

    Contato: ricardo.rbs@gmail.com

    1.01

    6

    PRIMEIROS PASSOS NA DOUTRINA ESPÍRITA – Volume III

    7

    Ricardo Rêgo Barros

    SUMÁRIO

    I. Prefácio..............................................................................................14

    II. Introdução........................................................................................18

    PARTE IV – MEDIUNIDADE E CORRELATOS

    01. A Mediunidade...............................................................................22

    02. Os Médiuns.....................................................................................50

    03. Pensamento e Vontade.................................................................72

    04. Lei de Atração................................................................................84

    05. Anjos de Guarda e Espíritos Protetores....................................92

    06. Influências Espirituais e Obsessões..........................................108

    07. Fenômenos de Emancipação da Alma.....................................124

    08. Fenômenos Anímicos.................................................................154

    09. Desenvolvimento da Mediunidade...........................................160

    10. Perguntas Frequentes Sobre a Mediunidade...........................172

    PARTE V – O TRATAMENTO ESPIRITUAL

    11. O que é o Tratamento Espiritual..............................................184

    12. Tipos de Tratamento Espiritual................................................194

    8

    PRIMEIROS PASSOS NA DOUTRINA ESPÍRITA – Volume III

    13. A Periodicidade do Tratamento................................................198

    14. Sintomas que Indicam a Necessidade de um Tratamento....202

    15. O Papel da Família no Tratamento Espiritual........................216

    16. As Reuniões Públicas..................................................................222

    17. As Entrevistas Fraternas.............................................................228

    18. A Consulta Espiritual..................................................................236

    19. Reuniões de Tratamento Espiritual..........................................240

    20. A Fluidoterapia.............................................................................244

    21. Reuniões de Desobsessão...........................................................256

    22. Reunião de Vibração...................................................................260

    23. Livro de Vibração........................................................................264

    24. A Prece..........................................................................................270

    25. O Evangelho no Lar...................................................................276

    26. A Conduta Espírita......................................................................282

    27. Mudança de Hábitos...................................................................290

    28. A Reforma Moral.........................................................................294

    29. A Prática da Caridade..................................................................300

    30. Vivência das Lições de Jesus no Cotidiano.............................306

    31. Estudo da Doutrina Espírita......................................................312

    32. Leitura Sistemática de O Ev. Segundo o Espiritismo............318

    33. Resumo sobre o Tratamento Espiritual...................................322

    9

    Ricardo Rêgo Barros

    Dedico este livro a todos aqueles que um dia, assim como eu, tiveram a benção

    de necessitar de um tratamento espiritual, e foram abençoados de poder encontrar

    uma casa espírita, através da qual conheceram essa Doutrina maravilhosa que é, sem

    sombra de dúvidas, o Consolador prometido por Jesus.

    Foi a dor, essa sublime professora, que me fez procurar essa ajuda espiritual,

    e em consequência disso, estar hoje integrado de corpo e alma no Espiritismo. Posso

    afirmar com toda a certeza de que ele é o responsável por mudar por completo minha

    vida. E mudou para muito melhor.

    Aquilo que, à primeira vista, parecia ser um mal, foi o motivo maior para o

    meu reencontro com Deus.

    10

    PRIMEIROS PASSOS NA DOUTRINA ESPÍRITA – Volume III

    11

    Ricardo Rêgo Barros

    Meus sinceros agradecimentos a Sandra Gallindo, minha

    esposa, pelas revisões e sugestões que fez, tornando assim a realização

    deste volume possível.

    12

    PRIMEIROS PASSOS NA DOUTRINA ESPÍRITA – Volume III

    13

    Ricardo Rêgo Barros

    I. PREFÁCIO

    A Doutrina Espírita, codificada por Allan Kardec, completará

    agora, em 2012, cento e cinquenta e cinco anos. Não é muito tempo de

    existência se formos compará-la com outras doutrinas bem mais antigas.

    Entretanto, temos de convir que, para nós, que somos seus adeptos, já é

    tempo mais que suficiente para ser compreendida e vivenciada, se

    considerarmos que, os princípios básicos, que formam o seu corpo

    doutrinário, são tão antigos quanto a própria humanidade.

    As casas espíritas, que abrigam os adeptos e também recebem

    novos integrantes diariamente, têm a responsabilidade de bem atendê-

    los, prepará-los e mantê-los, no tocante ao bom entendimento da

    Doutrina, em todos os seus aspectos: religioso, filosófico e científico.

    No entanto, durante o tempo que já militamos no Espiritismo, e

    também pelo fato de conhecermos, em virtude dos trabalhos que

    realizamos, vários centros espíritas, observamos ainda que muito se tem

    por fazer a esse respeito. São muitos os centros espíritas que carecem de

    uma melhor estrutura, e não me refiro aqui à estrutura física, mas sim de

    pessoal qualificado para melhor atender as necessidades básicas que um

    núcleo de Espiritismo exige.

    Em todo o mundo, empresas, instituições e órgãos que se

    destinam à prestação de serviços ao público, investem, a cada dia, na

    busca pela qualidade na prestação desses serviços. É aquilo que todos

    nós conhecemos hoje como: Qualidade Total. M as aí, alguém pode

    gritar: "Vamos com calma! Estamos em uma instituição religiosa!

    Qualidade Total não deve se aplicar a esse caso!". Ao que nós

    responderemos: "Como não se aplica? E por acaso a casa espírita não

    presta um serviço à comunidade? Por acaso não presta serviços às

    pessoas? O ato de prestar um serviço não implica no recebimento de

    honorários. Não visa, apenas, à obtenção de lucro. Serviços podem ser

    prestados de forma gratuita, como é o caso dos núcleos espíritas e

    tantas outras instituições sem fins lucrativos, e não será por isso que

    estes devem ser feitos: a toque de caixa.

    O Espiritismo, ou melhor, a casa ou o centro espírita, que é uma

    instituição pública, tem unicamente o objetivo de prestar serviços às

    14

    PRIMEIROS PASSOS NA DOUTRINA ESPÍRITA – Volume III

    pessoas; porque não? Senão vejamos: Esclarecer através das palestras

    públicas; através de seminários e cursos sobre a Doutrina; oferecer o

    consolo das mensagens dos amigos espirituais; oferecer os serviços de

    passes; ofertar aos enfermos o tratamento espiritual; receber os

    necessitados, auxiliá-los e socorrê-los através das reuniões mediúnicas;

    oferecer a evangelização ao público em geral; disponibilizar vários

    serviços assistenciais, enfim, esses e tantos outros, são serviços que a

    casa espírita presta ao público em geral. Definitivamente é uma

    prestação de serviços!

    Daí, os núcleos espíritas terem a extrema necessidade de buscarem,

    com muita determinação, uma qualificação total naquilo a que se

    propõem. Para isto, manter sempre em suas dependências um programa

    de estudos constante da Doutrina, e, principalmente, da mediunidade.

    Formar trabalhadores plenamente alicerçados nos pontos basilares do

    Espiritismo e com conhecimento sólido nas tarefas a que se propõem,

    tornará, a casa ou centro espírita, cada vez mais capacitada para suprir as

    necessidades de um público que cada vez mais busca, nas hostes da

    Doutrina, um lenitivo para suas dores; uma qualidade total no

    atendimento de que necessitam.

    Este singelo trabalho que começou a ser desenvolvido em 1995 e

    cujo foco inicial era informar acerca do que seria um tratamento

    espiritual na casa espírita, tomou outras proporções graças a essa

    necessidade, que muitos núcleos de Espiritismo possuem, de dispor de

    mais uma ferramenta didática para servir aos que neles adentram.

    É um livro que serve como fonte de consulta; como uma espécie

    de: manual de operação; de como se deve manusear o Espiritismo.

    É um trabalho simples, sem grandes pretensões, porém, deverá ser de

    grande valia para aqueles que estão tateando agora neste vasto campo de

    conhecimento religioso, filosófico e científico.

    Nenhum assunto incluso neste livro é novidade para os adeptos

    mais antigos. Tudo está embasado, principalmente, nas obras básicas de

    Kardec. O que podemos aqui destacar é que o leitor iniciante poderá

    encontrar esses assuntos, tão necessários para o início de sua jornada,

    em um só lugar.

    Temos a certeza de que valerá à pena.

    15

    Ricardo Rêgo Barros

    II. INTRODUÇÃO

    Este é o terceiro volume do nosso livro. Como foi dito

    anteriormente, ele foi dividido em 4(quatro) volumes, onde cada um

    deles trata de temas básicos, agrupados e relacionados dentro de uma

    sequencia lógica, para facilitar ao leitor um aprendizado gradativo sobre

    o Espiritismo.

    Neste terceiro volume, trataremos sobre assuntos relacionados,

    basicamente, em três aspectos: a mediunidade; os fenômenos

    anímicos(da própria alma encarnada); e o tratamento espiritual.

    Dentre o aspecto mediunidade, iremos apresentar seu conceito,

    definições, histórico e outras informações pertinentes, mas, tudo de

    forma bem simples, voltado mesmo para os iniciantes, com o propósito

    de colocá-los no caminho deste vastíssimo tema.

    Falaremos aqui também sobre os médiuns, que são os

    executores do fenômeno mediúnico, já que sem eles a mediunidade

    inexiste. No entanto, objetivando sempre enquadrá-los como seres

    humanos comuns, pois assim o são, e retirando todo tipo de misticismo

    que porventura lhes atribuam.

    Dentre os assuntos ligados diretamente à mediunidade, e que é

    de grande importância para o conhecimento de quem está principiando

    no Espiritismo, podemos citar o das influências espirituais e das

    obsessões, pois, inegavelmente, é o principal mal que assola a

    humanidade desde todos os tempos.

    Ao tratarmos do assunto sobre as obsessões, natural que

    também discorramos do temas relacionados ao seu tratamento, tais

    como: A fluidoterapia; a Desobsessão; O Evangelho no lar; a Reforma

    Moral, dentre outros, todos compondo a terapêutica necessária para

    esse tipo de enfermidade.

    Iremos também digressar sobre o que é o pensamento e do que

    a nossa vontade é capaz de realizar, pois, todos nós "somos aquilo que

    pensamos" e, através dos pensamentos, poderemos inferir que

    estaremos sempre em sintonia com aqueles que comungam com os

    mesmos. Além disso, entenderemos que a vontade criadora, veiculada

    16

    PRIMEIROS PASSOS NA DOUTRINA ESPÍRITA – Volume III

    pela ação do pensamento, pode criar efeitos, em geral, desconhecidos da

    grande maioria das pessoas.

    Por fim, além de todas as explicações a respeito da mediunidade

    e temas correlatos, abordaremos, na maior parte deste volume, sobre o

    que é o tratamento espiritual na casa espírita.

    O tratamento espiritual, é, sem sombra de dúvidas, um dos

    principais meios de frequência às casas espíritas, pois, todos nós,

    Espíritos enfermos e compromissados perante às leis de Deus, somos

    carentes, de alguma forma, da medicação que só Jesus, o Médico

    Divino, pode oferecer.

    Nesta parte da obra, iremos definir o tratamento espiritual,

    relatar alguns tipos, já que, em linhas gerais, cada casa adota métodos

    um pouco diferenciados entre si. Bem como iremos orientar ao leitor de

    como deve proceder quando estiver sendo tratado pela espiritualidade.

    Acreditamos com isso, caro leitor, que este volume, será de

    muita relevância para quem está principiando, não só no Espiritismo,

    como em um processo de tratamento espiritual.

    Como sempre, esperamos que objetivo deste volume possa ser

    alcançado, e o leitor possa dele se beneficiar.

    17

    Ricardo Rêgo Barros

    PARTE IV

    Mediunidade e Correlatos

    18

    PRIMEIROS PASSOS NA DOUTRINA ESPÍRITA – Volume III

    19

    Ricardo Rêgo Barros

    01. A MEDIUNIDADE

    A mediunidade é uma faculdade natural, existente em todo ser

    humano, e que possibilita o contato com o mundo espiritual. É por

    meio dela que os Espíritos se comunicam com os que se encontram

    reencarnados e estes, por sua vez, com eles.

    Como ela se manifesta através do corpo físico do ser humano,

    podemos afirmar que a mediunidade é uma condição orgânica, ou seja,

    ela é também um sentido, assim como o tato, a visão, o olfato, o paladar

    e a audição. Todos nós sabemos que é através dos sentidos que o

    homem se comunica e participa de tudo o que ocorre na vida de relação.

    Para cada sentido que o ser humano possui, existe um órgão específico

    encarregado de receber o estímulo necessário para ativar a sensação

    correspondente. No caso específico da mediunidade, classificada como

    um sentido a mais(o sexto sentido), é necessário também que exista um

    órgão responsável, que se encarregue de receber os estímulos externos e

    então manifeste o sentido mediúnico.

    Segundo informação dos Espíritos superiores, o órgão

    encarregado do fenômeno mediúnico seria a epífise, ou glândula pineal,

    que fica situada na região central posterior da área diencefálica do

    cérebro.

    Segundo essas informações, ela seria a sede fisiológica de todos

    os fenômenos mediúnicos.

    De acordo com a ciência oficial, essa glândula teria, somente, a

    função veladora do sexo. Mas segundo a teoria espírita, a epífise

    controla outros centros, por meio do seu potencial energético,

    tornando-se um prisma de captação de energias específicas.

    ***

    Ao contrário do que muitos podem pensar, a mediunidade não

    é uma maldição, ou uma punição Divina, ou até mesmo uma

    enfermidade. Aqueles que a possuem não são bruxos ou feiticeiros; não

    estão aliados ao diabo; não possuem a sua alma condenada; não estão

    sofrendo de delírios; não são portadores de faculdades sobrenaturais;

    20

    PRIMEIROS PASSOS NA DOUTRINA ESPÍRITA – Volume III

    não estão sob a influência de substâncias tóxicas; não são alienados

    mentais; não são profetas, santos ou seres especiais na criação. Todos

    são, apenas, pessoas comuns, assim como outra qualquer. E aqui

    enfatizamos: a mediunidade é um sentido natural que pertence a todo o

    ser humano. Porém, uns a tem em mais alto grau do que outros. Por

    esta razão são denominados de médiuns ostensivos, pois o grau de

    mediunidade que possuem é mais intenso.

    Quando se trata de mediunidade, nada melhor do que nos

    embasarmos nas obras da codificação. Nesse caso, especificamente: O

    Livro dos Médiuns.

    No capítulo I desta referida obra, intitulado: "Há Espíritos?",

    Kardec faz importantes considerações, destinadas, principalmente, aos

    que se iniciam no vasto campo de estudo do fenômeno mediúnico.

    Sempre revestido de grande intuição, e na condição de

    abnegado instrumento dos Espíritos superiores, dos quais recebia

    muitas inspirações, Kardec, com muita propriedade, teve o cuidado de

    solidificar primeiro, antes de discorrer sobre as questões da

    mediunidade, a base na crença da existência dos Espíritos e na

    capacidade de se manifestarem aos chamados vivos.

    Vejamos o que ele nos diz:

    1. A dúvida, no que concerne à existência dos Espíritos, tem como causa

    primária a ignorância acerca da verdadeira natureza deles. Geralmente, são figurados

    como seres à parte na criação e de cuja existência não está demonstrada a necessidade.

    Muitas pessoas, mais ou menos como as que só conhecem a História pelos romances,

    apenas os conhecem através dos contos fantásticos com que foram acalentadas em

    criança.

    Sem indagarem se tais contos, despojados dos acessórios ridículos, encerram

    algum fundo de verdade, essas pessoas unicamente se impressionam com o lado

    absurdo que eles revelam. Sem se darem ao trabalho de tirar a casca amarga, para

    achar a amêndoa, rejeitam o todo, como fazem, relativamente à religião, os que,

    chocados por certos abusos, tudo englobam numa só condenação.

    Seja qual for a idéia que dos Espíritos se faça, a crença neles

    necessariamente se funda na existência de um princípio inteligente fora da matéria.

    Essa crença é incompatível com a negação absoluta deste princípio. Tomamos,

    conseguintemente, por ponto de partida, a existência, a sobrevivência e a

    21

    Ricardo Rêgo Barros

    individualidade da alma, existência, sobrevivência e individualidade que têm no

    Espiritualismo a sua demonstração teórica e dogmática e, no Espiritismo, a

    demonstração positiva. Abstraiamos, por um momento, das manifestações

    propriamente ditas e, raciocinando por indução, vejamos a que consequências

    chegaremos.

    2. Desde que se admite a existência da alma e sua individualidade após a

    morte, forçoso é também se admita: 1º, que a sua natureza difere da do corpo, visto

    que, separada deste, deixa de ter as propriedades peculiares ao corpo; 2º, que goza da

    consciência de si mesma, pois que é passível de alegria, ou de sofrimento, sem o que

    seria um ser inerte, caso em que possuí-la de nada nos valeria. Admitido isso, tem-se

    que admitir que essa alma vai para alguma parte. Que vem a ser feito dela e para

    onde vai?

    Segundo a crença vulgar, vai para o céu, ou para o inferno. Mas, onde

    ficam o céu e o inferno? Dizia-se outrora que o céu era em cima e o inferno embaixo.

    Porém, o que são o alto e o baixo no Universo, uma vez que se conhecem a

    esfericidade da Terra, o movimento dos astros, movimento que faz com que o que em

    dado instante está no alto esteja, doze horas depois, embaixo, e o infinito do espaço,

    através do qual o olhar penetra, indo a distâncias consideráveis? Verdade é que por

    lugares inferiores também se designam as profundezas da Terra. Mas, que vêm a ser

    essas profundezas, desde que a Geologia as esquadrinhou? Que ficaram sendo,

    igualmente, as esferas concêntricas chamadas céu de fogo, céu das estrelas, desde que se

    verificou que a Terra não é o centro dos mundos, que mesmo o nosso Sol não é único,

    que milhões de sóis brilham no Espaço, constituindo cada um o centro de um

    turbilhão planetário? A que ficou reduzida a importância da Terra, mergulhada

    nessa imensidade? Por que injustificável privilégio este quase imperceptível grão de

    areia, que não avulta pelo seu volume, nem pela sua posição, nem pelo papel que lhe

    cabe desempenhar, seria o único planeta povoado de seres racionais? A razão se

    recusa a admitir semelhante nulidade do infinito e tudo nos diz que os diferentes

    mundos são habitados. Ora, se são povoados, também fornecem seus contingentes

    para o mundo das almas. Porém, ainda uma vez, que terá sido feito dessas almas,

    depois que a Astronomia e a Geologia destruíram as moradas que se lhes destinavam

    e, sobretudo, depois que a teoria, tão racional, da pluralidade dos mundos, as

    multiplicou ao infinito?

    Não podendo a doutrina da localização das almas harmonizar-se com os

    dados da Ciência, outra doutrina mais lógica lhes assina por domínio, não um lugar

    determinado e circunscrito, mas o espaço universal: formam elas um mundo invisível,

    22

    PRIMEIROS PASSOS NA DOUTRINA ESPÍRITA – Volume III

    em o qual vivemos imersos, que nos cerca e acotovela incessantemente. Haverá nisso

    alguma impossibilidade, alguma coisa que repugne à razão? De modo nenhum; tudo,

    ao contrário, nos afirma que não pode ser de outra maneira.

    Mas, então, que vem a ser das penas e recompensas futuras, desde que se

    lhes suprimam os lugares especiais onde se efetivem? Notai que a incredulidade, com

    relação a tais penas e recompensas, provam geralmente de serem umas e outras

    apresentadas em condições inadmissíveis. Dizei, em vez disso, que as almas tiram de

    si mesmas a sua felicidade ou a sua desgraça; que a sorte lhes está subordinada ao

    estado moral; que a reunião das que se votam mútua simpatia e são boas representa

    para elas uma fonte de ventura; que, de acordo com o grau de purificação que tenham

    alcançado, penetram e entreveem coisas que almas grosseiras não distinguem, e toda

    gente compreenderá sem dificuldade. Dizei mais que as almas não atingem o grau

    supremo, senão pelos esforços que façam por se melhorarem e depois de uma série de

    provas adequadas à sua purificação; que os anjos são almas que galgaram o último

    grau da escala, grau que todas podem atingir, tendo boa vontade; que os anjos são os

    mensageiros de Deus, encarregados de velar pela execução de seus desígnios em todo o

    Universo, que se sentem ditosos com o desempenho dessas missões gloriosas, e lhes

    tereis dado à felicidade um fim mais útil e mais atraente, do que fazendo-a consistir

    numa contemplação perpétua, que não passaria de perpétua inutilidade. Dizei,

    finalmente, que os demônios são simplesmente as almas dos maus, ainda não

    purificadas, mas que podem, como as outras, ascender ao mais alto cume da perfeição

    e isto parecerá mais conforme à justiça e à bondade de Deus, do que a doutrina que

    os dá como criados para o mal e ao mal destinados eternamente. Ainda uma vez: aí

    tendes o que a mais severa razão, a mais rigorosa lógica, o bom-senso, em suma,

    podem admitir.

    Ora, essas almas que povoam o Espaço são precisamente o que se chama

    Espíritos. Assim, pois, os Espíritos não são senão as almas dos homens, despojadas

    do invólucro corpóreo. Mais hipotética lhes seria a existência, se fossem seres à parte.

    Se, porém, se admitir que há almas, necessário também será se admita que os

    Espíritos são simplesmente as almas e nada mais. Se admitirmos que as almas estão

    por toda parte, ter-se-á que admitir, do mesmo modo, que os Espíritos estão por toda

    parte. Possível, portanto, não fora negar a existência dos Espíritos, sem negar a das

    almas.

    3. Isto não passa, é certo, de uma teoria mais racional do que a outra.

    Porém, já é muito que seja uma teoria que nem a razão, nem a ciência repelem.

    Acresce que, se os fatos a corroboram, tem ela por si a sanção do raciocínio e da

    23

    Ricardo Rêgo Barros

    experiência. Esses fatos se nos deparam no fenômeno das manifestações espíritas, que,

    assim, constituem a prova patente da existência e da sobrevivência da alma. Muitas

    pessoas há, entretanto, cuja crença não vai além desse ponto;

    que admitem a existência das almas e, conseguintemente, a dos Espíritos, mas que

    negam a possibilidade de nos comunicarmos com eles, pela razão, dizem, de que seres

    imateriais não podem atuar sobre a matéria. Esta dúvida assenta na ignorância da

    verdadeira natureza dos Espíritos, dos quais em geral fazem idéia muito falsa,

    supondo-os erradamente seres abstratos, vagos e indefinidos, o que não é real.

    Figuremos, primeiramente, o Espírito em união com o corpo. Ele é o ser

    principal, pois que é o ser que pensa e sobrevive. O corpo não passa de um acessório

    seu, de um invólucro, uma veste, que ele deixa, quando usada. Além desse invólucro

    material, tem o Espírito um segundo, semimaterial, que o liga ao primeiro. Por

    ocasião da morte, despoja-se deste, porém não do outro, a que damos o nome de

    perispírito. Esse invólucro semimaterial, que tem a forma humana, constitui para o

    Espírito um corpo fluídico, vaporoso, mas que, pelo fato de nos ser invisível no seu

    estado normal, não deixa de ter algumas das propriedades da matéria. O Espírito

    não é, pois, um ponto, uma abstração; é um ser limitado e circunscrito, ao qual só

    falta ser visível e palpável, para se assemelhar aos seres humanos. Por que, então,

    não haveria de atuar sobre a matéria? Por ser fluídico o seu corpo? Mas, onde

    encontra o homem os seus mais possantes motores, senão entre os mais rarificados

    fluidos, mesmo entre os que se consideram imponderáveis, como, por exemplo, a

    eletricidade? Não é exato que a luz, imponderável, exerce ação química sobre a

    matéria ponderável? Não conhecemos a natureza íntima do perispírito. Suponhamo-

    lo, todavia, formado de matéria elétrica, ou de outra tão sutil quanto esta: por que,

    quando dirigido por uma vontade, não teria propriedade idêntica à daquela matéria?

    4. A existência da alma e a de Deus, conseqüência uma da outra,

    constituindo a base de todo o edifício, antes de travarmos qualquer discussão espírita,

    importa indaguemos se o nosso interlocutor admite essa base. Se a estas questões:

    Credes em Deus?

    Credes que tendes uma alma?

    Credes na sobrevivência da alma após a morte? responder negativamente,

    ou, mesmo, se disser simplesmente: Não sei; desejara que assim fosse, mas não tenho

    a certeza disso, o que, quase sempre, equivale a uma negação polida, disfarçada sob

    uma forma menos categórica, para não chocar bruscamente o que ele chama

    preconceitos respeitáveis, tão inútil seria ir além, como querer demonstrar as

    24

    PRIMEIROS PASSOS NA DOUTRINA ESPÍRITA – Volume III

    propriedades da luz a um cego que não admitisse a existência da luz. Porque, em

    suma, as manifestações espíritas não são mais do que efeitos das propriedades da

    alma. Com semelhante interlocutor, se não quisermos perder tempo, ter-se-á que

    seguir muito diversa ordem de ideias.

    Admitida que seja a base, não como simples probabilidade, mas como coisa

    averiguada, incontestável, dela muito naturalmente decorrerá a existência dos

    Espíritos.

    5. Resta agora a questão de saber se o Espírito pode comunicar-se com o

    homem, isto é, se pode com este trocar ideias. Por que não? Que é o homem, senão

    um Espírito aprisionado num corpo? Por que não há de o Espírito livre se

    comunicar com o Espírito cativo, como o homem livre com o encarcerado?

    Desde que admitis a sobrevivência da alma, será racional que não admitais

    a sobrevivência dos afetos? Pois que as almas estão por toda parte, não será natural

    acreditarmos que a de um ente que nos amou durante a vida se acerque de nós, deseje

    comunicar-se conosco e se sirva para isso dos meios de que disponha? Enquanto vivo,

    não atuava ele sobre a matéria de seu corpo? Não era quem lhe dirigia os

    movimentos? Por que razão, depois de morto, entrando em acordo com outro Espírito

    ligado a um corpo, estaria impedido de se utilizar deste corpo vivo, para exprimir o

    seu pensamento, do mesmo modo que um mudo pode servir-se de uma pessoa que fale,

    para se fazer compreendido?

    6. Abstraiamos, por instante, dos fatos que, ao nosso ver, tornam

    incontestável a realidade dessa comunicação; admitamo-la apenas como hipótese.

    Pedimos aos incrédulos que nos provem, não por simples negativas, visto que suas

    opiniões pessoais não podem constituir lei, mas expendendo razões peremptórias, que

    tal coisa não pode dar-se. Colocando-nos no terreno em que eles se colocam, uma vez

    que entendem de apreciar os fatos espíritas com o auxílio das leis da matéria, que

    tirem desse arsenal qualquer demonstração matemática, física, química, mecânica,

    fisiológica e provem por a mais b , partindo sempre do princípio da existência e da

    sobrevivência da alma:

    1º que o ser pensante, que existe em nós durante a vida, não mais pensa

    depois da morte;

    2º que, se continua a pensar, está inibido de pensar naqueles a quem

    Está gostando da amostra?
    Página 1 de 1