Porto Das Canoas
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Porto Das Canoas - Fernando Couto
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PORTO DAS CANOAS
O RETRATO DE UM DECLÍNIO
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4
FERNANDO COUTO
PORTO DAS CANOAS
O RETRATO DE UM DECLÍNIO
1ª Edição
Editora Consvltvs
Igarapava/SP - 2015
5
© Fernando Rodrigues do Couto
DIREITOS RESERVADOS:
Fernando Rodrigues do Couto
(11) 94868-5995
fernando@consvltvs.com.br
www.consvltvs.com.br
Catalogação na Fonte do
Departamento Nacional do Livro
C768a Porto das Canoas (02 : 2015 : Igarapava, SP)
Porto das Canoas: o retrato de um declínio – Igarapava:
Fernando Couto, 2015
168 p.
ISBN 978-85-913961-1-5
Publicado em co-edição com Editora Consvltvs.
1. História – Igarapava 2. Educação – Brasil. I. Fernando Couto
(Brasil). II Título
CDD: 397.0985
Organização e Revisão final: Fernando Couto (Igarapava-SP)
Diagramação e arte: CONSVLTVS (www.consvltvs.com.br)
Capa: foto da fachada da antiga cadeia pública municipal, aban-
donada há mais de 60 anos. Fonte: autor.
6
Dedico esta obra aos ami-
gos que ainda acreditam num futu-
ro melhor para Igarapava, a minha
família, ao querido professor Walter
Bichuete que contribuiu imensa-
mente com fatos históricos impor-
tantes e aos políticos que não co-
nhecem a história de nossa cidade.
7
8
Sumário
Apresentação....................................................... 11
Introdução............................................................. 13
1. O sertão paulista e a febre do ouro
................ 16
2. A Estrada dos Goyazes.................................... 23
3. As Anselmadas................................................. 32
4. O padre Zeferino Baptista Carmo..................... 45
5. O Arraial de Santa Rita do Paraíso.................. 49
6. Quem foi Santa Rita de Cássia........................ 54
7. Um século de crescimento desordenado........ 56
8. As Revoluções de 1930 e 1932....................... 85
9. O principal golpe contra o crescimento........... 94
10. Os garimpeiros da esperança...........................101
11. Jesus Maria José – Nosso maior pecado.........108
12. O Coronel Quito – Anjo ou Demônio?..............125
13. O triste retrato do declínio................................ 135
14. A história se repete.......................................... 151
15. Qual a solução para Igarapava?......................160
Bibliografia............................................................. 167
9
10
Apresentação
Como é inerente a todo ser humano, os Igarapa-
venses não fugiram a regra e estão desperdiçando o bem
mais precioso de suas vidas: o tempo. E de quebra dilapi-
dando a herança de nossos netos.
Somos os novos bandeirantes, que apenas garim-
pam o ouro que a mina
Igarapava ainda pode oferecer, e
assim que não sobrar mais nada vamos mudar de endere-
ço, como os mais jovens já fazem atualmente.
Dilapidamos o patrimônio de nossos filhos e envi-
amos todos para longe daqui com o objetivo de "ganhar a
vida". Ora, porque somos obrigados a fugir de Igarapava
para sermos reconhecidos profissionalmente? Porque não
criar uma raiz onde nascemos? Aliás, uma pergunta: Ainda
existem crianças nascendo aqui? Quantas crianças nasci-
am da década de 50 e quantas nascem agora?
Fizemos esta consulta e o resultado é preocupan-
te e impressionante.
11
A cada aniversário de Igarapava costumo fazer
um balanço do que tivemos de positivo e de negativo, en-
tendendo o negativo como algo que deixamos de fazer e
positivo aquilo que implementamos com o objetivo de dar
um futuro melhor para nossos cidadãos e a conclusão que
tenho tido nos últimos 20 anos é impublicável.
Fernando Couto
12
Introdução
Há uma grande discussão, entre diversos autores,
a respeito de quando surgiu o famoso Caminho ou Estrada
dos Goyazes, que deu origem a diversas cidades paulistas
e mineiras. A expedição do segundo Anhanguera, iniciada
em 1.722, pode ser tomada como uma das primeiras res-
ponsáveis pela abertura do caminho.
A princípio é preciso ressaltar que a bandeira do
segundo Anhanguera não foi a pioneira em explorar os
sertões do centro-oeste brasileiro. Pelo contrário, sabemos
que desde o fim do século XVI diversas incursões foram
feitas a procura de riquezas para a coroa portuguesa.
O que podemos afirmar com segurança é que a
Estrada dos Goyazes foi a motivadora para o estabeleci-
mento de diversos pousos as suas margens, que posteri-
ormente se transformaram em povoados e vilas. A história
de inúmeras cidades do interior de São Paulo nasce após
a abertura da Estrada dos Goyazes.
A partir do momento em que a trilha tornou-se co-
nhecida e as notícias da descoberta do ouro goiano se es-
palharam, o movimento cresceu rapidamente, deixando de
13
ser uma simples trilha para se tornar a passagem para al-
cançar o ouro goiano. Esta nova realidade levou o Gover-
no de Portugal a tomar uma atitude para proteger as des-
cobertas e passou a conceder as primeiras sesmarias.
Aos olhos de Portugal, a concessão de sesmarias
ao longo da Estrada dos Goyazes seria a única alternativa
para controlar organizadamente o escoamento desta ri-
queza.
Em 1.730, uma Carta Régia proibiu que houvesse
mais de um caminho para as minas de Goiás e Cuiabá. O
controle efetivo da rota não servia apenas para coibir o
contrabando do ouro, mas também para manter a ordem e
vigiar o tráfico humano, bem como cobrar taxas sobre tudo
o que trafegasse em todos os sentidos. A preocupação em
controlar e povoar as margens da estrada se fazia neces-
sária também para garantir a segurança dos brancos con-
tra ataques indígenas.
O primeiro lote de sesmarias foi concedido, em
1.726, aos responsáveis diretos pela descoberta oficial do
ouro goiano: Bartolomeu Bueno da Silva, João Leite da
14
Silva Ortiz e Bartolomeu Paes de Abreu. Tais sesmarias ti-
nham como objetivo principal servir de vigilância e auxílio
ao tráfego do caminho. Cada uma das sesmarias possuía
o direito de cobrar taxas de passagem sobre os principais
rios atravessados pela estrada: Rio Iguatibaia, Rio Jaguari,
Rio Pardo, Rio Grande, Rio das Velhas, Rio Parnaíba, Rio
Guacurumbá, Rio Meia Ponte e o Rio dos Pasmados, a
cargo de Bartolomeu Bueno da Silva e João Leite da Silva
Ortiz, e os rios Moji e Sapucaí, a cargo de Bartolomeu
Paes de Abreu.
A distribuição de sesmarias fazia parte de uma po-
lítica muito bem definida da Coroa Portuguesa, que tenta-
va garantir com isso o controle da exploração do ouro goi-
ano e combater as inevitáveis tentativas de contrabando.
Em todas as sesmarias, a Estrada dos Goyazes foi indis-
pensável para a constituição dos primeiros assentamentos
populacionais para auxiliar os viajantes com pouso e comi-
da.
15
1. O sertão paulista e a febre do ouro
O atual Estado de São Paulo se originou das Ca-
pitanias de São Vicente e Santo Amaro, doadas pela Co-
roa Portuguesa no século XVI, aos irmãos Martim Afonso
de Souza e Pero Lopes de Souza, obedecendo às linhas
do Tratado de Tordesilhas firmado entre Portugal e Espa-
nha em 1.494.
Primeiramente os portugueses fundaram as vilas
de Santos, Itanhaém, Cananéia e São Vicente, todas no li-
toral, com o objetivo de construir vários fortes para a defe-
sa da nova Colônia e somente depois houve a criação dos
povoados no planalto, sendo Santo André o primeiro e
posteriormente o de São Paulo de Piratininga.
Durante o século XVII, a população se dedicou