Para ver e ouvir
Os vinhos das Canárias são hoje dos mais elogiados de Espanha, congregando um conjunto de produtores que ousaram desafiar os cânones e souberam aproveitar a predisposição mediática para acolher o que desafia o gosto. Como é óbvio, não lhes bastou fazer barulho, foi necessário apresentar credenciais e vinhos simultaneamente desafiadores mas com qualidade. Na atualidade, para lá da beleza natural das ilhas, do turismo de lazer e de aventura, os minimamente atentos já sabem que nas Canárias também se faz vinho.
A uma escala menor, o que António Maçanita e Nuno Faria estão a fazer no Porto Santo é semelhante. Num curtíssimo espaço de tempo operaram uma autêntica revolução, que tem em cada viticultor um aliado, um soldado disponível a dar o corpo às balas. Pela primeira vez, o vinho do Porto Santo não é visto como algo obscuro, como uma produção caseira, rústica e somente apta a bebedeiras locais, de elevado teor alcoólico e defeitos evidentes. Até 2020, as uvas do Porto Santo com algum interesse para entrar em vinho Madeira eram pagas a 1,50€/kg, estando agora a preços de 4,00€/kg, sendo, uma boa parte, vinificadas enquanto vinho DOP Madeirense elaborado na ilha. Daí que até os viticultores inicialmente mais renitentes estejam a incorporar esse tal exército.
Quando a pandemia rebentou em larga