Festa, Fé & Arte
De Paula Rubens
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Festa, Fé & Arte - Paula Rubens
FESTA, FÉ & ARTE
MANIFESTAÇÕES DA CULTURA POPULAR EM PETROLÂNDIA
Paula Rubens
Petrolândia/PE
2022
INFORMAÇÃO DE DIREITOS E REGISTRO INTELECTUAL FESTA, FÉ & ARTE
paularubens09@gmail.com
Copyright © 2021 by Paula Rubens
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EQUIPE RESPONSÁVEL PELA PRODUÇÃO Revisão Gilberlândio Francisco
Imagem da Capa Thais Rubens Capa & Diagramação Antonio dos An jos Produção Editorial Dos Anjos Serviços ____________________________ ______________________________________
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
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Rubens, Paula
Cultura Popular de Petrolândia/Paula Rubens – 202 2 166 f.: 1ª Ed.
História Regional – Dos Anjos Serviços – 202 2 ISBN: 978-65-00-21519- 9
1. Literatura brasileira; 2. Petrolândia (PE); 3. História ; 4. Folclore; 5. Dança; 6. Culinária Nordestina; 7. Artesanato; 8. Cultura Indígena; I. Título
CDD. 981.34 CDU. 82- 94
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REVISADO CONFORME O NOVO ACORDO ORTOGRÁFICO.
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Editora Clube de Autores Publicações S/A CNPJ: 16.779.786/0001- 27
Rua Otto Boehm, 48 Sala 08, América Joinville/SC, CEP 89201- 700
www.clubedeautores.com.br
A Dona Afonsina Cavalcante (in memória), que me ajudou a enxergar a cultura popular com respeito.
A todos os anônimos produtores culturais d o Brasil, com gratidão.
S umário
Introdução.............................................................. 9
Influências............................................................ 11
O Ciclo do Natal.................................................... 23
Festejos Natalinos................................................. 25
Presépio ou Lapinha ............................................. 30
Pastoril................................................................. 38
Reisado................................................................. 53
Entrudo................................................................ 69
Carnaval............................................................... 71
Os Penitentes ....................................................... 86
Quadrilhas Juninas............................................ 101
Dança de São Gonçalo ........................................ 106
Rituais Índígenas................................................ 112
Corrida do Umbu................................................ 113
Toré.................................................................... 118
O Menino do Rancho .......................................... 120
Banda de Pífano ................................................. 121
Artesanato.......................................................... 123
Culinária ............................................................ 131
Alfenim (puxa-puxa) ........................................... 132
Aluá de Tamarindo ............................................. 134
Beiju de Ouricuri na Palha.................................. 136
Farofa Doce de Murici......................................... 138
Licor de Murici ................................................... 139
Cachimbo ........................................................... 141
Anexos:............................................................... 143
Referências......................................................... 159
Introdução
Para que serve um baú de relíquias escondidas , sem uso?
Com essa pergunta a inquietar-me, venço o pudor e tomo coragem de publicar este apanhado d e memórias registradas a partir de cadernos amarelados, maravilhosas conversas sob as sombra s de mangueiras, terraços ventilados ou em torno de um bom café em acolhedoras cozinhas amigas cada vez mais raras.
São memórias coletivas, raízes identitárias de um povo, tesouro que não me pertence com exclusividade. Sinto-me obrigada a compartilhar para não correr o risco de deixar que se perca .
É com esse espírito que este livro, modestamente, pretende contribuir para a preservação do Patrimônio Cultural Imaterial de Petrolândia e, quem sabe, animar produtores de cultura e educadores a manter viva essa rica herança . O baú está aberto, o tesouro é de todos nós .
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I nfluências
Banhada pelo rio São Francisco, Petrolând ia localiza-se no Sertão de Itaparica, região do Submédio São Francisco, muito próximo das fronteiras dos Estados de Pernambuco, Alagoas, Bahia e Sergipe.
Nascida de Tacaratu, da qual se tornou vila e sede do município em momentos alternados, m udou de nome três vezes: foi JATOBÁ, depois ITAPARICA e por último PETROLÂNDIA. Em sua história recente, 1988, mudou também de território por força da inundação da cidade em decorrência da construção da Usina Hidroelétrica Luiz Gonzaga.
Sua ocupação se deu pelos índios que, desde a pré-história, foram se fixando à terra a partir do aprendizado de técnicas de agricultura e em função do rio. Depois, pelo aldeamento de Brejo dos Padres implantado pelas missões religiosas e pelos portugueses e suas fazendas de gado .
Por fim, pela implantação da ferrovia Piranhas - Jatobá, inaugurada em 1883, atraindo novos moradores a ponto de transformar o local em centro urbano, convergindo para si o movimento comercial de Vargem Redonda, Brejinho, Volta do Moxotó, Tacaratu, Floresta, Delmiro Gouveia e Piranhas,
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principalmente. O trem funcionou regularmente até 1964.
Desde a implantação da ferrovia, o município tem sido alvo de projetos federais que, entre períodos de progresso e decadência, geraram importantes oportunidades, muitos problemas e interessante intercâmbio cultural.
Ainda durante a construção da estrada de ferro , foi ponto de partida da Comissão Hidráulica do Império para novos estudos visando à navegabilidade do rio .
Nos anos 30, serviu de piloto à primeira experiência de fecundação artificial de peixes de água doce em água corrente. Um projeto da Comissão Técnica de Piscicultura do Nordeste, subordinado à Inspetoria Federal de Obras contra a Seca, órgão este, com escritório e Posto de Saúde na cidade e no povoado de Icó, gerando assim, diversos empregos. Em 1943, foi modelo no Nordeste do primeiro projeto nacional de implantação de colônias agrícolas, com a criação do Núcleo Colonial de Barreiras, sob a condução da Comissão do Vale do São Francisco , atraindo diversas famílias de colonos da região.
Por último, dos anos 70 a 80, recebeu as obras de construção da barragem, executada pela CHESF e suas diversas empreiteiras. Escritórios e canteiros de obra foram instalados, dobrando o número de habitantes do município em apenas uma década .
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Todas essas intervenções geraram interações marcantes a influenciar na organização social e no modo de vida do povo .
Embora a herança cultural mais forte seja a do povo indígena originário do lugar, a fase de formação urbana ocorreu sob forte influência da migração provocada pela chegada da estrada de ferro, trazendo ares de modernidade ao Sertão agrário.
A facilidade de locomoção para o Estado vizinho através do trem, por oito décadas e a fixação de residência das famílias dos funcionários da Estrada de Ferro, tornou conhecidos os costumes, a moda, a culinária e as festas populares do povo alagoano . Principalmente de Piranhas, ponto inicial da Estrada de Ferro Paulo Afonso e local de origem dos empregados responsáveis pela administração da estação ferroviária.
A herança indígena é marcante em praticamente todas as manifestações culturais da região, desde o gosto pelo consumo do murici e umbu (frutas nativas), o modo de produção da farinha de mandioca e do beiju, a utilização do coco de O uricuri na culinária e nos colares
, o uso das canoas de vara, a forma de pescar, a técnica de fabricação de cerâmicas e o artesanato em palha até os rituais e danças místicas.
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