Ser Ou Não Ser Cão, Eis A Questão
De Cintia Bach
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Ser Ou Não Ser Cão, Eis A Questão - Cintia Bach
CINTIA BACH
SER OU NÃO SER CÃO, EIS A QUESTÃO
São Paulo
Cíntia Alves Gonçalves
2015
Capítulo 01: Casa das irmãs Meg e Rita
Meg enche um pratinho com ração de cachorro e coloca no chão. Sua cachorrinha Sophia cheira o prato, mas não come. Dá meia-volta e sai, indo em direção ao sofá da sala. A TV está ligada. Sophia sobe no sofá e fica vendo TV.
Sophia: Não sei por que minha mãe insiste em me dar essa gororoba
pra comer. Isso parece comida de cachorro. Ai, credo! Não aguento mais comer isso. Só porque tem
vitaminas e não sei mais o que, ela insiste em colocar isso no meu prato. Argh! Eu quero é carne! Só vou comer se tiver carne!
Meg: Sophia! Você tem que papar seu papazinho
!
Sophia: Papar papazinho
é redundância! E não vou papar essa coisa! Isso não é comida de gente! Olhe pra mim: sou
uma garotinha! (Batendo as patas). Quero comida de criança
!
Meg: (Olhando pra sua irmã Rita): Ai, que droga! Já mudei a ração umas três ou quatro vezes, mas ela só come se eu misturar carne!
Rita: Você a acostumou mal. Mas tem um jeito. Vale a pena se comprar aquela ração mais cara, pois a maioria dos cães adora, ela aumenta a saciedade, rende mais e é mais nutritiva.
Sophia: Acostumou-me mal?! Como pode falar isso? Vocês duas comem um monte de coisas cheirosas e suculentas e nem me oferecem! Só como as migalhas que caem no chão! Ai que humilhação! Meu Deus! Em que ponto cheguei por querer um pouco de comida normal! O pior é que vocês me enfiam essa comida até no café da manhã! Sou obrigada a comer isso fazendo de conta que é meu cereal matinal. Ai que vida!
Capítulo 02: Café da manhã
Rita prepara o café da manhã e coloca sobre a mesa o pão,
a leiteira, o bule com o café, queijo e duas xícaras. Sophia fica em pé, colocando as duas patas em cima da mesa.
Sophia: Hei tia! Ta faltando uma xícara! Também quero tomar café com leite!
Rita: (Olhando feio pra Sophia). Sophia! Sai daí !
Sophia: (Olhando para Meg com olhar penoso). Mãe, cê num vai me dar uma xícara de leite com café ?
Meg: Ai, meu bicinho
! Num pode por as patinhas na mesa. Senta no chão que a mamãe vai colocar leitinho no seu pratinho.
Sophia: Ah! Não! Por que ninguém me entende nessa casa? Ela vai colocar leite no prato! Aposto que é pra botar aquela gororoba
junto. Quer apostar quanto que ela pensa que aquilo é cereal? Qualquer hora eu enfio uma colherada dessa comida na boca delas! Só assim pra sentirem como é horrível!
Meg coloca o pratinho de Sophia no chão e o enche com leite morno. A cachorrinha sente o cheiro do leite e começa a bebê-lo, fazendo um enorme barulho. Em poucos segundos o prato fica vazio e ela começa lambe-lo. Quando acaba, olha para a mamãe. Meg começa a rir quando percebe que seus bigodes ficaram brancos por causa do leite.
Meg: Amoleco da mamãe! Ficou com os bigodinhos sujinhos. Que coisa mais fofa! Vem cá pra mamãe limpar. (Limpa os bigodes de Sofia).
Sophia: (Suspirando). Pelo menos tenho uma mãe carinhosa. Apesar dela não entender uma palavra do que falo, mas sabe quando tenho frio, fome e quando preciso de carinho.
Capítulo 03: Cidade agitada
Meg volta do trabalho. Desce do ônibus e espera o farol abrir para atravessar a rua. De repente avista um Cocker preto no meio da avenida movimentada e um carro indo em
sua direção. O Cocker é atingido e grita de dor. Em seguida, surge um ônibus e Meg, desesperada, corre no meio da avenida e pega o cachorro no colo, levando-o até a calçada. O tal ônibus estaciona e uma moça desce correndo e se dirige a Meg.
Moça: Ele se machucou?
Meg: Foi atropelado por um carro. Aparentemente está bem, mas pode ter sofrido uma fratura. Tenho que achar um veterinário.
Moça: Desculpe. Como é o seu nome?
Meg: Pode me chamar de Meg.
Moça: Muito prazer, Meg. Você é muito corajosa! Eu estava dentro do ônibus e vi quando salvou o cachorrinho . O meu nome é Maria.
Meg: Muito prazer, Maria. Eu não poderia ver um bichinho desse ser atropelado na minha frente e não fazer nada.
Maria: Meu marido está naquele carro. (Aponta para um carro parado próximo à elas). Vou pedir a ele uma carona pra você levar o cachorrinho ao veterinário.
Meg: Se ele não quiser ir, eu ligo pra minha irmã vir pegar a gente.
Maria: Ele vai sim. Não se preocupe.
As duas chegam perto do carro. A porta se abre e surge o marido da moça.
Maria: Bem, essa moça acabou de salvar a vida do cachorrinho.
Marido: Eu sei, vi tudo. Já estava aqui te esperando quando o cachorro foi atropelado.
Maria: