Crônicas Do Cotidiano
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Crônicas Do Cotidiano - Rockson Costa Pessoa
Crônicas do Cotidiano
Singular ponto de vista
Rockson Costa Pessoa
© 2016 by Rockson Costa Pessoa.
All rights reserved.
2. ed. 2016; 1. Impressão
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte dessa publicação
poderá ser reproduzida de qualquer modo ou por qualquer outro
meio, eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação ou
qualquer outro tipo de sistema de armazenamento e transmissão de
informação, sem prévia autorização, por escrito, do Autor.
Ficha catalográfica
Ficha catalográfica elaborada automaticamente de acordo com os
dados fornecidos pelo (a) autor (a).
Pessoa, Rockson Costa.
Crônicas do Cotidiano: Singular ponto de vista. 2a Edição /
Rockson Costa Pessoa., 2016.
127 p. ; 21 cm
1.Cotidiano. 2. Percepções 3. relatos. 4. Vivências. 5. Teste-
munho.
I. Pessoa, Rockson. I. Título
2016
Direitos exclusivos para a língua portuguesa de Rockson Costa Pessoa
rockson_pessoa@hotmail.com
Sumário
Quando a terra engole o sol....................................................11
Porque o mal não está lá fora.................................................14
Nossos pais já sabiam…........................................................16
Definições, chicletes e apego.................................................18
Lobos, monstros e realidade..................................................20
Queimar etapas......................................................................23
Essencialidades......................................................................25
Páscoa e embalagens descartáveis.........................................28
Vida de cão.............................................................................31
Por favor, nos devolvam os monstros....................................33
Sementes e eternas confabulações.........................................37
Dos mesmos ciclos.................................................................40
A face oculta da lua................................................................43
Para falar de flores..................................................................45
Seres humânicos.....................................................................48
Falar de estrelas......................................................................52
Tributo ao fusquinha 81.........................................................55
Conversas virtuais..................................................................59
Porque palhaços também choram.........................................61
Anônimo tempo......................................................................64
Como nascem os sonhos........................................................66
O centro de tudo.....................................................................69
Quando os navios têm de retornar.........................................72
Amenidades, conversas e amizade........................................75
Seres plásticos........................................................................78
Por que crescemos?................................................................83
O louco, o cachorro e a rua....................................................85
Mais um sonho para sonhar...................................................87
Falando de amor.....................................................................90
Amor no meu ponto de vista..................................................93
Porque no fim queremos amar..............................................96
Enquanto o amor não chega..................................................99
Entre o amar e o perder........................................................101
Náufrago...............................................................................105
Ferro e carne.........................................................................107
Felicidade Parasitária...........................................................110
Quando será que acaba o amor............................................112
É mais uma história de amor................................................115
Teoremas, definições e uma pitada de alho.........................119
Barcos e amarras: falando sobre sociopatia.........................121
Tragédia de realengo – o que se pode dizer?.......................127
Fantasia, praias e tartarugas marinhas.................................131
Sobre o que não se pode prever............................................133
Sob o olhar de espelhos inconsequentes..............................136
Está faltando gente...............................................................140
Dedicatória............................................................................143
Para Klicyane e Bernardo.
Preâmbulo
O melhor drama está no espectador e não no palco
(Machado de Assis)
Apresentação
Esta é a segunda edição do livro Crônicas do Cotidiano:
singular ponto de vista, tendo o seu primeiro lançamento
ocorrido no ano de 2012. Ele reúne uma série de textos que
foram elaborados ao longo de quase 6 anos (2006 – 2012),
com esta reimpressão facilmente chegamos a uma década de
reflexões.
Ao longo destas 150 páginas vocês observaram um estilo de
escrita que foi se desenvolvendo ao longo do já citado período.
É um registro de percepções, testemunhos, reflexões… São
escritos e registros de minha residência em Manaus, de minha
permanência em Porto Alegre (talvez o período em que mais foi
fecundo e protetivo escrever).
As palavras não envelhecem! Eu particularmente acredito
nisso, mas nossas percepções modificam-se, e isso é na
maioria das vezes esplêndido. Muito do que escrevi e do que
narrei nestes textos representam um meu testemunho de tudo
que observei e ponderei sobre as coisas e pessoas.
Ao reimprimir esta obra espero tão simplesmente
compartilhar meus registros iniciais - permitir que você possa
ver fenômenos tão nossos pelo meu ponto de vista. Longe de
querer deter a razão e a verdade, quero apenas dar conta de
meu testemunho, do nosso tão íntimo e particular cotidiano.
Rockson Costa Pessoa
Quando a terra engole o sol
É quando a terra engole o sol que noto o tempo se esvaindo
em sua elegância típica. Percebo ainda que não aproveitei ao
máximo as primeiras horas do dia e que mais uma promessa do
gênero: hoje eu termino isso!
não se concretizou.
Quando o sol começa a descer as escadas, os pássaros
fazem suas serenatas ao infinito, como preces desesperadas
para o dia que ainda irá morrer. É engraçado, enquanto os
pássaros cantam seu canto triste os homens andam com seus
carros barulhentos brindando o astrocídio
. É não há mais
respeito pelas perdas das pessoas, tampouco pelas perdas dos
pássaros.
E quando a terra engole o sol, os sujeitos bem vestidos se
colocam nas esquinas a espreita de jovens que desejam ser
descolados, e assim nasce mais um oprimido. É nessa hora
também, que algumas moças jovens e bonitas deixam seus
lares e buscam um ponto
para conseguir uma aventura,
diversão ou apenas uma forma de sobreviver.
Quando a terra devora o sol, tira de nós o respeito e o amor
pela vida, pois é geralmente depois que o sol morre que
algumas dúzias de jovens aparecem crivadas de balas e na
carteira, nem uma carta de adeus... Neste momento que tudo
silencia menos as ruas, que se agitam com seus carros,
disputando pedaços de asfalto. Surgem com seus sons
barulhentos e suas buzinas. E no céu, fica aquele cheiro
enjoativo de fumaça – luxo da modernidade.
É quando a terra engole o sol, que as pessoas se aglomeram
nas mesas e afogam as mágoas de mais um dia atribulado. É
nessa hora os amantes desfrutam o silêncio das coisas, e
parece que o tempo para. E as nuvens demoram em seguir
seu rumo... Como se parte de nós fosse morrendo. E morre
mesmo! Penso que nessa hora vamos perdendo um pouco de
fôlego.
Quando a terra começa a mastigar os primeiros pedaços do
sol, as sombras de tudo que há, parecem suplicar… Penduram-
se em nós e se prendem
nas coisas, em um desespero
silencioso… Formam os retalhos de um adeus pacífico e
necessário.
Tudo isso ocorre quando a terra vai engolindo o sol, sem
pressa e sem culpa. Uma areia movediça impiedosa que rouba
a luz, para dar lugar à noite que sempre chega mais cedo do
que queremos. E nesse espetáculo mãos se encontram e
corações esperam pela a lua que vem brindar o amor. Nessa
hora os homens passeiam com seus cachorros e alguns outros
correm pelas praças com seus fones de ouvidos que fazem mal
a saúde.
Quando a terra engole o sol, percebo que a vida é uma
dádiva e que deve ser aproveitada com tudo que temos e
somos. A verdade é que não há necessidade de chorar, pois só
se pode nascer quando se está em parte morto. E assim o sol
segue em sua odisseia infinita de morrer para nascer mais uma
vez.
Porque o mal não está lá fora
Recordo-me da minha infância. Nas tardes corríamos como
loucos e comumente chegávamos em casa com alguns
arranhões: era a prova das peripécias de uma infância sadia.
Eram tantas brincadeiras e tanta aventura, que o tempo era
curto para nós de pouca idade.
Quando o sol já se escondia, e os sons eram orquestrados
com maestria - tudo silenciava. Nossos pais ficavam no portão
e nos chamavam, na verdade berravam, e ai de quem se
fizesse repetir. Era o fim de mais um dia e término de mais
uma brincadeira de rua.
Eu achava que o mal morava na rua pela parte da noite...