Gangues Mortais

De Thiago Fernandez

Sinopse: A História narra a vida de um jovem destinado a assumir o legado de seu pai, uma facção criada para combater a corrupção e a violência durante a era da ditadura militar.

• Idioma: Português
• Editora: Clube de Autores
• Data de lançamento: 2 de ago. de 2015

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Gangues

Mortais

Thiago Fernandez

1ª edição

2015

Senda Literária

Porto Alegre – RS – Brasil

2015

Copyright © Thiago Fernandez, 2015.

Capa e Ilustrações André Borges

Revisão e Editoração Dan Paiva

Todos os direitos reservados e protegidos, de acordo com a Lei 9.610 de 19/02/1998.

Impresso no Brasil.

Fernandez, Thiago

Gangues mortais / Thiago Fernandez.

1. ed. – Porto Alegre, 2015.

230 p. ; 21 cm.

ISBN 978-85-65319-30-0

1. Literatura brasileira. 2. Ficção brasileira. I. Título

CDU 869.0(81)-3

CDD 869.3

Índice para catálogo sistemático:

1. Literatura brasileira : Ficção 869.0(81)-3

Gostaria de agradecer a uma amiga que foi o motivo de minha inspiração e que me incentivou a escrever; e ao meu amigo André Borges, que ilustrou esta obra, me concedendo forças para seguir em frente. E a todos os outros que, de alguma forma, contribuíram para o lançamento deste livro.

A guerra é inevitável...

Justiça? Você só conseguirá com as próprias mãos.

Este submundo é a criação de um poder superior

Que assusta toda a população.

Gangues caminham livremente por todos os lados

Impondo terror e o medo por onde passam

São poucos os lugares onde a violência ainda não chegou.

Lutam em nome de um governo corrupto

Lutam por seus interesses

Ou para salvar a si mesmos.

Se você deseja restaurar a paz, prepare-se para lutar.

Eu sou Jonathan Davis, líder da patrulha dos lobos.

Introdução

Dia 10 de Janeiro de 1984. O país se encontra em um iminente caos, a população se perde no medo e no desespero. O povo procurava soluções para amenizar os estragos que aconteciam um após o outro. Entre eles dor, sofrimento e morte. Ao término do mandato de Geisel, a sociedade brasileira tinha sofrido muitas transformações. A repressão havia diminuído significativamente; as oposições políticas, o movimento estudantil e os movimentos sociais começaram a se reorganizar. Em 1978, o presidente revogou o AI-5 e restaurou o habeas corpus. Geisel conseguiu impor a candidatura do general João Batista Figueiredo para a sucessão presidencial. Foi o último general presidente, encerrando o período da ditadura militar, que durou mais de duas décadas. Figueiredo acelerou o processo de liberalização política e o grande marco foi a aprovação da Lei de Anistia, que permitiu o retorno ao país de milhares de exilados políticos e concedeu perdão para aqueles que cometeram crimes políticos. A anistia foi mútua, ou seja, a lei também livrou da justiça os militares envolvidos em ações repressivas que provocaram torturas, mortes e o desaparecimento de cidadãos. O pluripartidarismo foi restabelecido. A Arena muda a sua denominação e passa a ser PDS, o MDB passa a ser PMDB. Surgem outros partidos, como o Partido dos Trabalhadores (PT) e o Partido Democrático Trabalhista (PDT). O governo também enfrentou a resistência de militares radicais, que não aceitavam o fim da ditadura. Essa resistência tomou a forma de atos terroristas. Cartas-bombas eram deixadas em bancas de jornal, editoras e entidades da sociedade civil como a Igreja Católica, Ordem dos Advogados do Brasil, Associação Brasileira de Imprensa, entre outras. Na área econômica, a atuação do governo foi medíocre, os índices de inflação e a recessão aumentaram drasticamente. O Brasil está vivendo um verdadeiro inferno neste momento. Meu pai, John Davis, criou um grupo de manifestantes para liderar a guerra nesta jornada infernal. Esses grupos de manifestantes logo se tornaram uma gangue e eles passaram a lutar não só pela segurança do povo, mas também para manter a segurança da cidade onde viviam. A causa que ele defendia era desconhecida, ao menos eu nunca soube de nada. Ele era um homem muito reservado e até o fim lutou protegendo a sua cidade o seu povo contra a opressão que seguia se arrastando por todos os lados. Parece que a ditadura está chegando ao fim. No entanto, ainda não terminou. O governo permanece firme fazendo o que é possível e Figueiredo ainda está no poder. Militares, com a ajuda de homens que ainda possuíam poder, utilizam a força para colocar o medo e o caos sobre a nação brasileira. Meu pai morreu aos 40 anos, na manhã de ontem, vítima de uma doença no coração. Eu estou sozinho no mundo e para mim foi deixada a sua única herança, a liderança da patrulha dos lobos. O que eu devo fazer com isto? Desde meu nascimento, eu simplesmente cresci para lutar. Estive com meu pai em todos os momentos, junto de minha mãe. Ela se foi quando eu ainda era criança eu cresci ao lado de meu pai e de seus amigos que sobrevivam dia após dia no coração do caos que se espalhava por nosso país. Uma guerra que nunca parecia ter fim. Hoje, aos vinte anos, eu olho para trás e penso em tudo o que eu vi, em tudo o que eu passei ao lado dele. Eu não nasci para liderar, mas a gangue está maior do que antes. Porém, ela está perdida, desorientada e eu sou o único que pode restaurar a ordem e dar um novo propósito a ela. Eu não quero isto eu não quero fazer mais parte deste pesadelo, mas o destino teima em ser cruel comigo. Eu estou preso em uma vida da qual jamais conseguirei escapar, assim como meu pai. Estou destinado a terminar tudo o que ele começou. Enquanto este inferno durar, eu continuarei vivendo simplesmente para presenciar tudo isso até que eu consiga por um fim. Eu nasci, cresci e, como ele, eu terei que lutar para sobreviver.

A princípio, parece difícil lidar com isto. Quando se perde tudo estando sozinho, você acredita que não há mais nada que possa motivá-lo a seguir em frente, não existe ninguém que possa te tirar do fundo do poço onde você está, mas por alguma razão você ainda acredita, você ainda quer lutar e a morte não é uma opção agora, porque você precisa descobrir a razão de ainda continuar respirando. Meu pai se foi crendo neste ideal, ele tinha seus motivos para lutar e quando eu perguntei antes de ele partir, ele disse que um dia eu iria encontrar o meu propósito nessa vida, dizendo que eu jamais deveria desistir e que um dos motivos que o deixava feliz era simplesmente o fato de que eu existia, e de seus sentimentos por minha mãe. Talvez, essa fosse à razão que o motivou a continuar lutando para conseguir uma vida melhor para a sua família. Sua luta foi em vão. Por que eu deveria acreditar nisto? Eu já não sei mais, tudo que sei é que eu não tenho a menor vontade de seguir em frente. Talvez devesse deixar que esse mundo acabe de uma vez por todas.

Assim pensa o jovem enquanto permanece deitado no sofá de sua solitária morada, sem saber o que fazer na vida. Nos últimos anos do governo militar, o Brasil apresenta vários problemas. A inflação é alta e a recessão também. Enquanto isso, a oposição ganha terreno com o surgimento de novos partidos e com o fortalecimento dos sindicatos. Em 1984, políticos de oposição, artistas, jogadores de futebol e milhões de brasileiros participam do movimento das Diretas Já. O movimento era favorável à aprovação da Emenda Dante de Oliveira, que garantiria eleições diretas para presidente naquele ano. Para a decepção do povo, a emenda não foi aprovada pela Câmara dos Deputados. A Opressão dos agentes militares da Ditadura e o péssimo caminho que o Brasil estava trilhando sob comando dos generais provocava a ira em estudantes, intelectuais, artistas e até mesmo em religiosos. Muitos opositores ao regime saíam às ruas para manifestar contra a opressão, mas eram violentamente massacrados pela segurança. Além disso, os manifestantes se mostraram contrários à tendência privatizante do governo ditatorial, principalmente quanto ao ensino. Eles argumentavam que o governo pretendia valorizar um ensino tecnicista para suprir as vagas de empresas estrangeiras em detrimento do conhecimento humano. Também se mostraram indignados com o incentivo do governo na criação de universidades privadas, prejudicando o investimento nas universidades públicas. Vários estados brasileiros apresentavam manifestações pedindo o fim da Ditadura Militar. Todas elas foram repelidas com violência. Em São Paulo, quatro estudantes foram baleados. No centro do Rio de Janeiro, jovens, artistas, jornalistas e políticos eram contidos pelas tropas militares a cavalo. Muitos morreram torturados, fuzilados em questão de lutar por uma causa justa. Enquanto permanece em seu sofá com um dos braços sobre a cabeça, olhando simplesmente para o teto, Jonathan não pensava em nada enquanto o rádio a cada momento passava informações agonizantes sobre a situação em que o país se encontra. Neste momento, o telefone de cor prata na mesinha ao lado da TV, diante do jovem, começa a tocar. Aquele pequeno barulho irritante fez com que o jovem se levantasse incomodado enquanto estava perdido em sua mente. O velho e antigo telefone de disco, da marca Ericsson, um dos primeiros lançados no país, um meio de comunicação indispensável no momento. Ele atende.

– Jonathan, você está bem? Tem dias que você não atende ao telefone, cara. Precisamos de você, o grupo concordou em fazer uma reunião para decidir a sua liderança na patrulha dos lobos mas, eles não estão confiantes de que você possa assumir a liderança. Sinto muito pela perda do seu pai, foi triste para todos nós. Entretanto, precisamos de um novo líder, a situação está ficando feia. Eu irei até sua casa hoje mesmo a tarde, tudo bem? Se cuide, até breve, amigo – desliga o jovem que aparenta ser amigo de Jonathan e também um dos membros da gangue criada por seu falecido pai.

Jonathan sequer disse algo, mas seu amigo também sabia que ele não tinha muito o que falar. Em breve ele virá até sua casa e não há muito o que Jonathan possa fazer. Ele novamente se dirige até o sofá e se senta. A sua frente, uma mesa pequena com uma garrafa de vodka pela metade. Este era um momento para esquecer a vida, enquanto enche novamente o copo de vidro transparente médio com o liquido, leva até a boca e toma em um só gole. Então, ergue a cabeça para frente novamente e toma fôlego. Seu estado é péssimo. Não fisicamente, mas sim espiritualmente. Seu cabelo está longo e bagunçado, alguns pontas escondem um de seus olhos, sua barba enorme, suas roupas fedem, faz tempo que não toma um banho. A sua casa está uma tremenda sujeira, roupas e alimentos além de outras porcarias jogadas por todos os lados, ficando sujeito à doença e a invasão de seres indesejáveis como ratos e baratas. A janela que se encontra ao lado do sofá ilumina a sala em que o jovem se encontra, acabado e perdido, sem a menor vontade de fazer algo por sua vida. Uma manhã que se repete como todas as outras, este sujeito deixou de cuidar de sua vida e a situação piorou com a morte de seu pai. O dia foi se passando e cerca das 6 horas da tarde, como combinado, seu amigo chega e começa a bater na porta levemente, chamando pelo seu nome. Jonathan permanece no sofá, apagado após terminar com uma garrafa de vodka. Fica evidente que ele não irá atender a porta. Alex, como o outro é chamado, se irrita por chamar seu amigo pela décima vez. Então, sem nenhuma resposta, ele imagina que alguma coisa pode ter acontecido, não lhe dando outra opção senão agir pela força.

– Merda, o que será que aconteceu? – sem alternativa, o jovem de 21 anos, de cabelo curto, asa delta com algumas pontas de cabelo que chegam ao meio dos olhos, de pele branca e porte físico médio, trajando sua roupa símbolo de sua lealdade à gangue, conta de um a três e então desfere um poderoso chute na frágil porta, que cede facilmente, assim revelando o caminho a sua frente – Mas que diabos é isto? – pergunta Alex a si mesmo quando percebe a situação do local, a casa parece um depósito de lixo! O jovem encontra seu amigo apagado no sofá e ao lado as garrafas de bebida que ele havia tomado. Ele pretendia se matar? Alex rapidamente se aproxima de seu amigo e coloca seu ouvido no peito de Jonathan. Aliviado, ele pensa: Está respirando. No entanto, a situação em que o mesmo se encontra é devastadora. Alex pega seu amigo pelo ombro e decide tirá-lo do local. Encostando a porta que fora arrombada, em seguida leva seu amigo em direção a sua moto. Inesperadamente, é interrompido pelo vizinho que mora logo ao lado da casa e presenciou a ação do estranho homem.

– Ei! O que você está fazendo? – disse o homem idoso de 65 anos, de curtos cabelos grisalhos penteados para trás, de cor morena, trajando uma roupa social. Um homem que simpatiza muito com seu vizinho que parece estar sendo sequestrado por um estranho.

– Ele não tem condições de ficar sozinho agora, senhor. Sou amigo dele e do pai dele. Sei que o senhor o conhece, um homem muito bondoso. Eu preciso cuidar dele agora. Por favor, peço que tome conta da casa dele durante a sua ausência. Prometo que em breve ele estará de volta – disse Alex gentilmente para o idoso.

– Entendo, posso ver a situação dele daqui de longe. Não se preocupe, meu jovem, tomarei conta da casa dele. Cuide bem dele. Aparentemente, minha mulher não tem se contentado nem um pouco com a invasão de seres transmissores de doenças que se deslocavam para cá devido ao mal estado que se encontra a casa desse jovem – disse o velho honestamente.

– Não se preocupe, vou por juízo na cabeça dele – finalizando a conversa, Alex põe Jonathan a frente da moto e cuidadosamente sobe, ligando a moto enquanto seu amigo está jogado sobre a máquina. Alex parte então para a sua casa.

Somos todos filhos da solidão, caminhando perdidamente pelo mundo à procura de uma razão. A noite é a nossa casa os ventos a nossa direção, lobos à noite guerreiros ao dia, cuidamos uns dos outros como se fosse nossa própria vida. Hoje sacrifico a minha vida pela sua, pois eu sei que você irá tão longe quanto eu fui. Posso sentir a sua força e o seu coração, fortes como os de um caçador, você nasceu para lutar e não para desistir.

Poema descrito por Emília Davis, mulher de John, que se sacrificou para que o marido pudesse fugir em uma missão que havia dado errado. O otimismo que a mulher tinha sobre seu marido fez com que ele continuasse lutando pelo seu filho até que fosse capaz de seguir sozinho. As notas foram lidas uma vez por Jonathan, quando vasculhava os pertences do falecido pai, horas depois que ele havia partido.

Capítulo 1

O lobo solitário

Jonathan acorda imediatamente dentro de uma banheira após um balde de água gelada cair sobre seu corpo. O jovem se levanta desesperado, se perguntando onde estava. Então, se depara com o seu amigo, que está com uma toalha em suas mãos estendida na direção do jovem. Jonathan está irritado e ele agressivamente toma a toalha das mãos de seu amigo enquanto este deixa o banheiro. Jonathan decide se lavar, começando a tirar suas roupas. Alguns minutos depois, saí do banheiro usando apenas um short que foi deixado pendurado na prensa ao lado da porta. Apesar do descuido, o jovem parece estar em total forma. A casa de Alex é simples, como a de muitos refugiados, para não chamar atenção. Pois ele é um opositor à ditadura e sabe muito bem o que vai acontecer quando ele for descoberto. A casa apenas possui um quarto, a sala e a cozinha, além do banheiro. Estando no corredor de frente para porta do quarto entre a cozinha e a sala, o jovem se dirige até a cozinha onde percebera barulhos de uma faca cortando alguma coisa e lá se encontra Alex, preparando algo para seu amigo, tamanha a preocupação que sente por Jonathan. O jovem se incomoda com todo esse interesse que seu amigo Alex sempre teve em cuidar dele.

– Essa não é a última vez que você faz uma coisa destas, está sempre se enfiando em meu caminho, Alex. Você sabe que a vida é minha, eu faço o que eu quiser, você não pode simplesmente me controlar! – exclama o rapaz, chateado com a ação do seu colega.

– Seu pai não pensaria assim – responde Alex enquanto permanece de costas, cortando a carne sobre pia e em seguida começa a amortecê-la e temperá-la.

– Meu pai está morto. Acabou! Não há nada a ser feito, a gangue não existe mais – tenta o jovem finalizar a conversa.

– Jonathan, você certamente o viu no hospital, ele somente se despediu de você. Ele viu nos seus olhos uma imagem de si mesmo que daria continuação ao objetivo de lutarmos por uma vida melhor, porque ele sabia que não iria conseguir.

– E o que te faz pensar que eu conseguiria? – interrompe Jonathan, porém Alex continua explicando o passado para o seu amigo.

– Ele me disse muitas coisas a respeito de seus objetivos, coisas que ele não disse a você, mas disse para mim porque sabia que eu iria compreender tanto quanto você.

No passado, um dia antes de ocorrer a trágica morte de John Davis, na cama de um hospital, refugiado no leito da morte, ele olhava tristemente nos olhos castanhos escuros de Alex com uma tristeza que feria o seu coração. Pobre homem que gostaria de prosseguir com a sua vida, mas as dores foram pesadas demais para que ele pudesse carregar a farda. A dor consumiu a sua vida e o seu coração foi pressionado com tamanho peso, o peso que o destino jogou em suas costas. Suas últimas e fracas palavras foram direcionadas ao seu leal membro, Alex Stone, seu braço direito, o jovem que esteve do seu lado nos momentos cruciais que renderam vitórias. Alex o encara sem saber o que dizer. No entanto, o homem no leito da morte sorri satisfeito com os serviços que Alex prestou. Ele se prepara para dizer suas últimas palavras.

– Alex, meu leal amigo, tenho um grande pedido para lhe fazer, esse pedido lhe trará grandes responsabilidades. Você acha que pode carregar este fardo? – pergunta o homem moribundo com a sua voz crepitada e fraca.

– Sim, capitão, o que o senhor quiser – responde o jovem sem muitas palavras.

– Muito bem. Meu filho Jonathan sempre teve um dom, mas nunca teve a minha vontade, desde a morte de sua mãe ele me culpa por tudo que tenho feito, ele jamais decidiria prosseguir nossos planos a fim de terminar com essa era trágica de caos e opressão. Eu preciso que você cuide dele, o incentive a seguir em frente. Ele irá jogar a sua vida fora, o dom que ele possui é capaz de salvar esse povo dos governantes imundos, não permita que isto aconteça. Essa é a última missão que eu tenho para você, faça com que ele lidere a patrulha dos lobos para que assim nosso objetivo não tenha terminado em vão – disse o homem que inesperadamente começa a ter convulsões e os médicos surgem dizendo que ele estaria tendo uma parada cardíaca.

Os médicos pedem para que Alex se afaste enquanto este olha desesperado. Os médicos fazem de tudo, porém nada mais podia ser feito. Após três tentativas de ressuscitá-lo, o Líder da patrulha dos lobos foi dado como morto. A notícia caiu nas mãos de militares que comemoraram a queda de um dos opressores que estavam dando trabalhos para seus domínios e eles imaginam, desde então, que a patrulha dos lobos sem o seu líder acabou sendo extinta. A violência nas ruas aumentara intensamente, os militares tornaram a impor o medo e o caos na população brasileira naquela região. Campo Grande tem se tornado um verdadeiro inferno desde a morte de John Davis. Alex termina de contar o que de fato aconteceu naquele dia.

– Meu pai estava cansado de lutar, ele quis deixar o peso de sua responsabilidade em minhas mãos. Eu nunca pedi por isso, eu nunca quis lutar! – exclama Jonathan mais uma vez irritado.

– Eu sei, Jonathan. Eu também nunca quis essa vida para mim, mais aqui estou eu lutando para sobreviver, porque nós dois sabemos que essa vida que levamos não vai chegar a lugar nenhum se não lutarmos para mudar o rumo que este país está tomando. Eu sei que o peso é constante, a responsabilidade é imensa. Mas sabe o que é pior do que alguém que deveria liderar essa gangue? Ser a babá de um cara mimado que não quer saber de nada a não ser morrer no meio de uma casa imunda e cheia de lixos – desabafa o jovem que baixa a cabeça e fecha os olhos lentamente, lamentando pelas palavras que foram ditas.

Tais palavras mantiveram Jonathan em silêncio, ele não podia imaginar que seu amigo também estava carregando um fardo, e este fardo era cuidar de si mesmo uma vez que este deixava as responsabilidades de lado e se perdia em seus pensamentos. Alex esteve sempre mantendo o foco em Jonathan, impedindo que desviasse sua atenção de seus objetivos. Ele que também não queria lutar, se esforçava sonhando com a ideia de que o mundo poderia ser melhor, mas que ele não mudaria se a gangue se desintegrasse. Ele vem lutando para se preparar para o pior, a morte de seu capitão que levou tudo água abaixo e a única esperança que poderia manter a liderança em pé está se acabando e não é isto que Alex quer depois de todo o esforço que ele fez para chegar até onde se encontra.

– Jonathan, eu não vou forçar você a fazer o que você não quer. A reunião vai acontecer para decidir quem vai liderar a patrulha dos lobos. Todavia, seu pai tinha confiança em você, ele viu o seu talento, a sua força e sua vontade se esforçado tanto quanto qualquer outro homem. Olhar para você é como olhar para ele agora, por respeito a ele, eu sempre quis que você estivesse na liderança, porque você é a pessoa ideal para essa luta que devemos prosseguir. Entretanto, acredito que este não é o caminho que você quer tomar, a liberdade que você busca não tem fim algum, mas isso é o que você quer, eu respeito a sua decisão – disse Alex, que se vira em direção ao seu amigo e então olha para a janela ao lado e a luz do entardecer batia sobre sua face enquanto este olha para Jonathan com uma expressão serena em seu rosto.

– Você sabe que essa missão não me levará em lugar algum, não tenho porque lutar, porque proteger essa gente. Mas, se você quer que eu lute, eu lutarei, eu farei isso em respeito a você, não pelo meu pai que confiava em você tanto quanto confiava em mim. Para ele, eu fui uma ferramenta, mas para você eu pareço ser a salvação. Mas, em verdade eu te digo, este mundo não tem mais salvação – Jonathan responde com uma expressão de lamento em sua face.

– Muito bem, meu amigo. Eu me alegro em saber que você esteja disposto a isto, seu pai mais do que ninguém ficaria