Horror Em Monte Verde
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Horror Em Monte Verde - Luciano Nunes
Capítulo 1
A inauguração do Instituto Estadual de Ensino Pedro Alcântara (INEEPA) foi bastante comemorada pelos moradores do bairro Monte Verde, principalmente pelas várias tentativas da comunidade frente à prefeitura, para a instalação de um centro educacional na região.
Um evento reuniu todos envolvidos naquele dia, pais, políticos, funcionários e os novos alunos, entre eles os amigos de infância do bairro, Marcos e Alan, que sempre pensaram em completar o ensino médio juntos, tendo agora essa oportunidade.
O INEEPA estava localizado na periferia de Monte Verde, um bairro de classe média, ligados a outros dois bairros, o Morro Azul na direita e o Litoral Sul à esquerda, ficava a 10 km do Centro da Cidade.
Com capacidade para 3.000 mil alunos, o colégio possuía 26 salas, dois andares, biblioteca, lanchonete, quadra poliesportiva, auditório, sala de informática e dois salões para eventos. Funcionavam os três turnos (matutino, vespertino e noturno) tinha uma ótima infraestrutura, sendo considerada escola padrão para o resto da cidade. Por ser escola modelo e possuir muitas vagas, não só os moradores do Monte Verde se matriculavam, como também vários estudantes de outros bairros.
O calendário marcava 06 de fevereiro de 2012, inicio das aulas, Marcos estava ansioso para chegar cedo à escola e rever os colegas, desceu para sala, pegou o telefone e ligou para Alan:
- Alô bom dia, gostaria de falar com Alan!
- Um momento – retrucou uma voz feminina.
- Pois não – falou Alan.
- Oi Alan, é o Marcos, chega mais cedo na escola, já marquei com alguns colegas.
- Tranquilo, não vou demorar, até mais.
Aquela tarde na cidade estava um clima atípico, chovia muito, o trânsito refletia o caos daquele dia, muitas áreas ficaram alagadas, fazendo com que alguns alunos não fossem ao colégio.
Marcos chegou à escola meia hora antes do inicio da aula, atravessou os portões de ferro da entrada e foi conhecer as dependências, ficou encantado com a imensidão do colégio. Como seus colegas se atrasaram, resolveu passear pelos espaços, foi quando ao final do corredor avistou a biblioteca, a sala era imensa, possuía 16 estantes com oito prateleiras, cada uma dispostas em quatro fileiras com quatro corredores paralelos e dois corredores horizontais, possuindo quatro mesas redondas para estudo, o silêncio imperava no recinto.
Marcos ficou admirado com o local, sem hesitar entrou na biblioteca e começou a explorar cada corredor, parou numa fileira que possuía uma coleção de ciências humanas.
- Que legal essas enciclopédias – exclamou pegando um dos livros e folheando, de repente um calafrio tomou conta de todo o seu corpo, uma sensação de estar sendo observado e acompanhado por alguma coisa.
- Meu Deus, eu mal entrei aqui e sinto essa sensação ruim? – pensou colocando o livro de volta na prateleira.
Sem ter tempo de imaginar o que estava acontecendo, dois livros despencaram da estante, quase o acertando na cabeça, com o coração acelerado, ele manteve a calma, foi em direção aos livros e abaixou para pegá-los, foi nesse instante que seu corpo entorpeceu com a presença de um vulto a sua frente o esperando se levantar.
- Demorei, mas cheguei – falou a voz.
- Que droga Alan, quer me matar de susto, tinha que pregar essa peça em mim? – comentou Marcos ao perceber que era o amigo.
- Deixa de besteira Marcos, só entrei devagar pra fazer uma surpresa quando vi você se abaixando para pegar os livros – disse Alan.
- Você chegou agora?
- Com certeza.
- E os livros derrubados não foram você? – perguntou Marcos.
- Não tenho a menor ideia.
-Deixa pra lá Alan, vamos para sala, já deve ter começado a aula.
Marcos e Alan tinham a mesma idade, 17 anos, a diferença era que Marcos tinha um porte esguio, era moreno e gostava de praticar esportes, enquanto que Alan levava uma vida sedentária, andava sempre acima do peso, era branco, pois detestava tomar sol e adorava ficar na internet, mas, sempre que dava, acompanhava o amigo nas partidas de futebol. Os dois se conheciam desde pequenos.
A sala 20 ficava no 2° andar, era composta por alunos do 3° ano do ensino médio, a aula já tinha começado com o prof. Serafim, tipo esquisito, com quase 2 metros de altura, barba e bigode avantajados se apressava a dar o assunto no quadro.
- Atrasados no 1° dia – disse o professor Serafim apontando para os dois.
- Desculpa, estávamos na biblioteca – falou Marcos envergonhado com a bronca do professor.
Na entrada da sala Alan reconheceu Karla e Laís.
- Olha quem estar ali Marcos – apontou o amigo na direção das meninas.
- Já vi, pelo menos elas não se atrasaram.
Karla e Laís também moravam no Monte Verde, Karla era extrovertida, tinha 17 anos, estatura mediana, cabelos castanhos e cacheados e adorava conversar, já Laís era mais reservada, tinha um corpo magro, cabelos curtos e pretos, olhos grandes e chamativos.
A aula no 1° dia transcorreu normal, muitos alunos passaram a se conhecer, outros mataram a saudade de tempos sem se ver. Na saída os encontros eram inevitáveis.
- E aí Karla, quem é a sua colega? – perguntou Marcos.
- Essa é a Tainan, irmã do Cláudio que você conheceu no intervalo, eles moram no Litoral Sul.
- Prazer em conhecê-la – disse Marcos.
- Igualmente – respondeu Tainan.
- Seu irmão parece ser legal – disse Karla mostrando admiração por Cláudio.
- Ele tem facilidades de fazer amigos.
- Karla você não estava com a Laís conversando? – perguntou Marcos.
- Estava, mas ela aproveitou a companhia de Alan e foi mais cedo para casa.
- Eu vou embora, depois nos falamos melhor – disse Marcos cumprimentando-as e partindo em seguida.
O entardecer ainda estava nublado, com pouca chuva e um frio agradável, Marcos aproveitou que estava sozinho e foi para casa refletindo esse primeiro dia, tudo andou normal, porém os acontecimentos na biblioteca ainda lhe deixava intrigado, aquela sensação ruim, os livros caindo, mas, o que fazer? Tentar esquecer e lembrar as coisas boas, conhecer Tainan foi uma delas, menina muito interessante, ainda teria a oportunidade de conversar sozinhos. Tainan tinha 16 anos, era magra, cabelos loiros, com um olhar e um sorriso muito atraente, não gostava muito de badalação, ao contrário do seu irmão Cláudio que tinha 25 anos, altura mediana, musculoso, gostava de baladas e não faltava um dia a academia, quando mais novo, foi escoteiro e sempre gostou de aventuras.
Capítulo 2
05 de fevereiro de 2011 (um ano atrás)
A construção do colégio estava atrasada em relação ao cronograma, cerca de duzentos funcionários revezavam o trabalho durante o dia para entregá-la no ano seguinte.
- E pensar que antes nesse local eu trazia meus filhos para brincarem aqui – disse um funcionário.
- Mas do jeito que ficou, foi bom destruí-la e agora vai dar lugar a uma escola – falou um colega de trabalho.
- Você estava presente quando fizemos a fundação? Foi muito sinistro – comentou o funcionário, se referindo à quantidade de ossos humanos encontrados durante as escavações.
-Eu estava aqui também, mas segundo os moradores antigos, existe um grande mal que acompanha essa região a muito tempo, e ninguém sabe como apareceu ou tem medo de comentar.
Faltando um ano para a inauguração da escola, a preocupação em entregar o colégio na data correta era enorme, principalmente devido a alguns imprevistos que ocorreram. Muitos funcionários desistiram do trabalho e foram substituídos, por jurarem ter presenciados vários fenômenos paranormais, apesar dos responsáveis evitarem esses tipos de assuntos, o lugar passou a ter fama de mal assombrado, situação que só veio a piorar depois de serem encontrados dois seguranças mortos pela manhã, após passarem a noite de plantão no lugar, segundo a perícia técnica, os dois morreram eletrocutados, devido a uma fiação desencapada que se encontrava no chão, fato que se agravou por ter chovido à noite toda e alagado todo o terreno, fazendo com que a área molhada conduzisse a eletricidade, mas essa explicação não convenceram os funcionários que chegaram primeiro ao local das mortes, os defuntos se encontravam sentados e carbonizados, com a boca aberta e os olhos arregalados de terror, aquela cena causou pânico em muitos trabalhadores.
- Sinceramente, eu não acredito nesse laudo da polícia – falou um pedreiro da obra.
- Eu tenho certeza que não foi descarga elétrica, eu mesmo vi o estado em que ficaram os dois, morreram com a aparência de grande desespero com algo que presenciaram, e nós já sabemos as histórias malditas que existem por aqui – disse um eletricista da obra.
Tentando evitar a saída de mais funcionários, um engenheiro responsável contratou um grupo espírita para fazer uma limpeza na área, afirmando que o ambiente estava purificado. Naquele mesmo dia, novos seguranças foram contratados para substituir os que haviam morrido no plantão passado. À noite com o termino do expediente, os novos funcionários começaram o trabalho de tomar conta daquela área.
- Cara eu só aceitei esse trabalho porque estou precisando da grana – disse um segurança, rodando a área com o colega e lembrando-se das conversas que rolava sobre as mortes ocorridas.
- Nem fale, depois que eu soube como eles morreram, pensei duas vezes antes de aceitar este emprego.
Ainda recentes no trabalho, perceberam que o lugar era isolado e a noite fazia muito frio, de repente o tempo fechou por completo, caindo uma tempestade forte com trovões e raios cruzando o céu.
- Vamos ter cuidado com essas fiações, para não acabarmos iguais aos outros – disse um segurança olhando onde pisava, já que o terreno começara a encher de água.
- Deus é mais, eu vou ficar quieto no meu lugar.
No final de um dos corredores da obra, uma mancha escura no ar começava a criar vários formatos, assustados os seguranças acompanhavam aquela cena de longe, estranhamente uma nuvem escura em formato de círculo preto se movimentava, girando ao redor do seu eixo, transformando-se logo em seguida em fumaça e lentamente se moldando até formar o aspecto de uma pessoa com chifres e rabo, aparecendo por último os olhos vermelhos fumegantes, passando a encará-los com raiva e sumindo em seguida ao ultrapassar uma parede. Em estado de choque, os dois não conseguiam nem se mover.
- Minha mãe do céu, eu não fico aqui nem por um milhão – Falou um segurança, tirando um terço do bolso e segurando-o com força.
- Amanhã mesmo eu peço as minhas contas – disse o colega, com uma bíblia aberta nas mãos.
No