A caminho do sonho
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A caminho do sonho - Maria Daluz Ribeiro Boian
Epígrafe
Capítulo 1
Meus 7 anos
Certo dia, Helena aproximou-se da madrinha, Dona Caroline, e lhe fez um pedido surpreendente:
— Madrinha, eu quero ir para a escola da Dara, quero aprender a ler e a escrever. Assim, vou poder ajudar meus irmãos pequenos e outros amiguinhos meus que nascerem. Aliás, todas as crianças que precisarem de ajuda.
— Que bom, minha filha, que está pensando em estudar e ajudar os irmãos e os outros. Continue pensando sempre assim, e terá grande futuro. Olha que os caminhos são longos, principalmente para quem é analfabeto. Vou analisar seu caso e depois conversamos.
Aos 7 anos de idade, Helena começou a frequentar a escola sem compromisso
, como diziam as pessoas daquela região. As crianças daquela comunidade só iam à escola a partir dos 8 anos. A oportunidade de Helena frequentar uma sala de aula tão cedo não era para todos, e nem todos queriam ir à escola, pois para muitos estudar era coisa de rico, não para a classe baixa.
Portanto, naquela comunidade havia um anjo da guarda das crianças, que era uma senhora acolhedora e protetora principalmente quando se tratava de educação escolar. Dona Caroline era uma senhora de grande prestígio e respeito, herdados da própria natureza, mãe de coração da professora e outras dezenas de filhos adotivos e dos afilhados que acompanhava na casa dos pais.
Era tudo superdivertido, não existia nada mais alegre do que ir à escola sem obrigação. A falta de diálogo e esclarecimento fez com que Helena adormecesse no mundo imaginário. Dona Caroline, ao dizer que a menina ia frequentar a escola, mas que o professor não teria compromisso com ela, somente para fazer a vontade dela, acabou refletindo em Helena algumas consequências gravíssimas.
O final do ano foi se aproximando, e os alunos não falavam em outra coisa a não ser no tal exame final. Era uma preocupação constante a todos. Helena só ouvia e pensava:
Ainda bem que não preciso disso!
.
Em sua cabeça, ela nunca iria precisar comprometer-se e responsabilizar-se com os compromissos sérios aos estudos, muito menos se preocupava com o significado. O que era exame final?
No ano seguinte, Helena estava apta para a matrícula do primeiro ano de escola, pois tinha algumas vantagens por ter cursado um ano antes, mas faria as mesmas atividades que os outros. A professora foi até a casa de Dona Maria, mãe de Helena, para avisar sobre as matrículas, que estariam acontecendo nos próximos dias.
Dona Maria, muito feliz com a preocupação da professora, disse, com um largo sorriso:
— Estarei lá bem cedo.
Helena, que estava atenta à conversa das duas, imediatamente pensou:
E agora?! Eu vou ser matriculada! O que é matrícula?
.
E assim ficou pensando, mas não poderia interromper a conversa dos adultos. Depois que a professora se despediu de Dona Maria, Helena foi correndo perguntar à mãe o que era matrícula.
A mãe explicou rapidamente, e completou:
— Agora você vai poder fazer as provas bimestrais e o exame final, que é aplicado pela diretora da cidade, e não deverá faltar às aulas de jeito nenhum.
No momento, foi um choque muito grande, Helena ficou sem palavras, como se tivesse entendido tudo.
O tempo foi passando. As conversas na escola iam cada vez mais aumentando a curiosidade, acompanhada do medo em fazer perguntas. Alguns alunos já adolescentes faziam comentários maldosos que a deixavam ainda mais amedrontada.
— É…! Nas provas bimestrais com a professora, acertamos quase tudo, só queremos ver no exame final! Principalmente Helena, que já sabe tudo.
Helena começou a se preocupar cada vez mais com as críticas maliciosas, mas optou pelo silêncio.
Para ela, o ano parecia estar voando. O coração apertava cada vez mais, e o medo e a angústia tomavam conta do seu coraçãozinho. Ela tentava buscar em si uma resposta, talvez uma solução.
— Poxa! Estou estudando sério, não tem desculpa para eu fugir desse exame? O que acontecerá no dia do exame comigo? Pensei tudo errado, nunca imaginei passar por isso!
O tempo passava, Helena crescia e o mundo da fantasia desaparecia.
Chegou o grande dia do exame final. Helena se preparou e foi para a escola mais cedo, dizendo que teria que rever algumas atividades que poderiam cair no exame.
Para sua surpresa, sua amiga Marlene já se encontrava na escola. Helena foi se aproximando em silêncio, sem que a amiga percebesse. Escondeu-se debaixo do assoalho de madeira, assim ficaria espiando um a um que chegava e ouvindo as conversas. De repente, um barulho de carro. Helena espiou e viu que era um veículo desconhecido. Uma Kombi. O automóvel estacionou na porta da escola. Helena observava tudo de perto. Contou cinco pessoas, quatro mulheres e um homem, todos supercarregados com materiais escolares. A menina pensou:
Não saio daqui por nada nesta vida, sabe Deus o que acontecerá! E a cara da professora! Será que ela tem medo também? Vou encontrar um buraquinho para ver se a vejo, santa ela não é. Até é bom mesmo que leve umas broncas, é muito triste o que ela faz com Zezinho, coitadinho! Um dia eu ganho coragem e conto tudo para a madrinha
.
Logo Helena avistou uma frestinha que dava para ver claramente o rosto da professora, e percebeu algo estranho e falou em voz baixinha:
— Vixe!!! A professora tem medo! Ela está pálida, assim como fica nossa cara quando bronqueia conosco!
A preocupação da professora era intensa em ambas as partes. Não podia fazer nenhum comentário, muito menos ler a prova com os alunos como de costume, então sabia que tudo ficava mais difícil.
Nesse dia, o professor era barrado se falasse com alguma criança. O papel do educador era assistir e responder ao diretor caso ele fizesse alguma pergunta.
Ao se posicionarem em seus devidos lugares, uma das mulheres ordenou:
— Você aí de camisa xadrez, vá lá fora, corte uma varinha de goiabeira e traga para mim sem demora!
O menino chamado Zezinho saiu rapidamente da sala e foi cortar a vara. Logo depois a levou à inspetora, que avisou:
— Olhem aqui, esta vara servirá para vocês se não se comportarem e não fizerem tudo direitinho, OK? E tem mais, ninguém vai sair da sala sem acabar a prova, nosso colega aqui vai ficar na porta fazendo a segurança. Vamos ao que interessa: somente lápis e borracha sobre a carteira, não olhem para trás, nem para os lados, entendidos?
Pediu aos ajudantes que distribuíssem as provas, avisando também que teriam que circular entre as fileiras de carteiras até que todos terminassem, sendo que ela ficaria sentada a uma mesa na frente dos estudantes, e a professora, em um cantinho da sala.
Helena, trêmula, não sabia o que fazer, muito menos o que dizer à mãe quando chegasse em casa. E a madrinha, quando soubesse! Esperou que todos fossem embora e saiu atrás como se nada tivesse acontecido. Ao chegar em casa, de cabeça baixa e calada, a mãe notou algo estranho e logo perguntou:
— O que foi, filha? A prova estava difícil?
Helena não respondeu, somente suspirou profundamente. A mãe insistiu, já nervosa:
— Fala, menina, o que foi? O que está acontecendo, brigou na escola?
As lágrimas desceram como cachoeira. Dona Maria se zangou e disse:
— Amanhã mesmo eu vou falar com a professora, quero descobrir tudo. Se você aprontou, vai se ver comigo! Entendeu? Ninguém vai me impedir de te dar uma boa surra, nem sua madrinha, que é sua protetora.
No dia seguinte, a professora e a madrinha de Helena foram fazer uma visita à Dona Maria para saber o motivo do não comparecimento de Helena na avaliação final. Dona Maria ficou surpresa com a visita tão fora de hora e fez uma brincadeira meio sem graça:
— A que devo a honra da inesperada visita tão cedo, comadre?
Dona Caroline foi direto ao assunto:
— Ah, comadre! Confesso que fiquei preocupadíssima quando Dara disse que Helena não foi fazer o exame final. Nem dormi direito essa noite. Não vim ontem porque tinha outro compromisso e acabou ficando tarde. Então, o que aconteceu?
— O que é que a senhora está me dizendo, comadre? Eu acho que quem tem que me dar explicação é a Dara, ela é que é a professora — disse Dona Maria, muito furiosa.
A madrinha de Helena, uma senhora muita clara e direta, ficou preocupada com a reação da mãe, pois já sabia o que poderia acontecer na hora em que ela soubesse a verdade, por isso acompanhou a professora. A educadora era uma das filhas do coração de Dona Caroline e, além de tudo, era muito jovem, na opinião dos pais, nem todos confiavam nela, devido aos muitos boatos de agressões físicas e verbais contra alunos extremamente carentes e alguns com deficiência física. Então, para muitos, ela não estava preparada para trabalhar, principalmente com turma multisseriada.
— É isso mesmo que a senhora ouviu, comadre Maria!
Dona Maria respirou profundamente e comentou:
— Comadre, Helena saiu até mais cedo e voltou logo que as outras crianças passaram. No momento não estranhei, pois ela sempre vem atrás, só não entendi por que ela chegou de cabeça baixa e, em vez de me responder quando fiz algumas perguntas, desabou a chorar. Bom… — pensou e concluiu: — Espere aí! Com licença, comadre! Helena vai me explicar agora mesmo essa história. Ah, se vai!
— Comadre, calma! Nada de violência física nem verbal, isso não resolverá, você não descobrirá com agressividade, violência só gera violência.
Helena ouvia tudo atrás da porta e pensou:
Graças a Deus que a madrinha veio. O que será de mim sem ela?
.
A madrinha disse:
— Deixe que eu a chame e fale com ela, pois contará tudinho o que aconteceu. Não podemos assustá-la mais ainda. Tem muita coisa errada nessa história, precisamos descobrir, só assim mudamos o conceito de ensinar e aprender.
A professora estava muito assustada com o que estava acontecendo e tinha medo de que Helena falasse algo que a comprometesse, pois sabia que a menina era