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O Fio Da Palavra
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E-book165 páginas2 horas

O Fio Da Palavra

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Sobre este e-book

Sabe aquela história engraçada que sua amiga contou e você repassa animada? Aquela situação constrangedora ou inusitada que todos passamos algum dia, em dias comuns? Aquele pensamento bem guardado, a opinião que não temos coragem de anunciar, a surpresa nos pequenos fatos da vida. A coragem de se expor no mais intimo do seu ser. Este e o intuito de Renée Bodas em suas crônicas. Contar tudo o que vê e pensa da loucura diária de quem lida com a vaidade e a mente das pessoas, no maior dos laboratório: o varejo da moda.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento8 de mai. de 2017
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    O Fio Da Palavra - Renée Darmont Bodas

    Renée Darmont Bodas

    O fio da palavra

    Histórias e ideias de uma jornalista no varejo da moda

    1ª edição

    Rio de Janeiro, RJ

    ArteSam

    2017

    DADOS INTERNACIONAIS DE CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO (CIP)

                     _________________________________________________________________________

                    B666f

    Bodas, Renée Darmont

    O fio da palavra: histórias e ideias de uma jornalista no varejo da moda (livro eletrônico) /

     Renée Darmont Bodas. 

    – Rio de Janeiro, RJ: [s.n.], 2017.

                            Livro digital em ePub

    ISBN: 978-85-471-0165-7

    Literatura Brasileira. 2. Crônicas. I Título.

    CDD B869

                   __________________________________________________________________________

    Sumário

    Prefácio

    Introdução

    Surto na Visconde de Pirajá

    Ainda na meia-idade

    O Vestido Amarelo

    Mulheres

    A Mala

    Clara

    Declaração de estilo

    Estranha sensação

    Medo

    Perdão

    Além do que enxergamos

    Para o Tauba, com saudades

    Domingo

    O Brasil e o lixo

    Calma no Caos

    O Réveillon da Cinderela

    Pare, pense e siga em frente

    Igualdade, Liberdade e... Fraternidade

    Só os fortes vencerão

    Celebrar

    O mundo e seus demônios

    Generosidade não é genérico de ingenuidade

    Silêncio e atitude

    Viver, enfim

    Viajar e simplificar

    Desafio na Provence

    Empatia, palavra mágica

    Hábitos Zen

    Felicidade, uma obrigação?

    Coragem de viver nessa vida difícil

    O conto de fadas do PT

    No mundo da Ceiça

    Show de Rock

    Depressão vespertina

    A verdade e a mentira

    Jazz no Nordeste

    Fuso horário implacável

    Demasiado humano

    Alice

    Vida longa e sabedoria

    Sem medo de errar

    Final de ano, a Roda da Vida e todo o resto…

    Estranha

    Os incomodados que se mudem

    O espetáculo da moda

    Sem pressa, sem complicação

    Quero dar o peixe (não a vara de pescar)

    O caminho do Meio, no meio do caminho

    Recuo estratégico

    Moda que pensa

    Carnaval sem mistérios

    Pences, um assunto muito sério

    Não é nada fácil gostar de mim…

    Bizarrice fashion

    Sem noção

    De chinelos no Copa

    Uma calça para chamar de sua

    A cor da alma

    Presente de grego

    O Sol como serviço agregado

    Inez de La Fressange e o Mito

    Elegância na moda

    Prefácio

    Conheço Renée há anos, algo assim como a mais recente metade das nossas vidas, e, no Rio, compartilhamos não apenas Ipanema, a academia e interesses diversos, mas também todo um conjunto de referências que me permitiram sentir O Fio da Palavra como se estivesse sorvendo água fresca numa tarde de verão.

    Na medida em que avançava na leitura, o livro me ajudou a compor um quadro do universo feminino constituído por relatos que ensejam verdadeiras viagens. E isso não apenas pelas descrições elaboradas do que se pode ver objetivamente, da Provence a São Miguel do Gostoso, mas sobretudo pelo registro claro dos sentimentos, sensações e emoções que fluem a nós com o trajeto.

    A poesia permeia as crônicas de Renée em doses ora mais ora menos explícitas, trazendo o idílico e a surpresa, costurados no texto com um ritmo que se faz perceber logo nas primeiras páginas. Sim, o ofício cuidadosamente exercido no seu atelier, o Corta Costura, deve ter ajudado a gerar o passo que se percebe de forma muito clara, quase como um êmbolo, produzindo um impulso na direção de continuar a leitura.

    Jornalista fazendo as vezes de uma chef de cuisine (que Renée não é), ela trabalha seu texto com diferentes sabores, aromas e cores, compondo um prato suavemente extravagante, embora balanceado. O único risco, receio, é acabar devorando o livro numa única tacada. Mas afirmo que um cotidiano tão bem tratado digere muitíssimo bem.

    O Fio da Palavra é uma revelação da autora em alguns de seus memoráveis altos e delicados baixos, desde aqueles momentos que vão para o álbum da rede social àqueles que se poderia preferir deletar, mas que afinal não se deleta. Nascida sagitariana, Renée segue em frente e deleta muito pouca coisa. Isso tudo nos premia com o retrato de uma vulnerabilidade que só a torna mais bela e humana em todas as suas dimensões, convidando-nos a seguir juntos em frente.

    Roberto Meireles

    Instituto Rio Moda

    Introdução

    Este livro nasceu de um sonho. E muita insistência. Muita coragem.

    A vida da gente é uma loucura. O filme passa rápido demais e só quem for muito sagaz consegue reter os detalhes. Sagaz é uma boa palavra. Algumas delas nem precisam de tradução: você já sabe o significado apenas pela fonética. Sagaz soa como uma qualidade, sem dúvida. Ninguém pode ser sagaz no sentido negativo. É bom e é forte. Tipo cumprimento de karatê; envolve mistério e força, disciplina e coragem.

    Voltando à vida e ao livro, nunca me aventurei neste projeto (era sonho, nunca foi projeto) justamente porque nunca me achei sagaz. Esperta, safa, inteligente até, mas sagaz nunca.

    Pois agora, na segunda metade da vida, troquei a lente dos óculos e descobri alguns novos predicados. Alguns deles (e muitas pessoas queridas) me encorajaram nesta aventura e aqui vou eu.

    Por que todo esse blá-blá-blá para introduzir um pequeno e modesto livro de crônicas?

    Porque não é um romance e nem uma ficção. É um livro de crônicas autobiográficas.

    Todas as histórias são reais e fazem parte da minha própria história. Ou, no caso das ideias expostas, todas estão relacionadas com o que penso da vida, meus valores e questões.

    Resumindo, é um projeto de muita coragem e exposição.

    Sempre fui uma boa contadora de histórias. Mas eram boas porque eram minhas (e verídicas).

    A vida de cada pessoa pode ser contada de várias maneiras, todas com ingredientes novelescos. Novela mexicana, drama ou comédia, dependendo do gosto do freguês e da visão de quem conta. Nas minhas narrativas procuro passar uma mensagem positiva. É assim que procuro ser: realista, mas otimista.

    Em casa tenho um painel de fórmica no quarto, onde a seguinte frase está escrita: Siga sempre seu coração mas leve seu cérebro com ele. Neste projeto, faço exatamente isso.

    A razão me faz acreditar que posso ouvir meu coração.

    Meu coração traz as pessoas que contribuíram direta e indiretamente nesta realização. Meus amigos do varejo, amadas clientes e parceiros de toda uma vida, que estão na torcida e protagonizam alguns capítulos.

    Toda minha família querida, em especial os infalíveis e inconformados e-mails de Helena Barata, prima e amiga, fã incondicional de todas as minhas crônicas, desde a primeira.

    À minha Coach Bianca Damasceno, a primeira que me fez encarar a vida e onde tudo começou.

    Aos meus pais e sogros, irmãos, marido e filho, na infinita paciência e amor.

    E finalmente, agradeço às duas pessoas que são responsáveis por tudo, tudo mesmo: minhas tias Sultana e Mara. Boa leitura!

    Surto na Visconde de Pirajá

    Calorão de 43 graus, sol a pino, hora do almoço.

    Não tinha jeito, era a única folga que eu teria durante o dia. Com o ano letivo começando na próxima semana, estava com os minutos contados para finalizar a compra de material escolar do meu filho. Lá fui eu, pela Visconde de Pirajá, esta selva encantadora.

    Adoro essa avenida; faz parte da minha rotina diária há mais de trinta anos.

    Pessoas se cruzando em ritmo frenético; vendedores ambulantes, madames carregando sacolas, feiras orgânicas, pedintes nas portas dos bancos. Se falasse, ia ser pior que o mensalão e a Operação a Lava Jato juntas… sem delação premiada!

    Tentando driblar o calor e as pessoas (a cada esquina alguém me chama, do segurança de loja à cliente de toda a vida); ando rápido pela rua. A certa altura quase tropeço em um camelô que expunha diversas bolsas de origem duvidosa.

    Não pude evitar a lembrança e, como a avenida não fala, falo por ela e dou meu testemunho. Sim, meu testemunho, porque aconteceu comigo.

    Lá se vão muitos anos. Foi num daqueles sábados que você não conseguia andar na calçada tal a quantidade de camelôs, um colado no outro, fazendo a festa da galera. Bolsas, relógios, óculos e tudo o mais que a China oferece quase de graça espalhados em cavaletes improvisados e cambaleantes.

    Eu, recém-chegada de uma sofrida viagem a Miami (minha protocolar, única e última visita à Disney) tinha um modelo novo Gucci na lembrança. A bolsa estava sozinha na vitrine, poderosa e onipotente. Admirei como uma obra de arte e, como tal, deixei-a lá mesmo onde estava, sem tocar.

    Naquela tarde em Ipanema, saí da loja que gerenciava e tomei o rumo de casa pela Visconde de Pirajá. Olhando a esmo, de repente ela apareceu na minha frente. Não podia ser! A obra de arte estava ali, ainda poderosa, mas misturada a muitos outros modelos bem batidos e mal copiados. A mocinha, pilotando dois tabuleiros com bolsas e óculos se esgoelava para chamar a atenção dos passantes, sem sucesso. Eu, atônita, nem me dei conta, só reparei quando ouvi a voz esganiçada me oferecendo a bolsa.

    – Ahn… não, querida, desculpe, eu não tenho intenção de comprar.

    – Faço um preço bacana pra madame! Pode levar!

    – Eu realmente não quero, nem sei por que parei aqui.

    Olhei em volta, morrendo de vergonha. O que diabos eu estava fazendo? Pagando esse mico horroroso, ainda por cima na esquina do meu trabalho! Eu me desculpei novamente e virei para sair. Foi quando aconteceu.

    A gritaria e a correria foram simultâneas e quando me voltei, todas as mercadorias eram recolhidas pelos diversos ambulantes como num passe de mágica, literalmente. Alguém, provavelmente um olheiro, avistou os carros da guarda municipal chegando. A coitada da cameloa de voz estridente tentava recolher a mercadoria mas, inexperiente, não saía do lugar apavorada que estava. Em menos de um minuto só restava ela, chorando agachada, tentando salvar alguma coisa antes do inevitável confisco.

    Aquela sensação estranha me envolveu novamente e, pasmem, eu me vi agarrando um saco plástico para ajudar a aprendiz de meliante. Perdi a pose e, em instantes, recolhi o resto da mercadoria, agarrei a garota pelo braço e corri para trás da banca de jornal onde, mensalmente, comprava minha adorada Vogue.

    Com os sacos de mercadoria e a cameloa, é claro. Quando voltei a mim ela me olhava enternecida, sem acreditar. Nem eu. Nem a Maria, dona da banca de jornal.

    Depois tive um certo trabalho para

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