Part-idas

De Gely Fantini

Como são belos os poemas de amor! Em todas a fases da literatura universal o amor foi tema abordado com assiduidade; há, porém, no meio intelectual contemporâneo, um certo desprezo à poesia romântica e sua pobreza literária de regra. Não são, pois, de amor os sonetos de Florbela Espanca, os macabros poemas de Baudelaire, o amor natural de Drummond? Como é belo o amor rancoroso de Gely Fantini em Part-idas ! A manifestação desse amor cheio de ódio, sangue nos olhos e pulsos cortados não é mero poema romântico , mas, acima de tudo, um profundo desnudamento psicológico e sentimental. A riquíssima literatura de Gely serve como entendimento dos laços e afetos, dessa conturbação duma alma que ama — e ama odiando. Uma forte carga poética, com imagens e metáforas obscurantistas, leva-nos de extremo a extremo na desequilibrada balança de sentimentos, impressões e emoções de leitura. Part-idas é um livro pra se ler sangrando, ou deixar-se ser cortado pelo afiado punhal que é cada verso de Gely. Como são belos os poemas de Gely Fantini! VINÍCIUS SIMAN, crítico literário e escritor

• Idioma: Português
• Editora: Clube de Autores
• Data de lançamento: 3 de jan. de 2018

Pré-visualização do livro

PART-

IDAS

2

Gely Fantini

PART-IDAS

São Paulo, SP

2018

3

Copyright © 2018 by Gely Fantini

Capa e projeto gráfico VINÍCIUS SIMAN

Foto da capa SILVIA DUARTE

Revisão GELY FANTINI e VINÍCIUS SIMAN

Diagramação VINÍCIUS SIMAN

Impressão GRÁFICA ALPHAGRAPHICS

Fantini, Gely

Part-Idas / Gely Fantini — São Paulo:

Clube de Autores, 2018.

1. Literatura brasileira – Poesia. Poemas

CDD-869.1

Índice para catálogo sistemático:

1. Literatura brasileira – Poesia. Poemas 869.1

|2018|

Todos os direitos reservados a

GELY FANTINI

E-mail: [e-mail]

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Agradeço a Deus em primeiro lugar. Agradeço a todas as pessoas que passaram pela minha vida.

Pessoas boas que me inspiram e as ruins que me en-

sinam quem eu não quero ser. Agradeço a todos os

amores vividos, os platônicos, os reais e os imaginá-

rios. Agradeço a todos os meus familiares e amigos por acreditarem em mim. Agradeço em especial aos

que me apoiaram: meu filho Igor e meu amigo Viní-

cius Siman, que muito me ajudou neste primeiro trabalho.

G.F.

5

6

"O poeta é um fingidor.

Finge tão completamente

Que chega a fingir que é dor

A dor que deveras sente."

FERNANDO PESSOA, Autopsicografia

7

8

A BOCA

Meu Deus eu quero aquela boca

De novo aquela boca em mim

Boca na boca

Boca que fala

Boca que beija

Que assopra

E me acalma

Que me engole

E me cospe

Boca que assanha

Me leva as alturas

Me acolhe e acalma

Me faz serenar.

Meu Deus eu quero aquela boca

Com dentes e língua

Suplício e delícias

Meu Deus eu quero aquela boca

De novo aquela boca em mim.

9

DESTEMPERO

A noite estava fria

E nada frios os meus instintos

Vontade de me meter em lençóis quentes

Em camas limpas e perfumadas

De embriagar-me com vinhos baratos

E exalar o aroma das fêmeas