Saudade à queima-roupa
()
Sobre este e-book
Relacionado a Saudade à queima-roupa
Ebooks relacionados
Saudade à queima- roupa Nota: 0 de 5 estrelas0 notasComo ser um idiota Nota: 0 de 5 estrelas0 notasEgo Inverso Nota: 0 de 5 estrelas0 notasA pétala: Sete dias nas colinas de Torreglia Nota: 0 de 5 estrelas0 notasDerramei Amor No Tapete Da Sala Nota: 0 de 5 estrelas0 notasNephesh De Cada Dia Nota: 0 de 5 estrelas0 notasDois rios Nota: 0 de 5 estrelas0 notasAprender a falar com as plantas Nota: 4 de 5 estrelas4/5A Chave do Enigma Nota: 0 de 5 estrelas0 notasAlltruísmo Nota: 0 de 5 estrelas0 notasGuerra Dos Pesadelos Nota: 0 de 5 estrelas0 notasA Paixão Secreta Nota: 0 de 5 estrelas0 notasPrimeiros Versos Da Maioridade Nota: 0 de 5 estrelas0 notasFederico em sua sacada Nota: 0 de 5 estrelas0 notasÂnsia Eterna Nota: 0 de 5 estrelas0 notasMiscelânea Nota: 0 de 5 estrelas0 notasLegendas Do Instagram Nota: 0 de 5 estrelas0 notasTudo que já nadei: Ressaca, quebra-mar e marolinhas Nota: 5 de 5 estrelas5/5Umbigo Sujo: Nordeste Independente Nota: 0 de 5 estrelas0 notasA tempestade Nota: 0 de 5 estrelas0 notasEu No Seu Funeral Nota: 0 de 5 estrelas0 notasTempos Verbais Nota: 0 de 5 estrelas0 notasPoemas para passar o tempo Nota: 0 de 5 estrelas0 notasAntes não era tarde Nota: 0 de 5 estrelas0 notasLevante Nota: 0 de 5 estrelas0 notasLembranças Em Fúria Nota: 0 de 5 estrelas0 notasEntendendo O Sol Nota: 0 de 5 estrelas0 notasCartas ao Remetente Nota: 5 de 5 estrelas5/5Duras prisões Nota: 0 de 5 estrelas0 notasOde as nossas vidas infames Nota: 0 de 5 estrelas0 notas
Contos para você
Só você pode curar seu coração quebrado Nota: 4 de 5 estrelas4/5Procurando por sexo? romance erótico: Histórias de sexo sem censura português erotismo Nota: 3 de 5 estrelas3/5A bela perdida e a fera devassa Nota: 5 de 5 estrelas5/5Novos contos eróticos Nota: 0 de 5 estrelas0 notasContos pervertidos: Box 5 em 1 Nota: 4 de 5 estrelas4/5Os Melhores Contos de Franz Kafka Nota: 5 de 5 estrelas5/5Os Melhores Contos de Isaac Asimov Nota: 0 de 5 estrelas0 notasPara não desistir do amor Nota: 5 de 5 estrelas5/5Homens pretos (não) choram Nota: 5 de 5 estrelas5/5Contos de Edgar Allan Poe Nota: 5 de 5 estrelas5/5Melhores Contos Guimarães Rosa Nota: 5 de 5 estrelas5/5Rua sem Saída Nota: 4 de 5 estrelas4/5Meu misterioso amante Nota: 4 de 5 estrelas4/5SADE: Contos Libertinos Nota: 5 de 5 estrelas5/5Quando você for sua: talvez não queira ser de mais ninguém Nota: 4 de 5 estrelas4/5Todo mundo que amei já me fez chorar Nota: 0 de 5 estrelas0 notasAmar e perder Nota: 0 de 5 estrelas0 notasPrometo falhar Nota: 4 de 5 estrelas4/5A Espera Nota: 5 de 5 estrelas5/5Safada Nota: 4 de 5 estrelas4/5O DIABO e Outras Histórias - Tolstoi Nota: 0 de 5 estrelas0 notasO louco seguido de Areia e espuma Nota: 5 de 5 estrelas5/5O homem que sabia javanês e outros contos Nota: 4 de 5 estrelas4/5TCHEKHOV: Melhores Contos Nota: 0 de 5 estrelas0 notasFelicidade em copo d'Água: Como encontrar alegria até nas piores tempestades Nota: 0 de 5 estrelas0 notasDono do tempo Nota: 5 de 5 estrelas5/5MACHADO DE ASSIS: Os melhores contos Nota: 0 de 5 estrelas0 notas
Avaliações de Saudade à queima-roupa
0 avaliação0 avaliação
Pré-visualização do livro
Saudade à queima-roupa - Fabbio Cortez
Créditos
Copyright © by Fabbio Cortez
Capa
Pedro Costa
Imagem da capa
Stockphoto
Diagramação
Alexandre Brum
Revisão
Graça Ramos
CIP-Brasil. Catalogação na fonte
Sindicato Nacional das Editoras de Livros, RJ
C858s
Cortez, Fabbio, 1969
Saudade à queima-roupa: Fabbio Cortez. – Rio de Janeiro: Outras Letras, 2011. – 100p.
ISBN 978-85-88642-34-8
1. Conto brasileiro. I. Título.
[2011]
Todos os direitos desta edição estão reservados à
Outras Letras Editora Ltda.
Rio de Janeiro, RJ
Tel./Fax: (21) 2267-6627
outrasletras@outrasletras.com.br
www.outrasletras.com.br
Para minha mulher e filhos,
Valéria,
Marianna e Fabbio Gabriel
E para minha mãe e amiga,
Shirley
Agradecimentos literários a
Leila Míccolis,
Mônica Banderas
e Delmo Fonseca
O tamanho de Deus
De dentro de seus francos cinco anos, uma menina perguntou ao pai se Deus era maior do que o mar.
– Sim, é claro que é – respondeu calmamente o homem, mas sem desgrudar os olhos do jornal que degustava à poltrona da sala.
– É maior do que a Terra, papai?
O cidadão, não podendo mais dividir o cérebro entre a economia do país e o amor pelo rebento, girou as lentes à criança:
– É, meu amor, é sim, é maior do que todo o nosso planeta.
– Sei... E do Universo, é maior do que o Universo?
– Também, filhinha.
– Então, afinal de contas, papai, que tamanho tem Deus?
O pai largou a gazeta sobre a mesa de centro e, abrindo o mais que pôde seus braços, demonstrou:
– Deus, minha boneca... É grande assim ó!
– Ué! Só isso? – obtemperou a criança – mas o Universo é maior do que seus braços, papai... E Deus...
A menina calou-se de súbito, pois acabara por notar a expressão frustrada do pai, sentira o tanto de amor que tinha por ela e a incapacidade dele em explicar-lhe o mistério.
Aí, ela pensou, pensou. Depois, amando recíproca, decidiu desistir de desaprender:
– Ah! Já entendi, papai: Deus... É maior do que o tamanho!
Incompatibilidade
Davam-se bem sob os lençóis da noite, mas, no cotidiano, as diferenças filosóficas do casal desencadeavam-lhes rixas terríveis:
– Quer dizer que você realmente pensa ser tudo, é isso mesmo?
– ela indagou.
E daí?
Não é muita presunção sua não, amigo?
– Ora, pelo contrário. Tudo é só, e somente só, uma ilusão de nada, minha querida.
– Como assim?
– Note: o que é o nada de tudo?
– Nada.
– E o tudo de nada?
– Tá... Também nada. E daí?
– Viu? Dizer ser tudo é pensar-se modesto, humilde.
– Mas, pelo que sei – acendeu palavra a mulher, a fim de corroborar ao oponente doméstico sua sapiência adquirida à custa de revistas científicas compradas em sebo –, pelo que sei, meu caro, tudo
corresponde a todas as pessoas, animais, plantas, estrelas e planetas próximos e distantes, o que há nesses planetas, todas as atmosferas, todos os infinitos e todos os além-infinitos.
Parou dois segundos a fim de reorganizar a respiração e – sabe como é mulher – deu sequência:
– Já o nada, queridinho, nem espaço é, quer dizer, não é coisa nenhuma. Nem lugar vazio tem lá pra caber troço algum. Nada é a inexistência das leis físicas, e nenhuma coisa que existe no mundo a obedece, nem energia, nem mesmo o tempo. Nada pode estar no nada: o nada na verdade é um não lugar!
– Tá certo... Você é cientista ou algo assim? – provocou o sujeito.
– Não, filhinho – respondeu com um misto de orgulho e ironia –, não sou nada; mas, você sabe, leio muito.
– Viu? Você mesma disse que é nada. E eu acho que sou tudo, ué! No fim é a mesma coisa.
– O quê? Você é que na realidade é um baita de um nada, isso sim.
– Como você é burra, hein? Confundiu tudo.
– Ah, vá pra casa do caramba, canalha, você é que não sabe nada!
– Vá você, se lá for bom me diga, ô palhaça!
Quase saíram no tapa, partindo para o tudo ou nada.
Tudo por causa de nada.
Proposta de paz
"Caro Emanuel,
Embora nossa caminhada como amigos tenha perdido a força com o tempo, quero de coração parabenizá-lo por mais um ano de vida.
Estive pensando com um mais apurado juízo, deixando de lado as falhas cometidas por mim (ou por você, não importa) e o endurecimento de meu espírito no que tange a sua pessoa. Definitivamente, odiaria que você celebrasse seu aniversário tendo inimizade contra mim.
Emanuel, nosso contato sempre se balizou em cordialidade, peito aberto, da minha parte, acredite, e da sua, tenho certeza. Mas as coisas desandaram. Você sabe, tenho um chamado para ser um cara correto, e tento a todo custo limpar-me de pensamentos malévolos. Mas sou falho, e talvez tenha me deixado levar mais pelo lado humano do que pelo espiritual. Quiçá também tenha confundido sua maneira de ser, ou não me tenha sentido disposto a abarcar suas idiossincrasias; nem sei, a questão é: faltou em nós, como sujeitos-homens, um pouco mais de compreensão mútua.
Mas bem sei, você é um sujeito bacana (pude enxergar como você é interiormente algumas vezes). E conheço-me também: não sou mau sujeito; ao menos tenho vontade de acertar, de ajudar, de manter certa dignidade. Há momentos, entretanto, em que a coisa complica e nos perdemos. É a vida.
Não estou aqui propondo que nos acheguemos novamente, mas gostaria