Formação Linguística Do Professor E Ensino-aprendizagem Da Linguagem:
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Formação Linguística Do Professor E Ensino-aprendizagem Da Linguagem: - Marlucia Barros Lopes Cabral
Formação Linguística do Professor e
Ensino-Aprendizagem da Linguagem:
Interlocuções Teórico-Práticas
1
2
Marlucia Barros Lopes Cabral
Formação Linguística do Professor e
Ensino-Aprendizagem da Linguagem:
Interlocuções Teórico-Práticas
1ª Edição
Assu, RN
Edição da Autora
2018
3
Ficha Catalográfica
Título à venda em: Clube de Autores
https://clubedeautores.com.br
Contato com a autora - E-mail: marluciauern@gmail.com
Catalogação na Publicação (CIP)
Ficha Catalográfica feita pela autora
C347f Cabral, Marlucia Barros Lopes, 1966.
Formação linguística do professor e ensino-aprendizagem
da linguagem: interlocuções teórico-práticas / Marlucia
Barros Lopes Cabral. Assu: Clube de Autores, Ano 2018.
350 p.
ISBN 978-85-924307-0-2
1. Educação; 2. Linguística; 3. Linguística Aplicada; 4. Letras.
CDD - 370
Copyright ©Todos os direitos reservados à autora.
Proibido reprodução sem autorização prévia
Editora Clube de Autores
Assu, RN
1ª Edição - 2018
4
Sumário
Prefácio 6
Introdução 16
Diálogo contextual: as motivações e as escolhas 20
Diálogos teórico-metodológicos 49
Procedimentos analíticos 98
Dialogismo conceitual 125
Um processo dialógico: reflexões acerca da prática
pedagógica 251
O diálogo continua: notas de arremate 312
Referências 327
5
Prefácio
A pesquisa na área educacional atravessa uma fase
de grandes mudanças e de muita reflexão. A hegemonia do
positivimo lógico que conduziu à predominância de análises
funcionalistas e isolantes, advindo como consequência de
investigações isoladas e particularizadas passou a ser
questionada nos diversos domínios da ciência.
As investigações em ciências sociais, em particular a
pesquisa no campo da educação têm procurado se adequar
aos desafios que se apresentam modificando posições e
enfoques metodológicos. No Brasil, após um longo período
em que essa atividade se deteve preferencialmente na
descrição reiterativa e não na interpretação consistente, os
pesquisadores dessa área permaneceram na posição
confortável pseudo isenta, do positivismo.
A partir dos anos 80 do século passado, alguns
pesquisadores dessa área do conhecimento começaram a se
utilizar de metodologias que possibilitassem uma análise
interpretativa da realidade educacional, em particular, as
6
abordagens qualitativas, destacando-se entre outras, a
pesquisa-ação. A predominância dessa abordagem deve-se
ao fato desta ser uma forma de investigar que busca a
solução para problemas de ordem prática, apresentando
informações úteis à tomada de decisões, à implantação de
políticas, e/ou à verificação de políticas já implantadas.
Apesar da pesquisa-ação constituir-se uma
abordagem investigativa em que se efetivam rupturas com a
forma empirista e positivista de investigar, os debates sobre
seu potencial na focalização e resolução dos problemas
educacionais perduram até os dias atuais. Isso de deu no
contexto das discussões relativas aos processos de formação
dos professores.
Durante vários anos manteve-se o modelo de
formação geral pincelada de uma formação pedagógica.
Apesar das denúncias acerca das deficiências desse modelo,
a concepção de formação de professor era de simplificação e
aligeiramento do bacharelato.
Mudanças conjunturais criaram as condições para
se operasse uma nova concepção do que é ser professor. Isso
ocorreu a partir de determinadas circunstâncias que
marcaram a realidade social e política no Brasil. A
interrupção do processo de democratização da sociedade
brasileira com o golpe de estado de 1964 resultou uma
concepção de formação do professor baseada nos princípios
da produtividade e racionalidade técnica.
De uma concepção generalista e cultural de
professor, passa-se considerá-lo como um especialista na
7
técnica de ensinar, através do domínio de instrumentos e
procedimentos. Se até então a expansão do ensino resultou,
sobretudo, das pressões e demandas sociais de camadas
cada vez maiores da população, sem nenhum plano
estabelecido, sem diretrizes nem rumos definidos, a partir
dos anos 60 do século passado, o planejamento começou a
fazer parte do universo cultural brasileiro, inclusive no
campo da educação.
Valores pragmáticos, como economia, eficiência e
rendimento começam a dominar as preocupações dos
reformadores e autores de planos. Enfatiza-se a importância
de racionalizar a universidade e a necessidade de organizá-
la em moldes empresariais implicando na reforma
universitária de 1968, incorporando as ideias básicas
necessárias a sua expansão e racionalização.
Como o que move os processos sociais são as
contradições deles oriundas, essa reforma incorpora, ao
mesmo tempo, avanços e recuos. Por um lado, aniquilou o
movimento social e político dos estudantes e de outros
setores da sociedade civil e, por outro lado, propôs
mudanças para o ensino superior e a implantação efetiva da
pós-graduação, o que possibilitou a instauração da pesquisa
nas universidades, embora permeada de notórios limites.
A crise econômica social e política que se instaura, a
partir dos meados da década de 70 (século 20), gera
mudanças que se refletem no âmbito da educação. Assim, o
Estado controlava política e ideologicamente a educação,
porém, contraditoriamente, dadas as circunstâncias
8
vigentes, emergiam as possibilidades da crítica social e
política tanto do regime político, como também, do próprio
capitalismo.
É no interior desse movimento que emerge a
discussão da reformulação dos cursos de licenciatura como
também, a concepção da profissionalização do professor e
de sua maior qualificação para o exercício do magistério. A
discussão se aprofunda na década de 80 do século passado
com a análise acerca das relações entre educação e
organização social, implicando em se conceber a formação
do professor em suas inter-relações com a estrutura sócio-
econômica e política que constitui a sociedade em seu
conjunto. Nesse contexto, emerge as proposições da
inserção da pesquisa na formação dos educadores.
Como podemos observar, a formação do professor
tem, ao longo de sua história, se harmonizado com a
estrutura das formas de organização social na qual se
insere, mas, paradoxalmente apresenta algo que a ela se
opõe. Desse modo, os argumentos para demonstrar o
interesse e a necessidade de incluir a pesquisa nos
processos de formação dos educadores são numerosos e
variados. Pesquisadores nacionais (Mion e Saito, Fontana,
Demo, Ferreira, Ibiapina, Magalhães, entre outros)1e
1 DEMO, Pedro. ABC: Iniciação à competência reconstrutiva do professor.
Campinas: Papirus, 1995.
FERREIRA, Maria Salonilde. Conectar Pesquisa e Formação: ilusão de visionários.
In: IBIAPINA, I. M. L. de M.; LIMA, M. G. S. B.; Carvalho, M. V. C. (Org.).
9
estrangeiros (Perrenoud, Desgagné, Schon Kemis e outros)2
procuram evidenciar sua importância e os efeitos
qualitativos nos processos de formação que têm como eixo
central a investigação dos fenômenos que eclodem no
campo da educação.
No entanto, algumas inquietações e reflexões
começam a permear as discussões: Como situar as relações
entre pesquisa e formação? Trata-se de aproximar o que em
Pesquisa em Educação: múltiplos referenciais e suas práticas. Teresina: EDUFPI,
2012, p. 165 – 174.
FONTANA, Roseli. Como nos tornamos professoras? Belo Horizonte: Autêntica,
2000. IBIAPINA, Ivana Maria L. de M. Pesquisa colaborativa: Investigação,
Formação e produção do conhecimento – Brasília: Líber Livro Editora, 2008.
MAGALHÃES, Maria Cecília C. (Org.) A Formação do Professor como um
Profissional Reflexivo: linguagem e reflexão. Campinas/ SP: Mercado das Letras,
2004.
MION, R. A. e SAITO, C. H. Investigação – Ação: mudando o trabalho de formar professores. Ponta Grossa: Planeta, 2001.
2 DESGAGNÉ, Serge et. all. L’approche collaborative de recherche en éducation: un
rapport nouveau à établir entre recherche et formation. Revue des sciences de
l’éducation.
Montreal,http://www.erudit.org/revue/rse/2001/v27/n1/000305ar.html
Acesso em:16 abr 2005.
KEMMIS, Stephen. La investigación-acción y la política de la reflexión. Desarrolo
profissional del docente: política, investigacón y pratica. Madrid: Akal, 1999.
PERRENOUD, Philippe. A Prática Reflexiva no Oficio de Professor.
Profissionalização e razão pedagógica. Trado. Cláudia Schilling. Porto Alegre:
Artmed, 2002.
SCHON, Donald A. Educando o Profissional Reflexivo: um novo design para o
ensino e a aprendizagem. Porto Alegre: Artes Médica Sul, 2000.
10
cada um dos dois domínios poderá ser útil a um e ao outro?
Trata-se de delimitar o espaço de sua interseção? Em que
condições essa articulação poderá tornar-se objeto de
investigação, de análise e de transformação - realidade a
reconstruir? É simplesmente um modelo a evocar ou a
prescrever?
No bojo dessa reflexão alguns elementos foram
surgindo no sentido de explicitar as condições para se
estabelecer a conexão pesquisar – formar. Dentre essas
condições destacam-se a reflexão crítica, a colaboração e a
produção de conhecimentos. Esse entendimento fez emergir
a concepção de pesquisa colaborativa.
Essa abordagem metodológica abrange uma
modalidade de investigação em que os integrantes da
pesquisa trabalham conjuntamente na execução de tarefas
comuns, envolvendo tanto a tomada de decisões quanto a
efetivação da pesquisa. Nesse contexto, é que a parceria,
entre os participantes, se define respaldada na reflexividade
e na colaboração, elementos centrais dos processos de
investigação e de formação.
É uma alternativa de outros caminhos a serem
percorridos nas práticas formativas. Um exercício de
colaboração crítico reflexivo que gera as possibilidades de
superação de conhecimentos consolidados e elaboração de
novos conhecimentos pautados em relações que incluam
interesses pessoais e sociais comuns no sentido de provocar
mudanças e transformações.
11
A professora pesquisadora Marlucia Barros Lopes
Cabral fez sua formação doutoral nesse movimento de busca
de novos caminhos como depõe em seu texto. Tendo
maiores preocupações com a formação linguística dos
professores, desenvolveu uma pesquisa respaldada prática e
teoricamente em fundamentos que interconectam
conhecimentos das áreas da Linguística, da Linguística
Aplicada e da Educação, assim como, do método do
materialismo histórico dialético, tendo como suportes
metodológicos a abordagem colaborativa crítico reflexiva e a
metodologia da elaboração conceitual, como demonstra a
organização e estruturação deste livro.
A sequência dessa estruturação deixa clara uma
dupla preocupação: nos três primeiros diálogos a autora
esclarece as razões causais e casuais que a instigaram a se
debruçar sobre a problemática estudada e a inserção na
realidade cujo conhecimento ela procura aprofundar na
busca da ruptura com o senso-comum, e ainda, que suportes
teórico-metodológicos poderão orientar seu pensamento
para que as rupturas se efetivem.
Nos
três
capítulos
restantes
dedica-se,
primeiramente, a reflexão analítica estabelecendo o
intercâmbio, empiria e teoria demonstrando a relação
dialética indissociável entre teoria e prática.
A grande força de suas análises advém do método
que lhes dá sustentação. Esse método se constitui o
arcabouço lógico que orientou o movimento do seu
pensamento no sentido de apreender a realidade objetiva
12
produzindo conhecimentos e orientando a sua prática à
medida que procura estabelecer os nexos e relações
dialéticas entre a realidade pesquisada e as possibilidades
nela geradas, as causalidades, necessidades e casualidades
que constituem essa realidade, mediadas pelas contradições
que lhes são inerentes.
Isso, lembrando sempre de evidenciar as relações
entre a singularidade estudada e as particularidades dos
processos de formação, de ensino e de aprendizagem,
tornando explicitas suas conexões com o modo como a
sociedade se encontra estruturada, uma vez que, o
aprofundamento da compreensão do perfil de professor
considerado desejável – professor colaborativo, crítico
reflexivo, pesquisador de sua prática e elaborador de
conhecimentos – como também, de processos formativos
que se coadunem com esse perfil de professor, exigem que
as possibilidades e a viabilidade de sua efetivação se tornem
visíveis.
Isso implica entender a unidade dialética entre
possibilidade e realidade, como também, que é preciso à
existência de condições necessárias e favoráveis para uma
possibilidade tornar-se realidade. O que a professora
pesquisadora Marlucia Cabral domina com propriedade e
eficácia.
Contudo, o fato de existirem pesquisas que
caminham nessa direção não significa que o processo se
efetiva em toda sua extensão. São experiências isoladas
realizadas por grupos de pesquisadores de algumas
13
universidades e entidades de pesquisa. Esses são nichos de
oposição a um sistema hegemônico que, contraditoriamente,
contrapõe a um discurso inovador, processos formativos que
favorecem muito mais as formas retrógadas de formação do
que a dimensão ético-educativa e colaborativa crítico
reflexiva que conduzam ao empoderamento pessoal e
profissional.
No entanto, ela instiga, no último diálogo, a se dá
continuidade ao processo, uma vez que é as contradições a
força motora que faz o avanço e causam a passagem de um
estágio de desenvolvimento a outro qualitativamente mais
elevado. Nesse movimento, rupturas, continuidades,
contradições e conflitos têm seu lugar garantido. E tudo isso
não é indiferente ao jogo das interações, que afetam a
pesquisa e a produção do saber, particularmente, a pesquisa
orientada pela abordagem colaborativa critico reflexiva,
fundamentada no materialismo histórico dialético.
Pode-se afirmar que Marlucia Cabral, com esta obra,
traz uma contribuição no sentido de continuar a fomentar e
alimentar o debate e a reflexão de educadores,
pesquisadores, estudantes dos cursos de graduação e pós-
graduação, professores do ensino superior, professores do
ensino básico fundamental e técnico de nossas escolas, a
conexão pesquisa e formação e a efetivação de processos de
ensino-aprendizagem.
O seu trabalho encoraja essa ambição e faz se
acreditar em vê-la concretizada nos domínios da educação e
da profissionalização. Se hoje isso não ocorre em toda sua
14
extensibilidade, consubstanciando-se como utopia, os
resultados do seu estudo evidenciam a sua viabilidade.
Por conseguinte, não deve se rechaçar as utopias, ao
contrário, (re) propô-las. Como ensina Manacorda3 (1989, p.
360):
[...] a utopia positiva consiste não em elaborar
soluções ou invenções
[...] mas, em fazer de
tudo para que cada passo, por pequeno que
seja, proceda rumo ao futuro: sem excluir
passos mais largos e tomadas de consciência
mais radicais. (Grifo do autor).
Face ao proposto por Manacorda só resta aceitar o
desafio da professora pesquisadora Marlucia Cabral – seguir
avante!
Profa. Dra. Maria Salonilde Ferreira
Membro do Comitê Gestor da
Associação Francofone de Pesquisa Científica em
Educação – AFIRSE – Secção Brasileira
3 MANACORDA, Mário A. História da Educação: da antiguidade aos nossos dias.
Trado. Gaetano L. Mônaco. São Paulo: Cortez: Autores Associados, 1989. – Coleção
educação contemporânea. Série memória da educação.
15
Introdução
Por ocasião da defesa da nossa tese em dezembro de
2010, os professores que compunham a banca examinadora,
Profa. Dra. Maria Salonilde Ferreira (UFRN), Profa. Dra.
Ivana Lopes de Melo Ibiapina (UFPI), Profa. Dra. Liomar
Costa de Queiroz (UFRN), Prof. Dr. Silvano Perreira de
Araújo (UERN) e Prof. Dr. Francisco de Assis Pereira (UFRN),
foram unanimes em recomendar a publicação do estudo de
doutoramento, afirmando que o material apresentado
constituía de um rico referencial teórico-prático, tanto para
a formação inicial quanto para a formação continuada de
professores que atuam com o processo ensino-
aprendizagem da linguagem, desde a educação básica à pós-
graduação.
Diante das argumentações apresentadas pelos
docentes, sentimos a obrigação de produzir este livro.
Esperamos corresponder às expectativas desses professores
e trazer contribuições significativas para reflexões atinentes
16
à formação linguística do professor e ao processo ensino-
aprendizagem da linguagem que, como mostram as recentes
pesquisas nacionais, carecem de reflexões críticas e ações
práticas que possibilitem mudar o quadro caótico em que se
encontra.
As seis partes que apresentamos, para estudo e
reflexão, tratam de temas que articulam conhecimentos das
áreas da Educação, da Linguística e da Linguística Aplicada,
na busca de compreender a realidade do ensino-
aprendizagem
da
linguagem
e
contribuir
para
(re)organização desse processo.
Na primeira, intitulada "DIÁLOGOS CONTEXTUAIS:
as motivações e as escolhas", introduzimos as ideias
básicas que permearam o estudo. Discorremos sobre as
nossas motivações para seleção da temática e do campo de
pesquisa. Apresentamos as bases teórico-metodológicas que
fundamentam a pesquisa, bem como os objetivos, a questão
de investigação e o objeto de estudo. Também explicitamos,
de forma sucinta, o contexto empírico da pesquisa, trazendo
informações atinentes à escola, às salas de aula e às turmas
que constituíram o campo empírico. Prosseguimos
apresentando as partícipes da pesquisa, dando ênfase aos
hábitos de leitura e de escrita delas, diagnosticados no início
da pesquisa.
Na segunda parte, denominada "DIÁLOGOS
TEÓRICO-METODOLÓGICOS", situamos as nossas escolhas
metodológicas. Principiamos definindo a opção pela
natureza qualitativa da nossa investigação e seguimos
17
fundamentando a nossa decisão por desenvolvermos a
pesquisa colaborativa e optarmos pela metodologia da
(re)elaboração
conceitual
ferreiriana.
Também
apresentamos os procedimentos metodológicos eleitos para
o processo de construção dos dados.
Na terceira parte, chamada de "DIÁLOGOS
TEÓRICO-ANALÍTICOS", iniciamos tratando da teoria da
formação de conceitos e prosseguimos discorrendo acerca
do processo colaborativo crítico e, em seguida, sobre a
produção textual escrita. Nesse diálogo explicitamos as
categorias eleitas para o processo de análise dos dados
construídos na pesquisa de campo.
Na quarta parte, intitulada "DIALOGISMO
CONCEITUAL" abordamos o processo de conceituação
vivenciado na pesquisa, partindo da arqueologia dos
conceitos de linguagem, de gêneros textuais, de texto, de
língua falada e de língua escrita, para, em seguida apresentar
os significados dos conceitos prévios elaborados pelas
professoras partícipes da pesquisa, durante a sondagem dos
conceitos prévios. Na sequência, trazemos a análise dos
conceitos (re)elaborados por essas docentes no processo de
pesquisa, apresentando o que significou para elas
(re)elaborar os conceitos mencionados.
Na quinta parte, denominada "UM PROCESSO
DIALÓGICO: reflexões acerca da prática pedagógica",
explicitamos o processo de (re)organização da prática
pedagógica, estabelecendo diálogos reflexivos com aulas
18
ministradas por uma das partícipes da pesquisa e as
produções textuais escritas dos alunos dela.
Por fim, em "CONTINUANDO O DIÁLOGO: notas
de arremate" , na sexta parte do livro, as considerações
finais são expressas com a perspectiva de que o diálogo
tenha continuidade por outros pesquisadores, e que as
reflexões feitas/provocadas possam motivar outros
estudiosos a unirem conhecimentos da área da Educação e
da Linguística Aplicada para o desenvolvimento de outras
pesquisas dessa natureza.
Agradecemos, antecipadamente, toda contribuição
crítica dirigida a esta obra, no sentido do aprimoramento.
Dra. Marlucia Barros Lopes Cabral
Professora da UERN
19
1ª Parte
Diálogo contextual: as motivações e as
escolhas
A pesquisadora: motivações e escolhas
Se, na verdade, o sonho que nos anima é
democrático e solidário, não é falando aos
outros, de cima para baixo, sobretudo, como
se fôssemos os portadores da verdade a ser
transmitida aos demais, que aprendemos a
escutar, mas é escutando que aprendemos a
falar com eles. Somente quem escuta paciente
e criticamente o outro, fala com ele, mesmo
que, em certas condições, precise de falar a
ele. O que jamais faz quem aprende a escutar
para poder falar com é fala r impositivamente.
Até quando, necessariamente, fala contra
posições ou concepções do outro, fala com ele
como sujeito da escuta de sua fala crítica e não
como objeto de seu discurso. O educador que
escuta aprende a difícil lição de transformar o
seu discurso, às vezes necessário, [...], em uma
fala com ele. (grifos do autor).
(PAULO FREIRE)
20
Abrindo nosso diálogo, pedimos aos leitores que
agucem as suas escutas e leiam, paciente e criticamente, as
falas
que seguem, buscando compreender o expresso neste
discurso. Este, situado histórico e socialmente, é construído
pela polissemia das vozes que constituem quem somos, o(s)
lugar(es) que ocupamos, as nossas ideologias.
Assim, compreendendo que "tanto a formação
intelectual do pesquisador quanto suas experiências
pessoais e profissionais relacionadas ao contexto e aos
sujeitos introduzem vieses na interpretação dos fenômenos
observados e, nesse caso devem ser explicitadas ao leitor"
( ALVES-MAZZOTE; GEWANDSNAJDER, 1998, p. 160),
iniciamos o diálogo apresentando informações que podem
contribuir para entender o expresso neste livro.
Temos atuado na educação há quase três décadas.
Inicialmente, monitora de alfabetização e como professora
polivalente das séries iniciais do Ensino Fundamental.
Depois, como docente do Magistério (2° grau
profissionalizante), lecionando Português, Metodologia da
Comunicação e Expressão, dentre outras disciplinas. Em
seguida, como professora do Ensino Médio, lecionando
Português, Redação e Sociologia e, atualmente, atuando nos
cursos de Graduação e Pós-Graduação em Letras e em
Pedagogia (UERN), desde 2002, fora outras atividades
educativas e administrativas.
21
Durante esse tempo, buscamos sempre melhorar a
nossa prática educativa, o que nos conduziu a desenvolver
estudos e pesquisas, sobretudo relacionados ao processo
ensino-aprendizagem da linguagem verbal. Tal atitude
advém da nossa compreensão de que