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Profissionalização Docente: Percepções do Estar na Profissão
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Profissionalização Docente: Percepções do Estar na Profissão
E-book172 páginas2 horas

Profissionalização Docente: Percepções do Estar na Profissão

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Sobre este e-book

Consensualmente, é sabido que, mesmo inseridos em um ambiente de mal-estar e de precarização da carreira docente, ainda há professores(as) que se mantêm na profissão e, mesmo que paradoxalmente, mostram-se satisfeitos(as) em suas atividades. Foi apostando na ideia de que a constituição da profissionalização docente possa ir além dos saberes disciplinares e teóricos que legitimam e regulamentam uma profissão que este livro propõe um olhar mais cuidadoso sobre a constituição profissional do(a) professor(a) no campo educacional.

Traçando articulações entre saberes, valores e competências que se organizam e se entrecruzam a partir das interações instauradas no contexto social de sujeitos atuantes no magistério, este ensaio, apresentando os resultados de uma pesquisa ancorada numa abordagem metodológica diferenciada, possibilita conhecer algumas das justificativas de satisfação com a carreira do professorado, sobretudo apresentando motivos que buscam explicar a permanência no ofício, com base nas evidências dadas por um grupo de 26 docentes que concederam subsídios para compreensões mais amplas acerca de algumas especificidades de uma profissão tida como relacional.

Embora não haja uma perspectiva unívoca que possa ser considerada quanto à constituição da profissionalização docente para além dos saberes disciplinares e teóricos que validam a profissão, os achados apresentados nesta obra têm a pretensão de tornarem-se conjunturalmente mais uma fonte de conhecimento àqueles que se interessam pelas discussões sobre profissionalização docente na contemporaneidade, envolvendo percursos, perspectivas e noções teóricas interessantes.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento10 de ago. de 2018
ISBN9788547319793
Profissionalização Docente: Percepções do Estar na Profissão

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    Profissionalização Docente - Keiti de Barros Munari

    Munari

    SUMÁRIO

    PALAVRAS DA AUTORA

    INTRODUÇÃO

    PARTE I

    1

    RETRATO DA PROFISSÃO DOCENTE NO BRASIL:

    ALGUMAS NOTAS

    1.1 Algumas particularidades da profissão docente 

    1.1.1 Profissionalidade como dimensão da profissionalização 

    1.1.2 Profissionalismo como dimensão da profissionalização 

    1.2 Vocação, ofício ou profissão docentes? 

    1.3 O mal-estar docente: breve panorama 

    1.4 Retrato da profissão docente no Brasil 

    PARTE II

    2

    SUBJETIVIDADE DOCENTE: TECENDO REFLEXÕES

    2.1 Subjetividade docente: fruto das interações 

    2.2 Ações educacionais: competências e valores 

    2.3 Profissão docente: no âmbito do aspecto relacional 

    PARTE III

    3

    CONHECENDO O TRABALHO DE CAMPO: NUANCES DE UM ESTUDO

    3.1 O contexto do campo 

    3.1.1 O município de Nazaré Paulista 

    3.1.2 A educação em Nazaré Paulista 

    3.2 O processo de pesquisa: um contexto peculiar 

    3.2.1 O delineamento do campo: os instrumentos de coleta 

    PARTE IV

    4

    O EXERCÍCIO DA PROFISSÃO: A VOZ DOCENTE

    4.1 O perfil docente de Nazaré Paulista 

    4.2 Ensaio de alguns resultados 

    PALAVRAS FINAIS

    REFERÊNCIAS

    PALAVRAS DA AUTORA

    Este livro é fruto de anos de reflexões acerca da formação docente, sobretudo a respeito daqueles que optam ou são levados à atuação como professor(a) nos primeiros anos da educação básica. Muitas das minhas inquietações levaram-me à continuidade da minha formação acadêmica, de forma que durante o mestrado em Educação deparei-me com a oportunidade de aprofundar meus conhecimentos, pesquisando sobre alguns aspectos da constituição da profissionalização docente. A intenção inicial era a busca por respostas a questionamentos acerca dos motivos que levam alguns jovens às escolhas de suas profissões, motivos que levam alguém a optar pelo magistério, inclusive eu.

    Na minha visão, há várias formas de sustentar um processo de construção de conhecimento, e isso principalmente quando a intenção é a de começar um novo momento. Durante os anos em que ministrei aulas de orientação particular, sempre apreciei começar minha rotina com o seguinte questionamento aos discentes: Como está(ão) se sentindo hoje? Fale(m)-me um pouco a respeito do que poderíamos trabalhar juntos. Darei a você(s) algumas opções, mas não precisamos nos limitar a elas: números, letras, histórias, falar sobre os diversos lugares do mundo ou de como algumas coisas parecem funcionar em nosso Universo. Você também pode optar por trabalharmos a respeito de nada ou de simplesmente não trabalharmos hoje.

    Em alguns anos de magistério, nunca me deparei com um discente que me desse como resposta a opção de não trabalharmos hoje, tampouco a de trabalharmos a respeito de nada. Parafraseando Paulo Freire, é interessante dizer que o ser humano, por sua vocação ontológica, sempre estará disposto a alguma coisa que o conduzirá para o mais... que contribuirá para a constituição do ser mais...

    O fato é que sempre me propus a desafiar o outro, a fim de encontrarmos juntos caminhos distintos para muitas vezes atuarmos sobre perspectivas muito próximas – posso intencionar desenvolver um trabalho com números, números da matemática, mas os caminhos para chegar até os tais números da matemática dependiam muito mais da interação mantida com o(s) discente(s) do que qualquer atributo formativo disciplinar que eu pudesse despender na ocasião. E o processo de busca incessante por caminhos virtuosos, rumo aos objetivos (pré)estabelecidos, costumo chamar de trilhas para uma aprendizagem complementar.

    Atuei como professora da educação básica no final da década de 1990, mais fortemente com processos de alfabetização, e por mais de 15 anos fui professora particular de alunos(as) matriculados(as) nas redes pública e privada dos primeiros anos do ensino fundamental I (na ocasião, das séries iniciais do primeiro grau). Procuravam-me pais e alguns professores(as) que, por algum motivo, acreditavam haver necessidade de intervenção extraclasse para o processo de aprendizagem de suas crianças. Não raras vezes, eram trazidas à tona as dificuldades enfrentadas no ambiente escolar, sendo duas das principais queixas as questões de notas de provas e exames abaixo da média esperada/proposta pela instituição escolar e a falta de interesse pelos conteúdos abordados em sala de aula por parte dos(as) alunos(as). O desafio passava a ser o de superar tais questões, e afirmo que muito foi realizado nesse sentido, de forma promissora.

    Referente à minha formação acadêmica, cursei o ensino médio para a Habilitação Específica para o Magistério (atualmente uma formação não mais ofertada pelo sistema educacional no Brasil), e depois licenciatura em Letras pela Universidade do Grande ABC, em 2003, momento em que minhas indagações tornaram-se mais latentes. Fiz especialização em Gestão pela Fundação Getulio Vargas, em 2011, a fim de ampliar minha inserção no mercado de trabalho, e em 2016 concluí o mestrado em Educação pela Universidade Metodista de São Paulo (Umesp), decisão essa que me fez abdicar de outras atividades profissionais para me dedicar exclusivamente à área educacional, e atualmente faço parte do Programa de Pós-Graduação da Universidade Metodista de São Paulo, no doutoramento em Educação.

    Minha constituição como professora deu-se a partir da minha inserção no Magistério, quando em 1989 decidi que não iria cursar o ensino médio regular – na ocasião o segundo grau –, e optei por buscar um curso profissionalizante na rede pública de ensino. Por sinal, foi a melhor formação acadêmica que tive ao longo da minha carreira como docente. Meus professores(as) de Didática e de Psicologia Infantil, principalmente, souberam com mérito desenvolver a base do meu conhecimento disciplinar e teórico, presenteando-me com questões que serviram de ponto de partida, sobretudo por me nortearem ainda hoje, quando inicio um novo desafio nos palcos de uma sala de aula.

    Embora reconhecido o mérito dessa formação que legitimou meu título de docente perante as esferas legais, minha profissionalidade passou a se construir a partir da minha prática, muitas vezes pautada em minhas experiências, em minha individualidade, em minha trajetória de vida. Arrisco-me a dizer que nada foi aprendido, mas sim construído à medida que tais experiências exigiram, e ainda exigem, de mim, o que vai além do domínio daqueles conhecimentos ditos saberes da própria profissão. Percebo haver um aparato de questões que vão além, e como trazem alguns teóricos, são questões que compreendem saberes experienciais, valores clássicos, comprometimento com a atualidade e, acima de tudo, a necessidade de considerar que a docência perpassa por um aspecto relacional que empreende as especificidades dessa profissão.

    Refere-se a uma atividade exclusiva de interações humanas, em que aspectos de uma subjetividade construída no campo social permeiam relações que se constroem na temporalidade dos diversos contextos dessa área.

    INTRODUÇÃO

    Diante da necessidade, demandada pela área educacional, em compreender as questões que traduzem o mal-estar docente instaurado e as questões que se relacionam à garantia da permanência do professorado em seu ofício, justifica-se um olhar para a abordagem conceitual de estudos direcionados à Profissionalização Docente. Por causa disso, entendeu-se necessário realizar uma investigação empírica, que pudesse dar embasamento teórico a entendimentos sobre a Subjetividade Docente ou a concepção do que venha a ser a relação da subjetividade para e na profissão docente.

    Diante desse cenário, surgiu o intento da investigação a qual este livro faz menção, isto é, observar se as questões constituídas como subjetivas da docência contribuem para a prática do(a) professor(a) ou, ainda, se à profissionalização docente cabem aspectos da subjetividade social que possam ser identificados para a prática da profissão. Tal concepção estaria embasada pela hipótese de que a ideia de discussão sobre a Subjetividade Docente apresenta-se como ponto favorável para a constituição da profissionalização, em complemento à formação disciplinar, curricular e teórica. É sobre essa questão, entre outras relacionadas, que pretendeu-se refletir a partir de estudos correlatos a esse respeito.

    Atualmente alguns trabalhos permitem, ainda que de forma tímida, encontrar aporte teórico para explicitar aspectos relativos à subjetividade na área da educação, mais especificamente no campo da profissionalização docente. No entanto o tema ainda carece de base sólida para uma articulação conceitual mais assertiva. Apesar disso, tem sido possível pautar-nos em autores que, apesar de não utilizarem o termo subjetividade docente ou subjetividade social docente propriamente, remetem o pensar a possíveis vinculações desses com a temática aqui investigada.

    A importância da relação professor(a) e aluno, em sala de aula, remete ao que Tedesco² argumenta como compromisso docente na atualidade, o que conduziu o foco deste trabalho a partir de um olhar reflexivo acerca das questões do papel e da relação do(a) professor(a) na sociedade; em como a demanda emergente pela necessidade do ato de educar tem sido abordada no campo docente. Em um discurso recente, concedido por Juan Carlos Tedesco em 2012, no âmbito do 1º Seminário Internacional dos Grupos de Pesquisa da Cátedra Unesco, sobre Profissionalização Docente, dirigido pela Fundação Carlos Chagas (FCC) em São Paulo, o autor fez uma provocação que promoveu, e ainda tem gerado, discussões sobre qual seria o propósito de educar hoje.

    Além disso, questionou sobre qual seria a figura do professor hoje na escola, considerando que o campo educacional encontra-se inserido numa perspectiva social de rompimento com o passado (por considerá-lo obsoleto) e de receios para o futuro, o que tem denotado que a escola como agente responsável pela formação do sujeito, a partir de bases teóricas, torna-se algo que precisa ser repensado, já que, na visão do autor, a base institucional da escola parece estar enquadrada na obsolescência. Nesse sentido, Nóvoa³ sustenta em um artigo recentemente publicado que nosso mal-estar é grande, mas parecemos resignados e apáticos, como se tudo isso fosse inevitável, como se não houvesse alternativa. Chegou o tempo de dizer ‘não’.

    Torna-se permissível, como traz Tedesco⁴, compreender que a aproximação entre professor(a) e aluno(a) como [...] o processo de aprender a viver juntos, que define o compromisso social e o aprender a aprender, que delibera o compromisso com o conhecimento, de forma que possam vir a ser dimensões sustentáveis para o desempenho docente e para a constituição da profissionalidade.

    Alguns desafios vêm à tona, e reflexões a respeito da situação da profissão docente têm tomado grande presença nos trabalhos acadêmicos que tecem discussões sobre o mal-estar docente, principalmente no tocante à precarização do ensino – seja no âmbito da relação mantida com o outro, como também nos aspectos da própria profissão – e ao processo de mediação nas relações entre professor(a), sistema de ensino, aluno(a) e comunidade.

    Os baixos salários, a falta de perspectiva na carreira, a carga de trabalho e problemas de infraestrutura que afetam diretamente a prática docente são apontados como fatores preocupantes por pesquisas acadêmicas, pelos sindicatos, pela imprensa e pela sociedade em geral. Existe certo consenso de que a profissão docente, referindo-se aos profissionais que atuam na educação básica, sofre um processo de desvalorização há décadas, sendo que a condição desses profissionais é muito variável no país, dependendo da rede em que são contratados, da etapa de ensino em que atuam e até mesmo da formação que receberam.

    Ao observar tais questões, os autores como Ramalho, Nuñez e

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