História e patrimônio cultural: Ensino, políticas e demandas contemporâneas
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Sobre este e-book
Organizado em quatro capítulos, o livro apresenta estudos que consideram a importância de se estabelecer práticas de ensino e políticas para a preservação e manutenção dos bens culturais para as futuras gerações.
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História e patrimônio cultural - Joaquim dos Santos
APRESENTAÇÃO
Pensar as relações entre história e patrimônio cultural hoje coloca em cena desafios que se fazem e se reinventam na escrita da história, nas reivindicações dos lugares dos historiadores na produção do patrimônio cultural, bem como nos reconhecimentos de sujeitos/signos antes silenciados, e na reconfiguração de experiências/espaços de dor em monumentos/saberes que precisam ser lembrados para que não sejam silenciados, romantizados, celebrados ou até desejados.
Na contemporaneidade, o patrimônio cultural está em ebulição. Nas diferentes áreas do conhecimento, os debates sobre patrimônio cultural vêm alcançando novos dizeres e fazeres, trazendo à baila suas implicações ética, políticas, culturais, sociais, econômicas, etc. Nesse contexto, o elo da História e do patrimônio cultural coloca em cena, sobremaneira, reinvenções mediadas pelas demandas do presente, pelas reivindicações dos sujeitos históricos nas balizas do tempo, entre os usos do passado material e imaterial e as ressignificações deste na atualidade, a fim de promover processos de salvaguarda, preservação e manutenção de bens culturais para as gerações futuras.
Estreitando as relações entre História e patrimônio cultural, este livro congrega pesquisas que lançam luzes para práticas de ensino, políticas e demandas contemporâneas. As questões trabalhadas no livro perpassam as reflexões sobre artes e festas, processos de ressignificação e apropriação de experiências dolorosas, espaços de memória e suas implicações nos usos contemporâneos do passado, e debates sobre natureza, patrimônio e paisagem cultural.
Desejamos que esta obra colabore com novas reflexões sobre as estreitas e complexas relações da História com o Patrimônio Cultural. De igual modo, almejamos que este livro seja uma porta de entrada dos leitores para novos debates, bem como para ressignificações do passado e dos bens culturais. Por fim, esperamos que esta coletânea de artigos seja um instrumento para usos didáticos, científicos e político, especialmente no que diz respeito ao reconhecimento da escrita sobre o patrimônio cultural como ação política de transformação da sociedade.
Joaquim dos Santos
José Italo Bezerra Viana
Jucieldo Ferreira Alexandre
POR UM TEATRO INOPEROSO: AGAMBEN ENTRE OS ANJOS BARROCOS E AS CAVEIRAS CARNAVALESCAS DE SÃO JOÃO DEL-REI
Winnie Giarola Minucci Guimarães
Cláudio Guilarduci
Introdução
A cidade de São João del-Rei, em Minas Gerais, é conhecida por suas paisagens urbanas em que se sobrepõem, sem timidez, estilos e características arquitetônicas de épocas muito variadas. Desde a herança colonial, imperial, da primeira república e dos progressistas
anos 1950, até os formatos mais funcionais de fins do século XX e das primeiras décadas do XXI, a cidade se apresenta aos seus próprios moradores, mas sobretudo aos seus visitantes, com camadas e mais camadas de vestígios, senão de todas, seguramente das principais épocas e estilos que conformam a cultura brasileira em sua expressão arquitetural. No ano de 1713, São João del-Rei passa à categoria de vila no dia 8 de dezembro e no dia 6 de março de 1838 é elevada a cidade – Lei provincial n. 93, assinada pelo Dr. José Cesário de Miranda, presidente da província.
Inserida dentro do que se pode chamar de circuito histórico de Minas Gerais, que reúne cidades como Ouro Preto, Mariana, Tiradentes, entre outras; em São João del-Rei a vida contemporânea se mescla aos ecos da arquitetura barroca de seu centro histórico, e ainda que a cidade se levante e continue se perfazendo sempre palimpséstica, é sobre o estilo barroco mineiro, que todo um modus vivendi próprio se estabelece como patrimônio imaterial da cidade e definidor da identidade local. Da produção edílica historicamente consolidada é possível indicar o conjunto arquitetônico que foi tombado pelo Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Sphan) no dia 4 de março de 1938. Os bens tombados da cidade de São João del-Rei estão listados nos livros de tombo das Belas Artes e no livro das Belas Artes/Histórico. Nas palavras de Cláudio Guilarduci:
Esses objetos artísticos presentes no espaço urbano, ao reafirmarem a identidade cultural são-joanense, paradoxalmente conduzem a um não entendimento do próprio percurso histórico cultural, pois os discursos sobre São João del-Rei, sobre a sua memória cultural - inclusive os acadêmicos - parecem partir sempre de um conceito ideal e a priori de Barroco para posteriormente analisarem a cidade (Guilarduci, 2015, p. 87)
Não passa despercebida a quem se engendra um pouco mais na rotina da cidade, a relação direta entre o sentimento de pertencimento e a manutenção das atividades entendidas como históricas e tradicionais no centro da cidade. Quanto mais próximos os moradores natos são-joanenses se encontram do imperativo discursivo fundamentado no estilo barroco, mais próximos eles se encontram também de um ideal de pertencimento à sua dinâmica dita histórica. Pertencer, genealogicamente, ativamente e/ou profissionalmente ao centro histórico, manter uma vida social voltada às atividades que sustentam a narrativa de tradição da cidade, estabelece uma lógica campanilista que inclusive tem condições de determinar a forma como os moradores interagem com o todo do espaço urbano e também com seus distintos bairros. Nessa direção, dois eventos se destacam anualmente na dinâmica de vida e pertencimento relativos ao estilo barroco: o carnaval e a Semana Santa de São João del-Rei. Heranças diretas do período colonial e com traços genéticos marcantes da vida medieval portuguesa, o profano e o sagrado, as trevas e as luzes, o chiaroscuro das igrejas do século XVIII e dos blocos carnavalescos, que ocupam a paisagem histórica da cidade anualmente, se tornam então estandartes maiores da vida cultural e imaterial, e atraem a curiosidade de turistas de diferentes partes do mundo, interessados na experiência sinestésica que esses dois grandes eventos proporcionam.
1. A semana santa
Igreja Nossa Senhora do Pilar (SJDR)
Foto: Cláudio Guilarduci. Acervo Cláudio Guilarduci (2013).
A despeito das transformações advindas do Concílio Vaticano II, entre 1962 e 1965, a paróquia da catedral basílica de Nossa Senhora do Pilar (cuja diocese fora instituída dois anos antes do início do Concílio, em 1960) manteve, pelo menos para o período da Semana Santa, a liturgia tridentina de influência bracarense, praticada, em São João del-Rei, desde que dão conta os registros e documentações históricas a respeito. Conforme nos conta Suely Campos Franco (2013, p. 404), podemos dizer que as relações socioculturais entre o Minho e Minas Gerais foram iniciadas em finais do século XVII quando da descoberta do ouro nesta região do Brasil
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Capela-mor da Igreja Nossa Senhora do Pilar (SJDR)
Foto: Cláudio Guilarduci. Acervo Cláudio Guilarduci (2013).
Pormenor das Laterais da Capela-mor da Igreja Nossa Senhora do Pilar