Prelúdio Do Tempo
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Prelúdio Do Tempo - Robson Dos Reis
Capítulo 1
A biblioteca
As páginas passavam e o tempo parecia ter parado, não havia nada naquele momento que o tirasse daquela história, que tirasse sua atenção daquele livro. Apesar de uma leve tontura que sentia, Hian viajava entre aquelas palavras, até que chegou ao fim. Era o fim de mais uma entre as várias histórias fictícias que lia constantemente naquela biblioteca. Ali era seu mundo. Rodeado de livros, esquecia-se do mundo lá fora. As suas tonturas eram resultado de uma pequena perda de memória que tivera há alguns dias. Com isso, como distração, passara mais tempo dos últimos dias naquele lugar.
A biblioteca Alice Ross localizava-se no centro da cidade de Achilles e era referência na qualidade dos projetos e incentivo à leitura. Era frequentada, na maioria das vezes, por estudantes de escolas e faculdades próximas dali.
Hian olhou em seu relógio, já passava do seu horário de ir embora. Levantou-se, colocou o livro que lia na prateleira e, por trás dela, observou dois rapazes estranhos que estavam em outro corredor de livros. Eles conversavam sussurrando, como se estivessem escondendo algo. Não conseguiu ouvir o que eles falavam, mas viu que estavam com um livro de aparência velha, com algumas páginas quase soltas. Depois de alguns minutos conversando, um dos rapazes pegou seu celular, parecia ter recebido alguma mensagem. Ele, rapidamente, retirou um papel que estava colado no verso da contracapa do livro, colocou o livro escondido entre alguns livros mais antigos que estavam em uma prateleira a sua frente e os dois foram embora com muita pressa.
A curiosidade de Hian fez com que ele fosse até à prateleira onde estava aquele livro e o pegasse, o título do livro era Em alguns dias
. Havia gostado do título e, sem pensar muito, levou-o consigo. Então se dirigiu até ao balcão da biblioteca para pegá-lo emprestado. O atendente viu que o livro não tinha a ficha de registro de empréstimo, mas como estava muito atarefado e já conhecia Hian, deixou que o levasse e registraria quando o livro retornasse.
Já estava anoitecendo, Hian pegou sua mochila rapidamente e foi ao ponto de ônibus, precisava retornar a sua casa. Ele estudava à noite, mas estava em recesso escolar naqueles dias. Tinha vinte e dois anos de idade, cursava o último semestre do Curso Superior de Letras e era bolsista da faculdade. Como ainda não tinha um emprego, durante o dia fazia algumas atividades para ajudar financeiramente em casa.
Alguns minutos depois, ele entrou em um ônibus que passava perto de sua casa. Ao se sentar na cadeira, não resistiu, tirou o livro da mochila e começou a ler antes mesmo de chegar ao seu destino.
À noite, ao chegar em casa, falou com seus pais, pegou algo para comer e foi direto para o seu quarto, queria continuar lendo. O livro era enorme, mas, depois de poucas horas de leitura, Hian chegou a uma parte em que faltavam várias páginas e havia um pequeno pedaço de papel dobrado. Ficou um pouco decepcionado por não poder continuar a história e, como já estava cansado, fechou o livro e foi dormir. Deitado em sua cama, ficava apenas imaginando a continuação daquela história.
No dia seguinte, Hian acordou cedo, tomou café da manhã e foi assistir à televisão. Seus pais trabalhavam e, durante o dia, ele ficava sozinho em casa. Não havia muito que fazer naquele recesso de meio de ano. Resolveu pegar sua bicicleta e ir até à biblioteca devolver o livro que havia pegado no dia anterior. A biblioteca não ficava muito longe de sua casa, estava acostumado a ir até lá.
Chegou até à biblioteca, mas achou algo estranho, estava com as portas fechadas apesar de já estar no horário de funcionamento. Ele chegou mais perto da porta para ver se tinha algum aviso, foi quando percebeu um barulho estranho lá dentro. Girou a maçaneta da porta, estava aberta. Entrou devagar para ver o que estava acontecendo e, de longe, viu aqueles dois rapazes que havia visto na biblioteca no dia anterior. Eles estavam armados, um deles apontava uma arma para o atendente e gritava procurando por algo. O outro rapaz pegou o atendente e jogou-o no chão, estava muito nervoso. Hian se assustou com aquela cena e acabou se esbarrando em uma prateleira de jornais que ficava na entrada da biblioteca. Todos olharam para ele e o bibliotecário, apavorado com aquela situação, gritou para Hian:
– Ei, entrega o livro para eles!
Ao dizer isso, um dos rapazes armados foi em direção a Hian, que, sem pensar, saiu correndo. Ao sair da biblioteca, Hian esbarrou em uma garota que estava ali perto. A garota segurava alguns papéis, que caíram no chão. Ele apenas puxou a garota e saiu correndo com ela entre os corredores dali até chegarem ao estacionamento. Ficaram agachados atrás de um carro, ela não estava entendendo o que estava acontecendo, foi quando viu um dos rapazes armados parado procurando por eles. Seu nome era Bled, era forte e muito mal-encarado, ele que havia jogado o atendente no chão. Segundos depois, chegou o outro rapaz, Max, era mais magro que Bled e usava uma jaqueta preta e óculos escuros. Ele estava com algumas folhas na mão e balançava a cabeça como se nada tivesse encontrado. Bled e Max eram bandidos que haviam acabado de sair da prisão e pareciam querer cometer novos crimes.
Após alguns minutos parados ali, os bandidos entraram em um carro preto que estava estacionado e saíram bem depressa. Estavam tão apressados que acabaram arranhando uma das portas traseiras do carro ao sair pelo portão do estacionamento. Em poucos segundos, eles desaparecem dali.
Hian se levantou e olhou para a janela da biblioteca, viu que o atendente estava ao telefone, parecia não ter sofrido nenhuma lesão. Ele olhou para a garota e viu que ela estava um pouco assustada.
– Fique tranquila, eles já foram – disse Hian. – Desculpe-me por tê-la puxado, fiquei com medo de aqueles rapazes fazerem alguma coisa com você.
– Obrigada. E qual é o seu nome?
– Meu nome é Hian. E o seu?
– Meu nome é Akeyla. Por favor, vamos sair daqui, preciso respirar um pouco.
Hian pegou sua bicicleta e foi com Akeyla a uma lanchonete próxima dali. Enquanto eles bebiam algo, um carro da polícia foi em direção à biblioteca. Hian chamou Akeyla para ir até lá explicar o que aconteceu, mas ela preferiu não ir.
– Acho melhor não irmos até lá – disse Akeyla um pouco mais calma. – Os bandidos nos viram e você deve saber como é a proteção às vítimas nesta cidade, só nos expõem mais aos bandidos. Desculpe, é que já passei por isso uma vez.
– Infelizmente, eu sei como é isso. Mas eu não entendi o porquê daqueles bandidos virem atrás de mim. O atendente da biblioteca pediu para que eu entregasse esse livro a eles, mas o que tem de tão valioso nele?
Hian contou a Akeyla o que tinha acontecido no dia anterior na biblioteca. Ela, enquanto o ouvia, começou a folhear o livro e encontrou um pedaço de papel que ele tinha visto e não deu muita importância. Nele estava escrito: Rua Rilia Orisy, n° 25 - Pag. 305
. Era um endereço e o número de uma página. Ela foi até à página trezentos e cinco daquele livro e, no final dela, havia alguns números escritos à caneta: 22015893
. Ela pensou um pouco e disse a Hian que aquele livro poderia ser onde eles atualizavam informações sobre algum crime que iriam cometer e o escondiam na biblioteca com medo de serem pegos. Ele, sem ideias para o que estava acontecendo, achou que seria aquilo mesmo. Olhou um pouco mais o livro, viu algumas coisas escritas sem muito sentido, alguns desenhos e rabiscos, mas, como achava que ncapitulo1.htmlcapitulo1.htmlão era nada de mais, guardou o livro em sua mochila.
Depois de algum tempo conversando, Akeyla percebeu que precisava ir trabalhar. Ela estagiava em um hospital próximo dali e precisava chegar mais cedo naquela sexta-feira. Hian a acompanhou até ao hospital e, ao chegar lá, passou a ela o número de seu celular, caso ela precisasse