Autoconhecimento Na Escola E Na Escola Da Vida
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Autoconhecimento Na Escola E Na Escola Da Vida - Patrícia De Sá
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Autoconhecimento na escola e na escola da vida
Resumo: O presente trabalho trata de assuntos referentes ao processo de autoconhecimento na escola e na escola da vida. Aborda a importância deste processo para o ser humano exercer sua verdadeira vocação e missão no mundo. A postura do eterno aprendiz, tanto na escola formal quanto na escola da vida, é a característica essencial do ser humano consciente de seu papel no mundo. Isso faz com que se sinta responsável por si, pelos demais seres e por toda a humanidade, sendo protagonista de uma mensagem importante que só ele pode transmitir ao Universo.
Dedico:
Esta obra a todos os seres que participaram do meu processo educacional. Primeiro, o Todo, a Fonte, Deus, ou o nome que quisermos usar, porque a vida manifesta através da Patrícia de Sá só foi possível devido ao Seu amor no compartilhar, atributo absoluto de Deus. E é claro que os meus pais, José Maria e Cléia, são as pessoas que mais se aproximam do amor divino manifestado para mim. Todas as fraldas trocadas sem nenhuma cobrança, por puro amor à missão materna e paterna, jamais poderiam ser esquecidas. Não só as fraldas, mas todas as lições vividas, por mim são agora enaltecidas e agradecidas. Gratidão aos meus pais terrenos por toda dedicação e amor. Pelo menos é o que nós humanos podemos conhecer e mais próximo da incondicionalidade do amor.
Meu marido, Robison, terei que falar dele, porque já se vão anos de convivência, paciência e resiliência... A você, minha gratidão e amor no coração! Gratidão à minha irmã Juliana, também pela parceria e aprendizados coletivos compartilhados. Gratidão à minha grande amiga Suzana Viveiros, por todos os seus conselhos. Gratidão a todos os meus familiares, irmãos e companheiros que nesta jornada estão a me ensinar tanto. Todos aqueles que passaram por mim, sem dúvida foram professores no meu processo de aprendizado terreno. E para finalizar: gratidão ao Espírito Santo, aquele que habita em mim e que me guia pelas estradas da vida todos os dias! E se não citei mais nomes, é por falta de oportunidade e por já estar me delongando demais nesta dedicatória. Mas que ninguém se sinta desconsiderado, porque todo ser humano para mim é um irmão.
Eu sou a pedagoga do autoconhecimento
Estar na escola e não se encaixar nela sempre foi minha angústia desde que comecei a trabalhar com educação, há cerca de 10 anos. Eu fiz pedagogia porque acreditava que através da educação, o homem poderia se tornar melhor. Continuo acreditando que através da educação o homem se aperfeiçoa. Só não acredito que isso esteja acontecendo nas escolas formais de hoje, porque lá não está sendo praticada a educação.
A educação verdadeira é aquela que tem como finalidade o ser, e não o ter. Ser mais humano, ser mais fraterno, ser mais solidário, ser mais valoroso, ser mais virtuoso e ser mais sábio. E não ter nota no final do ano, ter um diploma, ter um cargo, ter um emprego, ter dinheiro.
Os nossos currículos estão totalmente voltados para o ter. Temas transversais, na verdade, são temas superficiais. Existe incentivo ao autoconhecimento em nossas escolas? As emoções são vistas como naturais e necessárias ao processo de amadurecimento do ser humano? Na sala de aula, o professor conversa sobre a importância dos alunos se conhecerem em profundidade para encontrar sua verdadeira missão humana e vocação específica?
Creio que nas séries iniciais do ensino fundamental até podemos dialogar mais acerca de valores e praticar o autoconhecimento, mas nossa finalidade continua sendo o ser alguém na vida
. E o que é ser alguém na vida
? O ter: diploma, emprego, cargo, dinheiro. E não o ser: mais humano, fraterno, solidário, consciente da gente.
Ao chegar ao Ensino Médio, o aluno só pensa no bendito do vestibular. Não que o vestibular e as profissões do mercado de trabalho devam ser negligenciados pela escola, mas tudo isso precisa acontecer através de um processo de autoconhecimento, que deve ser incentivado pelos educadores.
A questão é: como os educadores vão incentivar algo que nem mesmo eles praticam? Por isso o discurso: Educação é com a família, vem de casa. Instrução é com a escola.
Eu digo o seguinte: qualquer ser humano é educador, mas o professor escolheu a educação como profissão, por isso precisa abraçar a causa e ser exemplo para o seu público-alvo: o aluno.
Os pais também precisam ser este exemplo, já que escolheram a missão da maternidade e paternidade. Se cada um assumir e viver sua função, a gente consegue fazer educação na sociedade.
Eu tenho uma resposta simples para o nosso desafio chamado educação escolar
. E perceba que a resposta já está presente na pergunta. A gente só não quer enxergar.
Como saímos da educação do ter para a educação do ser? Ser mais humano, ser mais fraterno, ser mais solidário, ser mais justo, ser mais virtuoso, ser mais valoroso, ser mais sábio. Isso se resume em: praticar o amor e buscar o autoconhecimento. Cada educador precisa se tornar filósofo, um eterno aprendiz na escola e na escola da vida.
Parafraseando Platão: ou os governantes se tornam filósofos ou os filósofos se tornam governantes. Se isso não acontecer, a sociedade vai perecer. Um educador é um governante, é um chefe de estado, é um formador de caráter. Essa responsabilidade é o nosso carma coletivo de educadores, como diriam os indianos. Carma não é castigo, carma é responsabilidade nas ações.
Educador: este livro é um chamamento para a responsabilidade! Assuma o seu papel na sociedade, aceite e pratique autoconhecimento, filosofia. Tenha vida interior e incentive os seus alunos a fazer o mesmo. Sejamos eternos aprendizes na escola e na escola da vida!
Sumário
1- O desafio da educação escolar: o professor chamado amor
2- A importância da espera: preocupação com o futuro em 2020
3- De que me vale o conhecimento se eu estou no isolamento?
4- Amor gera amor
: do que você se alimenta?
5- O que você não consegue largar? A escravidão do apego
6- A vida não é caos, é ordem
7- Viver: Para quê?
8- Ser humano: solidário e não solitário
9- Estudar: para quê?
10- Aprendiz ou recebedor? O que você escolhe?
11- Escola: para quê?
12- Somos pontes: somos seres humanos
13- Potencial humano: adormecido
14- Duas vozes: construção e destruição
15- Voz da resistência: aprenda a reconhecer
16- Onde eu coloco meu foco: ser (humano) ou ter (material)?
17- Intimidade: porta aberta ou fechada?
18- Ajudar: para quê?
19- Dar e receber: quando eu faço acontecer
20- Agradar: para quê?
21- Conhecimento: para quê?
22- Diálogo: será que o praticamos?
23- Você vive na caixa ou fora dela?
24- Você é responsável ou vítima? A sua postura vai dizer
25- Para que a pressa? Ela não interessa
26- O tempo: como lidar com ele?
27- Nada é mais urgente do que ser coerente
28- Descobrindo a sua essência: por detrás das aparências
29- Em que degrau eu estou? O instinto de sobrevivência me dominou
30- Ansiedade em dias de trabalho: por quê?
31- Preocupações em vão: quanto mais o tempo passa, mais eu percebo que me preocupo em vão
32- Solidariedade em meio à crise: lições
33- Protagonista ou vítima: o que você escolhe?
34- Virtudes humanas: respeito
35- Integrando sombras
36- Bom ou mal? Depende do referencial
37- Propósito existencial: você tem um?
38- Como valorizar minha essência e não a aparência
39- As pessoas podem mudar: acreditando no ser humano
40- Qual a sua finalidade com o trabalho? Sobreviver? Fuga? Vocação?
1. O desafio da educação escolar: o professor chamado amor
Era uma vez um sonho que se chamava ser professor
• Havia um jovem em uma cidade distante daqui que tinha um sonho, um desejo brotava em seu coração: o de ser professor;
• Ele queria compartilhar com as pessoas todo o conhecimento que adquiriu e tudo aquilo que lhe serviu de bases em sua vida.
Ele estudou e se tornou professor
• Ele aprendeu durante muitos anos e conseguiu realizar o seu sonho, finalmente estava apto a compartilhar as suas experiências;
• Ele se tornou professor aqui nesta escola;
• No primeiro dia de aula ele se deparou com uma turma onde havia alunos que pareciam estar desinteressados.
O primeiro desafio do professor
• Eles estavam com o caderno fechado, não faziam anotações durante a aula e de tempos em tempos intercalavam entre conversas paralelas e consultas ao celular. Notadamente, não prestavam atenção ao que o professor falava.
A postura do professor frente aos alunos
• O professor pensou: o que posso fazer para levar estes alunos a se interessarem pelas informações que dou e transformá-las em conhecimento em suas vidas? Se eles conseguirem compreender a importância de serem eternos aprendizes na vida, certamente vão mudar esta postura displicente e imatura. Afinal, são jovens e ainda têm tanto a aprender.
O professor é educador
• Os dias se passaram, e o professor não se esqueceu daqueles alunos. Ele estava realmente motivado a encontrar uma forma de, enquanto educador, levá-los à reflexão, afinal ele estava ali exatamente para despertar no aluno o gosto por aprender, e nem todos os alunos chegam à escola conscientes de seu papel na escola e na escola da vida: o de serem eternos aprendizes.
Aparece uma luz
• Um belo dia, o professor começa a conversar com a turma sobre o que o levou a estar ali dando aula e o quanto estava feliz com a vida por poder colaborar. Ele explicou para os alunos que ele é um servidor da vida. Um dos alunos, que olhava o celular neste momento, levantou a cabeça surpreso e perguntou ao professor o que isso significava. O nome dele era José.
Professor é eterno aprendiz
• O professor, pacientemente, respondeu a José: ser servidor da vida é se colocar a serviço da escola e da escola da vida. É ter uma postura de eterno aprendiz, daquele que nunca acha que já sabe o bastante, mas que sempre está aberto para aprender com as pessoas e com as experiências.
Professor: ensina a aprender
• O aluno, surpreso, perguntou novamente ao professor: mas achei que você vinha aqui para nos ensinar, e não para aprender?
• O professor responde: eu vim para ensinar a aprender.
Ensinar a aprender?
• Mais confuso ainda o aluno ficou, e percebendo, o professor disse: meu caro José, todos os seres humanos estão neste mundo para aprender em todos os lugares e em todos os momentos. É isso que nos diferencia dos animais.
A consciência humana: eterno aprendiz
• O professor continuou: quando negligenciamos esta característica que é da nossa natureza, nós nos desumanizamos e nos tornamos infelizes, doentes e em conflito conosco e com a vida. É como se resistíssemos à própria vida. Isso nos mata aos poucos, mata a nossa natureza verdadeira, o nosso ser.
O aluno, ser humano, se faz presente pela primeira vez na aula
• O aluno já nem queria mais saber de celular, porque aquele assunto tinha prendido tanto a sua atenção, que era a primeira vez que ele realmente estava ali na aula, presente.
• Responder presente na hora da chamada não quer dizer nada.
Nasce o aluno: eterno aprendiz
• Na aula seguinte, José começa a se fazer presente novamente. Ele não se ocupava mais com o celular ou com as conversas paralelas. Isso chama a atenção dos demais colegas, que percebem a motivação e satisfação dele.
Maria, a colega de José, fica curiosa
• Uma das colegas de José, cujo nome é Maria, pensa: deve ter algo de interessante nesta aula para atrair tanto a atenção do José. Seja o que for, vou investigar e experimentar, afinal, que mal pode me assolar?
O interesse de Maria
• No dia seguinte, Maria pergunta para José: por que você está tão interessado na aula do professor? O que te levou a se transformar tão rápido?
José: eterno aprendiz
• José responde: desde que entendi que estou na vida para aprender com tudo o que ela me oferece, eu olho para os conteúdos das disciplinas não como pedras a carregar, mas como rosas a me inspirar. E elas têm espinhos também, mas têm sempre algo a me ensinar.
Eterno aprendiz: aluno investigador
• José continua: eu faço o possível para relacionar o que aprendo aqui na escola com a escola da vida. E passei a fazer isso com todas as matérias. E quando não vejo uma relação tão direta assim, pesquiso, reflito e não descanso enquanto não encontro uma resposta.
A única certeza de José
• José prossegue: uma certeza eu tenho, Maria, é a de que qualquer experiência que a vida me traga, e isso inclui os conteúdos da escola, é para o meu aprendizado. Se a situação está ali é para eu aprender a lidar com ela porque eu preciso. Não