Práticas e intervenções pedagógicas
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Práticas e intervenções pedagógicas - Domingos Teles
APRESENTAÇÃO
As soluções inteligentes são cada vez mais urgentes no desafio que enfrentamos no campo da Educação, um campo que para muitos se tornou uma situação caótica. Não adianta procurar a causa só na Escola, pois esse é momento que envolve a todos: educador, educandos, escola e família. Não é possível desvincular esses elementos do processo que busca, que aponta as causas desse marasmo e as intervenções que devem ser realizadas para encontrarmos um ponto consensual para e revitalização da Educação. Então, a complexidade do que pensamos pode ser combatida e vencida – não de uma hora para outra, em educação não existe imediatismo nos resultados, e sim na implantação de ações que impliquem em interferências positivas – basta que hajamos com a imaginação voltada para a realidade e necessidade de nossos educandos. Entendo que orientar é estar voltado para o mundo que permeia o imaginário do educando, não podemos enfatizar algo sem a essência que forma o pensamento de cada um deles. Nós educadores temos um mundo pragmático, e isso vai totalmente contrário ao que eles, alunos, agem e pensam da vida. Com a rebeldia cada vez maior, e que pode ser identificada em muitas das letras de músicas que eles preferem, se faz necessário, por exemplo, que façamos uma pesquisa para entendermos esse universo musical de sua preferência. É uma intervenção onde saímos do pragmatismo para falar a linguagem deles, para entrarmos no mundo deles, isso para primeiro ganharmos sua confiança e em segundo lugar, para desenvolvermos ações, que pode ser um projeto, que envolva o conteúdo e o estilo de música preferido por eles e os demais que já preferem um outro estilo.
Ao longo de minha vida escolar, tive professores que me impressionaram pela praticidade em passar um conteúdo de forma que a turma assimilasse o máximo do que estava sendo exposto. Professores que ensinavam o aprender nos deixando pensar e a participar desse processo chamado aprendizagem. Mas tive professores que me sufocavam com sua altivez e seus métodos
grosseiros na tentativa equivocada de ensinar educandos que queriam expressar seu saber. Professores que primavam por atitudes ditatoriais, como se o aprender fosse um sacrifício e não um mundo prazeroso de descobertas, emoções, emancipação e liberdade.
Não se pode aprender sem que tenhamos de relacionar o que estamos vendo com o que se passa no mundo, com o que é real, é palpável, com o que é pertinente à discussão, à análise. Não se pode descartar a oportunidade de reflexão num momento tão especial como a hora de aprender. Ousar, ter ideias, autonomia, percepção, coragem são atitudes que fazem de um educador um verdadeiro elo para a aprendizagem, para o conhecimento real, amplo e capaz de dar ao indivíduo a sua autoridade para discorrer sobre qualquer assunto que lhe é abordado, claro que isso mediante a sua faixa etária. O educando não mudou, ele sempre foi um ser curioso, que incentivado passa a ser um indivíduo participativo. Não existe professor e educando ruim! O que existe é acomodação e descrença, certa falta de acreditar num processo que possa injetar na Educação um ânimo revelador, capaz de levar um entendimento plausível no que se refere a uma pedagogia mais ampla e sustentável.
O educador sem visão periférica dos fatos que os rodeia ou sem noção de uma Educação, que prepara para situações que a vida irá pôr em prática o que o educando aprendeu de fato, por exemplo, em inter-relações, deixa passar em branco, momentos que seriam uma aula fantástica para analisar uma situação vivida numa sala de aula. Para ser mais específico, refiro-me a um fato como um desentendimento na turma, fato comum em tantas escolas, pois estamos falando de crianças e adolescentes, onde o educador, além de punir, ainda entrega os desafetos
à coordenação. Por que não aproveitar aquele momento para abordar com a turma o problema da violência na rua, no bairro, na Escola, na cidade, no país e no mundo? Mostrar como pequenos atos de gentileza podem agregar um comportamento mais humanizado na sala de aula e no cotidiano desses educandos fora dela! Relacionar aquele momento de debate com alguma inquietude que a sociedade esteja passando, e abrir assim, um grande leque de discussões, pois se lembre que, nas salas de aula, principalmente dos primeiros anos iniciais do fundamental I não vai faltar debatedores que queiram participar dos problemas expostos.
As crianças e os adolescentes têm sede de falar, de participar, de expor exemplos por ela vivenciados, de opinar, dar soluções, como também possuem uma fascinação inesgotável de serem ouvidas. Portanto, cabe ao educador dar esse espaço por meio de seu método de trabalho, através de sua visão que deve ser de um profissional que busca levar a sua turma atalhos que a colocará como verdadeira investigadora de seu aprendizado. Uma turma de educandos com espírito de vencedores, apta a ter esse conhecimento interagindo com os membros que a compõem, com os conteúdos, e com seu educador que está ali não para puni-lo, jamais para desmotivá-lo, mas para caminhar junto com os educandos, descobrindo a melhor forma de superar os desafios.
Assim, não deve o educador entender que um aluno com algum déficit, deva ser um apêndice que não se deseja, aliás, a Educação não é um apêndice. A Educação é algo concreto na sua função perante a sociedade que, dependendo como ela seja aplicada, pode intervir de maneira radical na vida de um ser humano, mudando sua vida de forma positiva ou negativa. Ela tem uma responsabilidade muito grande nessa formação do educando, daí a responsabilidade de todos nós educadores, homens e mulheres que abraçam essa profissão tão cobrada, visada e, de certa maneira, não assistida pelo poder público como deveria, pois investimento nessa área e nesses profissionais nunca é demais, nunca é desnecessário, deve sempre ser prioridade constante. O reconhecimento dessa tarefa relevante dos profissionais da Educação deve ser de todos e, principalmente, daqueles que têm o poder da decisão de munir essa área e seus agentes de todas as condições de exercerem com excelência essa missão desafiadora. É de bom tom que