A era de Trump: a encruzilhada da direita americana
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Pré-visualização do livro
A era de Trump - Bruno Henz Biasetto
© EDIPUCRS 2020
CAPA Thiara Speth
EDITORAÇÃO ELETRÔNICA Maria Fernanda Fuscaldo
REVISÃO DE TEXTO Carina Camacho
Edição revisada segundo o novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa.
Este livro conta com um ambiente virtual, em que você terá acesso gratuito a conteúdos exclusivos. Acesse o site e confira!
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
B579e Biasetto, Bruno
A era de Trump [recurso eletrônico] : a encruzilhada da direita
americana / Bruno Biasetto. – Dados eletrônicos. – Porto Alegre :
EDIPUCRS, 2020.
Recurso on-line (155 p.)
Modo de Acesso:
ISBN 978-65-5623-030-6
1. Política – Estados Unidos. 2. Direita e esquerda (Ciência
política). I. Título.
CDD 23. ed. 320.973
Loiva Duarte Novak – CRB-10/2079
Setor de Tratamento da Informação da BC-PUCRS.
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ilustração do Donald TrumpSU
MÁ
RIO
Capa
Folha de Rosto
Créditos
INTRODUÇÃO: A ENCRUZILHADA
1. A SEGUNDA ONDA (1989 -2005)
1.1 A VIDA SEM REAGAN
1.2 O LEÃO DA MONTANHA
1.3 O RETORNO DO FILHO PRÓDIGO (2000-2008)
2. O CENTRO DO PROBLEMA (2005-2020)
2.1 O PRIMEIRO ROUND (2008-2010)
2.2 MONEY, MONEY, MONEY… (2010-2015)
2.3 QUEM SABE FAZ A HORA (2015-2016)
2.4 A SEGUNDA ONDA EM AÇÃO (2017)
2.5 O PLANO DOMÉSTICO
2.9 O PLANO EXTERNO
CONCLUSÃO - A ERA DA INCERTEZA
PARA SABER MAIS
REFERÊNCIAS
EDIPUCRS
INTRODUÇÃO:
A ENCRUZILHADA
Donald Trump é um homem que só pode ser definido com superlativos, tanto para o bem como para o mal. O presidente atual dos Estados Unidos encarna um dos princípios mais basilares da vida pública americana: não existe publicidade ruim, existe apenas publicidade. Por trás dessa densa névoa gerada pela abrasiva personalidade do presidente, pelos seus aliados e pela consequente ferocidade da oposição global, existe um projeto de poder. O objetivo desta obra não é prover uma análise psicológica da figura de Trump ou ser mais um livro que acaba dando destaque para as histórias e fofocas sobre o presidente estadunidense. O objetivo aqui é analisar o que a Era Trump representa para o conservadorismo americano, para o partido republicano e para a política estadunidense como um todo.
À medida que os Estados Unidos passam por um período de grandes mudanças no início do século XXI, tornando-se uma sociedade ainda mais diversa e complexa, entender o significado de Trump em um novo contexto é algo importante. O presidente americano não é parte de um fenômeno isolado ocorrido em 2016, ele é parte de um contexto mais amplo. Ocorreu uma forte retomada conservadora após a grande recessão de 2008, que, turbinada por um intenso fervor populista, se tornou capaz de levar adiante uma agenda política que seria quase impensável no final do século passado.
É interessante perceber que muitos analistas tratam as diversasvitórias da direita em recentes eleições no Ocidente como uma novidade; no entanto, a natureza de sua mensagem é bastante antiga. Desde os tempos de Burke, o saudosismo do passado e o pessimismo em relação ao futuro são elementos centrais do pensamento conservador. Nesse sentido, a nova onda conservadora bebe dessa tradicional vertente intelectual. Tais elementos se manifestam na desconfiança com respeito ao internacionalismo, ao livre-comércio e à crescente migração global. Juntamente com essa ojeriza à globalização, existe uma forte fetichização de um passado pretensamente estável e etnicamente homogêneo.
Se esse discurso conservador mais forte nos Estados Unidos surpreende os analistas contemporâneos, não deveria surpreender um observador com olhar histórico. Muitos momentos da política americana são marcados por uma retórica que encontra o seu ponto central no tema da perda de poderio econômico, da fragmentação social e do medo dos imigrantes. Os italianos e irlandeses eram os latinos do século XIX, a competição comercial japonesa era o grande fantasma do final do século XX e o lema de campanha "Make America Great Again" foi concebido pela campanha de Ronald Reagan em 1980.
Um olhar mais atento às questões políticas e sociais dos Estados Unidos permite perceber que na retórica de Trump existem inúmeras linhas de continuidade com o conservadorismo histórico norte-americano, ligando-se assim ao continuum histórico do pensamento conservador. O mérito político de Trump foi, justamente, o de repaginar esses elementos históricos do conservadorismo com um discurso atual, que, por sua vez, encontrou nas redes sociais o meio perfeito para a divulgação e amplificação dessa mensagem.
Outro ponto importante para a análise aqui realizada é perceber como a Era Trump acaba, de muitas formas, reaproximando o conservadorismo norte-americano do conservadorismo europeu. Se o conservadorismo clássico expressava uma desconfiança sobre o futuro, os americanos inverteram essa fórmula. Se levarmos em consideração a mensagem política de Ronald Reagan, ela exprimia um imenso otimismo quanto ao futuro dos Estados Unidos, bem como uma certa nostalgia de uma América rural e paroquial. Trump, por sua vez, fala em carnificina americana
e prevê um futuro caótico dominado por chineses, muçulmanos e latinos. O retorno de questões étnicas ao centro do debate da política americana é um fator que reaproxima o conservadorismo americano do europeu.
Tendo em vista todos esses fatores, para oferecer uma análise mais ampla da Era Trump, é necessário voltar no tempo. Por isso, esta obra se divide em dois momentos bastante distintos. Na primeira parte, será feita uma análise histórica do pensamento conservador nos Estados Unidos desde o período pós-era Reagan, tentando compreender como os presidentes do período pós-Guerra Fria acabaram criando o cenário de transformação política que possibilitou a ascensão de Trump ao poder. E, por fim, é apresentada uma análise específica do governo Trump, com ênfase nas questões domésticas e na política externa. Toda a narrativa tem como foco comparar o conservadorismo de Trump com as versões anteriores, bem como analisar a forma na qual ideologia e ação governamental se combinaram na administração Trump.
Por último, é importante enfatizar que, nesta obra, a expressão liberal
é utilizada no sentido americano, isto é, para designar um partidário de esquerda. Também se considera válido deixar claro que na análise desenvolvida se evita o uso de adjetivações exageradas e a adoção de um tom partidário, focando-se essencialmente na questão do conservadorismo republicano. O momento atual é de uma grande encruzilhada na vida dos Estados Unidos, com diferentes visões de mundo buscando uma acomodação possível dentro do atual sistema político, que necessita profundas reformas. O país ainda é um local generoso de crescimento econômico, liberdade e diversidade. Contudo, é necessário buscar um arranjo político que dê conta dessas mudanças de forma racional e equilibrada. Se o conservadorismo de Trump será capaz de fazer isso, garantindo o papel de liderança americana no século XXI, apenas o tempo dirá.
1. A SEGUNDA ONDA
(1989 -2005)
1.1 A VIDA SEM REAGAN
No momento em que o helicóptero presidencial decolou do jardim da Casa Branca levando Ronald e Nancy Reagan para a Califórnia, uma era se encerrava. O movimento conservador estava consolidado, e, com isso, os republicanos tinham o poder necessário para programar a sua agenda política. Contudo, em 1989, os Estados Unidos eram um país diferente daquele que Reagan assumiu em 1981. O Bloco Comunista se esfacelava, a globalização econômica se acelerava, e a presença da tecnologia da informação ganhava força no cotidiano. Diante desse admirável mundo novo, cabia a George H. W. Bush liderar a nação,