O peso do Estado na pátria do mercado
()
Sobre este e-book
Leia mais títulos de Reginaldo C. Moraes
Ensino superior e formação para o trabalho: Reflexões sobre a experiência norte-americana Nota: 0 de 5 estrelas0 notasModelos internacionais de educação superior Nota: 0 de 5 estrelas0 notas
Relacionado a O peso do Estado na pátria do mercado
Ebooks relacionados
A "Caravana Integralista" em Tucano: poder local e integralismo no sertão baiano (1930-1949) Nota: 0 de 5 estrelas0 notasCrise e golpe Nota: 0 de 5 estrelas0 notasOs homens do cofre: O que pensavam os ministros da Fazenda do Brasil Republicano (1889-1985) Nota: 0 de 5 estrelas0 notasBrasil à parte: 1964-2019 Nota: 0 de 5 estrelas0 notasO liberalismo político Nota: 0 de 5 estrelas0 notasUma arqueologia do ensino de Filosofia no Brasil: Formação discursiva na produção acadêmica de 1930 a 1968 Nota: 0 de 5 estrelas0 notasImaginação, Desejo e Erotismo: Ensaios sobre sexualidade Nota: 0 de 5 estrelas0 notasO Fascismo Entre Nós Nota: 0 de 5 estrelas0 notasSobre a guerra e a paz na filosofia política de Hegel Nota: 0 de 5 estrelas0 notasO Estado Dual: uma contribuição à teoria da ditadura Nota: 0 de 5 estrelas0 notasEsquerda e Direita Hoje: Uma Análise das Votações na Câmara dos Deputados Nota: 0 de 5 estrelas0 notasO que há de novo na "nova direita"?: identitarismo europeu, trumpismo e bolsonarismo Nota: 0 de 5 estrelas0 notasOlga Benario Prestes: Uma comunista nos arquivos da Gestapo Nota: 0 de 5 estrelas0 notasÉtica e a Miséria da Política Nota: 0 de 5 estrelas0 notasVoltaire político: Espelhos para príncipes de um novo tempo Nota: 0 de 5 estrelas0 notasRedefinindo centro e periferia Nota: 0 de 5 estrelas0 notasPor Que Ser Antropólogo? Nota: 0 de 5 estrelas0 notasConversas políticas: Desafios públicos Nota: 0 de 5 estrelas0 notasNietzsche e a Gargalhada Dionisíaca: filosofia do Riso e do Cômico Nota: 0 de 5 estrelas0 notasDarwin e a Seleção Natural Nota: 0 de 5 estrelas0 notasFilosofia da Linguagem e Estudos Literários: um Ensaio Interdisciplinar Nota: 0 de 5 estrelas0 notasA retomada da (subversiva) solidariedade como alternativa ao neoliberalismo: soluções na sociedade do risco Nota: 0 de 5 estrelas0 notasTransgeneridade e Previdência Social: seguridade social e vulnerabilidades Nota: 0 de 5 estrelas0 notasMeta 19 do PNE: o cenário brasileiro da gestão democrática escolar nos planos estaduais e distrital de educação Nota: 0 de 5 estrelas0 notasPastichos e miscelanea Nota: 0 de 5 estrelas0 notasLinguagem E Ideologia Nota: 0 de 5 estrelas0 notasQuando é Preciso Decidir: Benjamin Constant e o Problema do Arbítrio Nota: 0 de 5 estrelas0 notasPara uma Teoria da Constituição como Teoria da Sociedade Nota: 0 de 5 estrelas0 notasUniversidade, Cidade, Cidadania Nota: 0 de 5 estrelas0 notas
Ciências Sociais para você
Manual das Microexpressões: Há informações que o rosto não esconde Nota: 5 de 5 estrelas5/5O Manual do Bom Comunicador: Como obter excelência na arte de se comunicar Nota: 5 de 5 estrelas5/5Um Poder Chamado Persuasão: Estratégias, dicas e explicações Nota: 5 de 5 estrelas5/5Liderança e linguagem corporal: Técnicas para identificar e aperfeiçoar líderes Nota: 4 de 5 estrelas4/5Detectando Emoções: Descubra os poderes da linguagem corporal Nota: 4 de 5 estrelas4/5A Prateleira do Amor: Sobre Mulheres, Homens e Relações Nota: 5 de 5 estrelas5/5Fenômenos psicossomáticos: o manejo da transferência Nota: 5 de 5 estrelas5/5O livro de ouro da mitologia: Histórias de deuses e heróis Nota: 5 de 5 estrelas5/5Tudo sobre o amor: novas perspectivas Nota: 5 de 5 estrelas5/5As seis lições Nota: 0 de 5 estrelas0 notasSegredos Sexuais Revelados Nota: 0 de 5 estrelas0 notasPsicologia Positiva Nota: 5 de 5 estrelas5/5Quero Ser Empreendedor, E Agora? Nota: 5 de 5 estrelas5/5Mulheres que escolhem demais Nota: 5 de 5 estrelas5/5Apometria: Caminhos para Eficácia Simbólica, Espiritualidade e Saúde Nota: 5 de 5 estrelas5/5A máfia dos mendigos: Como a caridade aumenta a miséria Nota: 2 de 5 estrelas2/5Pele negra, máscaras brancas Nota: 5 de 5 estrelas5/5A Bíblia Fora do Armário Nota: 3 de 5 estrelas3/5Um Olhar Junguiano Para o Tarô de Marselha Nota: 0 de 5 estrelas0 notasVerdades que não querem que você saiba Nota: 0 de 5 estrelas0 notasA perfumaria ancestral: Aromas naturais no universo feminino Nota: 5 de 5 estrelas5/5A Criação do Patriarcado: História da Opressão das Mulheres pelos Homens Nota: 5 de 5 estrelas5/5Seja homem: a masculinidade desmascarada Nota: 5 de 5 estrelas5/5O corpo encantado das ruas Nota: 5 de 5 estrelas5/5O Ocultismo Prático e as Origens do Ritual na Igreja e na Maçonaria Nota: 5 de 5 estrelas5/5O marxismo desmascarado: Da desilusão à destruição Nota: 3 de 5 estrelas3/5
Avaliações de O peso do Estado na pátria do mercado
0 avaliação0 avaliação
Pré-visualização do livro
O peso do Estado na pátria do mercado - Reginaldo C. Moraes
Nota do Editor
Com o objetivo de viabilizar a referência acadêmica aos livros no formato ePub, a Editora Unesp Digital registrará no texto a paginação da edição impressa, que será demarcada, no arquivo digital, pelo número correspondente identificado entre colchetes e em negrito [00].
O peso do
Estado na pátria
do mercado
FUNDAÇÃO EDITORA DA UNESP
Presidente do Conselho Curador
Mário Sérgio Vasconcelos
Diretor-Presidente
Jézio Hernani Bomfim Gutierre
Superintendente Administrativo e Financeiro
William de Souza Agostinho
Conselho Editorial Acadêmico
Danilo Rothberg
João Luís Cardoso Tápias Ceccantini
Luiz Fernando Ayerbe
Marcelo Takeshi Yamashita
Maria Cristina Pereira Lima
Milton Terumitsu Sogabe
Newton La Scala Júnior
Pedro Angelo Pagni
Renata Junqueira de Souza
Rosa Maria Feiteiro Cavalari
Editores-Adjuntos
Anderson Nobara
Leandro Rodrigues
PROGRAMA SAN TIAGO DANTAS DE PÓS-GRADUAÇÃO EM RELAÇÕES INTERNACIONAIS
Universidade Estadual Paulista – UNESP
Universidade Estadual de Campinas – UNICAMP
Pontifícia Universidade Católica de São Paulo – PUC-SP
REGINALDO C. MORAES
E MAITÁ DE PAULA E SILVA
O peso do
Estado na pátria
do mercado
Os Estados Unidos como país em desenvolvimento
© 2013 Editora Unesp
Fundação Editora da Unesp (FEU)
Praça da Sé, 108
01001-900 – São Paulo – SP
Tel.: (0xx11) 3242-7171
Fax: (0xx11) 3242-7172
www.editoraunesp.com.br
www.livrariaunesp.com.br
feu@editora.unesp.br
CIP-Brasil. Catalogação na Publicação
Sindicato Nacional dos Editores de Livros, RJ
Editora afiliada:
[V] Sumário
Apresentação [1]
1 A construção dos caminhos: políticas de infraestrutura dos governos federal, estadual e local [7]
Estado, estados [9]
Estado, sentido I: o governo federal [10]
Estado, sentido II: governos estaduais e locais [19]
Resumo e notas finais [24]
2 O voo da Águia: notas sobre as mudanças estruturais dos Estados Unidos [27]
As formas de concentração e centralização do capital [32]
Uma economia de base industrial e uma demografia cada vez mais urbana [36]
3 Políticas de conhecimento: a propagação das escolas superiores [45]
Ensino, pesquisa e extensão [52]
4 Políticas de conhecimento: ciência e tecnologia como fatores de liderança econômica [57]
Pós-Segunda Guerra Mundial: um novo período [67]
Referências bibliográficas [79]
Outros títulos da Coleção Estudos Internacionais [85]
[1] Apresentação
Na primeira metade do século XIX, dois ilustres europeus visitaram a jovem república norte-americana e dela desenharam retratos bem diferentes.
O magistral Da democracia na América, de Alexis de Tocqueville, levava aos europeus aquilo que o aristocrata normando via como as grandes lições do Novo Mundo – o avanço da igualdade, suas glórias e seus riscos. A ciência política ocidental (e a norte-americana, em especial) sublinhou duas ideias fortes desse estudo. Uma delas, a inclinação dos norte-americanos para criar e multiplicar associações civis. A outra, a fraca presença do Estado na regulação da vida social.
De outro lado, o alemão Georg Friedrich List destacava, no experimento além-mar, algo que sugeria lições bem diferentes. Entusiasmava-se com a intervenção estatal na construção da infraestrutura para o desenvolvimento do país, com ênfase nas ferrovias e na política industrialista de Alexander Hamilton. A mensagem de List não se tornou mainstream na ciência política norte-americana, mas fez germinar correntes heterodoxas nada desprezíveis no Novo Mundo, no Velho Mundo e... naquilo que viria a ser o Terceiro
Mundo.
Os artigos deste livro estão longe de desprezar a formidável intuição de Tocqueville. Mas tendemos a concordar com as ressalvas de Theda Skocpol relativas aos dois equívocos
do grande normando (Skocpol, 1997). Um deles, Tocqueville mesmo reconheceu, em seus Souvenirs: essa inclinação para o associativismo [2] estava longe de ser uma exclusividade norte-americana. O segundo, talvez mais indigesto para o pensamento liberal-conservador, é que o Estado está longe de ser um personagem ausente, expectador ou coadjuvante menos importante no processo de desenvolvimento dos Estados Unidos. Com o agravante (ou atenuante?) de que o tipo de federalismo implantado naquele país nos obriga a refletir sobre o que queremos dizer quando nos referimos a o Estado
. Constituições e normas federais podem ser (quando são) enxutas e relativamente insossas, se nos níveis estadual e local a vida é regulada nos detalhes mais recônditos.¹
Recentemente, outro observador, francês como Tocqueville, apontava esse traço do federalismo norte-americano, que por vezes faz parecer menor a presença do ativismo estatal: em 1969, por exemplo, o Congresso Federal não promulgou mais do que 695 leis. Mas o Estado da Flórida, nesse mesmo ano, adotou 1.680; o de Nova York, 1.523; o de Connecticut, 1.525
(Toinet, 1990, p.218).
A história do século XIX norte-americano, sobretudo na primeira metade, mostra um vigor esplêndido das unidades subnacionais na promoção do desenvolvimento e na regulação da vida social. Esse quadro perdurou por um bom tempo, durante a formação do país. A federalização da política e da economia seria um processo de paulatinas aquisições, demarcadas sobretudo por conflitos bélicos distribuídos no tempo: a Guerra Civil, as duas guerras mundiais.
Contudo, como dissemos, até mesmo analistas sofisticados insistem em minimizar essa intervenção do comando estatal no desenho do modelo socioeconômico, em particular quando o discurso se dirige a países em desenvolvimento, como uma lição da história
.²
[3] É conhecida a sentença de List segundo a qual os porta-vozes dos países industrializados de sua época – mormente a Inglaterra – operavam uma prestidigitação intelectual: utilizavam políticas de desenvolvimento e em seguida as escondiam. Subiam por uma escada e, alcançado o andar superior, lançavam-na longe, para que não mais fosse utilizada. Os estudos deste livro são apenas uma tentativa de revisitar certa literatura, na história econômica norte-americana, investigando não aquilo que nos recomendam os porta-vozes de sua intelectualidade mainstream, quando bondosamente orientam
nossas políticas. Mais do que ouvir aquilo que dizem, convém estarmos atentos para o que fizeram e fazem, e o que diziam (ou resmungavam) quando faziam o que era preciso fazer. Talvez isso nos seja mais útil.
Uma das reinterpretações convenientes
da tradição que pretende inspirar-se em Tocqueville é aquela que afirma a ausência ou irrelevância do Estado no processo de desenvolvimento norte-americano. Há mesmo um certo ar de senso comum nessa crença, embora esteja presente em figuras de proa da intelectualidade, escritores de formação sofisticada e percepção aguda. Arthur Bentley, em um livro considerado o monumento fundador da ciência política norte-americana, utiliza a palavra Estado apenas duas vezes, uma das quais para dizer que é, basicamente, vazia ou desnecessária (Bentley, 1967, p.263).
Também Robert Dahl, figura eminente dessa