No Universo De Edgard
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No Universo De Edgard - Ivan De Oliveira Melo
PREFÁCIO
Nono livro do escritor e poeta recifense Ivan de Oliveira Melo, o mesmo apresenta ao leitor mais que uma viagem, uma verdadeira excursão No Universo de Edgar
, onde as palavras perfeitamente lapidadas no contexto
exercem a função de guia para tal exploração.
Iniciando com pertinentes informações sobre o protagonista, desenha um cenário que se equipara as telas de Monet
, por seu detalhismo e apuro descritivo. Nosso autor consegue estimular as percepções do leitor e cativá-lo por meio de magnetismo natural e deveras funcional. conseguindo es- boçar diálogos afiados, vai trazendo gradativa personal construção ao peculiar e ao mesmo tempo atraente Edgar. Personagem este, caracterizado pela verossimilhança cotidiana, pois detém problemas e conflitos típicos da vidacontemporânea, fugindo das fábulas, permitindo então a assimilação e identificação eficaz na leitura dos capítulos.
Desenvolvendo distintos papéis na trama, Edgar assume as posições de pa- ciente e divã, em introspectivas e filosóficas investidas, que acrescentam e tornam o script
ainda mais atrativo.
Ostentando eruditas referências, interação dinâmica entre Edgar e o mundo de possibilidades que são apresentadas, a história segue mostrando o caráter, que apresenta carisma e desenvoltura frente aos obstáculos que a existência lhe impõe.
Os diversos momentos vividos por ele e os indivíduos de notada relevância no texto, acabam por elucidar uma narrativa que utiliza inúmeras rotas, no que se refere à oratória e à estética dos fatos.
O carrasco, chronos
, desempenha suas funções, décadas revelam um final muito interessante, desfecho que vale a pena conferir, basta adquirir o ingresso para estar No Universo de Edgar
.
Boa leitura a todos e todas.
Jonnata Henrique,
Poeta, escritor e cordelista.
APRESENTAÇÃO
Trago à tona um romance que há tempos perambula em minha imaginação. A Filosofia é a Ciência do espírito humano. Vale à pena perlustrar as páginas desta história, pois, nela há in- gredientes que confeccionam sabedoria e interesses íntimos do ser humano.
É bela a confusão que se instala no âmago de Edgar. A amizade é o instrumento indispensável à boa dissolução dos arremedos que se inserem em nossa mente. O verdadeiro amigo de nós jamais se afasta e ilustra, com sua fidelidade, nossa aparência de felicidade.
Sempre o homem necessitará de ouvir, perscrutar sua personalidade e atender aos reclamos da lógica. Deve, o mesmo, encontrar-se assaz preparado para seguir pelas estradas da vida. A confiança que estabelecemos junto aos nossos verdadeiros amigos deve ser ampla e irrestrita. Assim, podemos nos dar ao luxo de experimentar os bens e os dissabores da existência e, consequentemente, desvendar os mistérios que envolvem nosso próprio ser, tão repleto das dúvidas que nos põem distante da realidade.
A obra foi escrita com o objetivo de sondar, pesquisar e analisar cada instante dos nossos interesses, contribuindo, desta forma, para que o leitor se descubra, identifique-se consigo mesmo e tenha, em si, os atributos indispensáveis de socorro ao próximo. Assim é o amor, a centelha do incontestável realismo que nos rodeia. Sem amor, infelizmente, o ser humano será eternamente infeliz.
Boa leitura! O AUTOR
Sumário
PREFÁCIO
APRESENTAÇÃO
PARTE I
I
IDENTIFICANDO
II
UM ÍNTIMO QUE DESAFIA
III
PROMESSA É DÍVIDA
IV
FILOSOFANDO
V
ENTRE AMIGOS
VI
VISITA INESPERADA
VII
DEVANEIOS SENSUAIS
VIII
A VIAGEM
IX
EXERCENDO AS CONVICÇÕES
X
O GRUPO
XI
PERIGO!
PARTE II
XII
O CONGRESSO
XIII
A BATINA
XIV
DESCOBERTAS
XV
INTIMIDADES
XVI
PAI HERÓI
XVII
CAIU A BATINA!
VIII
NA ÍNDIA
XIX
A CONFISSÃO
PARTE III
XX
EXPERIÊNCIAS
XXI
ENCONTROS
XXII
MATRIMÔNIO
DADOS BIOGRÁFICOS DO AUTOR
I
IDENTIFICANDO
As flores enfeitavam os jardins de primavera. Um sol meio pálido se debruçava dentre as nuvens que desenhavam formas as mais diversas diante de um céu cor de anil. Um belo dia de sábado. Um sábio convite da natureza para os folguedos infantis de fim de semana, menos talvez para Edgar. Oito horas. Os pássaros já cantavam diante de sua janela e uma bela serenata matutina alcançava seus tímpanos, agora um pouco azougados. Estava, ainda, debaixo dos lençóis alvíssimos que cobriam seu corpo. O quarto era imenso e, em seu espaço amplo, percebiam-se armários por todos os lados. Uma grande mesa recebia um computador de última geração, uma potente impressora, livros e papéis os mais variados e uma série de outros objetos espalhados de ponta a ponta. Dava-se a entender que Edgar era um pouco relapso, posto que seus pertences se entulhavam aqui e ali, somente ele mesmo para conhecer cada pedacinho dos seus aposentos. Dentro dos armários havia uma enorme quantidade de roupas, calçados e separados de acordo com as necessidades de cada momento. Era, então, o citado personagem, filho de muitas posses. Seus pais labutavam a fim de que nada faltasse a qualquer de suas crias. Edgar era o caçula. Estava a completar neste dia 12 anos. Seus irmãos, Ruth ( 17 ) e Marcelo ( 21 ) haviam suas próprias alcovas. Todos solteiríssimos e singularmente disputados por uma sociedade que arrotava hipocrisia, mas todos eficazmente treinados pelos genitores, não davam trelas às insinuações de que eram assediados.
Edgar amanhecera visivelmente irritado. Havia prometido a si mesmo e fazia tempo, que quando houvesse de chegar aos 12 outonos, sua vida haveria de mudar. Mas mudar em que sentido? O que existiria em sua existência passível de alguma transformação? Provavelmente nem ele soubesse ao certo. Apenas retinha na consciência que daí por diante todos notariam as suas novas maneiras.
Afastou os alvíssimos lençóis. Deixou ficar a descoberto. Sabia que a porta estava fechada por dentro, a chave e a ferrolhos. Era de uma timidez impressionante. Guardava a sete chaves os segredos de um belo corpo em puberdade. Levantou-se, abandonou ao chão a cueca e se dirigiu à casa de banho. Meteu-se debaixo do chuveiro. Água quentinha para o primeiro
banho do dia. Enxaguava-se quando se lembrou de que era seu aniversário, mais uma vez. Um novo ser programara-se para Ser. Em tudo matutava. Media mentalmente cada gesto, cada alavra que diria. Tudo era secreto, não contara a quem quer que fosse seus planos. Pretendia, por aí, conhecer melhor o mundo que o rodeava, compreender mais de perto as pessoas com quem convivia. Entender uma porção de coisas que, às vezes, como já percebera,até os mais velhos haviam dificuldades. E, se os mais velhos tinham dificuldades, o que estava ele a projetar para consagrar-se distinto dos outros? Bom, muitas coisas haveria de desvendar, a começar por si visto que já no íntimo de outrem, Edgar era visto de uma maneira diferente em comparação com garotos em sua mesma faixa etária.
Saiu da casa de banho. Abriu um dos armários e buscou uma nova cueca, azul escura. Colocou uma bonita bermuda e uma camiseta abertinha nas laterais. Sentou numa pequena poltrona, vestiu as meias e enfiou os tênis nos pés. Em frente do espelho, piscou para si mesmo e penteou os lisos cabelos castanhos escuros que combinavam na medida certa com os olhos de tonalidades idênticas. Sem dúvida, um garoto belíssimo e, até, um pouco alto para sua idade: 1,70cm. A pele, bastante alva, era um contraste perante os cabelos e os olhos.
Eis o nosso personagem. Muito haveremos de conhecer sobre ele. Adiante!
II
UM ÍNTIMO QUE DESAFIA
Desceu as escadarias e se dirigiu à sala de refeições. Terrível silêncio dentre as paredes daquele recinto. Ninguém à vista. Nem mesmo os serviçais apareceram para servi-lo. Onde estavam todos? Abriu a geladeira e buscou do que necessitava para o desjejum. Quando aboletou-se à mesa, aí sim, tudo mudou. Entraram todos de uma só vez. Enorme bolo era trazido por seu pai e a melodia invadiu todos os recantos da casa... (Parabéns pra você... ) Soprou e apagou a vela. Posteriormente vieram os abraços.
- Esta é uma bela de uma surpresa – Edgar confessou – Muito obrigado! Mas, onde estão os presentes? Se não me engano, meu pai, eu disse a você que gostaria de ganhar uma Ferrari. Comprou-a?
- E desde quando seu pai deixou de satisfazer um pedido seu? Quando? – Tirando do bolso da calça um pequeno pacote, entregou-o a Edgar.
- Era uma Ferrari de verdade que eu desejava... Disse Edgar.
- Esta é uma Ferrari de verdade – comentou Dr. Augusto - Só que você hoje que tem 12 anos, daqui a alguns outonos a mais terá uma em que possa dirigir. E como não podia decepcioná-lo, trago-o uma réplica em miniatura, toda em ouro maciço. Abra a caixa e contemple você mesmo.
Edgar seguiu o conselho paterno. Lentamente abriu o pequeno embrulho e retirou de uma caixa o estupendo objeto perante os olhares cobiçosos de todos que ali estavam.
- Oh! – Todos ao mesmo tempo.
A miniatura da Ferrari, uma joia de valor inestimável e incalculável. Era linda! Passou de mão em mão e todos a beijaram, emocionados.
- Nem sei o que dizer... – Falou Edgar – realmente, ocê sempre me surpreendendo. Mais uma vez obrigado. Estou feliz!
- Este é um presente meu e de sua mãe, não se esqueça disso. – Lembrou Dr. Augusto.
Edgar buscou o olhar da mãe e a ela abraçou-se.
- Grato Dra. Adalgisa – comentou – Você e Dr. Augusto são os melhores pais do mundo.
Em seguida recebeu os cumprimentos dos irmãos. Rute o presenteou com um anel de ouro e Marcelo com um par de brincos, dourados.
- Em nossa última conversa – lembrou Marcelo – Você me confessou que gostaria de usar brincos. Bem, consultei nossos pais e eles não se posicionaram contra, então aqui está com o que tanto sonha.
- Agradecido Rute, agradecido Marcelo. Todos acertaram nos presentes dados. Como disse, estou muito feliz.
Todos à mesa. Comeram bolo, beberam refrigerantes. Estavam saciados quanto ao desjejum. Cada qual seguiu para seus afazeres e, mesmo sendo sábado, sempre havia do que fazer.
- Estou indo à residência de Arthur – Edgar comunicou – Venho almoçar em casa.
Arthur morava a duas quadras do prédio em que habitava. Casa enorme, imensos e floridos jardins, tudo muito bem cuidado. Porém, quem era Arthur? Colega de escola? Não! Algum dos seus professores? Não! Amigo de bairro? Não! Algum primo ou tio? Não! Quem era então? Arthur era o jovem pároco do bairro em que moravam e padrinho de Edgar. Ordenara-se muito cedo, mesmo antes de completar 23 anos. Bastante inteligente. Muito, mas muito bonito. As moças iam às missas em sua igreja apenas para flertá-lo. Perda de tempo. Eis uma vocação autêntica. Desde pequeno que decidira ser sacerdote católico e tudo se concretizara.
Edgar caminhou em direção à habitação do religioso. Nutria por ele uma forte afeição. Além de padrinho, era seu amigo e confessor. Ambos se entendiam às maravilhas.
- Bom dia, afilhado querido! – Cumprimentou Arthur – Por aqui tão cedo?
- Atrapalho você em alguma de suas obrigações?
- Claro que não! Sempre fico feliz quando vem visitar-me.
- E hoje especialmente...
- Por quê? É algum feriado?
- Não me diga que se esqueceu de que data o calendário marca hoje... – Disse Edgar, meio decepcionado.