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Felicidade, espiritualidade e prosperidade nas organizações: Das ideias às práticas fundamentais
Felicidade, espiritualidade e prosperidade nas organizações: Das ideias às práticas fundamentais
Felicidade, espiritualidade e prosperidade nas organizações: Das ideias às práticas fundamentais
E-book442 páginas8 horas

Felicidade, espiritualidade e prosperidade nas organizações: Das ideias às práticas fundamentais

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Sobre este e-book

Ao entendermos a relevância em associar felicidade com espiritualidade e prosperidade, nos dias 10 e 11 de outubro de 2019, promovemos, por meio do LAPPOT/UFSC, o I Congresso Sul Brasileiro de Psicologia Positiva nas Organizações e no Trabalho, com o tema central "Felicidade, Espiritualidade e Prosperidade". A conferência de abertura do referido Congresso, proferida pelo professor Narbal Silva, teve como tema "Felicidade, Espiritualidade e Prosperidade no Trabalho e em outros Espaços da Vida Humana Associada", o qual inspirou decisivamente o título e os conteúdos desta Obra. Nesta conferência enaltecemos as interfaces, em espiral (uma afeta a outra e também é afetada), entre os três conceitos.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento13 de set. de 2022
ISBN9786553740075
Felicidade, espiritualidade e prosperidade nas organizações: Das ideias às práticas fundamentais

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    Pré-visualização do livro

    Felicidade, espiritualidade e prosperidade nas organizações - Narbal Silva

    Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

    Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil

    Felicidade, espiritualidade e prosperidade nas organizações : das ideias às práticas fundamentais / Narbal Silva...[et al.]. -- 1. ed. -- São Paulo, SP : Vetor Editora, 2022. Outros autores: Andrea Darosci Silva Ribeiro, Cristiane Budde, Lílian Paula Damo. Epub

    Vários autores.

    Bibliografia.

    1. Ambiente de trabalho - Aspectos psicológicos 2. Espiritualidade - Aspectos psicológicos 3. Felicidade - Aspectos psicológicos 4. Prosperidade 5. Psicologia organizacional I. Silva, Narbal. II. Ribeiro, Andrea Darosci Silva. III. Budde, Cristiane. IV. Damo, Lílian Paula.

    22-121634 | CDD-158.7

    Índices para catálogo sistemático:

    1. Psicologia organizacional 158.7

    Eliete Marques da Silva - Bibliotecária - CRB-8/9380

    ISBN: 978-65-5374-007-5

    CONSELHO EDITORIAL

    CEO - Diretor Executivo

    Ricardo Mattos

    Gerente de produtos e pesquisa

    Cristiano Esteves

    Coordenador de Livros

    Wagner Freitas

    Diagramação

    Rodrigo Ferreira de Oliveira

    Capa

    Rodrigo Ferreira de Oliveira

    Revisão

    Daniela Medeiros e Paulo Teixeira

    © 2022 – Vetor Editora Psico-Pedagógica Ltda.

    É proibida a reprodução total ou parcial desta publicação, por qualquer

    meio existente e para qualquer finalidade, sem autorização por escrito

    dos editores.

    Sumário

    PREFÁCIO

    APRESENTAÇÃO

    PARTE I - O DESAFIO DE ESTAR FELIZ EM TEMPOS DIFÍCEIS

    1. Esse é o nosso mundo: otimismo, pessimismo e pseudorrealismo

    2. A respeito de qual felicidade estamos escrevendo?

    3. Trabalho, diversão e vida pessoal

    PARTE II - AS DIMENSÕES FUNDAMENTAIS DA FELICIDADE E AS DIFERENTES PERSPECTIVAS GERACIONAIS

    4. Dimensão material de existência: em foco a objetividade

    5. Dimensão Psicossocial – Pilar Pessoal: fatores biológicos, forças de caráter, capital psicológico, autoconhecimento e autoestima

    6. Dimensão psicossocial – pilar relacional: a construção de conexões positivas no ambiente laboral

    7. Dimensão transcendental: a espiritualidade no cerne

    8. Construindo a felicidade no trabalho: por que entender as diferentes gerações importa?

    PARTE III - CONSTRUÇÃO DE INTERFACES ENTRE FELICIDADE, ESPIRITUALIDADE E PROSPERIDADE: O DESAFIO DOS GESTORES NO SÉCULO XXI

    9. Sucesso, prosperidade e espiritualidade no trabalho e na vida pessoal: similaridades e distinções

    10. Gestão e liderança da felicidade, da espiritualidade e da prosperidade no trabalho e em outros espaços das nossas vidas

    11. Organizações felizes, espiritualizadas e prósperas em prol de um mundo melhor

    Epílogo

    SOBRE OS AUTORES

    Para Nivaldo Silva in memoriam (coragem, bravura, perseverança, sabedoria, conhecimento, honestidade e bondade), Yolanda Limas Silva (sabedoria, justiça, perdão, espiritualidade e humanidade), Nivaldo Alfredo Silva in memoriam (amor ao aprendizado, entusiasmo, coragem, bravura, perdão, bondade, gratidão e espiritualidade), Nádia Silva in memoriam (humildade e espiritualidade), Luciani Maria Brasil Silva (amor ao aprendizado,bravura, perseverança, senso crítico, amor, humildade, gratidão, esperança, perdão, bondade, imparcialidade e espiritualidade), Nádia Brasil Silva (amor ao aprendizado, bondade, prudência, imparcialidade, autocontrole, gratidão, esperança, humildade e espiritualidade) e Natália Brasil Silva (amor ao aprendizado, criatividade, curiosidade, senso crítico, honestidade, bravura, entusiasmo, bondade, liderança, esperança, imparcialidade e espiritualidade).

    Gratidão a eles(as) por terem me inspirado com as suas virtudes e forças de caráter.

    Também para Mihaly Csikszentmihalyi in memoriam, por seu amor ao aprendizado e espiritualidade na vida acadêmica.

    Narbal Silva

    Dedico este livro aos meus pais, Jair Silva e Marli Darosci Silva. Vocês fizeram de mim uma pessoa íntegra e com valores essenciais para acreditar nas minhas potencialidades. O meu amor ao aprendizado concretizado nesta obra. Amo vocês e toda a nossa família!

    Andresa Darosci Silva Ribeiro

    Dedico esta obra a meu marido, Gabriel, que sempre esteve ao meu lado nos momentos bons e também me apoiando nos difíceis. À minha família, em especial aos meus pais, Fredy e Rose Budde, que, em suas escolhas, sempre consideraram as oportunidades para que eu e minha irmã pudéssemos estudar. E aos professores significativos ao longo de minha trajetória, que, com toda a sua dedicação, inspiraram-me a buscar, construir e compartilhar conhecimentos.

    Cristiane Budde

    Dedico esta obra, primeiramente, a Deus, a Ele toda honra e toda glória. Aos meus pais, Jair e Odete Damo, que não mediram esforços para que eu pudesse ter uma boa educação. Às minhas irmãs, Daiane e Marília Damo, e aos meus primos, Gabrielle e Mateus Rossato, por todo incentivo e apoio que dedicam a mim.

    Lílian Paula Damo

    PREFÁCIO

    Quando o Professor Narbal me convidou para escrever o prefácio deste livro, inicialmente me senti honrado e grato. Em seguida, quando li o título do livro, fiquei curioso e entusiasmado para saber como os autores relacionariam cinco temas que não são usualmente encontrados juntos.

    Vamos partir do comum para o incomum. É fácil relacionar prosperidade e trabalho, afinal, o trabalho provavelmente é o melhor meio para se alcançar a prosperidade, pensando aqui em termos de sucesso, realização e riqueza. Inúmeros livros de autodesenvolvimento tornaram-se best-sellers, ensinando a alcançar o sucesso por meio de trabalho duro e de determinação, como o clássico As leis do triunfo, de Napoleon Hill.

    Menos comum, mas já presente, é a concepção de felicidade no trabalho, uma inovação na literatura impulsionada pela Psicologia Positiva. Durante muito tempo (e até hoje), as organizações preocuparam-se com o lucro, a produtividade e o desempenho do trabalhador. Nos últimos anos, contudo, algumas empresas estão mais preocupadas com a felicidade no trabalho, seja por um interesse genuíno de que seus colaboradores sejam felizes, seja porque descobriram que Felicidade dá Lucro (para citar o famoso livro de Márcio Fernandes, CEO da Elektro).

    Relacionar felicidade com prosperidade é fácil, mas novamente a Psicologia Positiva traz uma inovação. Tradicionalmente, costuma-se pensar que, por meio de trabalho duro alcançaremos sucesso e riqueza, e, quando nos tornarmos ricos e bem-sucedidos, seremos felizes. Entretanto, Shawn Achor inverte essa relação em seu famoso livro The hapiness advantage (literalmente, A vantagem da felicidade), publicado no Brasil como O jeito Harvard de ser feliz. O título da tradução brasileira infelizmente perde a essência da tese do autor, que demonstra, por meio de pesquisas, que sucesso e prosperidade não trazem felicidade, mas é a felicidade que traz sucesso e prosperidade, indicando que felicidade não é consequência do sucesso, mas, sim, sua causa.

    A grande ousadia do livro que você tem em mãos, na minha opinião, é incluir a espiritualidade nesta equação. É bem raro e difícil encontrar literatura científica sobre espiritualidade no trabalho, porque, durante muito tempo, a Ciência não quis se misturar com Religião, e as organizações não quiseram misturar trabalho com espiritualidade. A literatura existente circunscrevia-se nos campos da mística ou da religião, como nos livros As 7 leis espirituais do sucesso, de Deepak Chopra, ou A arte da felicidade no trabalho, do Dalai Lama. Entretanto, mais uma vez a Psicologia Positiva impulsiona a pesquisa científica envolvendo temas não habituais e traz a espiritualidade como uma força de caráter, ligada à virtude da transcendência, bem como as intervenções com mindfulness e a busca de uma vida com significado e propósito. Pessoalmente, gosto muito do tema espiritualidade, pois é uma das minhas forças de assinatura, e eu, verdadeiramente, acredito que prosperidade e espiritualidade caminham juntas, pois, no meu entendimento, a prosperidade vem do equilíbrio entre dar e receber, amar e agradecer, conquistar e compartilhar com o mundo todas as bênçãos recebidas. Os autores confirmam essa relação e propõem um interessante modelo em que sucesso, prosperidade, espiritualidade e felicidade estabelecem relações positivas, recíprocas e em espiral.

    Parabenizo os autores desta magnífica obra por terem tido a coragem de ousar grandiosamente (para citar o best-seller A coragem de ser imperfeito, de Brené Brown, cujo título em inglês é Daring Greatly, que significa ousar grandiosamente). Com embasamento científico, os autores relacionam felicidade, espiritualidade, prosperidade e trabalho, e ainda discutem as diferenças com termos correlatos, como espiritualidade e religiosidade, ou prosperidade e riqueza. Não é uma tarefa fácil, eles fazem um trabalho de primeiríssima qualidade. Elaboram um modelo de construção da felicidade no trabalho, baseado em três dimensões: Material, Psicossocial (pessoal e relacional) e Transcendental (tendo como cerne a espiritualidade). Eu, particularmente, aprovei este modelo e o considerei bastante completo, pois inclui o indivíduo, a sociedade, a realização concreta e a transcendência. Tão ousado quanto falar da dimensão espiritual é incluir a dimensão material, e, dessa maneira, os autores não caem num idealismo filosófico, firmando a obra em terreno sólido, em que os leitores poderão, na prática, basear-se para construir sua felicidade no trabalho, ou, como líderes, contribuir para aumentar a felicidade de seus colaboradores. E o livro não se limita a conceitos teóricos, mas traz estratégias práticas recomendadas para construir as dimensões material, psicossocial e espiritual do bem-estar no trabalho,

    tais como flexibilidade, equilíbrio entre vida pessoal e profissional (material), identificar e promover forças de caráter (pessoal), ambientes colaborativos e cultura de confiança (relacional), propósito, valores e responsabilidade socioambiental (transcendental).

    Vale ressaltar que este livro é tão prático quanto atual, por contextualizar muito bem os novos desafios do mundo organizacional, mencionando o impacto da Covid-19, a transição para o home office e o avanço da tecnologia.

    Pessoalmente, agradeço ao Prof. Narbal Silva por sempre me convidar para participar dos grandes projetos do Laboratório de Psicologia Positiva nas Organizações e no Trabalho (LAPPOT) da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), tendo participado como coautor de dois livros. O primeiro foi Psicologia positiva nas organizações e no trabalho, com um capítulo sobre Flow no Trabalho, baseado na minha pesquisa de mestrado na Universidade de São Paulo (USP). O segundo foi Vidas que mudaram, um livro (gratuito) gerado para ajudar pessoas a preservar a saúde mental durante a pandemia.

    Nesta obra, colaborei em um capítulo sobre forças de caráter com a autora e hoje amiga Andresa Darosci, que participou da primeira formação em forças de caráter que ministrei no Brasil.

    Para finalizar, parabenizo todos os autores, Narbal Silva, Andresa Darosci, Cristiane Budde e Lílian Paula Damo, por este brilhante trabalho de pesquisa, pela ousadia em falar de temas complexos, pela criatividade para integrar temas diferentes em um modelo integrativo e pelo cuidado para escrever uma obra que fosse relevante, atual e prática.

    Boa leitura!

    Helder Kamei

    Fundador do Instituto FLOW Psicologia Positiva, Coaching e Liderança,

    presidente da Associação de Psicologia Positiva da América Latina (APPAL)

    e criador do Character Strengths Interventor (CSI),

    um curso de formação em Forças de Caráter.

    APRESENTAÇÃO

    Nas últimas três décadas, o interesse em estudos e pesquisas sobre a felicidade no trabalho e em outros espaços de vida vem ganhando destaque, o que levou a importância de se compreender as bases empíricas desse estado psicológico recorrente e perene, revestido de emoções positivas. Uma pergunta que se recusa a calar, desde os filósofos gregos, é a seguinte: afinal de contas, quais aspectos possuem as propriedades de tornar o ser humano feliz?

    Aliados a esta importante questão, temas como o engajamento no trabalho, o bem-estar, inclusive o espiritual, a satisfação no trabalho, o estado de flow e sua decorrência na prosperidade, a qualidade de vida, entre outros conceitos e construtos positivos, passaram a ganhar notoriedade nas agendas acadêmicas e organizacionais nos seis continentes do planeta Terra.

    Vale lembrar que as origens da Psicologia Positiva foram motivadas pela inquietação e pelo descontentamento com o foco exacerbado nas patologias em detrimento das virtudes, forças e do potencial humano, preconizados pela Psicologia Tradicional, em especial pelas perspectivas behavioristas e psicanalíticas, sobretudo após a Segunda Guerra Mundial. Orientados por compreensões complementares não contrárias, estudiosos acadêmicos como Martin Seligman e Mihaly Csikszentmihalyi (2000), entre outros, passaram a criticar, de modo veemente, o foco quase que exclusivo nas patologias, erros e disfunções, apresentando alternativas que partem de interesses mais positivos e saudáveis, de modo a melhor equilibrar os estudos em Psicologia.

    A partir daí surgiu a Psicologia Positiva, como área de conhecimento e campo de atuação, que visa resgatar e a enaltecer os aspectos positivos da condição existencial dos seres humanos, os quais se encontram pautados por experiências subjetivas positivas (que produzem emoções de valência positiva), as características individuais e as virtudes cívicas (aquelas que se endereçam para um maior comprometimento com as causas coletivas). É importante realçar que os princípios da Psicologia Positiva são norteados pelo modelo aristotélico da natureza humana (uma natureza que é socialmente construída no tempo e no espaço, que vai sendo progressivamente naturalizada), o que envolve crescer, melhorar e funcionar de maneira ideal (Seligman, 2002), que significa caminhar na direção do futuro em que todos nós desejamos estar. Para isso, é importante o exercício, o desenvolvimento e a prática das virtudes, das forças de caráter e das qualidades psicológicas positivas (Niemiec, 2019; Silva & Farsen, 2018).

    Nesta perspectiva, desde o final da década de 1990, as descobertas em Psicologia Positiva têm se orientado para capacitar os seres humanos a desenvolverem suas potencialidades e qualidades, vislumbrando seu crescimento intelectual e social, para alcançar o seu adequado funcionamento e promoção do bem-estar (Snyder & Lopez, 2009; Sheldon, Kashdan, & Steger, 2011).

    Algo relevante a compreender é que os conhecimentos pautados pelos princípios da Psicologia Positiva não têm como propósito contrapor saúde e doença, o positivo com o negativo. Ao contrário: tais polos complementam-se. Os problemas são inerentes à vida humana, mas precisam ser enfrentados com positividade (resiliência). Além disso, os momentos de sofrimento constituem fontes inesgotáveis de aprendizado, de autoconhecimento, como também de expressão das nossas potencialidades empáticas, compassivas e solidárias. Como bem preconizava o psiquiatra austríaco Viktor Frankl, é possível aprender, crescer e fortalecer-se com as situações que nos impõem experiências, a princípio de sofrimento, tanto físico quanto psíquico. O essencial, mesmo diante das mazelas que revestem as nossas vidas, é construir rotas com sentido, que nos permitam encontrar a razão de viver (Frankl, 2015).

    Nesta ótica, a aplicação dos preceitos da Psicologia Positiva contribui para a criação de estratégias e de intervenções visando à melhoria em diversos aspectos da nossa vida pessoal e profissional. Os conhecimentos construídos por meio da Psicologia Positiva podem ajudar o florescimento humano no ambiente laboral (o que reforça a ideia de que as organizações devem ser compreendidas como jardins), fornecer subsídios para nos tornar mais saudáveis e compassivos, além de orientar-nos para agir no mundo com um senso de propósito, de espiritualidade e de prosperidade na comunidade.

    Nossos estudos e pesquisas nos últimos anos (desde 2014), protagonizados no Laboratório de Psicologia Positiva nas Organizações e no Trabalho (LAPPOT/UFSC), contribuíram sobremaneira para que pudéssemos compreender as principais dimensões que norteiam a construção da felicidade no trabalho e em outros espaços da vida humana associada (a motivação para tal interesse teve origem nos estudos de pós-doutorado do professor Narbal Silva, em 2014, sob a supervisão do professor Cláudio Hutz, no Laboratório de Mensuração na Universidade Federal do Rio Grande do Sul [UFRGS]). São duas teses de doutorado defendidas sobre felicidade no trabalho: uma em organização de tecnologia (Cristiane Budde), e outra numa organização educacional (Andresa Darosci Silva Ribeiro). Além destas, a dissertação de mestrado que trata da felicidade no trabalho com base em diferentes perspectivas geracionais (Lílian Paula Damo). Por fim, temos a pesquisa nacional que trata da felicidade no trabalho, um projeto do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (PIBIC) (bolsista Vinícius Decarli e demais pesquisadores), cujo propósito é transformar os resultados do estudo num Inventário Brasileiro sobre Felicidade no Trabalho (IFT).

    Ao entendermos a relevância em associar felicidade com espiritualidade e prosperidade, nos dias 10 e 11 de outubro de 2019, promovemos, por meio do LAPPOT/UFSC, o I Congresso Sul Brasileiro de Psicologia Positiva nas Organizações e no Trabalho, com o tema central Felicidade, Espiritualidade e Prosperidade. A conferência de abertura do referido Congresso, proferida pelo professor Narbal Silva, teve como tema Felicidade, Espiritualidade e Prosperidade no Trabalho e em outros Espaços da Vida Humana Associada, o qual inspirou decisivamente o título e os conteúdos desta obra. Nesta conferência, enaltecemos as interfaces, em espiral (uma afeta a outra e também é afetada), entre os três conceitos.

    Enquanto a felicidade é um estado psicológico socialmente construído, revestido de pensamentos, emoções e de sentimentos preponderantemente positivos, oriundos de experiências ótimas na vida, de prazer, desfrute e que apontem consciência de propósito, a espiritualidade remete à consciência das nossas potencialidades, de que fazemos parte de algo, que sobrepõe as nossas individualidades e é muito maior, o que se torna decisivo para adquirirmos consciência e clareza a respeito do nosso papel no mundo e do que ainda temos por fazer em prol de um mundo melhor para as atuais e as futuras gerações. Ainda em relação à espiritualidade, o exercício e o desenvolvimento da empatia, da compaixão, da solidariedade e da gratidão têm um poder de alavancagem enorme, para que possamos compreender os verdadeiros sentidos dos papéis que desempenhamos no mundo. Já a prosperidade, alicerçada numa perspectiva coletiva, significa que estar na condição de se tornar próspero implica pensar no nós por meio das nossas crenças, atitudes e comportamentos, endereçados a práticas de responsabilidade social e ambiental autênticas.

    É disto que procuramos tratar nesta obra, de um modo desacademizado, que significa primar pela simplicidade e clareza das informações, para que estas possam ter sentido e o máximo possível de aplicação da realidade social vivida pelas pessoas. Tudo isso ancorado no esforço de não enfraquecer o rigor científico necessário para amparar as nossas convicções (Silva &

    Damo, 2020).

    Como bem professa o psicólogo húngaro Mihaly Csikszentmihalyi, no prefácio do livro Flow: a Psicologia do alto desempenho e da felicidade, ao dizer que procura apresentar ideias e concepções gerais, sempre que possível, respaldadas em exemplos concretos, de modo que o leitor possa refletir e aprimorar os seus estados psicológicos de felicidade, de espiritualidade e de prosperidade (Csikszentmihalyi, 2020). Assim, por meio desta obra, buscamos mostrar o que consideramos essencial para a construção de organizações e comunidades mais saudáveis e humanizadas, sempre orientadas por sentidos e propósitos pelos quais valem a pena se engajar com contribuições efetivas no trabalho ou na vida pessoal. Vale lembrar que os modos como percebemos e interpretamos a realidade influenciarão sobremaneira as nossas atitudes e os nossos comportamentos diante dela. Quando privilegiamos as oportunidades em detrimento das ameaças que nos são impostas, tornamo-nos mais otimistas e resilientes em relação às adversidades que a vida nos impõe. A ótima notícia é que tanto o otimismo (apreciar o lado ótimo da vida) quanto a resiliência (o enfrentamento de modo positivo das intempéries da vida) constituem qualidades psicológicas positivas, que podem ser aprendidas e desenvolvidas (Seligman, 2019).

    Na atualidade, os seres humanos foram surpreendidos nos seis continentes do planeta por uma pandemia que alterou profundamente hábitos arraigados referentes ao ir e vir, relacionar-se com outros seres humanos e demais espécies vivas, cuidar-se, praticar a empatia, solidariedade e compaixão. O trabalho migrou de modo intenso na modalidade virtual e para o home office. As medidas de lockdown para dirimir os efeitos perversos proporcionados pelo contágio do vírus acirraram inclinações claustrofóbicas. A crise econômica ficou escancarada com o aumento do desemprego e das empresas que encerraram as suas operações. Em todos os continentes, as escolas públicas e privadas suspenderam as aulas presenciais, transformando-as, na maior parte, em encontros virtuais, o que gerou polêmicas e controvérsias a respeito. Isto porque somos seres humanos relacionais e movidos por uma necessidade essencial de pertencimento.

    Em virtude disso, o momento crítico e de grande tensão pelo qual passamos tem repercutido de modo intenso na saúde mental das pessoas, a qual é fundamental para o enfrentamento positivo e salutar das adversidades como as que estamos vivendo. O autocuidado físico e psíquico contribui enormemente para o fortalecimento do nosso sistema imunológico, o que é decisivo para vencer a guerra contra a pandemia da Covid-19 (Silva, 2020).

    Contudo, a origem da construção desta obra deu-se antes da explosão da pandemia da Covid-19 (no caso o Sars-CoV-2, causador da pandemia da Covid-19), o que nos fez rever ideias e argumentos a serem postos em cada um dos capítulos que integram este livro. Isto porque compreendemos que a qualidade de vida, o bem-estar, a felicidade, a espiritualidade, o sentido e os propósitos do que significam sucesso e prosperidade foram redefinidos. Pessoas perderam a esperança e o otimismo no dia a dia, o que resultou no aumento progressivo dos índices de transtornos mentais, como a depressão e as motivações suicidas.

    Ao considerarmos tudo isso, o nosso propósito maior é o de contribuir para que cada leitor possa tomar consciência e praticar os principais aspectos que contribuem de modo notório para a construção de uma vida mais plena e feliz, mesmo, ou sobretudo, diante das dificuldades que enfrentamos. Portanto, buscamos compartilhar com os leitores caminhos possíveis à construção de um direito universal e inalienável de todos os seres sencientes que habitam o planeta Terra, para que possam encontrar rotas com sentido e acessibilidade, que os ajudem na construção da condição de se tornarem felizes, espiritualizados e prósperos no mundo em que vivem.

    Para isso, construímos este livro por meio de conteúdos teóricos, e, sempre que possível, mostrando experiências práticas relacionadas. Na parte I, denominada de O desafio de estar feliz em tempos difíceis, abordamos os seguintes temas, distribuídos em três capítulos: capítulo 1, denominado de Esse é o nosso mundo: otimismo, pessimismo e pseudorrealismo; capítulo 2, A respeito de qual felicidade estamos escrevendo?; e capítulo 3, Trabalho, diversão e vida pessoal. Na parte II, o título atribuído foi As dimensões fundamentais da felicidade e as diferentes perspectivas geracionais. O título geral foi dissertado por meio de cinco capítulos que se encontram relacionados. No capítulo 4, o foco foi na Dimensão material de existência: em foco a objetividade. Já no capítulo 5, mostramos a Dimensão psicossocial – pilar pessoal: fatores biológicos, forças de caráter, capital psicológico, autoconhecimento e da autoestima. Depois, o capítulo 6 trata da continuação da Dimensão psicossocial – pilar relacional: a construção de conexões positivas no ambiente laboral. No sétimo capítulo, abordamos a Dimensão transcendental: a espiritualidade entra no cerne. E, por último, mas incorporando os capítulos anteriores, temos o capítulo 8, cujo título foi Construindo a felicidade no trabalho: por que entender as diferentes gerações importa?. Por fim, na parte III, denominada de Construção de interfaces entre Felicidade, Espiritualidade e Prosperidade: o desafio dos gestores no século XXI, elaboramos três capítulos: capítulo 9, Sucesso, prosperidade e espiritualidade no trabalho e na vida pessoal: similaridades e distinções; capítulo 10, Gestão e liderança da felicidade, da espiritualidade e da prosperidade no trabalho e em outros espaços das nossas vidas; e capítulo 11, Organizações felizes, espiritualizadas e prósperas em prol de um mundo melhor. É importante mencionar que as três partes que estruturam a obra estão inter-relacionadas. Ou seja, cada um dos capítulos está vinculado aos demais e vice-versa.

    De modo franco, sincero e humilde, manifestamos aqui que temos muito a avançar e aprimorar os nossos métodos de estudo e de pesquisas. Mas é isso que substancialmente nos move na direção do futuro em que desejamos estar. As leituras preliminares que temos feito da obra já nos apontam aspectos que poderíamos acrescentar e rever, o que confirma a nossa condição de seres humanos que se encontram em busca de faltas que nunca se completam. Mas é exatamente isso que nos move na direção de nos tornarmos aquilo que desejamos ser por meio do nosso fazer. Em síntese, nós, seres humanos, somos o que fazemos, seja para o bem ou para o mal.

    Por fim, ao considerarmos o atual contexto como crítico, ameaçador e de grande tensão, compreendemos como relevante a criação e a execução recorrentes de novas estratégias e produções de enfrentamento positivo às adversidades proporcionadas pela pandemia da Covid-19. Precisamos refletir e tomar consciência a respeito das contribuições que temos dado para a preservação da espécie humana. Em virtude disso, recomendamos que outros acadêmicos e profissionais da Psicologia ou de áreas correlatas, de modos integrados ou não, além de laboratórios ou grupos de pesquisa, possam continuar contribuindo para a construção de novos conhecimentos que ajudem na proteção física e psíquica das pessoas, seja no trabalho, seja em outros espaços das suas vidas (Silva et al., 2020).

    Com carinho, estima e gratidão.

    Narbal Silva

    Andresa Darosci Silva Ribeiro

    Cristiane Budde

    Lílian Paula Damo

    Ilha de Santa Catarina, outono de 2022.

    Referências

    Csikszentmihalyi, M. (2020). Flow: a psicologia do alto desempenho e da felicidade. Rio de Janeiro, RJ: Objetiva.

    Frankl, V. E. (2015). O sofrimento de uma vida sem sentido: caminhos para encontrar a razão de viver. São Paulo, SP: É Realizações.

    Niemiec, R. M. (2019). Intervenções em forças de caráter: um guia de campo para praticantes. São Paulo, SP: Hogrefe.

    Seligman, M. E. P. (2002). Authentic happiness. New York, NY: The Free Press.

    Seligman, M. E. P. (2019). Aprenda a ser otimista: como mudar sua mente e sua vida. Rio de Janeiro, RJ: Objetiva.

    Seligman, M. E. P., & Csikszentmihalyi, M. (Eds.). (2000). Positive psychology. American Psychologist, 55(1), 5-14.

    Sheldon, K. M., Kashdan, T. B., & Steger, M. F. (Eds.) (2011). Designing positive psychology: Taking stock and moving forward. Oxford, UK: Oxford University Press.

    Silva, N. (2020). Comportamentos saudáveis: autocuidado e compaixão. In N. Silva & L. P. Damo, Vidas que mudaram: contribuições da Psicologia Positiva para situações de isolamento e de distanciamento social. Florianópolis, SC: Editora da UFSC.

    Silva, N., Cugnier, J. S., Budde, C., Farsen, T. C., & Colares, C. F. N. (2020). Psicologia positiva e Covid-19: relato de experiência do projeto de extensão Lappot na quarentena. Cidadania em Ação: Revista de Extensão e Cultura, 4(2).

    Silva, N., & Damo, L. P. (2020). Vidas que mudaram: contribuições da Psicologia Positiva para situações de isolamento e de distanciamento social. Florianópolis, SC: Editora da UFSC.

    Silva, N., & Farsen, T. C. (2018). Qualidades psicológicas positivas nas organizações: desenvolvimento, mensuração e gestão. São Paulo, SP: Vetor.

    Snyder, C. R., & Lopez, S. J. (2009). Psicologia positiva: uma abordagem científica e prática das qualidades humanas. Porto Alegre, RS: Artmed.

    PARTE I - O DESAFIO DE ESTAR FELIZ EM TEMPOS DIFÍCEIS

    A espécie humana, com a pandemia da Covid-19, precisou aprender a lidar com o risco da própria extinção. Isto requereu novos modos de gerir as nossas vidas, de adaptarmo-nos ao trabalho ou com a sua perda, em razão das consequências causadas pela propagação do coronavírus. Contudo, vale a pena destacar que as adversidades e as realizações sempre pautaram a vida dos seres sencientes no planeta Terra.

    Boa parte das pessoas que escolheram ler este livro não está pensando apenas no presente e no passado, mas, sim, em como poderá utilizar esses conhecimentos daqui em diante, principalmente ao imaginar possíveis cenários e escolher entre eles no pós-pandemia. Diante de circunstâncias difíceis ou inóspitas, é importante aprender para crescer, sobreviver e ajudar, exercitando a empatia, a compaixão e a solidariedade.

    Estudos mostram que pessoas otimistas diante de situações adversas, como a que estamos vivendo, tendem a se fortalecer, expressam criatividade e enfrentam positivamente as ameaças com as quais se deparam. Os otimistas, em geral, são construtivos e praticam o esperançar.

    Questões referentes à importância de tomar consciência sobre o sentido da vida e exercitar esta vontade são essenciais. Nesta ótica, os eventos pós-traumáticos tenderão a nos fortalecer. Contudo, para sobreviver diante das adversidades, precisamos potencializar as nossas virtudes, as forças de caráter e as qualidades psicológicas positivas. A esperança, a perseverança, o amor e a gratidão são forças que geram espirais ascendentes, que auxiliam na construção de trajetórias de crescimento, de modo a nos tornar versões melhores de nós mesmos, mesmo que os tempos sejam difíceis e os ventos soprem contrários.

    Quando assumimos o autocontrole das nossas vidas, tornamo-nos capazes de mudar o que poderá ser mudado, desfrutar do que é prazeroso e revestido de sentido, e mudar nossas atitudes e comportamentos diante do que não podemos alterar, pelo menos momentaneamente. Quando mudamos o que pensamos e sentimos a respeito de determinada situação, alteraremos, sobremaneira, as nossas atitudes e comportamentos diante dela. Não esqueçamos de que nós, os seres humanos, somos dotados da capacidade inerente do voluntarismo e do livre-arbítrio. Isto significa que sempre temos escolhas a fazer diante das situações inóspitas ou prazerosas que construímos ou que a vida nos impõe.

    Considerando isso, na Parte I deste Livro, discorreremos sobre o que são o otimismo, o pessimismo e o pseudorrealismo. Também apresentaremos as diferentes concepções de felicidade, e firmaremos a nossa compreensão aos concebermos o hedonismo e o eudaimonismo como bases integradas deste estado psicológico positivo. Em seguida, abordaremos a interface entre trabalho e diversão, procurando mostrar que um poderá nutrir o outro e vice-versa. Por fim, faremos menção a um importante assunto na atualidade: as diferentes perspectivas de felicidade compreendidas por gerações humanas distintas.

    Capítulo 1

    Esse é o nosso mundo: otimismo, pessimismo e pseudorrealismo

    Introdução

    Neste capítulo, refletiremos a respeito dos pensamentos, sentimentos e emoções, prevalecentes no mundo no qual vivemos. O otimismo equilibrado e centrado na realidade social, o pessimismo absoluto que nos leva compreender que nada vale a pena, e que não temos nada o que fazer.

    Ou, no outro extremo, uma concepção positiva da vida, que nega problemas e adversidades, os quais não podemos e não devemos negar. Ao contrário, precisamos reconhecê-los e enfrentá-los, por meio de atitudes e

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