Encontre milhões de e-books, audiobooks e muito mais com um período de teste gratuito

Apenas $11.99/mês após o término do seu período de teste gratuito. Cancele a qualquer momento.

Arendt E A Fenomenologia Da Liberdade
Arendt E A Fenomenologia Da Liberdade
Arendt E A Fenomenologia Da Liberdade
E-book149 páginas1 hora

Arendt E A Fenomenologia Da Liberdade

Nota: 0 de 5 estrelas

()

Ler a amostra

Sobre este e-book

Pensar o fenômeno da liberdade permite realizar não somente uma liberdade possível, como também, e principalmente, dá esperança num sempre ainda-não devir, um futuro, aplacando, assim, precária, intermitente e provisoriamente o nosso desespero diante da vida e das coisas. Somente somos livres, efetivamente, na ação política. Somos todos livres para começarmos, ao nascermos, e para recomeçarmos, no agir e pensar no mundo e sobre o mundo e sob o mundo. O fenômeno da liberdade se realiza e se confunde com o próprio espírito humano, nunca imune às intempéries do desespero. Desesperamos sempre. Mas também esperamos sempre que o sol nasça amanhã num novo dia de possibilidades. Esse esperar, mesmo no desespero, é fé e esperança. O futuro que preparamos diariamente não é somente uma promessa: é a promessa única de possibilidades futuras. Pensar, e não simplesmente teorizar, é a ação do espírito que se materializa na vida mesma, como ação política (compartilhada). Do mesmo modo que seu mestre, Heidegger, Hannah Arendt concebe o pensamento como um lembrar e relembrar: somente os seres históricos, que nós mesmos somos, são e somos capazes de lembrar e relembrar. Temos memória porque temos história. Temos história porque temos memória. O plasma e a matéria do espírito humano são seus feitos (ações históricas). Um pensamento contemplativo por si mesmo nada tem de “real” no sentido de uma efetividade. Somente é efetivo o pensamento que aparece em seu fenômeno: uma aparência compartilhada, porque compreendida na realização do ato de pensar-agir. A imaginação, como faculdade humana, plasma os fenômenos no sentido de dar uma “forma” (sentido) ao mundo pensado, lembrado, relembrado. A imaginação, assim, é o movimento da memória. Imaginar dá imagem à memória, trancafiada num passado petrificado pela tradição. A tradição quer permanecer. Nesse querer permanecer, a tradição relega ao esquecimento coisas e acontecimentos originários que somente o pensamento pode trazer novamente à vida do espírito e ao espírito da vida. Não temos acesso à causalidade ou às causalidades advindas de nossos atos. É necessário um contador da história, um narrador que, ao narrar, lance luz sobre vetores históricos imprescindíveis para a continuação e consumação de outros eventos históricos, inacessíveis ao ator no ato de sua ação e ocultados pelo esquecimento tradicional. Não podemos prever o futuro de nossos atos. Nunca pensamos duas vezes um mesmo pensamento. Mas podemos pensar mil vezes sobre uma mesma coisa. A mesma coisa, no entanto, revela aspectos não visados ou não pensados sobre ela mesma. É simples: quando pensamos podemos rememorar aspectos que permaneceram impensadas pela tradição. O pensamento, portanto, tem o poder de “mudar” o passado e o futuro: o pensamento faz história e muda a história. A história, de modo incontornável, também muda o pensamento. Porque quando é natal no mundo, quando nascemos, nascemos num mundo prévio, antigo e pronto a nos receber. O mundo está sempre pronto para nós. Nós, ao contrário, não nascemos preparados para o mundo: é o mundo que nos prepara e prepara, muitas vezes, a indigesta refeição da vida. Mas sempre há a possibilidade de, num mundo deserto e desolador, encontrarmos oásis. Um oásis é um dia de feriado do desespero que nos permite, a cada dia, esperar por um amanhã. O amanhã é a casa da esperança. A esperança é gestante e nutriz do amanhã. Compreendemos isto. Compreender, contudo, não é simplesmente aceitação ou rejeição de algo. Compreender o passado nos abre para uma possibilidade de futuro. O “perdão” ao totalitarismo não é uma aprovação ou rejeição a ele: é um seguir em frente, um seguir vivendo, não por ele nem apesar dele, mas “acima” dele: superação. Superamos a não mera, mas suposta, causalidade dos eventos históricos quando recomeçamos. Nascemos (começamos) uma única vez, mas podemos renascer (recomeçar) muitas vezes, em sendo livres, em agindo, em pensand
IdiomaPortuguês
Data de lançamento28 de jan. de 2017
Arendt E A Fenomenologia Da Liberdade

Relacionado a Arendt E A Fenomenologia Da Liberdade

Ebooks relacionados

Política para você

Visualizar mais

Artigos relacionados

Categorias relacionadas

Avaliações de Arendt E A Fenomenologia Da Liberdade

Nota: 0 de 5 estrelas
0 notas

0 avaliação0 avaliação

O que você achou?

Toque para dar uma nota

A avaliação deve ter pelo menos 10 palavras

    Pré-visualização do livro

    Arendt E A Fenomenologia Da Liberdade - Tâniara Aguiar

    Está gostando da amostra?
    Página 1 de 1