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A Solução De Tudo
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E-book917 páginas8 horas

A Solução De Tudo

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Sobre este e-book

Este livro é uma obra ambiciosa que busca revelar os segredos da felicidade em seus mais diversos níveis. Assim, ele aborda não apenas a felicidade individual e seus aspectos psicológicos, mas principalmente revela o quanto nossa felicidade depende do ambiente e da felicidade de nossa comunidade. Nesta obra você descobrirá que existem sociedades onde os indivíduos vivem em um nível de felicidade muito além do que a grande maioria da humanidade conhece ou imagina ser possível. Aqui, você encontrará as últimas e mais importantes descobertas publicadas por renomadas revistas científicas, como a americana “Science” e a britânica “Nature”, que podem redefinir nossa ideia de vida, universo e fé. Descobrirá novas evidencias que confirmam a Teoria de Gaia e revelam nossa conexão com o planeta que muito lembram o filme Avatar de James Cameron. Entenderá, além da política e economia, os “segredos da felicidade” de países prósperos como a Suíça e os segredos da grande longevidade nas comunidades mais saudáveis do planeta. Mais que apenas compreensão, esta obra traz solução. Ela adentra o universo do Projeto EmGaia, um projeto que pode levá-lo a uma vida realmente feliz. Um projeto realista, baseado na experiencia Suíça, capaz de promover uma mudança social independente do Estado ou governantes.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento3 de jun. de 2018
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    A Solução De Tudo - Leão Gama

    Prefácio

    Este livro busca levar o leitor a realizar uma profunda reflexão sobre crenças e valores, sobre o que é ser um ser humano e quais os limites da condição humana. Com isso visa, principalmente, revelar o caminho para uma vida plena e feliz. O caminho tanto individual como social.

    Assim, ele aborda os segredos da felicidade de países prósperos como a Suíça e apresenta fantásticas descobertas publicadas por renomadas revistas científicas, como a americana Science e a britânica Nature, que podem redefinir nossa ideia de vida, universo e fé.

    A união destas ideias e reflexões conduzem a uma filosofia que reúne os elementos necessários a uma profunda transformação do indivíduo e da sociedade. Além disso, lança as bases para um projeto social que, aliado a esta filosofia, tem por missão construir uma sociedade mais justa e feliz.

    Como você percebeu, este livro é uma obra ambiciosa e que adentra inúmeros temas. Sua proposta é um projeto que pode levá-lo a uma vida muito mais feliz. Levá-lo ao caminho para um nível de felicidade que a maioria da humanidade desconhece. No entanto, para compreender o complexo enlace de ideias aqui exposto, é fundamental que você esteja disposto a realmente entender e não apenas ler.

    Esteja aberto a buscar o conhecimento científico e a repensar profundamente muitas de suas convicções.

    Se assim o fizer, prepare-se para uma viajem sem volta, pois, assim como eu, você entrará em contato com fatos e que mudarão seu entendimento sobre você mesmo e sobre a vida. Tais fatos poderão lhe causar a dor da morte de muitas de suas crenças, mas também a compreensão de que a realidade pode ser mais bela do que qualquer fantasia humana.

    Ainda que este pareça um livro de autoajuda, sua essência é mais ampla e profunda. É, na verdade, um livro de ecoajuda, pois revela que a melhor forma de autoajuda é ajudar a construir uma sociedade mais feliz e um ambiente mais saudável.

    Ao contrário das filosofias egocêntricas, nas quais sua felicidade depende apenas de você, esta lhe convida a descer do pedestal e encarar com humildade o fato de que o ambiente nos influencia muito mais do que percebemos e que a felicidade plena depende da felicidade de todos e do planeta!

    Boa viagem!

    Leão Gama

    Pouco conhecimento faz com que as pessoas se sintam orgulhosas. Muito conhecimento, que se sintam humildes. É assim que as espigas sem grãos erguem desdenhosamente a cabeça para o Céu, enquanto que as cheias as baixam para a terra, sua mãe.

    - Leonardo da Vinci

    Introdução

    Primeiramente, gostaria de sugerir que leia este livro disposto a refletir profundamente. Também, que o leia mais de uma vez. Em uma rápida e única leitura as conexões que existem entre os diversos temas, podem não ser percebidas em sua amplitude. Eu mesmo descubro novas conexões à medida que o releio. Se você notar, verá que o conhecimento verdadeiro espelha a realidade, e passa a fazer sentido por inúmeros ângulos que o observamos. Afinal, vivemos em um universo baseado em lógica. Portanto, esteja atento e perceberá uma imensidade de conexões entre os inúmeros temas.

    Há quem passe pelo bosque e só veja lenha para a fogueira.

    - Leon Tolstoi

    Proponho que iniciemos por uma reflexão. Por um momento, esqueça a sua identidade. Esqueça tudo o que te diferencia dos outros e pense apenas em tudo que te iguala. Neste momento, perceba-se como parte dos bilhões de seres humanos sobre a Terra. Agora, olhe para dentro de você e pergunte: O que somos e como surgimos? Onde estamos e para onde vamos? De onde vem esta inteligência que habita atrás de meus olhos, que lê estas palavras e as transforma em voz dentro de minha cabeça?

    Quanto à pergunta onde estamos e para onde vamos?, a resposta é, ao que tudo indica: em uma grande aventura! Navegando pelo espaço, rumando ao desconhecido, embarcados neste pequeno planeta que gira ao redor de si, do sol e da galáxia! Parafraseando o tema de abertura da clássica série Jornada nas Estrelas (Star Trek) ...audaciosamente indo onde nenhum homem jamais esteve!.

    O que somos e como surgimos? é o tema que trataremos nesta obra. Num primeiro momento, o que sabemos é que nosso planeta, há cerca de 4 bilhões de anos atrás¹, era um local hostil e inabitado. Até que algo fantástico aconteceu. Uma forma de vida surgiu e começou a se reproduzir, evoluir e dar origem a diversas outras. Após bilhões de anos, esta forma de vida original transformou-se nesta imensa diversidade de seres vivos. Esta é a historia que normalmente aprendemos.

    Mas, se olharmos atentamente, veremos que apesar da diversidade, todos os seres vivos continuam conectados. Todas as formas de vida do planeta têm suas informações genéticas compatíveis, codificadas segundo as mesmas bases nitrogenadas do DNA. São formados de peças básica idênticas, como um mundo de peças Lego². Plantas, insetos, peixes, aves, bactérias, algas, vírus, humanos... são feitos da mesma matéria prima intercambiável e todos os seres podem trocar genes entre si. Como veremos posteriormente, segundo descobertas recentes esta troca é intensa e sempre estivemos em um processo constante de evolução conjunta.

    Durante muito tempo acreditou-se que a vida na Terra surgiu devido ao fato do planeta ter as condições ideais, como atmosfera, água e temperatura. Segundo inúmeros estudos³, no entanto, a história foi bem diferente e o que ocorreu foi justamente o inverso.

    No passado, a Terra era um planeta hostil. Foi a própria natureza que transformou o planeta neste paraíso. Diversos estudos (como os estudos de Lovelock, Tim Lenton, Lynn Margulis e Sephan Harding, Charlson)⁴ indicam que toda a vida na Terra está atuando como parte de um único e imenso organismo inteligente, todos os seres interconectados como parte de um projeto único. Tal projeto é de complexidade muito além da capacidade de compreensão do ser humano.

    Não me refiro à ação de Deus ou entidade divina alguma, mas da existência de um ser biológico superior. Podemos chama-lo de Mãe Natureza ou Gaia. Foi Gaia que, gradualmente, orquestrou e executou ao longo destes bilhões de anos as mudanças necessárias para que o planeta atingisse e mante-se a condição atmosférica e biogeoquímica ideal a toda vida. Portanto, este planeta maravilhoso não é obra de sorte ou de acaso, mas resultado de um projeto inteligente. Nas últimas décadas é cada vez maior o número de cientistas que se convencem da veracidade desta teoria⁵, conforme afirma Lima-Tavares⁶: Mais recentemente, a resistência a esta teoria na comunidade científica foi em parte vencida e uma quantidade crescente de pesquisadores de diversos campos do conhecimento tem se dedicado à sua articulação teórica e ao teste empírico de suas implicações. Não causa espanto, assim, que alguns autores tenham proposto, nos últimos anos, o uso da teoria Gaia no contexto escolar⁷. Livros didáticos de Biologia do ensino médio publicados no Brasil já têm dedicado seções específicas à discussão desta teoria⁸.Tem-se argumentado que a teoria Gaia oferece uma nova maneira de olhar a Terra⁹.

    Em 2001, em um congresso internacional sobre mudanças climáticas ocorrido na cidade de Amsterdam (Holanda), mais de mil cientistas assinaram um termo afirmando o principal argumento da Teoria de Gaia. Reconhecendo que a Terra é um sistema autorregular de seu clima. No sistema Terra partes vivas e não vivas estão conectadas e os processos físicos, químicos e biológicos são interagentes.  Assim como faz um organismo vivo ao regular sua temperatura e bioquímica interna, Gaia é: um sistema cibernético capaz de controle, que compreenderia a biosfera, a hidrosfera, a atmosfera, os solos e parte da crosta terrestre, e teria a capacidade de manter propriedades do ambiente, como a composição química e a temperatura, em estados adequados para a vida.¹⁰

    Parte do presente livro faz uma sistematização de inúmeros trabalhos científicos buscando sustentar a hipótese de que todos os seres estão contribuindo para a geração da inteligência coletiva de Gaia, uma inteligência muito superior à humana e que se nutre e permeia nossos subconscientes. Como veremos mais adiante, este fato está ligado a inúmeros fenômenos que atribuímos à paranormalidade, fé ou religiosidade.

    As bases científicas da Teoria de Gaia começaram a ser formuladas pelo cientista da NASA, James Lovelock. Sua obra influenciou o cineasta James Cameron no brilhante filme Avatar, no qual Gaia foi chamada de Eywa e todos os seres vivos podiam conectar-se entre si e a ela diretamente, como uma mente coletiva que mantém todos unidos. Todos pertenciam a um único ser e, portanto, eram parte de um projeto global. Crenças semelhantes são encontradas no mundo grego, nativos americanos, culturas nórdicas e em muitas outras culturas ditas primitivas.

    Se esta teoria estiver correta (e acredito que esteja!), podemos concluir que nossa própria existência e inteligência foi arquitetada por Gaia. Somos parte de seu corpo e o propósito de nossa existência está profundamente ligado ao dela.

    Também podemos humildemente perceber que a inteligência de Gaia é imensamente superior à nossa. Basta observarmos a complexa arquitetura por trás das estruturas de nosso próprio corpo ou as conexões entre os seres de um ecossistema. Todos os seres funcionam como peças de um projeto global que mantém a estabilidade no planeta (temperatura, umidade, mistura de gases e inúmeras outras condições essenciais à vida).

    Ao compararmos as culturas primitivas à cultura moderna é fácil perceber que nos afastamos de nossa essência e da conexão com a natureza. Isso faz com que, cada vez mais, a humanidade mergulhe em uma profunda crise de valores.

    Estamos vivendo uma guerra, uma competição obsessiva por poder e bens materiais. Esta guerra é sustentada basicamente por dois motivos: cobiça e medo.

    A cobiça está em nossa cultura consumista e é sustentada pela mídia, que constantemente incute em nossos inconscientes desejos desnecessários e a ilusão de que grandes riquezas trazem grandes felicidades.

    O medo, no entanto, é diferente da cobiça. Enquanto que a cobiça é nutrida por estímulos ilusórios, o medo de passar fome, frio, estar desabrigado ou desprotegido apresenta um motivo real para a competição. Todavia, ao analisarmos este medo a fundo, vemos que ele só existe quando não possuímos a habilidade da autossuficiência. Diversas culturas que prosperam junto à natureza, como tribos primitivas e comunidades rurais, não vivenciam tal medo, pois possuem o ambiente e a habilidade para sanar essas necessidades básicas.

    Nós, homens modernos, não aprendemos a viver da natureza como nossos antepassados, e hoje temos a ilusão de que pescar, plantar e criar animais são atividades difíceis e desagradáveis.

    Somos como pássaros nascidos em gaiolas que nunca aprenderam a voar, que temem o voo e até o julgam uma atividade penosa. Somos animais que perderam mais do que a liberdade, mas o desenvolvimento integral de seu ser e, consequentemente, sua conexão e seu propósito dentro da teia de vida.

    A falta de uma educação voltada à autossuficiência repercute em todas as áreas da nossa vida. Ela nos afasta de nosso desenvolvimento natural e condena o indivíduo a depender exclusivamente do dinheiro. Tal dependência está por detrás de toda exploração do homem pelo homem e só pode ser evitada pela habilidade e acesso à autossuficiência. Caso contrário, continuaremos vivendo sob sistemas político-econômicos nos quais a grande maioria da humanidade é explorada e condenada a uma existência indigna.

    Nas sociedades modernas, além de iludidos pela ideia de que viver da natureza é difícil e não conduz à felicidade, somos bombardeados pela cultura da cobiça, a ilusão de que quanto mais dinheiro tivermos, mais encontraremos imensa felicidade. Ambas as ideias são exageros, ilusões que nos afastam da felicidade real e nos levam a um estilo de vida competitivo e individualista.

    Pode-se dizer que a sociedade moderna é educada a viver de esperança, sendo constantemente iludida e seduzida por desejos exagerados e megalomaníacos. As pessoas apostam suas próprias vidas em um jogo que poucos vencem, e os que vencem descobrem que o prêmio não era o que imaginavam. São os perseguidores de cenouras, como define sabiamente o filósofo Clóvis de Barros Filho: Educados a viver de esperança, a crer que a felicidade sempre está por vir, que está no futuro cargo, na futura casa, no futuro telefone, na futura viagem ao exterior, acreditam que é normal a vida ser um caminho de sofrimento com apenas alguns momentos de felicidade. Eles, normalmente, descobrem ao final da vida que consumiram seu tempo perseguindo ilusões e não deram um grande significado a sua breve existência. Mas estes são a minoria da humanidade. De outro lado, temos a grande maioria: os marginalizados. Que, sofrendo da mesma ilusão, buscam o dinheiro pela criminalidade ou se apoiam em religiões que os conformem sobre suas vidas repletas de injustiças e carências.

    O estilo de vida moderno é uma competição em que todos perdem. Estamos jogando tênis enquanto devíamos estar jogando frescobol, como dizia o filósofo e psicanalista Rubem Alves:

    "O tênis é um jogo feroz. O seu objetivo é derrotar o adversário. E a sua derrota se revela no seu erro: o outro foi incapaz de devolver a bola. Joga-se tênis para fazer o outro errar. O prazer do tênis se encontra, portanto, justamente no momento em que o jogo não pode mais continuar porque o adversário foi colocado fora de jogo. Termina sempre com a alegria de um e a tristeza de outro.

    O frescobol se parece muito com o tênis: dois jogadores, duas raquetes e uma bola. Só que, para o jogo ser bom, é preciso que nenhum dos dois perca. Se a bola veio meio torta, a gente sabe que não foi de propósito e faz o maior esforço do mundo para devolvê-la gostosa, no lugar certo, para que o outro possa pegá-la. Não existe adversário porque não há ninguém a ser derrotado. Aqui ou os dois ganham ou ninguém ganha. E ninguém fica feliz quando o outro erra – pois o que se deseja é que ninguém erre".

    Precisamos jogar o jogo do ganha-ganha. O jogo da cooperação. A felicidade precisa estar na forma de caminhar, e não apenas nas metas. Se usarmos de inteligência, podemos escolher caminhos mais prazerosos e metas que proporcionem ganhos a todos.

    Na década de 70, as pesquisas de Richard Easterlin, economista da Universidade da Califórnia do Sul, comprovaram que, atendidas as necessidades básicas de alimento, abrigo e saúde, os níveis de felicidade se estabilizam e sofrem pouco aumento à medida que aumenta a riqueza material. Sua afirmação mais não é melhor! ficou conhecida como o "Paradoxo de Easterlin".

    É questão de bom senso perceber que estamos buscando no consumismo um sentido maior para nossas vidas, mas que através dele temos acesso apenas a uma sensação de felicidade ilusória e efêmera.

    Dinheiro é realmente importante para suprir nossas necessidades básicas, porém, ao ultrapassa-las, o aumento de felicidade passa a depender mais dos afetos e relações humanas do que de dinheiro ou bens materiais.

    O psicólogo Daniel Kahneman, Prêmio Nobel de Economia de 2002, e o economista Angus Deaton, Prêmio Nobel de Economia de 2015, em suas pesquisas sobre bem-estar e comportamento do consumidor, confirmaram o "Paradoxo de Easterlin". As respostas dos pesquisados demonstraram que o grau de bem-estar aumenta com a renda, mas que, no entanto, quando esta ultrapassa os 75.000 dólares anuais (valores de 2015), o teor das respostas praticamente não muda. Isso indica que mais dinheiro pouco altera a felicidade.

    A verdadeira riqueza não consiste em ter grandes posses, mas em ter poucas necessidades.

    - Epicuro

    O psicólogo Edward Diener, da Universidade de Illinois, um dos maiores estudiosos sobre felicidade e bem-estar, realizou uma pesquisa internacional com grupos de diferentes culturas. Todos responderam a um mesmo questionário para determinar o nível de satisfação com a vida.

    Sua surpresa foi descobrir que nos maiores índices de satisfação com a vida havia um empate entre os indivíduos das tribos Massai (africanas), as comunidades rurais Amish (Pensilvânia, EUA), as Tribos Inuits (Groenlândia) e os 400 homens mais ricos dos EUA segundo a revista Forbes.

    O questionário baseou-se em perguntas subjetivas, mas muito reveladoras. Você mesmo pode respondê-lo, abaixo, e verificar seu nível.

    A Escala de Satisfação com a Vida (Satisfaction with Life Scale – SWLS) foi elaborada e validada por Diener, Emmons, Larsen e Griffin¹¹. Desde então, ela é usada por pesquisadores no mundo inteiro. Seu objetivo é avaliar o bem-estar subjetivo, isto é, a maneira positiva ou negativa como as pessoas percebem sua própria vida. O instrumento é composto por cinco perguntas com sete possibilidades de resposta.

    Leia as afirmações abaixo - seja honesto e realista em suas avaliações - e use a escala de 1 a 7 para determinar sua menor ou maior concordância:

    [1] discordo muito;

    [2] discordo;

    [3] discordo um pouco;

    [4] não concordo nem discordo;

    [5] concordo um pouco;

    [6] concordo;

    [7] concordo muito.

    Afirmações:

    De forma geral, minha vida está próxima do meu ideal.

    R: [1] [2] [3] [4] [5] [6] [7]

    Tenho condições de vida excelentes.

    R: [1] [2] [3] [4] [5] [6] [7]

    Estou satisfeito com a minha vida.

    R: [1] [2] [3] [4] [5] [6] [7]

    Até agora, alcancei as coisas importantes que queria.

    R: [1] [2] [3] [4] [5] [6] [7]

    Se eu pudesse viver tudo novamente, não mudaria praticamente nada.

    R: [1] [2] [3] [4] [5] [6] [7]

    Agora some os números das respostas que escolheu e verifique, abaixo, seu nível de satisfação com a vida.

    Pontuação:

    31 a 35 – Você está extremamente satisfeito com sua vida.

    26 a 30 – Muito satisfeito.

    21 a 25 – Razoavelmente satisfeito.

    20 – Nível neutro.

    15 a 19 – Ligeiramente insatisfeito.

    10 a 14 – Insatisfeito.

    5 a 9 – Extremamente insatisfeito.

    Para fazer um comparativo, a pontuação média das tribos Massai, das comunidades rurais Amish, dos 400 homens mais ricos dos EUA e das Tribos Inuits é 29.

    Outro comparativo interessante é o resultado dos moradores de rua da Califórnia. Estes apresentaram a pontuação média de 14,5.

    A partir de inúmeras pesquisas, estudos e convivência com algumas culturas primitivas onde a vida é comunitária e cooperativa, Edward Diener e Robert Biswas-Diener concluíram em seu livro Happiness que: da mesma forma como a comida e o ar, parecemos precisar dos relacionamentos sociais para prosperar.

    Como afirma Diener:

    Gratidão, compaixão, preocupação com o outro, amor. São estas as emoções que nos fazem pensar em algo maior do que nós. Quando nos preocupamos com o bem-estar do mundo, nossa vida se desenvolve. Podemos, de certa forma, transcender a nossa própria vida. (…) se a busca da felicidade através de objetos externos nos distrai de desfrutar o momento presente, essa mesma busca pode, na verdade, diminuir nossa felicidade.

    Infelizmente, tanto pobres quanto ricos estão impregnados da ilusão do medo e da cobiça numa incessante busca por riqueza e status. De fato, o povo está sendo educado para o individualismo competitivo. Isto dificulta que vejam os outros como possíveis aliados. Que formulem soluções cooperativas para os seus problemas em comum e consigam viver em comunidade.

    Seja pela mídia, pela cultura, pela educação que recebem dos pais, todos estão sofrendo uma constante lavagem cerebral. Nesta luta desenfreada, as relações humanas e o planeta estão sendo destruídos.

    Precisamos nos conscientizar de nossa fraqueza diante da influência da mídia e da nossa própria cultura. Temos de começar a suspeitar de nós mesmos, de cada gosto, desejo ou crença que temos, pois pode ser algo que não foi sabiamente escolhido. Podemos estar aprisionados por nossas ideias a valores que não levam à felicidade.

    Aceitar a fragilidade de nosso subconsciente diante das influências do ambiente é o primeiro passo para a construção de um mundo mais feliz. Neste sentido, o poder dos meios de comunicação deve ser levado muito a sério. Devemos usá-los com responsabilidade e ao nosso favor. Precisamos de um modelo social onde os valores sejam cientificamente pensados, democraticamente definidos e inteligentemente propagandeados para que mantenhamos o foco em objetivos sadios e justos.

    Mas acima de tudo, precisamos com urgência! Somente um modelo social que resgate o sentido da vida e tenha por base valores mais nobres como a sustentabilidade e justiça social pode impedir que a destruição do planeta chegue a um ponto sem retorno.

    Esta constatação não é nova. Em Paris no dia 14 de março de 2000 a Organização da ONU para a Educação, Ciência e Comunicação (UNESCO) promulgou a chamada CARTA DA TERRA. Esta carta resultou de 8 anos de discussão e contou com a colaboração de milhares de pessoas de mais de 46 países, escolas, universidades, esquimós, indígenas da Austrália, do Canadá e do Brasil, entidades da sociedade civil, centros de pesquisa, empresas e até religiões. A Carta da Terra não é um documento de burocratas. É um documento que busca refletir o pensamento da humanidade, num reconhecimento de nossa relação com Gaia (Mãe Terra).

    Em 2009, as Nações Unidas declararam que, no dia 22 de março, seria celebrado o International Mother Earth Day. Para a ONU, o termo Mãe Terra reflete à interdependência entre o ser humano, os outros seres vivos e o planeta que habitamos.

    CARTA DA TERRA¹²

    PREÂMBULO

    Estamos diante de um momento crítico na história da Terra, numa época em que a humanidade deve escolher o seu futuro. À medida que o mundo torna-se cada vez mais interdependente e frágil, o futuro reserva, ao mesmo tempo, grande perigo e grande esperança. Para seguir adiante, devemos reconhecer que, no meio de uma magnífica diversidade de culturas e formas de vida, somos uma família humana e uma comunidade terrestre com um destino comum. Devemos nos juntar para gerar uma sociedade sustentável global fundada no respeito pela natureza, nos direitos humanos universais, na justiça econômica e numa cultura da paz. Para chegar a este propósito, é imperativo que nós, os povos da Terra, declaremos nossa responsabilidade uns para com os outros, com a grande comunidade de vida e com as futuras gerações.

    TERRA, NOSSO LAR

    A humanidade é parte de um vasto universo em evolução. A Terra, nosso lar, é viva como uma comunidade de vida incomparável. As forças da natureza fazem da existência uma aventura exigente e incerta, mas a Terra providenciou as condições essenciais para a evolução da vida. A capacidade de recuperação da comunidade de vida e o bem-estar da humanidade dependem da preservação de uma biosfera saudável com todos seus sistemas ecológicos, uma rica variedade de plantas e animais, solos férteis, águas puras e ar limpo. O meio ambiente global com seus recursos finitos é uma preocupação comum de todos os povos. A proteção da vitalidade, diversidade e beleza da Terra é um dever sagrado.

    A SITUAÇÃO GLOBAL

    Os padrões dominantes de produção e consumo estão causando devastação ambiental, esgotamento dos recursos e uma massiva extinção de espécies. Comunidades estão sendo arruinadas. Os benefícios do desenvolvimento não estão sendo divididos equitativamente e a diferença entre ricos e pobres está aumentando. A injustiça, a pobreza, a ignorância e os conflitos violentos têm aumentado e são causas de grande sofrimento. O crescimento sem precedentes da população humana tem sobrecarregado os sistemas ecológico e social. As bases da segurança global estão ameaçadas. Essas tendências são perigosas, mas não inevitáveis.

    DESAFIOS FUTUROS

    A escolha é nossa: formar uma aliança global para cuidar da Terra e uns dos outros ou arriscar a nossa destruição e a da diversidade da vida. São necessárias mudanças fundamentais em nossos valores, instituições e modos de vida. Devemos entender que, quando as necessidades básicas forem supridas, o desenvolvimento humano será primariamente voltado a ser mais e não a ter mais. Temos o conhecimento e a tecnologia necessários para abastecer a todos e reduzir nossos impactos no meio ambiente. O surgimento de uma sociedade civil global está criando novas oportunidades para construir um mundo democrático e humano. Nossos desafios ambientais, econômicos, políticos, sociais e espirituais estão interligados e juntos podemos forjar soluções inclusivas.

    RESPONSABILIDADE UNIVERSAL

    Para realizar estas aspirações, devemos decidir viver com um sentido de responsabilidade universal, identificando-nos com a comunidade terrestre como um todo, bem como com nossas comunidades locais. Somos, ao mesmo tempo, cidadãos de nações diferentes e de um mundo no qual as dimensões local e global estão ligadas. Cada um compartilha responsabilidade pelo presente e pelo futuro bem-estar da família humana e de todo o mundo dos seres vivos. O espírito de solidariedade humana e de parentesco com toda a vida é fortalecido quando vivemos com reverência o mistério da existência, com gratidão pelo dom da vida e com humildade em relação ao lugar que o ser humano ocupa na natureza.

    Necessitamos com urgência de uma visão compartilhada de valores básicos para proporcionar um fundamento ético à comunidade mundial emergente.

    Este documento é certamente uma reflexão profunda e de grande sabedoria. Infelizmente, já se passaram mais de 15 anos desta manifestação e as mudanças ocorrem num ritmo insuficiente. Não podemos mais esperar. Já percebemos que este estilo de vida consumista, individualista e inconsequente não leva à felicidade e tornou-se uma ameaça ao futuro das próximas gerações e de toda a vida no planeta. Se ainda nos resta salvação, ela requer em uma mudança ampla e urgente!

    Neste sentido esta obra visa promover um projeto, uma proposta para esta mudança. Uma proposta ampla, englobando inúmeros temas como: política, economia, biologia, ciência, filosofia, religião... A proposta, denominada de Projeto EmGaia, busca ser o estopim de uma mudança social profunda que não depende de políticos ou governos. Uma mudança a ser executada por cada um de nós, unidos como comunidade em torno de um recomeço baseado em crenças e valores arquitetados para, inevitavelmente, levar a justiça social e a qualidade de vida sustentável.

    Não se está falando de utopia. A essência deste projeto está baseada em copiar experiências reais e com longo histórico de sucesso. Ele adota a experiência da nação suíça, com suas microcidades gerenciadas por Democracia Direta, como fonte principal de inspiração. A Suíça cultiva valores sociais e políticos que, por mais de 200 anos, tem sido referência de sucesso na justiça social e níveis de felicidade. Não apenas pela prática da Democracia Direta, mas por um conjunto de valores que serão abordados ao longo desta obra.

    Devido à necessidade de repensar e aprimorar nossos valores, principalmente os culturais, este projeto se expande ao tema das religiões e filosofias. Ele inclui uma filosofia própria, aqui denominada Filosofia EmGaia. É importante perceber a profunda conexão entre os valores propostos por esta filosofia e sua relação com os valores culturais defendidos pelo Projeto EmGaia. Ambos somam e complementam-se em um movimento em prol da construção desta nova sociedade.

    O grande diferencial deste movimento está na sua capacidade de adentrar inúmeros temas e demonstrar como eles se relacionam e se fundem nesta nova (ou antiga) proposta de cultura e sociedade. O projeto não se limita a buscar o novo ou o antigo, mas sim relacionar e fundir boas experiências históricas de culturas passadas, boas práticas atuais e boas tendências para o futuro, sempre dentro da ótica de que o homem não é centro das atenções e que o correto, o bom tem de contemplar a vida como um todo.

    Devemos buscar a felicidade não apenas na esfera individual, mas também na esfera familiar, na comunidade, na humanidade, em outras espécies e em Gaia (biosfera), numa equação que busca a felicidade e a perpetuação de todos.

    Nas palavras do autor

    Esta obra é reflexo de uma vida dedicada a explorar inúmeros assuntos e de uma imensa paixão pelo conhecimento, que naturalmente foi se estendendo a muitas áreas.

    Quando jovem, percebi que minha curiosidade era intensa, frequente e, por vezes, torturante! Durante muito tempo achei que minhas escolhas e minha atração por determinados temas era apenas uma consequência natural de minha educação e história.

    No entanto, ao longo da vida fui percebendo que minha intuição me levava, inesperadamente, a temas muito distintos. Temas sem qualquer correlação aparente, mas que, em algum detalhe, escondiam uma conexão reveladora. Estes insights e esta intuição direcionada pareciam levar-me ao encontro de informações necessárias. Estas se complementavam para gerar explosões mentais, aquele bum! que ocorre quando tudo se encaixa, como uma reação em cadeia que, num efeito dominó, altera a percepção e compreensão das coisas.

    Hoje entendo que as intuições vem do subconsciente. Ele parece ser capaz de captá-las da natureza (Gaia) e do inconsciente coletivo. Ao que tudo indica, determinados comportamentos tornam as pessoas mais sensíveis a este fenômeno. Aprofundaremos este assunto no decorrer do projeto.

    Eu acredito na intuição e inspiração. ... Às vezes eu sinto a certeza de que estou certo, apesar de não saber o motivo.

    - Albert Einstein

    Acredito que estar sempre aberto a aprender e questionar verdades representou uma condição de liberdade essencial à manifestação desta intuição. Percebi cedo, que vivemos em um universo onde tudo está interligado, e tudo é como é por consequência destas interligações. Devido a esta postura cética e científica, aprendi que, se tivermos forças para buscar a verdade pela ciência, abrindo mão de nossos desejos e crendices, podemos encontrar uma lógica mais universal na realidade que nos cerca, nos aproximarmos mais da compreensão do todo ainda que, de fato, compreender o todo seja impossível para nós que somos apenas uma parte deste todo.

    você deve manter sua mente aberta, mas não tão aberta que o cérebro caia

    - Carl Sagan

    Assim, à medida que interligamos diversas verdades científicas, percebemos que existe lógica entre elas e que nosso universo é como um grande quebra-cabeças lógico. No entanto, é um quebra-cabeças sem manual, sem a imagem final que, normalmente, vem estampada na caixa de um clássico quebra-cabeças. Neste caso, só é possível supor quais serão as próximas peças olhando a imagem formada pelas que já encaixamos. E só se percebe que está no caminho certo quando as peças se encaixam sem esforço e o conjunto continua a revelar uma imagem repleta de sentido lógico. Como em um clássico quebra-cabeças, a lógica da imagem formada nos permite intuir o que vem a seguir. Porém, muitas vezes o quebra-cabeças perde a lógica, o que trava nossa evolução. Normalmente, isto é consequência de peças erradas que encaixamos no passado. É fácil localizá-las, pois destoam, foram encaixadas sob pressão e acabaram causando inúmeros erros. São como as crenças que herdamos da sociedade e da família e que aceitamos sem questionar. Elas podem estar erradas, mas enraizaram-se tanto à nossa mente de modo a virarem hábitos, vícios ou certezas inquestionáveis que contaminam nossa visão da realidade. Pode ser a simples crença de que comer melancia e tomar leite pode matar, ou crer em um Deus que incentiva o menosprezo pelos que nele não creem. Tais crenças aparentemente inofensivas podem evoluir e levar a consequências desastrosas como assassinatos e guerras.

    O maior inimigo do conhecimento não é ignorância, mas a ilusão do conhecimento.

    - Stephen Hawking

    Se queremos entender a realidade, é fundamental estarmos dispostos a procurar nossas peças erradas e removê-las, pois somente as peças corretas permitem uma visão nítida da realidade. É fundamental estar aberto a repensar profundamente nossas crenças e valores, principalmente porque novas verdades científicas surgem constantemente, proporcionando aprimoramentos na imagem do quebra-cabeças universal.

    Com nossos sentidos, o cérebro pode conhecer o quebra-cabeças universal, este ambiente externo que nos afeta profundamente. Assim, nossa mente busca acumular conhecimentos que recriam internamente uma espécie de ambiente virtual que simula o ambiente externo. Este fenômeno pode ser facilmente percebido em nossos sonhos. Precisamos que nosso conhecimento sobre o mundo seja o mais exato possível. Quanto mais exato, melhor será nossa representação interna do quebra-cabeças. Isto permitirá que nossa imaginação tenha o potencial de deduzir verdades, criar inovações funcionais e prever tendências e comportamentos com maior precisão.

    Assim, nosso entendimento do mundo fará mais sentido e será mais lógico, permitindo que enxerguemos melhor. Ainda que a compreensão de uma exata realidade seja impossível, quanto mais próximo desta for o nosso quebra-cabeças interior, mais poderosa será nossa intuição. Da mesma forma, quanto mais livre de peças erradas, mais rapidamente esta intuição nos levará um nível de inteligência superior.

    A humanidade vive em uma era onde o quebra-cabeças costuma estar contaminado por inverdades, sendo um misto de verdades científicas e crenças religiosas e culturais. Esta situação tem suas razões históricas, porém acredito que o atual estágio evolutivo da humanidade permite que a ciência absorva a cultura e a religião.

    Independente de sermos ateus, agnósticos, cristãos, budistas, etc., não podemos fechar os olhos aos anseios de fé e crenças do ser humano. A necessidade de explicar os mistérios da vida e compartilhá-los como fator de união social faz parte de nossa psicologia. Todos os povos primitivos possuíam crenças, esta é uma característica evolutiva de nossa espécie já comprovada pela neurociência. Afinal, há muitos mistérios no universo que continuam a nos intrigar. Alguns destes mistérios como: de onde viemos? Para onde vamos? Quem fez o universo? São perguntas que a humanidade nunca conseguiu responder com exatidão. Dando margem ao surgimento de inúmeras explicações que resultaram em inúmeras religiões e filosofias.

    Ignorar os fatos não os altera.

    - William Shakespeare

    Infelizmente, as religiões existentes costumam ser dogmáticas (defender verdades inquestionáveis) baseadas em pseudoverdades imutáveis e sem bases científicas. Religiões que, geralmente, vendem promessas de prazer eterno aos bons seguidores enquanto proclamam promessas de Inferno e sofrimento aos maus seguidores. Ainda que seus propósitos sejam nobres, e tragam esperança e conforto aos fiéis, muitas vezes promovem intolerância e permitem a manipulação de seus seguidores por líderes carismáticos interessados no poder.

    Eu rezei por vinte anos, mas não recebi nenhuma resposta até que rezei com as minhas pernas.

    - Frederick Douglass, escravo fugitivo

    Diferentes crenças geram diferentes valores pessoais e sociais. Tais diferenças são causadoras de diversos conflitos e guerras. O que está proposto nesta obra, ainda que possa ser comparado a uma religião, difere grandemente deste conceito. A única ideia mantida é a de religação ao criador. Especificamente, um sentimento de pertencimento à Gaia (natureza), além do retorno a um estilo de vida integrado à ela.

    Imagino que nenhuma proposta de mudança social ampla seria completa sem levar isto em conta, pois além de ser um poderoso fator de união, há provas de profundos benefícios neuropsicológicos ao dividirmos socialmente um mesmo conjunto de explicações para os mistérios da vida.

    Apesar de se mostrar, majoritariamente, como um guia prático para a transformação social, esta obra lança as bases da filosofia EmGaia, que está por trás de cada ação ou valor aqui proposto. Esta filosofia visa uma fusão entre ciência, cultura e religião.

    A filosofia EmGaia está centrada em três propósitos: Ser científica (ser uma filosofia realista e capaz de educar para o entendimento da realidade científica); ser útil (focar-se no desenvolvimento de sua utilidade para felicidade, sustentabilidade e perpetuação da vida como um todo); e ser empolgante.

    Uma filosofia atraente, educadora, libertadora e útil a humanidade, onde o ser humano deixa de ser o motivo central da existência e se reintegra à natureza.

    Acredito que o conhecimento científico pode assumir um formato atraente e cativante, semelhante ao das religiões populares, tendo por vantagem a inexistência de dogmas e exploração dos fiéis.

    Atualmente, a ciência (principalmente no recente campo da epigenética e da física quântica) têm dado respostas maravilhosas para inúmeros mistérios da fé. Este é o momento para popularização da ciência através desta fé na natureza e suas leis.

    A ciência sem a religião é manca, a religião sem a ciência é cega.

    - Albert Einstein

    Ao mesmo tempo em que há a necessidade de religiosidade, repostas e crenças, também há a necessidade do povo se aproximar da ciência. Não podemos mais permitir que a ciência continue distante, ela precisa contribuir com o seu melhor possível e deixar de ser uma ferramenta de dominação da elite.

    Já possuímos o conhecimento para vivermos com dignidade e qualidade de vida, para darmos um salto evolutivo e deixarmos inúmeros erros no passado. Aqui se encontra uma proposta, um conjunto de ideais. Estes devem ser compreendidos em profundidade, vivenciados, ensinados e defendidos para que a mudança ocorra.

    Este é um projeto para todos! Mas, inicialmente, nem todos terão alcance para entendê-lo. Muitos desconhecem o potencial do ser humano e o poder da união, ou estão inertes em sua zona de conforto. Cabe aos mais sábios e aos idealistas tornar este projeto uma realidade possível a todos.

    Alguns dos ideais defendidos

    Dever de participar (cultura Suíça)

    Participar da sociedade não deve ser visto como um direito, mas como um dever ético, o dever de assumir diretamente a responsabilidade pela construção e manutenção da sociedade, como uma extensão de sua responsabilidade para com sua família, sua própria responsabilidade para com a existência e Gaia.

    A maioria das pessoas não quer realmente a liberdade, pois liberdade envolve responsabilidade, e a maioria das pessoas tem medo de responsabilidade.

    - Sigmund Freud

    Descentralização do Poder (cultura Suíça)

    Distribuir o poder igualmente pelo povo. Países nos quais a população não entende o poder da mídia e do ambiente sobre seu subconsciente acabam sendo vítimas de grupos econômicos que usam os meios de comunicação para manter a população alienada e obcecada pelo consumo. Geralmente estes mesmos grupos estão ligados à corrupção política. Eles se aproveitam do sistema representativo de governo elegendo corruptos e manipulando leis e a economia a seu favor.

    Enquanto aumentam seus lucros, a minoria culta é mantida impotente e a maioria ignorante é mantida alienada pela velha política do pão e circo. A democracia representativa já demonstrou ser um modelo ineficiente e corruptível. Devemos seguir o exemplo de países prósperos como a Suíça, onde a democracia direta e o poder centralizado em pequenas cidades garantem que prevaleça o desejo do povo e das comunidades locais. Lá os políticos não mandam, apenas executam as leis propostas e aprovadas pelo povo nas Assembleias Municipais (Gemeindeversammlung). Para questões que afetam todas as cidades e estados, há um parlamento eleito que propõe leis para serem votadas pelo povo. A cada 3 meses os suíços recebem pelo correio estas leis propostas, juntamente com um livro explicativo dos temas a serem votados e a cédula para que votem e depositem no correio, assim é mantido um sistema de decisão e controle democrático direto.

    Até mesmo o poder máximo, o poder sobre a vida e morte, foi distribuído para todos, pois o exército é o próprio povo. Aos 20 anos, os jovens recebem treinamento militar e passam a integrar a milícia local. Eles retornam para casa com todo equipamento: fuzil, pistola e munição, que serão armazenados segundo critérios de segurança. O serviço militar é continuado, e anualmente reúnem-se para 3 semanas de treinamento. Alguns poucos passam a integrar o pequeno exército especializado que é mantido em constate atividade prestando apoio às emergências das cidades.

    A suíça é um dos países com maior número de armas por habitante e um dos países com menor criminalidade e mortes por armas de fogo do mundo. Isto se deve a cultura do respeito às armas e aos valores recebidos no lar. O tiro de precisão é o esporte nacional, assim como o futebol é no Brasil. Competições de tiro de fuzil com alvos a 300 metros são amplamente praticadas por meninos e meninas a partir dos 12 anos. O herói nacional é o mesmo há mais de 400 anos: Guilherme Tell, o arqueiro que, após ter sido preso por um tirano invasor do país, foi obrigado a acertar à grande distância uma flecha numa maçã sobre a cabeça de seu filho ou ambos seriam mortos. Ele acertou a maçã, e apesar de não terem sido mortos, foram presos. A caminho da prisão, Guilherme Tell e seu filho conseguem fugir. Tell retorna e mata o tirano com um tiro de longa distância e dá início à revolução que libertou a Suíça dos invasores.

    Não aprecio armas de fogo ou violência, no entanto é nítido que esta cultura de povo-exército resolve inúmeros problemas. Não só impede golpes militares como desestimula a criminalidade, a invasões por outros países e, principalmente, a corrupção da polícia local. Impede, também, que o próprio exército seja usado por políticos para intimidar o povo ou mandado para outros países a fim de promover guerras injustas com fins econômicos.

    Segundo Stephen P. Halbrook, autor do livro Target: Switzerland — Swiss Armed Neutrality in World War II (Alvo: Suíça — A Neutralidade Armada Suíça na Segunda Guerra Mundial). Na segunda guerra, Hitler queria invadir a Suíça, mas seus generais o dissuadiram alegando que seria quase impossível, pois os suíços, além de já haverem minado todas as estradas, túneis e pontes, eram hábeis franco-atiradores que resistiriam até a morte.

    Dimensão Tribal (estudos científicos) ¹³

    Subdivisão de toda a sociedade em grupos menores, denominados Microcidades Autônomas, formadas por até 150 pessoas (número de Dunbar).

    Devemos evitar comunidades com população muito além de 150 indivíduos, pois, conforme estudos antropológicos e neurocientíficos, este é o limite para que todos se reconheçam e interajam como parte de um grupo ou tribo. Estudos sugerem um número ideal entre 60 e 120 habitantes. Esta é a dimensão ideal de uma célula social que pode unir-se a outras e formar estados e países.

    O psicólogo evolucionista e antropólogo primatologista Robin Dunbar, chefe do Departamento de Psicologia Experimental da Universidade de Oxford e do Evolutionary Neuroscience Research Group, ficou conhecido por formular o Número de Dunbar, uma medida do limite cognitivo do número de indivíduos com os quais qualquer pessoa pode manter relações estáveis.

    Inicialmente estudando grupos de primatas, Dunbar chegou à conclusão que o tamanho natural destes grupos estava diretamente ligado ao tamanho do neocórtex das espécies. O neocórtex é a parte do cérebro que lida com raciocínios complexos. Ou seja, as espécies com o neocórtex maior conseguiam manter mais relacionamentos, formando grupos também maiores. A partir desta constatação, Dunbar calculou que o número de pessoas com as quais o ser humano é capaz de manter um relacionamento social estável é limitado e varia entre 100 e 230 pessoas (150 em média).

    Em grupos deste tamanho, um indivíduo conhece a outra pessoa e como ela se relaciona com os outros. Suas pesquisas em etologia também demostraram que este é o tamanho do grupo humano natural e que, acima desse número, o anonimato tende a estabelecer-se¹⁴.

    Sua teoria vem sendo confirmada por inúmeros estudos de fósseis e levantamentos históricos. Dunbar também verificou que nas organizações militares, historicamente, chegou-se a uma regra empírica que limita as unidades de combate funcionais em menos de 200 homens. Com unidades desse tamanho, é possível implementar ordens e controlar comportamentos rebeldes com base na lealdade pessoal e em contatos diretos homem a homem. Nos grupos maiores, isso é inviável, afirmou Dunbar.

    Sua afirmação mais reveladora, no entanto, veio da análise de diferentes culturas, como tribos da Austrália, Papua, Nova Guiné e Groelândia. As análises confirmaram o tamanho adequado do grupo humano natural para o funcionamento espontâneo dos laços de empatia, reciprocidade e altruísmo benevolente ou bondade.

    Recentemente, um estudo que analisou conversas entre 1,7 milhão de usuários do Twitter durante 6 meses, concluiu que o número de Dunbar também se aplica aos relacionamentos online¹⁵.

    No livro "O Ponto da Virada", Malcolm Gladwell utiliza como exemplo um grupo religioso, semelhante aos Amish, conhecido como Hutterites, que vivem da agricultura de subsistência em colônias da Europa e em alguns lugares dos Estados Unidos. Os Hutterites adotam a política de dividir a colônia assim que o número de integrantes se aproxima de 150, e seguem essa regra há séculos, com o objetivo de garantir que os integrantes conheçam bem uns aos outros e mantenham-se entrosados.

    Confederação municipalista (estudos científicos)

    As Microcidades Autônomas devem ser livres para promover acordos de cooperação e união com outras Microcidades.

    Segundo Dunbar, a cooperação intensa entre tribos é comum e demonstra a existência de algum nível de reconhecimento social até o número máximo entre 500 a 1500 indivíduos, sendo este o limite máximo no qual todos se reconhecem e sabem ao menos o nome um do outro. Esta seria a dimensão mais adequada para formação de Estados. Estados que adotariam a confederação municipalista como forma de Estado. Pois na confederação, a desvinculação da cidade ou dissolução do estado pode ocorrer a qualquer tempo e estas garantias são fundamentais para manutenção da liberdade e desenvolvimento.

    É importante a formação de alianças entre as cidades a fim de garantir a segurança e cooperação econômica. Assim, os Estados poderiam reunir-se para formar confederações como os estados da Suíça, ou funcionar como pequenos países independentes que apenas estabelecem acordos de cooperação com os demais. Um exemplo desse funcionamento é Liechtenstein, um pequeno e rico país na fronteira da Suíça. Historicamente, Liechtenstein poderia ter se tornado um Estado da Confederação Suíça, mas preferiu manter-se independente e apenas atuar como aliado político e econômico (o Franco suíço é sua moeda oficial).

    Tais Estados, como na Suíça, tratariam apenas de questões relativas à cooperação entre as cidades, sem poder de imposição de leis ou grande interferência na autonomia. Preservando o poder centrado na cidade e exercido pelo povo (de baixo para cima). Deste modo, teríamos o inverso do que acontece atualmente na maioria dos países onde o poder é centralizado e imposto de cima para baixo, deixando pouca autonomia às cidades.

    Democracia Direta participativa (cultura Suíça)

    Cada Microcidade se reúne periodicamente para se autogerir. Todo cidadão propõe e vota diretamente as leis, sendo desnecessária a eleição de representantes legisladores. A organização, composição, função e autonomia dos poderes executivo e Judiciário serão definidas pela maioria absoluta dos cidadãos, podendo ser alteradas pela maioria absoluta a qualquer tempo.

    Busca da Sustentabilidade

    A definição mais aceita para desenvolvimento

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