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Vidas Cruzadas
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E-book254 páginas2 horas

Vidas Cruzadas

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Sobre este e-book

Hugo e Welison vivem vidas normais e diferentes. Porém, isso muda no momento em que suas trajetórias se cruzam. Tudo se torna nada. E o tempo se dissolve diante dos seus olhos.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento9 de out. de 2018
Vidas Cruzadas

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    Pré-visualização do livro

    Vidas Cruzadas - Victor Ramos

    Capítulo 0

    Prefácio

    Efeito borboleta. Que evento magnífico! Saber que cada

    passo que você dá, interfere na vida de quase todas as

    pessoas... soa bem assustador. Um sinal vermelho que você

    cruza, um ônibus que você não consegue pegar por chegar

    atrasado no ponto, uma decisão errada que você toma... que

    coisa!

    Cada pessoa tem uma história. E essa história depende

    de muitos fatores. Fatores esses, que dependeram de

    outros, e de outros, e de outros... e assim vai! Todos estão

    interligados. Você o tempo todo muda a vida de alguém.

    Então, atenção às suas decisões. Elas podem tanto salvar o

    mundo, quanto destrui-lo.

    1

    Capítulo 1

    VISÃO DO ALTO

    Dia 06 de março de 2016.

    ;)...

    Era mais um belo dia em algum lugar do Brasil. Lá,

    vivia um garoto chamado Hugo. Hugo tinha dezoito anos e

    acabara de terminar o Ensino Médio. Porém, ele tinha

    muitas dúvidas do que ia ser ou que faculdade iria fazer.

    Ele tinha várias habilidades, o que aumentava mais ainda as

    dúvidas sobre que profissão ele iria exercer. Para Hugo era

    muito importante essa decisão, já que o seu conceito de

    trabalho era levado muito a sério. Ele pensava que cada

    pessoa tem uma função na sociedade, então trabalhar não

    era simplesmente ganhar dinheiro e sim tornar a sociedade

    melhor. Ele tinha uma visão diferente do mundo.

    Naquele dia, como em vários outros, o seu cãozinho o

    acordou. O nome dele era Puma e eles tinham uma relação

    muito forte, já que Hugo gostava muito de cães.

    - Bom Dia, Puma - Falou Hugo.

    - Au, Au! - Respondeu Puma.

    2

    - Mais um dia para mudar o mundo, garoto. - Hugo falou

    entusiasmado.

    - Au, Au! - Voltou a responder o cãozinho.

    Hugo e Puma viviam numa casinha que os pais dele o

    deram. Os pais de Hugo acreditavam muito nele e o

    olhavam como se ele fosse alguém muito grande e que iria

    fazer algo de muito importante. O pai dele era o Seu

    Calisto. Ele trabalhava numa empresa e viajava muito, o

    que o afastou um pouco do filho. Porém, ele percebeu o

    afastamento, pediu para não viajar mais e a relação voltou a

    ser como antes. A mãe de Hugo era uma guerreira, Dona

    Nici. Pensem numa mulher que amava seu filho? Era ela.

    Eles tinham uma relação de muita amizade e doeu muito

    para ela quando seu filho foi morar só, apesar dele ter se

    mudado para ao lado da casa dela. Mas amor de mãe é

    assim mesmo.

    Depois do seu cãozinho o ter acordado, Hugo tomou

    banho, sentou-se no sofá e foi assistir a um filme. Todas

    as manhãs ele assistia um filme pelo menos. Naquele dia,

    ele assistiu um filme em que o personagem acredita que tudo

    acontecia por acaso e por acontecimentos sucessivos, mas,

    com o passar do filme, ele foi vendo que nada é por acaso e

    que sim, havia algo maior que observava e fazia as coisas

    acontecerem, o que a maioria chamava de Deus.

    3

    Onipotente, onisciente e onipresente. Era nisso que Hugo

    acreditava. Após o filme, ele foi para janela e observou o

    céu como nunca tinha observado e se fez a mesma pergunta

    de todos os dias:

    - O que eu serei?

    4

    Capítulo 2

    VISÃO DE BAIXO

    Naquele mesmo dia, ali perto, porém em um lugar um

    pouco mais desprovido de olhar do governo, morava

    Welison. Ele tinha dezesseis anos e não estudava mais,

    pois como seu pai, Edinaldo - mais conhecido como

    Metralha, que era um dos cabeças de uma organização

    criminosa - havia morrido antes de seu nascimento, logo

    quando fez oito anos teve que ajudar sua mãe, Dona

    Nalva, nos serviços de casa e trabalhando na vendinha do

    Seu Zé, que o pagava pouco mais de R$ 50,00 por mês.

    Parece pouco, mas ajudava muito para quem não tinha

    nenhum centavo.

    Sempre ás 6 da manhã, Dona Nalva acordava seu

    filho da mesma maneira:

    - Acorda, seu corno! Não quero filho vagabundo não,

    bora!

    - Só mais cinco minutinhos, mãe, colé?!

    - Nada disso, bora! Seu Zé já vai abrir daqui a meia

    hora.

    5

    - Tudo bem, mãe... - Respondeu Welison irritado. Porém,

    alegre que mais um dia ele e sua mãe acordavam vivos.

    Welison tinha um mico chamado Melzo, que ficava com

    ele quase o dia todo. Welison tomou um banho rápido e foi

    correndo para a vendinha de Seu Zé.

    - Tá atrasado, garoto. - Falou Seu Zé um pouco

    irritado.

    - Desculpa o atraso, Seu Zé! Isso não vai se repetir, eu

    juro. Por favor não me demita, eu e minha mãe precisamos

    desse dinheiro! - Respondeu Welison desesperado.

    - Tudo bem, garoto. Vamos ao trabalho! - Falou Seu

    Zé, que ficava muito feliz com a maneira com que

    Welison ajudava sua mãe.

    Na frente da vendinha, os amigos de Welison jogavam

    futebol o dia todo. E sempre que dava, ele pedia a Seu Zé

    para jogar uma partida, já que a vendinha tinha um

    movimento um pouco fraco.

    - Seu Zé, deixa eu jogar um pouquinho, por favor?

    Quando o senhor precisar de mim, eu volto correndo! -

    Pediu Welison.

    - Tá vai lá, garoto, divirta-se! - Respondeu Seu Zé, que

    gostava muito de ver Welison jogar. E ele jogava muito

    bem mesmo, tanto que era conhecido como "Neymar da

    6

    Favela". E Welison adorava esse apelido. Ele sonhava em ser jogador de futebol, mas as circunstâncias nem sempre

    permitem que se realize tais sonhos.

    7

    Capítulo 3

    CAMINHO ERRADO E INEVITÁVEL

    Mais uma vez, Welison estava destruindo com o jogo.

    Que dribles! Que passes precisos! Que chutes

    indefensáveis! Era realmente um grande jogador e todos

    aplaudiam as suas jogadas, até o Melzo. E claro, chamava

    a atenção das meninas e de uma em especial, Luzia. O que

    eles tinham era algo forte mesmo, desde criança os dois

    olhavam um para o outro diferente e isso foi crescendo até

    eles namorarem.

    De longe, olhava uns caras da pesada. Eram membros

    da Organização Criminosa que o Metralha participava.

    Quem observava e gerenciava aquelas áreas era o Don

    Gon. Seu nome era Geraldo. Ele tinha trinta e nove anos e

    comandava tudo que acontecia por aquelas áreas. Ao lado

    dele, estavam Fred, Hebert e Paulino, todos moleques

    menores de idade. Don Gon chamou Welison:

    - Ei, garoto! Venha cá. - Welison veio apreensivo.

    - O que foi agora, Gon?

    - Ontem, mataram Iago, que era um dos meus mais

    confiáveis. E agora, preciso de alguém para fazer uns

    serviços.

    8

    - Pô, cara, não quero me envolver mais. Você falou que

    depois daquele aviãozinho eu poderia ficar tranquilo.

    - Moleque, isso não foi uma pergunta. Você vai entrar

    para organização se não...

    - Se não o quê?

    - Aquela é Dona Nalva, sua mãe, não é?

    - É sim, por quê?

    - Por nada, é que se sua resposta for não, acho que sua

    mamãe só vai ver você lá de cima, ou de baixo.

    - Tudo bem, cara. Tô dentro. O que eu tenho que fazer?

    - Aviõezinhos comuns, vigiar algumas áreas e agora, você

    vai ter que apagar uns caras lá da parte de cima do bairro,

    que tão ameaçando uns moleques nossos aqui. Toma a

    arma.

    - Tá, deixa eu avisar a Seu Zé e a minha mãe que eu terei

    que sair.

    - Vá lá, moleque.

    Foi justamente a hora em que a mãe de Welison

    chegava a venda para falar com Seu Zé:

    9

    - Welison, sabe que eu não quero você conversando com

    aqueles moleques, né? O que eles queriam com você? -

    Perguntou Dona Nalva.

    - Eles vieram falar que eu jogo bem e me convidaram para

    jogar com eles.

    - Foi só isso mesmo?

    - Sim.

    - Ah sim... diga a eles que você não vai, não quero você se

    misturando com esses vagabundos.

    - Tá, eu falo com eles. Seu Zé e mãe, eu vou ter que sair.

    É que eu vou comprar um presente pra Luzia. Hoje a gente

    faz um ano de namoro.

    - Sem problemas. - Falou Seu Zé.

    - Vá lá, seu namorador descarado. - Falou Dona Nalva

    feliz, por saber que seu filho estava namorando.

    10

    Capítulo 4

    BARULHO ESTRANHO

    Na parte de cima, Hugo estava falando com sua

    namorada, Júlia. Era um romance bem intenso. Ambos se

    apaixonavam um pelo outro a cada dia.

    - E aí, mô?! O que tu vai fazer hoje? - Perguntou Hugo por

    mensagem.

    - Nada, até agora.

    - Hum... bem que a gente podia ir no cinema, no parque, sei

    lá... não importará o lugar, se eu estiver com você.

    - Seu fofo! Eu vou sim. Que horas?

    - Bom, eu vou pegar a carteira de motorista hoje, daqui a

    pouco, então umas quatro horas eu te pego em casa.

    - Tudo bem então. Vou passar na manicure e a tarde a

    gente se encontra.

    - Certo, mô. Te amo muito e esse amor é infinito...

    - Ô, meu amor! Também te amo muito! Infinitamente...

    Hugo foi preparar algo para comer, uma farofa, com

    macarrão. Era o que ele mais gostava e sabia fazer.

    11

    Enquanto a água não fervia, Hugo foi para o computador e ficou vendo algumas redes sociais, até que:

    - Pow, pow, pow, pow!!!!!

    Quatro ruídos que, a princípio, pareciam ser bombas.

    Puma ficou latindo e Hugo foi para a janela para ver o que

    tinha acontecido. Ele ficou assustado, já que o barulho

    pareceu ser ali perto. Hugo foi falar com Júlia que morava

    também ali perto:

    - Ei, ouviu o barulho?

    - Ouvi sim. Estou muito assustada! Será que foi mesmo

    tiro?

    - Não sei, mas todos aqui estão comentando que foi mesmo

    tiro. O que será que foi? Será que foi a tal Organização

    Criminosa da Parte de Baixo?

    - Pode ter sido. Ai, meu Deus, como eu vou sair agora?

    - Fica tranquila, eu vou pegar minha carteira daqui a meia

    hora e passo aí na sua casa.

    - Tudo bem, estou te esperando.

    Quinze minutos antes, Welison estava subindo para

    fazer o tal serviço com os outros moleques de Don Gon.

    12

    - Aí, Welison, aqueles são os caras, tá vendo? - Falou

    Fred.

    - São aqueles quatro ali? - Perguntou Welison.

    - É sim. É o seguinte, você só tem quatro balas aí na arma.

    Sabe geometria, né?

    - Não seria álgebra?

    - Colé, moleque, vai ficar dando uma de esperto aqui?

    - Não, não. Já entendi, não posso errar nenhum tiro, né?

    - Isso aí, parceria, você pega rápido. Ó, nós vai ficar aqui

    e se o bicho pegar a gente ajuda você. Não decepciona o

    Gon, véi, nem o... Don Leon.

    - Don Leon?

    - É quem comanda as parada toda. Você não pensou que

    Gon fosse o chefão né, cara? Ele só apita lá nas áreas.

    Leon, comandava todas as dez favelas daqui de perto. Só

    que o exército pacificou quase todas, só sobrou a nossa.

    - Caraca! E vocês já viram esse tal Don Leon?

    - Ninguém sabe quem ele é. Ele passa os comandos por

    carta ou por ligação. Mas a voz fica embaçada, tá ligado?

    Tipo...

    - Distorcida?!

    13

    - Ô, moleque, já disse para você não dar uma de esperto

    aqui! Beleza, chega de papo e vai lá fazer o serviço vai.

    - Falou, mano.

    Não precisa nem falar que Welison estava nervoso.

    Ele de maneira nenhuma queria estar ali. Porém, as

    circunstâncias nem sempre permitem fazer escolhas. Ele

    pensou na mãe dele, na namorada e deu os quatro tiros,

    aqueles tais ruídos. Porém, o tiro pegou em apenas dois, e

    os outros dois fugiram correndo. Welison estava

    escondido, então ele pôde sair com tranquilidade daquele

    alvoroço sem ninguém desconfiar. Muitas pessoas ao redor

    e claro, os policiais, também chegavam ali e perguntavam as

    pessoas se eles viram alguém suspeito. Mesmo se vissem,

    não iam os pegar mais. Welison já estava descendo com os

    outros moleques:

    - Pô, velho, você é otário?! Idiota! Você deixou dois

    escapar. - Falou Fred, muito irritado, quando estavam a

    caminho do Covil de Don Gon.

    - Vá te catar, seu palito de fósforo. Se quer reclamar vai

    lá e faz melhor. – Falou Welison.

    - Como é que é, seu pintor de rodapé? - E eles começaram a

    trocar socos até que Gon chegou.

    14

    - Largue ele, Fred! - Falou Gon. Welison ficou

    assustado pensando que ele iria fazer algo contra ele.

    - Esse medrozinho aqui deixou dois dos caras lá da parte de

    cima escapar. - Falou Fred. E Welison ficou gritando e

    xingando Fred.

    - Parem com isso já! Fred, deixa ele em paz. O moleque

    ainda vai evoluir. E os outros caras eu mesmo pego depois.

    Bom trabalho, Welison. Vocês dois, deem as mãos um ao

    outro. - E foi o que fizeram. – Pronto, criancinhas? Agora

    vaza todo mundo já. Hebert e Paulino, Leon tá precisando

    de grana, então vão lá na parte de cima e roubem um celular.

    E Welison e Fred, daqui a pouco vamo jogar uma bola

    aqui, vocês dois tão no meu time, valeu?! Vão lá, moleques!

    Lá fora:

    - Aí, cara, foi mal como eu falei com você, vacilei. -

    Falou Fred.

    - De boa, cara, fica na paz. Foi mal também aí. Mas se a

    gente continuasse eu ia te quebrar no pau! - Falou

    Welison brincando.

    - (risos). Tá maluco, mano, você é o Neymar da Favela e

    eu sou o Anderson Silva, rapá.

    - Anderson Silva? Aquele que quebrou a perna e perdeu a

    última luta?!

    15

    - Ah, vá se ferrar, tampinha.

    16

    Capítulo 5

    O HERÓI

    Hugo acabara de terminar de almoçar alguns minutos

    depois do acontecimento. Então, ele ligou para Júlia

    avisando que ele estava a caminho. Hugo deixou a ração e

    água do seu cãozinho, que sempre chorava quando ele saía.

    Antes, ele passou na casa dos seus pais:

    - E aí, mãe. Tudo bem com a senhora? – Perguntou Hugo.

    - Tudo ótimo, meu filho. Seu pai está no trabalho. Eu vou

    fazer um bolo, venha buscar mais tarde.

    - Certo, mãe. Só passei aqui para dizer oi. Vou ter que ir

    buscar minha carteira de motorista e vou passar na casa de

    Júlia.

    - Tá bom, meu filho. Mas muito cuidado, viu?! Ouviu os

    tiros que teve aí perto? Tome muito cuidado, pelo amor de

    Deus!

    - Fica tranquila, mãe. Lembra das aulas que tive para

    desarmar ladrões?!

    - Ai, meu Deus! Deus te abençoe, meu filho.

    - Amém, mãe. Fica com Deus.

    17

    Logo depois, Hugo estava chegando à casa de Júlia,

    quando

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