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De Clóvis para Amélia e outras cartas: correspondência inédita do jurista Clóvis Bevilaqua para sua mulher, a escritora Amélia de Freitas Bevilaqua, e de diversas personalidades para Clóvis
De Clóvis para Amélia e outras cartas: correspondência inédita do jurista Clóvis Bevilaqua para sua mulher, a escritora Amélia de Freitas Bevilaqua, e de diversas personalidades para Clóvis
De Clóvis para Amélia e outras cartas: correspondência inédita do jurista Clóvis Bevilaqua para sua mulher, a escritora Amélia de Freitas Bevilaqua, e de diversas personalidades para Clóvis
E-book327 páginas2 horas

De Clóvis para Amélia e outras cartas: correspondência inédita do jurista Clóvis Bevilaqua para sua mulher, a escritora Amélia de Freitas Bevilaqua, e de diversas personalidades para Clóvis

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Sobre este e-book

O livro "De Clóvis para Amélia e outras cartas", de José Luís Lira, reúne correspondência inédita do jurista Clóvis Bevilaqua (1859 – 1944) à sua então namorada, Amélia de Freitas Bevilaqua (1860 – 1946), entre agosto de 1882 e fevereiro de 1883. As cartas vêm acompanhadas de notas de rodapé que contextualizam o momento vivido e as personalidades citadas nas cartas, bem como biografias de Clóvis e Amélia. Há esclarecimento sobre a não-participação de Bevilaqua no caso Olga Benário Prestes, entre outras informações inéditas. O autor buscou, ainda, cartas de outras personalidades para Clóvis Bevilaqua, destacando correspondência do então ministro Epitácio Pessoa, datada de 1905, informando sobre o andamento do projeto do Código Civil: "...tudo está subordinado à condição da apresentação do projeto por parte do Ruy... devo dizer que o trabalho definitivo é antes falta do que de outrora, e, para destruir tudo que encontrou, precisa ele de tempo". O Ruy em referência é Rui Barbosa, então Senador da República. Nas palavras da processualista Ada Pellegrini Grinover, o livro se trata de "trabalho pioneiro de um jovem que, com perfeita paciência, pesquisou até descobrir um epistolário surpreendente; encantada, em consequência, por descobrir uma faceta até hoje desconhecida da personalidade do maior civilista brasileiro de todos os tempos; e maravilhada, por identificar naquele autor, célebre por suas obras jurídicas, um verdadeiro expoente do Romantismo brasileiro".
IdiomaPortuguês
Data de lançamento14 de out. de 2022
ISBN9786525258881
De Clóvis para Amélia e outras cartas: correspondência inédita do jurista Clóvis Bevilaqua para sua mulher, a escritora Amélia de Freitas Bevilaqua, e de diversas personalidades para Clóvis

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    De Clóvis para Amélia e outras cartas - José Luís Lira

    CLÓVIS, O ROMÂNTICO

    Dra. Ada Pelegrini Grinover ²

    (Da Academia Paulista de Letras)

    Tive acesso a parte das cartas de Clóvis a Amélia em janeiro de 2012, quando José Luís Lira me ofereceu o primeiro livro que lançou sobre o tema durante o curso de doutorado que ministrei em Buenos Aires, pela Universidade Nacional Lomas de Zamora. E, como disse ao apresentar verbalmente a obra aos doutorandos, fiquei encantada e maravilhada.

    Encantada com o trabalho pioneiro de um jovem que, com perfeita paciência, pesquisou até descobrir um epistolário surpreendente; encantada, em consequência, por descobrir uma faceta até hoje desconhecida da personalidade do maior civilista brasileiro de todos os tempos; e maravilhada, por identificar naquele autor, célebre por suas obras jurídicas, um verdadeiro expoente do Romantismo brasileiro.

    A correspondência enviada por Clóvis à noiva, que se tornaria sua mulher, fiel companheira e mãe de suas filhas, entre agosto de 1882 e fevereiro de 1883, mostra um homem apaixonado, mas contido, que nunca fala abertamente em amor, mas usa as expressões que, à época, correspondiam a minha amada: minha muito boa e muito querida Amélia, querida Amélia, minha doce amiga, minha simpática e boa amiga, aceita os protestos da mais sincera amizade que te consagro, aceite as saudades de seu que lhe estima. E, enquanto isto, ele está seguro do amor dela: Apenas peço que, deixando de amar-me, consintas em ser pouquinho minha amiga. E o casamento é seu sonho dourado. Parece a linguagem dos romances de Jane Austen...

    Mas as cartas não exprimem apenas amor: nelas está retratada sua sofreguidão, a infindável espera pelos navios que traziam e levavam correspondência, o vaivém nas agências de correios, a impaciência pela longa separação, a ansiedade pela comarca em que aguardava ser nomeado como promotor, a decepção em ser preterido por motivos políticos, que abominava, até a ideia de abandonar a profissão para a qual se preparara – sem muito entusiasmo, aliás - para se tornar agricultor, não fosse o fato de que relutava em oferecer essa vida à amada. E por que nunca se encontraram nesse período de seis meses? Amélia insistia, mas ele afirmava não poder se satisfazer em estar apenas por alguns dias com ela para se separarem de novo: espero que em pouco tempo te poderei ver para nunca mais me separar de ti.

    E tudo isto, em meio a descrições belíssimas da natureza, em que utiliza toques poéticos, e mais com detalhes das cidades, de suas praças, de suas livrarias, de visitas e passeios.

    Um verdadeiro romântico: o Romantismo, movimento artístico, filosófico e político surgido na Europa nas últimas décadas do séc. XVIII e que perdurou por grande parte do séc. XIX, caracterizou-se por uma visão do mundo contrária ao racionalismo e voltada para o indivíduo. Lirismo, subjetividade, emoção, o eu marcam o Romantismo, arte do sonho e da fantasia, que valoriza as forças criativas do indivíduo e da imaginação. Opõe-se à arte equilibrada dos clássicos e baseia-se na inspiração fugaz dos momentos fortes da vida subjetiva: na fé, no sonho, na paixão, na intuição, na saudade, no sentimento da natureza.

    Como explicar o romantismo do jovem Clóvis à luz de uma personalidade racional, capaz de escrever o Código Civil e inúmeras obras jurídicas? É que o próprio Romantismo evoluiu depois, de idealista e sonhador, para aspectos críticos, exaltando a liberdade, a igualdade e as reformas sociais, bem como os sentimentos nacionalistas. Há uma grande diferença, de Byron e Álvares de Azevedo, para nosso Castro Alves. Mas isto, em Clóvis, ainda está por vir, e essa parte da história é bem conhecida.

    C:\Users\pc\Downloads\Ada Lira livro cópia.jpg

    Ada Pelegrini com o primeiro volume do livro e o autor, em Buenos Aires (2012)

    Correspondência, via e-mail da Dra. Ada Pelegrini:

    Resposta ao e-mail inicial:

    From: adapell@pbrasil.com.br

    To: joselira.adv@hotmail.com

    CC: ibea.rj@gmail.com

    Subject: Re: Livro De Clóvis para Amélia e outras cartas

    Date: Fri, 28 Dec 2012 01:18:08 -0200

    Caro José Luís,

    Fiquei feliz com o prosseguimento de sua pesquisa e com tantas novidades que poderá trazer à luz no aprofundamento dos episódios que cercaram a vida de Clóvis e Amélia. Será uma honra para mim fazer a apresentação de seu livro. Mas prefiro que o mande em papel. Meu endereço: APG – Rua (omissis) - São Paulo - SP.

    Agradeço e retribuo os votos de boas festas e de um excelente 2013,

    Abraço

    Ada Pellegrini Grinover

    Rachel de Queiroz em sua posse na ABL: Rio de Janeiro, 04/11/1977.


    ² Texto recebido pelo autor, via e-mail, em 01 de fevereiro de 2013.

    CLÓVIS

    Rachel de Queiroz

    (Da Academia Brasileira de Letras)

    Texto - Rachel sobre Clóvis

    Clóvis nasceu em Viçosa, na Serra da Ibiapaba, Ceará, a 4 de outubro de 1859. Um homem bom e simples que, à força de honestidade e de estudo, conseguiu chegar a ser um sábio e, como diziam muitos, um santo.

    Conheci Clóvis Bevilaqua numa das primeiras vezes em que vim ao Rio, levada à sua casa pela mão do meu ilustre professor e amigo, Dr. Mattos Peixoto.³ Era na Tijuca,⁴ uma casa grande, pintada de amarelo, ao fundo de um jardim maltratado. Dentro, a famosa excentricidade da família, — a sala de visitas transformada em quarto de crianças, a cozinha virada em escritório das moças, as cadeiras amontoadas na alcova do casal, como num guarda-móveis — a dona da casa explicava que se haviam mudado para ali fazia poucos anos, não tinham tido tempo para arrumações. D. Amélia, muito amável para a jovem colega de letras, mostrava a penteadeira onde costumava escrever — e que até lhe dava um pouco de reumatismo por causa do tampo de vidro, muito frio. A moça Dóris, de longos cabelos soltos, queixava-se de dor de cabeça e foi tomar ar no jardim. E, no meio daquela singular família, Mestre Clóvis, muito alvo, muito rosado, impecavelmente vestido, parecia um anjo de bigodes brancos soltos numa jângal

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