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Os Inícios de Stephen King
Os Inícios de Stephen King
Os Inícios de Stephen King
E-book273 páginas4 horas

Os Inícios de Stephen King

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Sobre este e-book

O escritor de Maine, como muitos o chamam, estava predestinado a ser o melhor escritor de terror da história. Assim o demonstra em sua carreira literária. Apesar de ter que suportar centenas de recusas de seus primeiros contos e livro, o destino estava escrito: a prego que suportava as cartas de rejeição cairam finalmente no chão.
Stephen King começou a escrever bem jovem aos oito anos de idade, e publicaria no início seus primeiros contos. Liam os meninos da sua escola. Não foi  nada fácil chegar até a publicação de "Carrie", livro com o qual inicia seu lançamento profissional. Anteriormente substituia com muitos e variados trabalhos, e os cheques que cobrava por seus contos.  A morte e o medo sempre estiveram a seu lado desde que cavava fossas no cemitério local na sua adolescência, com seu primeiro trabalho pago. Sua tenacidade e constância o fizeram ser reconhecido como o "Rei", tributo a seu sobrenome "King" que o caía bem.
Aqui descobrirás seu início: desde sus tataravôs, avós, seus pais, a pobreza, a caixa de manuscritos de seu pai, seus primeiros contos, a época que não quer lembrar do instituto, a universidade, seus primeiros livros, seu trabalho como professor de língua inglesa, seu alter ego, seus problemas... e finalmente seu sucesso entra as massas. Este é um estudo de sua primeira etapa, a mais pura de Stephen King, a que nos marcou e a todos por assim o chamarmos de o rei do terror. Um dia seu dedo caiu ao azar sobre um mapa dos Estados Unidos, no Colorado sobre o  Hotel Stanley. e prosseguiu o destino que tinha marcado para seguir. Advinhe qual história é essa?

IdiomaPortuguês
EditoraBadPress
Data de lançamento12 de mai. de 2021
ISBN9781667400303
Os Inícios de Stephen King

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    Os Inícios de Stephen King - Claudio Hernández

    Claudio Hernández

    Meu pequeno Stevie, meu grande gênio do horror

    O Início de Stephen King

    Revisão 2

    Copyright

    © Claudio Hernández, 2016. Todos os direitos reservados.

    © Iván Ruso pela capa, 2016

    © Tamara López pela correção 2017

    © Fernanda Lyra pela tradução, 2021

    DISPOSIÇÃO LEGAL:

    Nennhuma parte desta publicação, incluindo o desenho da capa, pode ser reproduzida, armazenada ou transmitida de forma alguma e por nenhum meio, seja ele eletrônico, químico, mecânico, ótico, de gravação, pela internet ou foto cópia sem a permissão do editor ou do autor. Todos os direitos reservados.

    Para minha esposa Mary, que aguenta bobagens como esta em tempos de crise.

    As falhas ortográficas são minhas. A história, de Stephen King.

    Stephen King concebeu Carrie, a Estranha, como assim é conhecida no Brasil, nos seus 19 anos e não foi até os 27, depois de ver sua mãe morrer, quando viu o livro publicado no dia 5 de abril de 1974. A adaptação para o cinema veio pelas mãos de Brian de Palma em 1976. A partir daí, o nome de Stephen King, Steve para os amigos, começou a despertar um interesse notável entre seus leitores, que cresceu a passos largos quando já tinha na lista de bestsellers seu terceiro e mais famoso livro, quase biográfico e explendoroso: O Iluminado. No entanto, tudo não começou ali, mas muito antes, e isso é exatamente o que irei contar...

    Prólogo

    Tudo que você irá ler aqui é sobre Stephen King, assim se prepare para uma boa e satisfatória viagem até a mente deste escritor tão popular. Muitos acreditam que Stephen King escreve em sua casa no Maine com teias de aranha no teto e morcegos morando nas portas vitorianas, mas não, ele faz nos arredores de Bangor, Maine, em um prédio onde se encontra, evidentemente, seu escritório, que fica em uma larga rua sem saída. Um pouco mais acima há uma loja de armas, uma concessionária com um limpa-neve e, logo depois, um cemitério antigo que ninguém pintou para a ocasião. Do lado de fora, o edifício parece uma escolha deliberada para a tranquilidade de King, de onde bebe de Edgar Allan Poe, H.P. Lovecraft ou alguns mais recentes como Bradbury e Matheson. Entretanto, comecemos do princípio. Stephen Edwin King é o segundo filho biológico, já que o primeiro foi adotado (pois o ginecologista disse a ela que não poderia se tornar mãe), do casamento formado por Donald King e Nellie Ruth Pillsbury, ainda que King viu a figura do pai desaparecer cedo nos seus dois anos de idade.

    Tal feito o marcou por toda a sua vida. No entanto, King não o recrimina por nada, nem se pergunta porque foi embora de casa para nunca mais voltar ou em qual bosque está enterrado. Neste episódio dramático, King se lembra que descobriu, aos treze anos, uma caixa repleta de livros e manuscritos escritos por seu pai (que nunca vieram a luz) em uma das várias casas das quais viveu em sua adolescência. Havia muitos livros também de H.P Lovecraft. Há quem diga que isto o forjou para escrever sua mais famosa coleção de contos durante dez anos: Sombras da Noite. Tinha 23 anos quando os terminou. Dez anos antes, King ía também ao cinema, caminhando vários quilômetros, para ver um filme de monstros ou extraterrestres e despois escrever sua própria versão. Este garoto forjado na pobreza após a morte de sua mãe, é agora o homem mais respeitado por seu trabalho como escritor e pensador. Sim, leram bem, pois se Stephen King não tivesse sido escritor, certamente teria sido psiquiatra. Deduz-se por seus conhecimentos elevados da mente humana, o medo e as suas consequências.

    King nasceu no Maine no dia 21 de setembro de 1947 e, hoje, no ano de 2016, conta já com seus 69 anos, nos quais escreveu quase uma centena de livros, usando inclusive um pseudônimo para seis deles e um outro para um conto. King domina dois tipos de universos que se vinculam em todas as suas obras. De um lado, temos seus primeiros grandes êxitos como Carrie, O Iluminado, A Hora do Vampiro, A Dança da Morte ou a Zona Morta, e por outro temos um King mais intrigante e prematuro, que escreveu sob o pseudônimo de Richard Bachman alguns livros como Fúria, A Longa Marcha, A Maldição do Cigano / A Maldição. Como John Swithen assinou um conto intitulado The Fifth Quarter para a revista Cavalier (como se fosse un pseudônimo de Richard Bachman), como Stephen King publicou também em revistas adultas como Penthouse ou Cosmopolitan (enquanto chegavam os cheques a tempo para comprar os antibióticos para seu filho Owen ou para pagar a conta do telefone). Stephen King é uma pessoa muito inquieta, sempre explicando como surgiu tal ideia e como se escreve, e depois mergulhando em seus pesadelos e tormentos, porque é para ele mesmo para quem escreve e sobre quem faz. Se lemos toda a sua obra obtemos uma radiografia de sua vida, seus medos, suas inquietudes, seu bom saber. Tudo. Escreve livros de mais de mil páginas e obras tão extensas como A Torre Negra, de 10.000 páginas, onde nos revela na multidão de parágrafos como ele é na realidade, o que esconde em seu pensamento, em seu eu. King tem um estilo de escrita muito particular que se tornou universal, todos os escritores de terror querem ser como ele. Seu estilo ancora a mente humana e tem uma escrita de grande longitude e profundidade.  Gosta de plantar uma pequena semente e fazer com que cresça até a maturidade. Se atém aos detalhes, comunicação visual das cenas, continuidade e referências internas. Como foi dito antes, King faz terapia quando escreve e ele mesmo chegou a dizer que possui filtros em seu cérebro que filtram aquilo que todos os outros não podem. Além disso, muitos concordamos que parte do segredo de King está na criação de personagens com quem podemos empatizar e nos angustiar quando eles assim o fazem. King reconheceu também, em várias ocasiões, não se lembrar de ter escrito Cujo (Cão Raivoso), por exemplo, mas foi o medo que o permitiu escrever O Cemitério. Desta maneira, King é uma pessoa como nós, com seus medos, fobias e alegrias. Seus livros, além disso, possuem muitas referências a sua cultura e a seu país, e a mistura com as personalidades de seus personagens, que são um claro reflexo de um indivíduo norteamericano,

    de quem se pode arrancar seus medos, tentações, pensamentos, atitudes... tudo. Assim, King utiliza um tipo de narrativa bastante informal, porém efetiva, se referindo a seus fãs como leitores constantes e, também, como amigos. Sabendo como entrar em sua mente.

    Stephen King escreveu quase uma centena de obras e vendeu mais de 400 milhões de livros no mundo inteiro (traduzido em mais de 30 idiomas), sendo também os escritos mais adaptados para cinema e televisão. Tudo o que escreve deve ser necessariamente plasmado em imagens. Stephen King escreve diariamente, exceto no dia 4 de julho e no dia de seu aniversário. King não se levanta de sua mesa de trabalho, pois escreve ao menos dez páginas por dia. Se não é assim, não se levanta. Depois do primeiro esboço, que nunca mostra a ninguém exceto a Tabitha, sua esposa, se compromete a terminar a primeira correção em menos de três meses. Se não é assim, acredita que seus personagens perdem credibilidade e a história se desfaz sozinha. É uma mania do escritor. Por vezes, escreve um livro em duas semanas ou em um mês, e outras, demora anos para fazê-lo. Sob a Redoma foi um deles. Partiu de uma ideia que teve aos 19 anos e acabou quase 30 anos depois. A Longa Marcha, no entanto, foi escrita em 72 horas com somente 18 anos. King é metódico e disciplinado. Quando o perguntam, muito frequentemente, sobre sua atitude diante da tela em branco, sempre responde que sua única preocupação gráfica é colocar uma palavra atrás da outra de forma que todas vão se encaixando. King sabe como começar uma história, mas nunca sabe como acabará. Enquanto escreve, King gosta de escutar música, escuta rock no volume máximo.  

    Ocupa as tardes com a família e os amigos, quando não tem alguma partida do Red Sox, do qual é um seguidor obstinado. Lê muito, segundo o próprio King até 60 livros por ano, as vezes mais. Ele sempre diz que para escrever bem se deve ler tudo o que rodeia, seja bom ou ruim, pois de tudo se aprende. Criticado por muitos, King é elogiado por seus fãs e odiado pelos críticos. Estes acreditam que sua escrita é equivalente ao Mc Donald’s: puro lixo, porém muitas vendas. Quando se deixa de ser crítico e se lê de verdade um livro seu, se descobre rapidamente que não é assim, que é um gênio das letras.

    King também é roteirista e assim nasceu Creepshow em homenagem aos comics de terror que se publicavam nos anos 50. O filme é uma homenagem aos comics da EC como Contos da Cripta, The Vault of Horror e The Haunt of Fear que King absorveu com total destreza. Também escreveu o roteiro, entre outros, de Os olhos do gato e o Medo azul em 1985. Não contente com a adaptação de Stanley Kubrick de O Iluminado, King escreveu um novo roteiro para adaptá-lo como queria e para a televisão. Queria mostrar a seu público como era realmente Jack Torrance. Curiosamente, tão pouco a aclamada obra Na hora da zona morta, adaptada por David Cronemberg, foi do gosto de King, mas nunca se colocou a escrever outra adaptação do filme. King acredita que não se adaptam sempre bem as suas obras, como foi feito com Um Sonho de Liberdade, que foi nomeado a nada menos que sete Oscars. O filme foi dirigido e adaptado pelo diretor Frank Darabont, com o qual construiria uma séria relação de amizade. Stephen King é licenciado em língua inglesa na Lisbon Falls High School, e completou sua formação na University of Maine of Orono. Nesses anos, King apresentava um aspecto quase descuidado com uma grande barba e cabelo grande, inclinado a política, chegando a ser membro do Students Senate e participando do movimento anti-militar do Orono Campus contra a guerra do Vietnã, mas foram também os anos onde nasceram suas melhores ideias, começando por Carrie, que escreveu na parte traseira de seu trailer. Ali morava o rei do terror quando já estava casado com Tabitha King, também escritora, que um dia observou um manuscrito na lixeira. O retirou dela e viu algo muito interesante naquelas folhas amassadas e sujas. Então, foi quando animou seu marido para seguir escrevendo Carrie e ele dizia não conhecer as mulheres tão bem quanto os homens para escrever um livro sobre uma mulher. Carrie foi publicado em 1974, mas não foi o primeiro livro escrito por ele (sua mãe nunca viu o livro publicado, ainda que tenha lido antes de morrer de câncer de pulmão). Já tinha escrito outros três livros que mais tarde seriam publicados com o pseudônimo de Richard Bachman, como foi comentado anteriormente. Foram vendidas 4 milhões de cópias de Carrie. Primeiro recebeu um adiantamento de 2.500 dólares e depois outro de 400.000, sendo assim o primeiro desmaio real de King. Anteriormente, havia escrito e reunido por toda a sua adolescência grande parte das histórias do livro Sombras da Noite que foi citado anteriormente, talvez a melhor compilação de histórias de King de que se tem rastro. Quase todos os contos foram adaptados em algum momento de sua vida, como a Colheita Maldita, a mais conhecida por todos. Em 1971 iniciou sua carreira como professor no High School, dando aulas de inglês na Hampden Academy, enquanto prosseguia sua atividade literária escrevendo durante as noites. Já havia terminado Carrie, e Bill Thompson, seu agente literário em Doubleday, o pediu uma nova história. Então, King tinha dois manuscritos, Blaze e Second Comming. Thompson se decidiu pelo último, uma história de vampiros, e que logo o classificariam como escritor de terror se seguisse assim, King gostou da ideia, enquanto observava um gato que dormía sobre a vitrola de um bar. Quando o bloqueio do escritor chamou as portas de King, foi escrever no Colorado, uma zona tranquila, em um hotel chamado Stanley (nas montanhas rochosas do Colorado, além disso, em uma baixa temporada durante o inverno quando há apenas hóspedes), o fez trancado no quarto 217. Alí se soltou, uma vez mais e, inspirado nele, nasceu O Iluminado, sua obra principal. Naquele momento, King estava tentando se afastar do álcool e das drogas, e sofreu em muitos dos momentos que aparecem tanto no livro como em personagens posteriores de outros livros seus. Passava as longas noites passeando por corredores encarpetados, pensando que de um momento a outro uma horda de fantasmas sairia daquelas paredes e solos avançando até ele. Rebatizou o hotel como Overlook.

    Assim, se alguém merece o êxito, esse é Stephen King, porque não teve nada fácil na vida. Vivia em um trailler quando escreveu Carrie e Second Coming, e suas grandes dificuldades para encarar o dia a dia o facilitaram em seu vício por álcool e certas drogas, que posteriormente acabaria abandonando. Foi na época que escreveu um bestseller atrás do outro, e depois disse não lembrar. Assim surgiram A Zona Morta, Cujo, Olhos de Fogo, O Apocalipse, para citar alguns. Uma das perguntas que Stephen King se perguntou mais vezes ao longo de sua carreira é: O que realmente te dá medo? Sem dúvida, esta é uma grande pergunta. O que assusta um escritor de terror?

    Provavelmente, tudo aquilo sobre o que escreve. Ele sempre respondeu que teme a coisas habituais como a escuridão, as serpentes, os funerais, os cemitérios, o número 13... Porém, antes de tudo, tem medo da linha tênue que separa o bem do mal; essas molas que saltam em determinadas pessoas as transformando em autênticos monstros humanos. Isto é do que ele realmente tem medo, para ele não é nada selvagem dizer que se não tivesse sido escritor teria sido psiquiatra. E o que também lhe causa medo é a própria morte. É um processo natural e diz que todos passamos por ela, mas que desperta o nosso medo mais oculto a algo que desconhecemos, o processo de morrer, o que acontece nesse instante, aonde vamos. Por ele, grande parte da obra de King gira em torno da morte, esse mistério ainda tão desconhecido também para um expert como ele.

    Stephen King segue trabalhando sem descanso, ainda que, após ser atropelado por um furgão em 1999, decidiu temporariamente parar de escrever. Um golpe para seus fãs e para ele mesmo, que não sentia forças para fazê-lo. Hoje em dia, bem recuperado, seu corpo já envelhecido, mas sua mente parece brilhar como o primeiro dia ou talvez ainda mais. King segue destilando seu estilo profundo, catalizador, e uma hábil combinação de elementos de terror clássico com fantasias para-psicológicas ou de ficção científica de grande poder sugestivo, em histórias ambientadas no cotidiano atual que nos deixam hipnotizados por suas descrições precisas e minuciosamente analisadas. O que disse no princípio, conhecerá uma mente maravilhosa chamada Stephen King.

    Claudio Hernández

    Biografia

    Vem ao mundo o pequeno Stephen King.

    O destino estava escrito. Nellie Ruth Pillsbury já tinha um filho, mas não de seu marido Donald King. Tratava-se de David King que era adotado. No decorrer do ano de 1945, quando David tinha dois anos de vida foi quando Stephen Edwin King, ainda sem um nome definido, berrou pela primeira vez ao ver a luz deste mundo. Desta vez sim, era o filho biológico de ambos. Um ginecologista havia afirmado com certeza a Ruth que não poderia ficar grávida. Eram aqueles tempos em que os testes de gravidez eram feitos com rãs ou com aranhas, no caso de Steve King, o pequeno King, que logo seria um tipo barbudo de quase dois metros de altura. Era 21 de setembro de 1947 e por nada no mundo Ruth imaginava no que seu filho se tornaria. Agora sim, quando colocaram seu nome de Stephen Edwin King, havia começado a girar o mecanismo do destino para ele. Agora, milhões de seguidores o adoram, a ele e a sua literatura. Esta é a história do pequeno Steve, agora o tio Steve.

    Os pais dela e a ancestralidade

    Os últimos anos de sua vida, por conta do abandono do lar por parte de seu esposo Donald, foram tempos freneticamente agitados, procurando onde comer e dar teto a seus dois filhos, se deslocando por todo o norte da América, no estado de Maine. E assim foi até a sua morte (algumas biografias a situam no México). Não foi de todo certo que seus ancestrais conheceram também a pobreza, pelo contrário. A família de Ruth, ou melhor, os antepassados dela, anteriormente não haviam conhecido a fome e a pobreza extrema nunca, nem mesmo o crack norteamericano. Desde seu tataravô (1790, Jonathan Pillsbury) e durante todas as descendências, haviam gozado de abundância e prestígio. Eram donos de terras, construíam casas no local e barcos em Scarborough. Tanto é assim que, entre 1915 e 1932, gerenciavam seu próprio hotel, chamado A casa de Pillsbury. Naquela época, Scarborough era uma cidade portuária na qual se cultivava a terra e haviam atividades locais que incluíam a pesca e a construção de barcos, e tudo isto em meio a um ambiente carregado de restaurantes ao lado do mar, hotéis e pensões, pois era uma terra boa para o turismo.

    Nellie Ruth Pillsbury nasceu em 3 de fevereiro de 1913 e se casou com um capitão da marinha mercante chamado Donald Edwin King em 23 de julho de 1939. A partir daí não estabeleceram casa fixa durante pelo menos seis anos, já que rodaram boa parte da América do Norte, de Chicago até Nova York, porém Ruth estava apegada a sua terra, Maine. Donald nasceu no dia 11 de março de 1914. Ruth foi a quarta de oito irmãos, fruto da união de Guy Herbet e Nellie Weston Fogg Pillsbury, e Donald, o marido de Ruth, abandonou a ela e a seus dois filhos, David e Stevie, em 1949. Donald havia deixado a marinha mercante para trás e trabalhado com tudo que podia, um desses trabalhos era bater de porta em porta para vender aspiradores da marca Electrolux. Porém os apertos econômicos asfixiavam Donald cada vez mais e um dia deciciu ir comprar um maço de cigarros e nunca mais voltar.

    O matrimônio composto por Donald e Ruth compartilhava do gosto pela literatura e por cultura em geral. Vale lembrar que a mãe de Ruth foi professora e isto interferiu no crescimento intelectual dela. Donald era um escritor compulsivo, movido pelo gosto por ficção científica e terror, mas não era constante, ainda que mesmo assim conseguisse terminar vários manuscritos e contos, que, entretanto, foram recusados por todas as editoras para qual os tinha enviado. Um de seus ídolos era H.P Lovecraft. Ao sumir da familia, deixou três caixas repletas de livros e manuscritos. Ruth, sem saber disso, mudou de residência durante mais de quatro anos, desde que o pequeno Stevie tinha dois anos e até que completasse seis: Chicago, Indiana, Ford Wayne, Malden, Massachutsets e Winconsin. É por isso que Stevie adquiriu grande conhecimento sobre as pessoas de cada lugar que logo foram plasmadas em suas obras.

    O matrimônio se cambaleia

    e começam os deslocamentos

    O matrimônio esfriou rápido, ainda que Donald, pelo fim da Segunda Guerra Mundial, decidiu desembarcar e se dedicar à sua família. Os primeiros seis anos estavam vazios de qualquer contato por sua marcha ao alistamento. Logo, quando retornou, as coisas também não marcharam muito bem. A relação por momentos se esfriava. Nem o filho adotivo David King nem o nascimento de seu filho biológico Stevie fizeram com que as coisas fossem melhores. O trabalho precário e a pouca renda econômica angustiaram ao pai de família, que se refugiava em escrever sem muito êxito para editoras daquele momento. Isso sim, tinha qualidade, segundo algumas cartas respondidas, porém não eram publicáveis. Finalmente, Donald decidiu parar tudo e desaparecer da família de Ruth.  

    Esta, que era modesta e prática por natureza, contou com uma parte de sua família e com a de Donald para poder dar um teto a seus filhos, enquanto ela trabalhava para poder alugar sua própria casa e habitá-la com seus dois pequenos. Diante desta situação, se conta que primeiro escolheu uma tia e uma prima para pedir ajuda e, aos poucos, foi literalmente odiada, fato que ocasionou a saída de

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