Cuidando de quem cuida - vol. 1
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Sobre este e-book
É isso que faz da iniciativa "Cuidando de quem cuida" um movimento tão pioneiro. Ao identificar o profissional e o cuidador em geral como alguém que também precisa receber cuidados, o projeto não só procura conscientizar sobre a importância e as formas de se promover um melhor autocuidado. Ele também dá início a uma saudável discussão sobre a necessidade de pensarmos em maneiras mais específicas de cuidar daqueles que cuidam de nossos pacientes.
Algumas das experiências vividas e parte do conhecimento compartilhado nesse projeto você vai encontrar nas páginas deste livro, pensado e organizado com carinho por todos os envolvidos no "Cuidando de quem cuida".
Este é o volume 1 de "Cuidando de quem cuida", revisto e com novo prefácio.
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Cuidando de quem cuida - vol. 1 - Ana Claudia Quintana Arantes
CUIDANDO DE QUEM CUIDA
Organização CRISTIANE FERRAZ PRADE
logogalacticoSumário
Prefácio
Prefácio à primeira edição
Cuidando de Quem Cuida
– Como começou essa história?
Ana Claudia Quintana Arantes
Para que cuidar de quem cuida
Cristiane Ferraz Prade
O sofrimento no profissional de saúde
Ricardo José de Almeida Leme
Espiritualidade e autocuidado
Roberto Pereira Miguel
O cuidado com o tempo
Plínio Cutait
Cuidar – quando o rio encontra o mar e outras delicadezas
Kiara Terra
Por que eu faço o que eu faço – Reflexões sobre o ser, o trabalhar e o viver
Leonardo Consolim
Prefácio
O Programa Cuidando de Quem Cuida fará 15 anos em 2023.
Quando estava pensando em escrever o prefácio para esta nova edição, eu me dei conta de que passou mesmo muito tempo e centenas de pessoas participaram do projeto ao longo desses anos. Fizemos muita coisa, no entanto, há muito mais a ser feito no intuito de transformar nossa abordagem em relação ao trabalho, autocuidado e promoção da saúde no contexto do profissional atuante, ou seja, não excluir do contexto a própria saúde do cuidador.
Escrevo em 2022. Soma-se às necessidades gerais da assistência médica o peso de dois anos de pandemia, o que sem dúvida sobrecarregou demais os profissionais e os cuidadores informais da área da saúde. Lutos múltiplos, traumáticos, testemunhos de intenso sofrimento e abandono. Uma experiência coletiva que despertou muitos para a importância de valorizar sobretudo a saúde mental.
O cuidar se faz necessário mais do que nunca.
Recentemente, em uma entrevista, o psiquiatra Bessel Van Der Kolk, autor do livro O corpo não esquece: cérebro, mente e corpo na superação do trauma, disse:
Ultimamente tenho atentado ao poder de se sentir cuidado, acreditado e como é possível sobreviver a quase tudo, quando se tem pessoas próximas que se importam com você. Pessoas que acreditam, se importam e quando as coisas ficam muito pesadas podem dizer: Pode deixar que eu vou preparar algo pra você comer hoje e vou cuidar de você.
Saber cuidar é uma habilidade fundamental e deve ser valorizada de forma devida.
Entretanto, cuidar é percebido como algo simplório: gestos e atitudes básicas. Algo que todos sabem o que é. Cuidar é um soft skill, tal qual comunicação e empatia, por exemplo. Essas coisas mais leves e banais
que não importam muito, pelo menos, para as mentes mais distraídas e insensíveis.
Já faz um tempo que tenho refletido sobre uma nova maneira de conceituar o Cuidar
.
Proponho então a ideia de core skill. Já que gostamos de importar termos em inglês para falar de habilidades na área do trabalho, o termo core skill se apresenta como um deslocador de perspectiva na polarizada relação entre as ideias de soft e hard skill. Se a nossa sociedade criou um entendimento de que uma habilidade suave (soft skill) tem a ver com o relacionar-se com bons modos e habilidades difíceis (hard skills) com conhecimento técnico e científico, a habilidade essencial (core skill) vem para destacar a nossa capacidade de estar no mundo com gentileza, atenção e compaixão. Sendo uma habilidade essencial por vir da essência e essencial por ser indispensável na manutenção da nossa saúde como um todo.
O filósofo Boris Groys , em seu livro A filosofia do cuidar, disse: Somente se um corpo permanece saudável ele pode contribuir para o bem-estar da sociedade, ou para mudar a sociedade. O investimento em saúde é um investimento básico que se faz para poder participar da vida social
. Algo tão óbvio. E ele continua: De fato, o trabalho de cuidar, incluindo autocuidado, é sempre um trabalho difícil que tendemos a querer evitar. É basicamente um ‘trabalho de Sísifo’
.
Quando encaramos o cuidar e o autocuidado como mais uma na lista das tarefas do dia, realmente, fica sempre mais difícil. Ao longo dos anos coordenando o Cuidando de Quem Cuida, foi ficando claro para mim a importância de despertar a alegria nesse processo. Não é à toa que a poesia de Adélia Prado reverbera tanto nesse projeto:
Toada
Cantiga triste,
Pode com ela
É quem não perdeu a alegria.
Cultivar a alegria parece ser o caminho que nos permite sustentar a autocompaixão e o autocuidado. Em contrapartida, cultivá-los parece ser o caminho que nos traz alegria!
Dessa forma, peço licença a Boris Groys para dizer que o trabalho do autocuidado para ser bem compreendido e bem exercitado precisa ser encarado como core skill, e não como mais uma tarefa.
Muitas vezes ouvi pessoas se cobrando o momento do autocuidado, já irritadas: Ai, ainda tá na minha lista tentar relaxar hoje
, Deixei de escrever no meu diário porque não consigo escrever todos os dias, aí me frustro por não estar cuidando da minha autoconsciência
.
O autocuidado não é só uma ação. É uma atitude interna amorosa, de se oferecer um gesto de gentileza. É para ser encarado como um direito e não como um dever.
É especialmente no autocuidado que vamos nos sentindo mais familiarizados com a potência do cuidar. Ao experimentar a gentileza, compreensão e validação dentro de nós, vai ficando mais natural estendê-las aos outros. O autocuidado ajuda a manejar pressão e autocrítica, por exemplo. Reconhecer que há limites para o que podemos fazer, reconhecer que não há nada de errado em precisar de descanso, recarregar as baterias, que não dá pra fazer tudo sozinha, é um processo difícil em uma sociedade que aboliu o Eu posso NÃO fazer
. As falas de ordem desse nosso tempo é Sim, você pode! Você consegue! Vai lá e faz! Supere seus limites!
.