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Aikido o caminho da sabedoria: A técnica
Aikido o caminho da sabedoria: A técnica
Aikido o caminho da sabedoria: A técnica
E-book1.339 páginas8 horas

Aikido o caminho da sabedoria: A técnica

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Sobre este e-book

Este livro foi escrito para os amantes das lutas marciais, da defesa pessoal, da medicina, filosofia e psicologia do Oriente. Esta edição, revista e ampliada, em 3 volumes, torna este livro quase uma "Bíblia" do Aikido, contendo preciosas informações ensinadas pelos grandes mestres, fruto da profunda e extensa pesquisa realizada pelo autor. Um pequeno dicionário de termos técnicos de lutas marciais, bem como exercícios especiais para a melhoria da saúde, estendem o valor do livro a outras àreas. Pensamentos filosóficos orientais ilustram a obra transmitindo ao leitor profundos ensinamentos de sabedoria. Sem dúvida este livro é indispensável na biblioteca de qualquer apaixonado pelo Budô.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento13 de dez. de 2022
ISBN9788531522604
Aikido o caminho da sabedoria: A técnica

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    Pré-visualização do livro

    Aikido o caminho da sabedoria - Wagner Bull

    Capa

    Copyright © Wagner José Bull.

    Todos os direitos reservados. Nenhuma parte deste livro pode ser reproduzida ou usada de qualquer forma ou por qualquer meio, eletrônico ou mecânico, inclusive fotocópias, gravações ou sistema de armazenamento em banco de dados, sem permissão por escrito, exceto nos casos de trechos curtos citados em resenhas críticas ou artigos de revistas.

    É proibida a reprodução de qualquer parte deste livro, inclusive dos desenhos e ilustrações, sem o prévio consentimento por escrito do autor, sob pena de haver incidência nos direitos autorais protegidos por lei. Por outro lado, coloca-se o autor à disposição de qualquer outro escritor idôneo, que queira divulgar a arte, gratuitamente, para ajudá-lo.

    Esta atitude visa proteger os leitores para que não recebam informações distorcidas sobre o Aikido, que além de atrapalharem o desenvolvimento da arte no mundo, pouco auxiliarão os praticantes no progresso de seus conhecimentos.

    As técnicas contidas neste livro destinam-se apenas a informar o leitor, constituindo um guia para o praticante que deve treinar sob a orientação de um mestre habilitado, competente e responsável.

    O autor, bem como a Editora, não se responsabilizam por quaisquer usos indevidos das técnicas e conceitos descritos nesta obra. Apesar de serem técnicas básicas seu treinamento inadequado e sem orientação pode levar a graves lesões e até a morte, pois contêm elementos de risco que são usados nos golpes avançados de defesa pessoal. O Aikido é derivado do Aiki Jujutsu que foi criado para ser usado nas antigas batalhas do Japão antigo.

    Quem desejar treinar a arte poderá se informar no endereço constante no final do livro.

    1ª Edição digital 2022

    eISBN: 978-85-315-2260-4

    Direitos reservados

    EDITORA PENSAMENTO-CULTRIX LTDA.

    Rua Dr. Mário Vicente, 368 — 04270-000 — São Paulo, SP

    E-mail: atendimento@editorapensamento.com.br

    http://www.editorapensamento.com.br

    Produção de eBooks: S2 Books

    Morihei Ueshiba, o Fundador do Aikido (1883 – 1969).

    FUDÔ MYO-O é a divindade do Budô.

    FudôFu significa ausente e , movimento, portanto a palavra significa: inamovível, imperturbável, que não perde o equilíbrio, simbolizando a firmeza que devem ter os artistas marciais e o homem maduro. Myo-o significa: Rei da Luz, indicando que a iluminação é atingida quando se atinge o nível mais alto da maestria. Este Rei Radiante e Inamovível, é representado de forma irada, com uma espada na mão direita e uma corda tipo laço, na mão esquerda. Com a espada da sabedoria, ele corta a ilusão e a ignorância e com a corda, ele amarra aqueles que estão dominados por emoções negativas, conduzindo-os ao autocontrole. Sua aura de chamas consome o mal e as negatividades. Ele está sentado sobre uma rocha plana, simbolizando a paz e o êxtase imperturbáveis.

    Apesar de sua atitude irada, sua verdadeira natureza é a compaixão. No budismo ele é o primeiro dos treze budas, representando o início do caminho espiritual, a busca da iluminação para trazer benefício a todos os seres. Seu voto é o de combater o mal e defender a verdadeira felicidade. Os artistas marciais, os budoka portanto, escolheram-no como seu Santo Patrono, visto que o estado de Fudoshin e a atitude marcial, é exatamente o que procuram. Embora na literatura do Aikido ele não seja quase mencionado, na visão do autor, tem muito a ver com as técnicas e princípios espirituais do Aikido, onde se usa o poder marcial para controlar a agressão. Neste sentido as espirais centrífugas e centrípetas que imobilizam os Uke em todas as técnicas marciais do Aikido expressam claramente a metáfora do laço e da espada.

    AIKI O KAMI

    Como Ô Sensei denominava o Kami do Aikido. Para o autor, sem dúvida Morihei Ueshiba era a materialização do poder que age fazendo uma ponte dos homens para o mundo espiritual.

    Dois dias antes de seu falecimento em 26 de abril de 1969, o Fundador do Aikido, Morihei Ueshiba, disse:

    Vocês não precisam se preocupar com este homem velho. Toda vida física é limitada. No curso da vida o aspecto físico deve mudar, mas o espírito nunca morre. Logo eu vou entrar no mundo espiritual mas mesmo de lá eu ainda vou querer proteger este mundo. Todos os meus alunos têm que saber que eu não criei o Aikido. Aiki é a sabedoria de Deus. O Aikido é o Caminho das Leis que Ele criou.

    Morihei Ueshiba

    Nidai Doshu, Kishomaru Ueshiba, filho do Fundador, responsável pela internacionalização do Aikido.

    Moriteru Ueshiba, neto do Fundador, o terceiro Doshu.

    Yamada Sensei na maturidade de seus 60 anos, no Kamiza de seu Dojo em New York.

    Yamada Sensei é um mestre em saber viver bem a vida e tirar dela o que de melhor ela pode oferecer. Gosta de música, esportes, boa comida, cidade grande, vida noturna e embora tenha sido criado dentro da rígida etiqueta do Bushidô no Japão, se adaptou perfeitamente ao modo de vida ocidental nova-iorquino. Parece um americano até que coloca um Hakamá e cumprimenta o Kamiza. Aí se transforma em um dos mais famosos discípulos de Ô Sensei Morihei Ueshiba. Seus alunos mais próximos o adoram por seu carinho, atenção e compromisso que tem com todos eles. Quando decidiu apoiar o autor na metade da década de 80 em função dos problemas políticos que havia no Aikido do Brasil, recebeu pressões de muitos japoneses para interromper com este suporte, visto que contrariava o status quo que havia no país em termos de Aikido desde os anos 60. Manteve seu compromisso e deu ao Prof. Wagner Bull e a seus demais afiliados na organização guarda-chuva que se formou, as condições técnicas e legais junto ao Hombu Dojo para os que quiseram trabalhar e modificar o estado em que se encontravam de forma insatisfatória. O Aikido brasileiro deve muito a este mestre. Tudo mudou depois de sua primeira vinda ao Brasil em 1991.

    Yamada Sensei em várias fases de sua carreira desde quando ensinava aos soldados americanos no Japão até a foto ao lado em 1999 ao lado do autor; em uma de suas inúmeras visitas ao Instituto Takemussu e acima no Hombu Dojo em Tóquio. O autor deve-lhe muito por seu apoio internacional.

    Sumário

    Capa

    Folha de rosto

    Créditos

    Prefácio de Masafumi Sakanashi Sensei

    Introdução

    Doshu Kishomaru Ueshiba

    O Significado da Palavra AIKIDO

    A Origem do Do, o Caminho

    Como Procurar o Do

    Comparações do Aikido e Outras Artes Marciais

    Reigi Saho, a Etiqueta, as Boas Maneiras e o Dojo

    Algumas Regras de Etiqueta e Comportamento em um Dojo

    O Uniforme do Aikido

    Precedendo a Prática das Técnicas

    As Técnicas do Aikido

    Uma Análise Mecânica das Técnicas

    Os Dois Grandes Movimentos, Irimi — Tenkan

    Exercícios Preliminares

    Técnicas Mais Comuns de Ataque nos Kata de Aikido

    O Kokyu Ryoku

    Os Exercícios de Aiki Taiso Originários dos Rituais de Purificação Xintoístas

    O Kuzushi

    Hamni no Kamae

    Tai no Shintai e Tai Sabaki

    Ukemi

    Técnicas e Princípios

    Ikyo Omote

    Nikyo Omote (Segunda técnica entrando na frente)

    Sankyo (O terceiro princípio) Arte da espada que originou o Sankyo

    Yonkyo (O quarto princípio)

    Shiho Nague (Oriundo do princípio Shiho Giri, arremesso para os 4 quadrantes)

    Princípio Kaiten Nague (Arremesso circular)

    Kotegaeshi (Torção do antebraço em retorno)

    Kotegaeshi Nague Henka Waza

    Gokyo (Quinto princípio)

    Princípio Irimi Nague (Entrada com arremesso)

    Tenchi Nague

    Tembi Nague (Ude Hijiki)

    Ude Garami

    Ude Kime Nague

    Juji Garami Nague

    Koshi Nague

    Sumi Otoshi

    Aiki Otoshi

    Kokyu Nague

    Ushiro Waza

    Handachi Waza

    Suari Waza

    Taninzu gake

    Atemi Waza

    A Estratégia das Lutas Marciais

    Bokken (Aiki-Ken)

    Tachi no Suburi

    Demonstrações do uso das espadas em Kumitachi

    Tachi Tori

    Aiki-jo - O Bastão Aikido

    O Uso do Bastão

    Principais Kata de Jo (Suburi)

    Kumijo

    San Jiu Ichi Jo No Kata (Sequência de 31 movimentos com o Jo)

    Exemplos de Jo Tori (ser atacado por um Jo e tomá-lo)

    Tanto (Faca)

    Tanto Tori

    Bo (Bastão longo)

    Hanbo (Bastão curto)

    Um discurso em homenagem a Saito Sensei

    Derrubar o Agressor

    Jiu Waza

    Aplicações do Aikido do Instituto Takemussu na Polícia: O Curso Takemussu Policial

    Os Principais Mestres Contemporâneos do Aikikai

    Alguns Gashuku e Godo Keiko do Instituto Takemussu

    Juramento de Shodan

    A Tese Exigida em Dia de Exame de Faixa Preta (Shodan)

    O Grande Seminário da Amizade

    Vocabulário

    Apêndice

    Sede Central do Instituto Takemussu

    Aikido today magazine e Aikido Journal

    Uma Palavra Final Sobre a Edição em e-book

    Outros 2 Volumes Desta Série que Completam esta Obra

    Prefácio de Masafumi Sakanashi Sensei

    Há cerca de dez anos atrás conheci Wagner Bull em uma reunião da F. L. A. (Federação Latino-americana de Aikido), em um seminário no Peru. A primeira impressão que tive dele me causou surpresa. Lembro-me que se aproximou de mim e comentou que havia me escrito uma carta anteriormente e que a mesma desafortunadamente nunca havia chegado. Mas o infortúnio da carta não recebida não causou maiores estragos, já que a vida nos haveria de preparar um destino de forma compartilhada. Por outro lado, não posso deixar de mencionar a presença crucial do presidente da F. L. A., Yamada Sensei, que graças a ele tive a oportunidade de conhecer gente de forma tão grata como Wagner Bull entre outras. Algum tempo após o primeiro encontro, ele me convidou par vir a São Paulo, realizar um seminário organizado pelo Instituto Takemussu. Recordo-me claramente que naquele dia em que cheguei em seu Dojo, não pude acreditar no que vi, ou seja, a quantidade inimaginável de vídeos, livros e textos sobre Aikido que ali se encontravam. O amplo conhecimento que Bull possui sobre a arte marcial do Aikido não cabia em meu assombro. Algo que me surpreendeu ainda mais foi que dentro do Aikido que ele realizava, estava a proposta de trabalhar na busca do Centro, objetivo este com o qual eu vinha trabalhando durante muitos anos. Há uma história que ficou em minha memória a qual considero uma recordação de um acontecimento gracioso e assombroso ao mesmo tempo, que aconteceu em uma de minhas visitas ao Brasil, visto que depois do primeiro seminário, retomei várias vezes a seu convite.

    Havíamos terminado as práticas no Dojo e eu e Bull decidimos ir almoçar em um restaurante, e ao falarmos sobre Aikido acabamos ficando fascinados pelo tema, e quando repentinamente contra o que ninguém poderia sequer imaginar ou esperar, Bull se levantou da mesa e começou a mostrar-me uma série de técnicas usando-me como Uke no meio do restaurante lotado de pessoas, para perguntar-me se o que ele estava fazendo estava correto ou não, e sem se importar com o tempo, nem com o lugar em que estávamos. As pessoas que se encontravam almoçando naquele lugar, começaram a olhar de forma inusitada para nós, de forma censurável ou estranha, mas isto não lhe importava de forma alguma, tamanho seu entusiasmo pelo assunto que o sensibilizava tanto. Por isto, desde que o conheci, o considerei como uma pessoa que coloca o coração, o corpo e mesmo a alma no que faz, e sem se importar com a crítica negativa de outras pessoas, ou o que venham a dizer sobre seus atos, tem a convicção de ir avante e fazer tudo em que acredita, sem permitir que convenções morais ou estéticas possam impedi-lo de realizar suas metas e assim vem vencendo os obstáculos. Se eu pudesse caracterizar Bull com uma simples frase, diria o seguinte: ele é uma pessoa com um espírito de combate que luta constantemente para defender e para difundir conhecimentos recentes sobre o Aikido e inclusive as inovações. Considero que a forte convicção que possui em estar trilhando o correto Caminho é o que lhe dá coragem e o impulsiona para fortalecer e bem organizar seu Instituto, tornando-o o melhor Dojo de Aikido do Brasil.

    Sakanashi Sensei em seu consultório em Buenos Aires onde é um reconhecido quiropatas muito procurado na Argentina.

    Tais pais, tais filhos.

    No momento em que ele decidiu revisar e ampliar seu livro que já era bom, agora na 10ª edição, "Aikido — O Caminho da Sabedoria", passando a ter agora mais de 1.400 páginas no total, certamente será uma fonte com informações valiosíssimas para todos os que querem estudar os aspectos gerais do Aikido, principalmente para aqueles que leem na língua portuguesa.

    Sakanashi Masafumi

    Director General del

    Centro de Difusión del

    Aikido en Argentina

    Masafumi Sakanashi Sensei, líder do Centro de Difusión del Aikido, e seu filho Leonardo Sakanashi.

    Masafumi Sakanashi Sensei demonstrando Kamae.

    "Um novo mundo se abre quando,

    através da prática do Aikido, o

    paradoxo entre os opostos é

    substituído pela visão de

    unidade e de complementação."

    Wagner Bull

    Introdução

    Este livro trata especificamente da parte técnica do Aikido, conforme é treinado no Instituto Takemussu e também ensinada nos bons Dojo de Aikido de outras organizações e contém técnicas e princípios ensinados nos Dojo mais tradicionais do mundo, principalmente no New York Aikikai, no Hombu Dojo de Tóquio e o Ibaraki Dojo em Iwama, graças às influências que o autor recebeu dos grandes mestres japoneses de quem teve a sorte e a oportunidade de aprender diretamente. As técnicas apresentadas neste livro são parte do curriculum de nossa instituição e foi elaborado graças a um profundo e amplo estudo feito em 34 anos de prática e mais de 25 anos no ensino desta arte. Centenas de livros e vídeos sobre o Aikido, bem como de artes marciais correlatas, foram consultados, bem como uma variada e intensa experiência pessoal internacional foram introduzidas nestas páginas que, lidas e estudadas com a devida atenção, fornecem praticamente o que existe disponível na maioria dos Dojo do mundo.

    Tohei Sensei no final de década de 60 foi o primeiro grande mestre inspirador do autor, principalmente para o estudo da circulação da energia Ki e a importância da concentração no Seika no Item e do Orenaite, bem como a manutenção do centro baixo e estável.

    Certamente que alguns grandes mestres, com quem o autor teve mais contato direto por longo tempo, influenciaram mais a abordagem aqui introduzida, principalmente Massanao Ueno, Yoshimitsu Yamada, e, é claro, Jorge Dirceu Van Zuit. Embora Ueno Sensei tenha mostrado como os princípios do xintoísmo influenciam o desenvolvimento do "Ki, que permite a percepção necessária para o desenvolvimento do Mussubi (conexão) e do Kokyu Ryoku", que é a energia explosiva existente no Aikido e Yamada Sensei que foi aluno direto do Fundador, ter ensinado como é que se pode mover o atacante, foi Van Zuit que desde as primeiras aulas ainda na década de 60, despertou no espírito do autor o gosto pela defesa pessoal e da aplicação prática do Aikido.Este início marcial que o autor teve com Van Zuit, que era um oficial da polícia militar, influenciou enormemente a abordagem futura que passou a ter no Aikido, rejeitando tudo o que não fosse capaz de ser efetivamente aplicado com marcialidade.

    Saito Sensei em um perfeito Tai no Henko. Este mestre foi profundamente estudado e seguido em suas orientações ao se estabelecer o curriculum básico do Instituto Takemussu pelo autor. Foi seu segundo mestre inspirador.

    Por esta razão, o princípio básico que norteia o Instituto Takemussu é:

    Desenvolver o Aikido como um Caminho de Iluminação espiritual, mas através de uma arte marcial eficiente como defesa pessoal.

    Nos meados da década de 1980, quando fundamos o Instituto Takemussu, foi muito difícil realmente conseguir conciliar o espírito de amor e harmonia com o rigor marcial, e meus primeiros alunos tiveram que passar maus bocados, recebendo técnicas fortes, mas com certa dose de violência, visto que o autor não havia ainda dominado perfeitamente as sutilezas que somente vieram a ser percebidas com o desenvolvimento espiritual, meditação e com a correta consciência do "Aiki, para que as técnicas pudessem ser praticadas, como são agora, com eficiência marcial como defesa pessoal sim, mas sem a brutalidade. Esta nossa visão ficará clara na leitura deste livro, que contém praticamente os principais fundamentos que um bom artista marcial deve saber para se tornar eficiente em qualquer Budô", visto que no meu entendimento, todas as artes marciais têm o mesmo propósito, e são todas eficazes, embora, infelizmente, não possa dizer o mesmo de todos os seus professores, pois existe muita gente despreparada, tanto tecnicamente como filosoficamente, ensinando artes marciais no Brasil, e isto se deve ao fato de não existir uma entidade que controle a qualidade do que é oferecido ao público e este, por outro lado, em vez de investigar bem antes de ingressar em uma academia de artes marciais sobre o passado do professor que lá ensina, muitas vezes prefere ingressar naquela que seja mais próxima de sua casa, achando que tudo é a mesma coisa. Recomendamos ao leitor que ainda não seja um Budoka que antes de ingressar em uma academia (Dojo), procure conhecer melhor e ter boas referências de quem está por detrás do professor e qual instituição lhe está dando suporte. Não é porque alguém coloca uma placa "Aikido", na fachada de um prédio, e porque tem uma faixa preta na cintura, que isto seja garantia de que ali será efetivamente ensinada uma arte marcial corretamente como o Aikido, que é um caminho de vida ideal para o século XXI, por ser moderno e adaptado às necessidades e exigências do novo milênio.

    Massanao Ueno Sensei foi o terceiro grande mestre inspirador do autor, e talvez o mais importante, em sua formação e na criação do Instituto Takemussu, porque lhe mostrou a conexão do Aikido com o xintoísmo, o Takemussu Aiki, fazendo-o ver que o Aikido era um treinamento para a vida e que nada valiam grandes conhecimentos teóricos senão estivessem em ressonância com o sentimento e a percepção intuitiva do indivíduo de si mesmo e da ordem do Universo.

    O Aikido visa desenvolver homens fortes e líderes, mas que assim o sejam por suas qualidades de firmeza, mas também usando métodos harmônicos, de união, de conciliação e de boa política, que a prática contínua do Aikido possibilita e desenvolve em todos os espíritos que têm a disciplina para praticá-lo com regularidade.

    Este empenho pela aplicação prática do Aikido inclusive nos levou a criar um curso específico chamado "Takemussu Policial, paralelamente à pratica regular do Aikido tradicional, curso este que é indicado para agentes de segurança e para a polícia, tendo como base a experiência bem-sucedida do Prof. Nelson Requena, na Venezuela. Este curso teve sua primeira turma expressiva no Brasil, no final do segundo semestre de 2002, com a Guarda Municipal de São José dos Campos, onde 142 guardas foram treinados para aprender a abordar e controlar um suspeito, algemando-o em 30 segundos, com bastante eficiência. Para manter este aspecto marcial, o Instituto Takemussu tem sido muito exigente nas promoções de seus faixas pretas, que em seus exames têm que efetivamente demonstrar capacidade marcial, além de dominarem os aspectos espirituais básicos e filosóficos deste maravilhoso caminho de iluminação espiritual criado por Morihei Ueshiba. Criou-se também a distinção Takemussu Yudansha" (peito amarelo), como uma categoria especial de elite, dentro dos praticantes que atingem a faixa preta, onde estes, para conseguir tal distinção, têm que efetivamente demonstrar grande eficiência e domínio das técnicas de maneira ainda mais apurada, como mais uma forma de motivar os praticantes a cada dia se tornarem aikidoístas mais perfeitos, mais eficientes em seus movimentos, técnicas e principalmente na forma de se comportar no dia a dia da vida, em suas atividades e relacionamento com as pessoas, cuidando da ética.

    Reichin Kawai e Ono Sensei também influenciaram bastante, cada um a sua maneira. Kawai Sensei, embora não tivesse uma técnica apurada como Yamada e Ueno Sensei, era um professor japonês que fazia questão de manter em seu Dojo a disciplina rigorosa e a ética japonesa tradicional. Ai de quem colocasse seus chinelos não perpendiculares na borda do tatame por exemplo, no Dojo de Kawai Sensei, ou deixasse de cumprimentar o parceiro, pois sofreria séria admoestação: "Direitinho, direitinho, assim errado não pode! Frases como esta eram ditas em voz alta e em tom grave e severo, exigindo rígida obediência à etiqueta. Esta sua influência sobre o autor neste aspecto foi muito importante em sua formação, que nunca abriu mão da forma japonesa, disciplinada, ordeira em suas aulas e onde o respeito e a hierarquia sempre foram inquestionáveis e exigidos. Os treinos sempre foram igualmente rigorosos e o mais forte e exigente que os alunos pudessem suportar, procurando-se efetivamente transformá-los em um verdadeiro Shugyo" (treinamento austero). Resistimos a uma tendência que se encontra no Aikido moderno de tornar as aulas mais relaxadas, mais sem controle, como em uma reunião de amigos, um treinamento para executivos ou um local para se descontrair, sem disciplina. Um Dojo de Aikido deve ser um local de treinamento sério, e não uma festinha ou uma reunião social apenas para relaxar e se divertir. É claro que a espontaneidade, a diversão e a alegria são condições sine qua non nos treinos, e devem se expressar em sua forma total, antes e depois das aulas, mas quando no tatame, esta alegria deve ser manifestada de uma maneira disciplinada, respeitosa e buscando-se sempre os limites individuais de cada um. Talvez seja esta a principal razão pela qual a colônia japonesa brasileira aceitou o Instituto Takemussu também como um digno representante de suas tradições, embora dirigido por um "Gaijin" (não japonês), por constatar que a ética nipônica e suas tradições que gostariam de transmitir a seus filhos e membros se mantiveram sempre intocáveis em nossa Instituição e suas aulas. Entre nossos melhores alunos encontram-se muitos descendentes de japoneses. Por várias vezes, fomos convidados para representar o Aikido nos grandes festivais nacionais da comunidade japonesa, onde se apresenta o que existe de melhor na cultura nipo-brasileira. O Jornal São Paulo Shimbum, o mais tradicional da colônia japonesa, publica desde meados da década passada, artigos que o autor escreveu sobre Budô e Aikido.

    Shioda Sensei foi a fonte do treinamento das posturas iniciais do alinhamento do corpo para o Curso Básico do Instituto Takemussu e a inspiração para o treinamento da explosão do Kokyu Ryoku nos alunos avançados. O autor é seu grande fã e visitou seu Dojo em Tóquio. Foi o quarto mestre inspirador.

    Keizen Ono Sensei, por outro lado, teve uma importância singular na formação do autor, devido a sua bondade e espírito carinhoso, mostrando que existe no Aikido e na vida, um lado de tolerância, de carinho, de compreensão e de suavidade, e que isto também deve existir nas técnicas e no espírito reinante em um Dojo, mas sem perder o respeito, a disciplina e a marcialidade. Kawai sensei brincava dizendo que ele era o "pai do Aikido brasileiro e Ono Sensei a mãe. Embora um tanto engraçada, esta frase faz sentido para o pessoal da velha guarda" como eu, que conviveu com estas duas figuras históricas no ensino do Aikido brasileiro que, de forma indireta , acabaram influenciando bastante a minha didática ao ensinar meus alunos.

    A influência de Yoshimitsu Yamada Sensei no Instituto Takemussu, que nesta foto de 1990 em Lima, Peru, está praticando com o autor, foi enorme. Além de seu enorme apoio político enviou alguns de seus principais alunos como Donovan Waite, Peter Bernarth e Jane Ozeki que fizeram muitos seminários para os alunos graduados do Instituto Takemussu, com­plementando os ensinamentos de Yamada Sensei.

    Donovan Waite foi quem ensinou os associados no Instituto Takemussu a caírem macio e sem danificar as articulações, transmitindo seu famoso método de ensino de Ukemi.

    Claude Berthiaume visitou o Brasil fazendo seminários pelo Brasil Aikikai em 1997.

    Jane Ozeki

    Peter Bernarth

    Yamada Sensei foi o quinto mestre inspirador do autor por mostrar-lhe a forma circular ampla com o qual os movimentos do Aikido devem ser praticados em sua fase inicial, para possibilitar ao praticante mover seu atacante de forma suave e sem muito esforço. Também trouxe pedigree internacional ao Instituto Takemussu, abrindo aos membros desta organização as portas para toda a grande comunidade aikidoística mundial, herdeiros diretos de Morihei Ueshiba. Foi ele quem recomendou ao Doshu a promoção do autor para 6º Dan, colocando-o em condições de se tornar um Shihan (mestre reconhecido). Por ser aluno direto do Fundador e reconhecido internacionalmente na atualidade como um dos mais importantes representantes do Aikido do Aikikai no mundo, teve importância fundamental para a consolidação do Instituto Takemussu como uma entidade reconhecida oficialmente e junto ao público como uma das divulgadoras da tradição do Fundador Morihei Ueshiba.

    Manuscrito de próprio punho de Yamada Sensei ao recomendar o autor para 6º Dan. Seu significado é o seguinte:

    "Minha exigência:

    para se poder receber o 6º Dan é necessário mostrar técnica, caráter e atitudes próprias deste alto nível condizentes com esta graduação."

    Embora existam atemi (golpes traumáticos) no Aikido, eles na verdade não devem ser expressos claramente durante as técnicas, devendo ficar ocultos, pois se os princípios corretos do "Aiki" forem utilizados, eles não são necessários para a eficiência das técnicas. Instrutores com pouca experiência por não conseguirem ser eficientes costumam valorizar o atemi e isto é um erro. Assim os alunos não terão condições de aprender os princípios do "Aiki, que são os mais importantes . Os atemi existem apenas como exigência para que o atacante estenda sua energia, e assim permitir que o controle através do Aiki" seja possível, e desta forma se possa imobilizá-lo (Katame Waza), ou projetá-lo (Nague Waza). Se um praticante apenas consegue aplicar uma técnica quando segurado com força usando um "atemi", isto é sinal que ele ainda é um principiante, e não dominou os maiores segredos desta arte. Assim como o descobridor dos princípios em que se baseou o Judô observou o salgueiro se dobrar ao vento e não quebrar, contrariamente ao pinheiro, e nisto se derivou para a criação de sua arte, assim também no Aiki Jujutsu, que é a arte mãe do Aikido, a relação de seus princípios com a natureza baseou-se na observação de como uma aranha captura sua presa. Ela primeiro faz a presa ficar grudada na teia, e depois a envolve com uma série de fios, controlando suas articulações. Passando isto para a prática das técnicas do Aikido, a cola da teia é executada através do "Kokyu e do Mussubi, e o aprisionamento das articulações através da capacidade em se redirecionar a energia Ki, que sai do Hara do praticante de forma circular (Meguri), e fisicamente usando um sofisticado sistema de alavancas que é aprendido através da prática do correto Kihon, e com um mínimo de esforço imobilizar facilmente o atacante. Certamente leva muitos anos para se conseguir este efeito, mas com o treinamento e orientação adequada ele é possível de ser aprendido. Uma vez de posse deste conhecimento, o verdadeiro Aiki, as técnicas padrões passam a ser dispensáveis, pois elas são apenas uma ferramenta para ensinar os princípios ao praticante, tornando-o apto a praticar o Takemussu Aiki", que é uma arte marcial criativa, onde as técnicas surgem de forma infinita de acordo com a situação. Somente neste estágio é que o Aikido se torna uma arte invencível. Ele demora a ser atingido, mas apresenta a vantagem de não depender de idade, força, velocidade e nem sequer do tempo ou do espaço. É, por isto, que os grandes mestres de Aikido atingem sua maestria acima de 50 anos e continuam fortes até o último dia de sua vida, contrariamente a muitos outros esportes ou artes marciais que com a idade a pessoa começa a perder suas qualidades técnicas. A prática com armas, principalmente com o Bokken e o Jo também é muito importante no Aikido. Muita gente pensa que se usa armas no Aikido para aprender a cortar com um Katana, ou estocar um atacante com um bastão. Nada mais errado. O treinamento com o "Bokken" no Aikido é usado para ensinar o aikidoísta a projetar sua energia onde ele necessita para provocar o desequilíbrio do atacante (Kuzushi), e o "Jo para ensinar o praticante a movimentar todas as partes de seu corpo em conjunto, justificando o conceito de a união faz a força. No bom Aikido, dedos, mãos, braços, ombros, quadris, coxas, pernas, calcanhares... tudo deve ser usado em conjunto em todas as ações. Este conceito é fundamental no desenvolvimento de Namba", que é um aspecto fundamental nas posturas de todas as artes tradicionais no Japão mesmo em formas extremamente diversas como do Sumô ao teatro . Acredito que um dos aspectos mais importantes de qualquer arte marcial é aprender a usar todo o potencial de que dispomos, bem como ser capaz de concentrá-lo em determinado ponto. Assim como o Karatê tem o "Makiwara para praticar, o aikidoísta tem o Bokken e o Jo, mas é preciso que fique claro — a prática com armas no Aikido é feita apenas como um exercício para melhorar o "Tai Jutsu, e não como uma prática para o uso convencional de armas brancas, como muitos praticantes mal-informados ainda pensam, e se preocupam por isto em aprender centenas de Kata" e decorar sei lá quantos movimentos, ou vão praticar Iaido ou Kendô. É desnecessário e atrapalha principalmente no início, praticar outras artes marciais junto com o Aikido. É por isto que Yamada Sensei alega ser perda de tempo praticar com armas. E o autor concorda com ele, em não pensar nelas como apenas um equipamento de treino do "Tai Jutsu. Na verdade, basta aprender a cortar com o Bokken nas oito direções, aprender a aparar os ataques criando um tipo de cone" de aço em redor do praticante, tendo como a aresta de contato a arma, e fazer movimentos com o Jo de forma integrada, para se conseguir os benefícios que estas duas armas podem contribuir para se aprimorar o Aikido. Assim, no Instituto, segue-se parte do programa de Iwama criado por Saito Sensei, que tradicionalmente sempre foi ensinado no Brasil pela maioria dos instrutores, como Kawai Sensei, Shikanai Sensei, Nishida Sensei, e posteriormente, também no Instituto Takemussu, por intermédio do autor.

    Horiê Sensei, embora não seja conhecido internacionalmente por ter falecido muito jovem, era 5º Dan quando esteve no Brasil no final da década de 60. Ele era companheiro de universidade dos mestres introdutores do Wado Ryu no Brasil como Suzuki, Buyo e Taura e era muito respeitado por eles e foi a Curitiba fazer uma demonstração em um campeonato de Karatê no início da década de 70. Esta foto é daquela ocasião. Foi quando o autor o conheceu e pediu-lhe para que o instruísse particularmente por 15 dias seguidos em Curitiba, que foram suficientes para evidenciar-lhe que o Aikido era uma arte marcial extraordinária e que na verdade o que era praticado no Brasil ainda era algo primário. Esta constatação foi o início de uma longa busca atrás da verdadeira tradição que três décadas posteriormente terminou com o reconhecimento oficial do Instituto Takemussu pela central de Tóquio e sua promoção para 6º Dan.

    Jorge Dirceu Van Zuit era um oficial da polícia e foi o primeiro mestre do autor e quem lhe mostrou o uso das técnicas de Aikido para uso policial e de defesa pessoal. Havia sido aluno do Prof. Noritaka, um parente de Kawai Sensei, na década de 1960 e era responsável pelo Aikido no Paraná.

    Demonstração feita por Jorge Dirceu Van Zuit em 1970 de defesa de faca usando o Prof. Wagner Bull como seu parceiro, em Curitiba, Paraná. Nesta época o Prof. Wagner Bull aos 22 anos treinava Judô, Karatê, Boxe e ainda não tinha definido o seu amor pelo Aikido.

    É importante salientar que além das influências acima citadas, alguns grandes mestres e estilos contribuíram enormemente de forma indireta no programa curricular do Instituto Takemussu que vai do iniciante ao faixa preta, devido ao profundo estudo que fiz de suas técnicas. Embora todos os aspectos das mesmas somente possam ser ensinados pessoalmente, o observador atento e experimentado perceberá esta influência claramente ao ler as páginas com a demonstração das técnicas e princípios contidos neste livro. Neste particular teve fundamental importância em primeiro lugar Koichi Tohei, que no final da década de 1970 era considerado o Pelé do Aikido e cujos ensinamentos me estimularam a dar a devida atenção ao centro do abdômen inferior, o "Saika no Item como ele chamava, e a aprender a dirigir a força do atacante para o solo, através das linhas de Ki, a buscar a percepção das mesmas através da meditação correta, retirando o Ki" do Universo e concentrando-o no Hara para, posteriormente, estendê-lo na aplicação das técnicas (conforme explicado no primeiro volume desta obra, "A Teoria), e sempre levando em conta os seus quatro princípios, ou seja: relaxar completamente, manter o ponto Um" no Hara com o peso embaixo e estender o "Ki".

    Masafumi Sakanashi foi o mestre com quem o autor teve contato e que pôde dele perceber como é que Yamaguchi Sensei controlava seu Uke. Na opinião do autor ele é um dos melhores aikidoístas do Ocidente tecnicamente falando.

    Com Yoshimitsu Yamada Sensei, o mestre que lhe abriu as portas para o Aikido internacional, sem cujo apoio ao Instituto Takemussu teria sido impossível o seu alcance nacional, e também em outros países, como uma entidade filiada ao Aikikai.

    Também foi muito importante no Instituto Takemussu os ensinamentos de Donovan Waite, que nos visitou várias vezes a meu convite, especialmente por nos ter ensinado a fazer as quedas (Ukemi) com perfeição, evitando machucar as articulações e a aprendermos a cair sem nos lesionarmos, de forma suave, mesmos nas técnicas de projeção alta. Foi também estrutural os ensinamentos das formas de Saito Sensei com seu "Iwama Style, de quem aprendemos através de seus alunos, vídeos e também ratificando­ pessoalmente em uma visita que lhe fiz em Iwama, a desequilibrar nas diagonais, estendendo o Ki", usando o Tegatana e os braços em arco, e aprendendo a fazer uso do peso na produção de poderosas alavancas. Estes conceitos de Saito Sensei foram fundamentais para os praticantes do Instituto desenvolverem a capacidade para se livrar do agarramento de pessoas mais fortes. Outro fato significativo que a longo prazo refinou nosso treinamento foi a primeira vez que o autor viu Seigo Yamaguchi Sensei e a forma incrível pela qual ele desequilibrava seus atacantes, sendo algo mágico e fascinante. O autor não conseguia compreender o que ele fazia, mesmo vendo seus vídeos centenas de vezes, até que, em 1992, conheceu Sakanashi Sensei, residente na Argentina, que lhe deu a chave para esta compreensão. Por várias vezes o autor convidou-o a vir ao Brasil e foi à Buenos Aires estudar com ele. Teve a sorte de ele ensinar como dominava a linha central e usava o Hara para mover o Uke. Foi um ovo de Colombo que mudou completamente a visão do autor sobre as técnicas do Aikido.

    Seigo Yamaguchi

    A influência de Shioda Sensei e do estilo Yoshinkan, também contribuiu de maneira significativa no perfil do Instituto, principalmente na década de 1980, através da prática inicial do principiante com ênfase no desenvolvimento de posturas corretas, de manter a perna traseira esticada, de projetar o peso na frente, de percepção da linha central e de fazer com que o aikidoísta se mova como uma esfera perfeita, possibilitando o efeito de máquina da polia, do círculo, que permite mover corpos pesados sem grandes esforços. Também foi sob a influência do estudo de Shioda Sensei que ficou subentendida a posterior possibilidade de se dominar o "Kokyu Ryoku e o Shuchu Ryoku" (o poder do centro). É claro que as fantásticas demonstrações de Shioda Sensei que o autor viu em vídeos, inspiraram-no a buscar aquela explosão, parecida com um choque de 2.000 volts que os atacantes sofriam na hora do contato com este grande mestre enquanto ele vivia, e que viu Ô Sensei fazer em um filme de 1935 produzido no Asahi Shimbum. Finalmente, com todos estes conhecimentos conscientizados, o autor foi levado a se aproximar das raízes do Aikido, ou seja, do Aiki Jujutsu. Neste contato e estudo acabou compreendendo o conceito essencial para a verdadeira eficiência das técnicas do Aikido, ou seja, a compreensão e domínio do "Aiki Ague e Aiki Sague". Desde alguns anos atrás começou a entender as técnicas, antes secretas para ele, do Aiki Jujutsu, especialmente aquelas feitas pelos alunos de Kodo Horikawa, e ainda está treinando este aspecto, que acha ser o ápice das possibilidades técnicas do Aikido, ou seja, basta tocar no aikidoísta para o atacante ser imediatamente controlado ou projetado. Nisto está trabalhando atualmente junto com seus alunos mais próximos e interessados.

    Apesar de estar praticando Aikido há mais de 34 anos, sinceramente, percebe que está ainda no começo da subida da montanha. Há muitas coisas ainda a desenvolver e a praticar, embora tenha com seus alunos caminhado muito além do que viu por aí pelo mundo do Aikido na maioria dos Dojo que visitou.

    A grande verdade é que o cume é alto, a vida é curta e o autor está envelhecendo. Daí ter feito questão de reescrever o livro "Aikido — O Caminho da Sabedoria", revisando os textos, atualizando e os ampliando, o que acabou gerando três volumes, para deixar uma base segura às futuras gerações de aikidoístas que falem a língua portuguesa, para que possam dominá-la e devido a esta facilidade, em tempo menor, consigam avançar além de onde ele e seus alunos antigos chegaram, e eventualmente possam chegar bem mais longe de onde chegou o autor.

    Hoje acredita mais naquilo que sai de dentro de seu interior do que de explicações, quando tem dúvidas em suas técnicas e princípios, do que em ensinamentos seja lá de que fontes venham, e assegura de que muito do que hoje faz parte do curriculum do Instituto veio de momentos de intuição e percepção, momentos estes gloriosos quando chegou na mente aquela inspiração que lhe trouxe na voz a expressão: "Ah! Entendi!... Então é isto que aquele mestre faz! Agora posso fazer também!!!"

    É claro que, sem falsa modéstia, o autor está consciente de sua capacidade, mas sabe também que há muito ainda por aprender. Percebe igualmente que muitas pessoas que possuem alto nível e reputação, às vezes não sabem detalhes elementares. É preciso desconfiar de tudo que não funciona e não flui com naturalidade.

    Certamente o autor e aqueles que o seguem como fiéis discípulos, continuarão firmes nesta jornada de busca, e mesmo que ele não alcance o ápice do domínio das técnicas do Aikido, tem a convicção de que algum aluno seu, como disse, absorvendo o que ele e os alunos mais antigos já dominaram, poderá atingir a meta final em realmente se tornar um Mestre. Embora o autor ainda não o seja, está consciente de que marcha nesta direção pois encontrou o mapa da mina e chegará lá com o tempo se tiver saúde e longa vida e continuar a contar com o apoio de seus alunos. Confessa ao leitor que embora tenha o maior título no Aikido que um aikidoísta latino-americano até esta data conseguiu, o 6º Dan, continua se sentindo um principiante e muitas vezes desajeitado, e que diariamente busca como aperfeiçoar e fazer perguntas, onde quer que encontre pessoas com coisas novas. Se bem que, nesta altura de sua vida no Budô, já aprendeu que o grande ensinamento está mesmo contido no Universo e na Natureza, as fontes dos grandes segredos e técnicas invencíveis.

    Hoje compreende o que o Fundador do Aikido dizia ao afirmar que seus grandes mestres eram os "Kami".

    Leiam este livro com muita atenção, e se possível, os outros dois volumes onde o autor trata da teoria e da filosofia do Aikido, e coloque os ensinamentos em prática. Enquanto eles ficarem apenas no âmbito do conhecimento intelectual eles para nada servirão. Tenham a certeza de que eles são o resultado de muito, mas muito esforço individual, de pesquisa e dedicação de muita gente que ama esta arte e caminho do Aikido e que passaram grande parte de sua vida nesta busca e que os dividiram consigo. Se o autor tem um mérito este foi de colocar tudo o que eles fizeram de uma forma inteligível e clara no papel e em língua portuguesa, que está agora ao dispor dos leitores interessados no verdadeiro Aikido de Morihei Ueshiba, o "Takemussu Aiki", graças ao entusiasmo de Ricardo Riedel, o editor da Editora Pensamento, herdado de seu pai, o saudoso Sr. Diaulas, um apaixonado pela compreensão da vida e seus segredos esotéricos e que tanto contribuiu para a produção de tantas obras valiosas à disposição do público amante de livros no Brasil.

    Wagner Bull

    10 de Abril de 2003

    I

    (Intenção e decisão)

    Na vida e no Budô é necessário vontade, disciplina e determinação para se manter o foco em nossos objetivos. Esta é a função do líder e do Sensei em um Dojo.

    Demonstração do autor em Toyama, Japão (1977), organizada por Yamada Sensei.

    Doshu Kishomaru Ueshiba

    Doshu durante a entrevista em 1996.

    Doshu Kishomaru foi o responsável direto pelo crescimento do Aikido em nível internacional. Sem ele, provavelmente o Aikido teria sido apenas uma entre as milhares de artes que morreram com os seus fundadores. Abaixo, alguns de seus comentários extraídos de entrevistas:

    "As pessoas me perguntam se é importante conhecer a biografia de Ô Sensei para se aprender Aikido. Eu acho que é maravilhoso que alguém decida estudar Aikido e continue a praticá-lo por perceber que isto atende as suas necessidades, e acho que é necessário conhecer e praticar corretamente as origens desta arte. Infelizmente algumas pessoas começam a treinar e depois param em pouco tempo, experimentando a arte apenas por um curto intervalo, e acabam não tendo a verdadeira ideia do que é o Aikido ou do que ele trata. Se as pessoas pensam que Aikido é apenas mover os braços e as pernas de maneira que lembre apenas a forma deste Caminho original sem suas raízes, isto se torna lamentável. Descrever Aikido desta forma é cometer uma injúria à Arte. Para evitar isto é necessário conhecer os tempos difíceis que Morihei Ueshiba viveu para criar este Caminho. Aikido não se trata de mover braços e pernas, ele é um assunto do espírito, do coração, da personalidade. Se o treinamento e o nível espiritual de cada um não estiverem expressos nos movimentos então não se estará praticando a coisa como ela é. É errado pensar que se está

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