Ambiente de TI hospitalar altamente crítico: um estudo de caso

De Adalberto Correa

Neste estudo pretende-se resolver o problema de disponibilidade dos sistemas de TI em um ambiente hospitalar altamente crítico, ou seja, que não tem uma janela disponível para uma parada na infraestrutura de TI, uma vez que é um local que opera 24 horas por dia, sete dias por semana. É importante fornecer uma solução para que não haja prejuízos para o cliente/paciente nem para a organização em eventuais manutenções ou atualizações.

A proposta é a realização de um trabalho de pesquisa acadêmica completo, incluindo pesquisa em materiais relacionados e consultas a especialistas e profissionais que atuam nesses ambientes.

Ao final, espera-se que este trabalho possa servir de guia e referência para profissionais de TI que atuam em ambientes que requerem alta disponibilidade, através da proposta de soluções práticas que irão minimizar ou anular os revezes que uma atualização ou manutenção de sistemas e/ou infraestrutura possa ter no ambiente de trabalho. Também poderá contribuir para futuras pesquisas relacionadas ao tema de estratégias de gerenciamento de alta disponibilidade.

• Idioma: Português
• Editora: Editora Dialética
• Data de lançamento: 13 de dez. de 2022
• ISBN: 9786525260563

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1. INTRODUÇÃO

1.1. Tema/área de pesquisa e contextualização

Na área da saúde, a soma das informações e registros sobre um paciente é chamado de prontuário médico, e foi definido legalmente no Brasil no ano de 2002 como:

(...) o documento único constituído de um conjunto de informações, sinais e imagens registradas, geradas a partir de fatos, acontecimentos e situações sobre a saúde do paciente e a assistência a ele prestada, de caráter legal, sigiloso e científico, que possibilita a comunicação entre membros da equipe multiprofissional e a continuidade da assistência prestada ao indivíduo. (Resolução CFM nº 1.638/2002).

Dada natureza destes dados, é seguro afirmar que a acessibilidade do sistema aos membros da equipe médica é de grande importância para os cuidados com o paciente, e deve-se assegurar que o prontuário médico esteja sempre disponível e atualizado.

Rezende e Abreu (2001, p. 78) definem Tecnologia da Informação como recursos tecnológicos e computacionais para geração e uso da informação.

Atualmente, grande parte dos hospitais uniram o prontuário médico à Tecnologia da Informação, gerando assim os Prontuários Eletrônicos. Estes dependem da infraestrutura de TI para se manterem funcionais e acessíveis, tornando o ambiente de TI altamente crítico, onde uma parada nos serviços poderia significar danos a vidas humanas.

1.2. Problema de pesquisa

Segundo uma pesquisa da CB Insights, durante a pandemia do Covid-19 a partir do ano de 2020, os hospitais tornaram-se locais de referência e investimentos. As UTIs (Unidades de Tratamento Intensivo) passaram a funcionar bem próximas de suas capacidades máximas. Não é segredo que estes ambientes precisam funcionar 100% do tempo, 24 horas por dia, 7 dias por semana.

Informações vitais de cada paciente (diagnósticos, comorbidades, alergias, medicações, tratamentos, resultados de exames) encontram-se em sistemas médicos de prontuário eletrônico, e a vida de cada interno depende, entre outras variáveis, da precisão e principalmente da disponibilidade dessas informações.

Diante deste cenário, uma eventual pane nos sistemas acarretaria inúmeros problemas de forma imediata, colocando vidas humanas em perigo.

Então, como se preparar e agir em uma possível indisponibilidade dos sistemas de TI ou de sua infraestrutura?

1.2.1. Justificativa/motivação para resolver

Quanto mais conectado o ambiente da empresa, mais crítico será o problema da indisponibilidade. A criticidade aumenta quando vidas dependem de um prontuário eletrônico, onde se encontram informações vitais do paciente.

Nesta pesquisa, espera-se encontrar respostas e orientações práticas para que, ao final, este projeto possa servir de guia para gerentes e profissionais de TI que irão passar, mais cedo ou mais tarde, por uma experiência de indisponibilidade de sistemas de TI em ambientes altamente críticos (seja por falha técnica ou manutenção programada).

1.3. Objetivo geral

Identificar qual é o Plano de Contingência da área de TI adotado por um hospital de São Paulo capital, para o caso de parada do ambiente de TI altamente crítico.

1.4. Objetivos específicos

• Descrever processos hospitalares que dependem de TI.

• Pesquisar, através de entrevistas com profissionais da área de TI e de saúde, quais são as principais informações e sistemas que não podem deixar de operar, e quais impactos a indisponibilidade destes terão no negócio.

• Identificar o plano de contingência do departamento de TI do hospital entrevistado.

• Propor um Plano de Contingência para o ambiente hospitalar estudado, com base nos dados coletados durante a pesquisa.

1.5. Resultados esperados

Espera-se criar um documento acadêmico interessante para fins científicos e um guia prático que possa ser consultado por gerentes e profissionais de TI, principalmente os que atuam em organizações da área de saúde, e servir de base ou referência para futuras atualizações ou manutenções de infraestrutura de TI, ou ainda para implementar melhorias em relação ao plano de contingência já existente nos ambientes de TI, minimizando ou eliminando impactos negativos que possam advir de possíveis paradas na infraestrutura.

1.6. Estrutura da dissertação

No capítulo 1 será apresentado o problema que se propõe a resolver, a motivação para fazê-lo, bem como os objetivos geral e específicos da dissertação.

No capítulo 2 serão abordados os principais assuntos desta dissertação, que são a Tecnologia da Informação na área da Saúde, Sistemas de Informação, Prontuário Eletrônico do Paciente, Redes de Computadores, Banco de Dados, Plano de Contingência, a importância da Segurança da Informação no que diz respeito a Confidencialidade, Integridade e Disponibilidade da informação, com foco na Disponibilidade, os impactos que a indisponibilidade podem causar para o negócio, a Infraestrutura utilizada para manter a Alta Disponibilidade e o Plano de Contingência para casos de atualização ou manutenção.

O capítulo 3 apresenta os procedimentos metodológicos adotados para levantamento de dados como pesquisa através de entrevistas e questionários online. A população alvo de estudo é composta por gerentes e profissionais de TI que atuam em hospitais, que contam com ambientes altamente críticos, especialistas na área de Tecnologia da Informação, além de profissionais de saúde como médicos e enfermeiros que utilizam sistemas de prontuário eletrônico.

No capítulo 4 serão exibidos os dados coleados através das entrevistas e questionários, a tabulação dos resultados, bem como a infraestrutura mínima para se conseguir a alta disponibilidade.

No capítulo 5 é apresentada a análise dos dados coletados, verificados diversos pontos da infraestrutura e analisados individualmente se oferecem ou não alta disponibilidade e tolerância a falhas, assim como sugestões de melhoria para cada ponto analisado, visando aumentar a disponibilidade de cada um.

Por fim, no capítulo 6 são apresentadas as conclusões e considerações finais do projeto, bem como o alcance satisfatório dos objetivos geral e específicos, as limitações que o projeto enfrentou e sugestões para pesquisas futuras.

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Neste capítulo, baseado na literatura já existente, abordaremos os principais assuntos desta dissertação, que são os conceitos abaixo relacionados.

2.1. Tecnologia da Informação na Área da Saúde

A Tecnologia da Informação proporciona vários benefícios, tanto aos profissionais de saúde, quanto aos pacientes.

Em seu artigo, Filho, Xavier e Adriano (2001) afirmam que a combinação de computadores, redes de telecomunicações, informações médicas online e dados eletrônicos de pacientes pode melhorar a qualidade e as decisões inerentes ao cuidado de saúde, além de facilitar o acesso aos serviços disponíveis.

A era da informação não deixou a área da saúde à margem. De fato, a tecnologia ultrapassou o processamento-padrão de dados para funções administrativas comuns em todas as organizações, tais como recursos humanos, folhas de pagamento, sistemas de contabilidade, entre outros, e agora desempenha um papel fundamental tanto no cuidado ao paciente, na interpretação do eletrocardiograma, como em escalas de trabalho, prescrição, relatório de resultados e sistemas de prevenção. (Pinochet, 2011, p. 382).

Pinochet (2011) ainda destaca que "o gerenciamento da informação em setores hospitalares e áreas afins é um