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Hamlet, Eu Estou Aqui. Eis A Questão.
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E-book130 páginas1 hora

Hamlet, Eu Estou Aqui. Eis A Questão.

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Sobre este e-book

O casal de idosos se aproxima da nova vizinha que chora no apartamento ao lado; o pai substitui a dor da perda do filho levantando um hospital para pequenos fazendeiros; dor e superação, auxílio, prevenção ao suicídio são o mote destes e outros contos.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento19 de dez. de 2022
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    Hamlet, Eu Estou Aqui. Eis A Questão. - Ernest Hemingway (espírito) - Médium Célia Elmy

    PREFÁCIO

    Se eu soubesse não teria me matado. Estava enjoado da vida; buscava uma saída fácil. Eu fui um covarde com o ego inflado. A acionar aquele gatilho mil vezes preferia suportar pacientemente tudo o que me estava reservado. Eu fui um desertor. Padeço até hoje. É duro admitir, eu, um escritor renomado, agi como um moleque que fugiu da briga.

    Perdoem-me o relatório da minha desdita. Se algo fiz pelo bem da humanidade, recorrer ao suicídio invalida toda a minha obra. Peço que me escutem por um instante. Quero mostrar as consequências do ato de tirar a própria vida. Quero mostrar que é possível encontrar outras soluções para um momento de crise. Espero que me ouçam e que eu possa ser lembrado, não pelo trágico desfecho que dei à minha história, mas por ter apontado um novo fim à história pessoal dos que me lerem.

    ERNEST HEMINGWAY

    Médium Celia Elmy - Tremembé-SP - Brasil - Planeta Terra, 16/07/2017.

    O MILITAR

    — Está pronta?

    — Sim.

    Uma nuvem de desgosto ensombrava-lhe a face. Obtivera permissão para reformar-se. Suava. Nunca mais voltaria. Era temente a Deus; duvidava de si. A aragem fresca de fora refrigerou-lhe a fronte escaldante de pensamentos. O leito do rio rompeu as comportas; ajoelhou-se e deu vazão às ânsias há tempo represadas. Nunca lhe sucedera isso: esse dinamitar das emoções. Sempre fora calmo e controlado.

    Solicitara sua dispensa pelas mesmas razões por que quis servir. Fora leal nos anos em que esteve ligado ao exército americano. Dedicara boa parte de sua vida a ele. Fora praça e galgara posições de comando com esforço e persistência. Afastava-se para poder fruir o pouco tempo que lhe restava. Enfermidade pertinaz corroía-lhe o organismo. Era letal. Gostava de cavalgar e o fazia nas noites solitárias. A enfermidade aniquilava-lhe as forças. Era jovem ainda e experimentava o pavor da morte.

    Trajava terno sofisticado. Fora o último a sair do prédio. Os cabelos começando a ficar grisalhos. Guardava recordações boas dos tempos de caserna. Fora agraciado com condecorações por mérito só concedida aos que se destacavam.

    Agora lhe sobrava pouco tempo e não sabia como aproveitar. Voltaria ao seu torrão natal? Faria o cruzeiro idealizado? Quem se importaria com a sua morte? Logo seria esquecido, seria citado numa ou noutra conversa dos amigos, mas iriam esquecê-lo.

    Desejou dar outro rumo aos pensamentos. Lembrou-se de uma igreja que frequentara há algum tempo. Iria lá novamente. Buscava um pouco de conforto. À hora da missa a igreja estava repleta de fieis. Sentou-se entre as fileiras.

    ISOLAMENTO

    Ele range os dentes debaixo do cobertor. Contraiu o tifo. Inquieto, agitado, o torpor. Vão isolá-lo para evitar contágio.

    — Enfermeiro, não deixe ninguém entrar, são ordens do comandante. Quando ele morrer incinere o cadáver. Tragam-lhe água e alimento leve, mas não se aproximem.

    Não posso abandoná-lo. Vão me punir se o ajudar, pensou o enfermeiro ao receber a ordem.

    — Trouxe-lhe um caldo. Subornei o cozinheiro. Sou capelão do exército e tenho a função de enfermeiro. Fico com os casos mais graves. Tome uma tigela de sopa.

    — Eu ouvi o que o comandante disse. Por que não me matam? Eu vou morrer mesmo...

    — Você quer viver?

    — Eu gostaria de rever minha família no Kentucky.

    — Você vai revê-los, tenha fé. E tome este caldo.

    — Mas o comandante...

    — Ele não pode saber. Só Deus é que sabe. Virei aqui vê-lo todos os dias até você melhorar. E tome esta Bíblia.

    O REGENTE

    Ele treme. Seus olhos brilham com o clarão das chamas. Deitou-se, esperando morrer. Quanto tempo levaria? Começou a tossir. A fumaça entrava em seus olhos e na garganta, asfixiando-o. Estava velho e esperava por um fim em tudo aquilo. Não mais podia reger a orquestra. Ele não aguardaria passivamente ir perdendo o controle de tudo. Mais um pouco e estaria tudo consumado.

    Traçara um círculo de fogo no mato e encontrava-se no centro. Seus pulmões ardiam com o cheiro dos gases liberados pelo fogo. Quanto tempo demoraria para ser consumido? Não importa, o fogo faria o seu trabalho.

    Não conseguia mais respirar, tossia, terrivelmente asfixiado. Rompendo o cordão de fogo um jovem coloca-o nas costas.

    — Vamos sair daqui!

    Na passagem, as labaredas atingem-nos. Do lado de fora encontram um riacho próximo e mergulham. A água põe a descoberto o rosto do ancião, antes coberto de fuligem.

    — Zigmund Zimerman? É o senhor mesmo? Por que estava aqui?

    — Vamos embora. Eu entendi o recado. Não farei mais isto.

    A FILHA

    Ele ficou deitado na esteira em choque. Trouxeram-lhe a notícia ali mesmo: Eugênia partira. Viu-se só. Extenuado após o exercício, soluçava. Era a sua companheira que amara toda uma vida. O golpe produzira-lhe grande abatimento. Desejava estar com ela nos últimos momentos. Ver-lhe o semblante. Ela não o ouvia mais. Penetrara naquele mundo dos sonhos. Mas, fosse como fosse, estava ao seu lado sempre que podia.

    Sentado no sofá, modificara-se sua feição. A maçaneta girou. Chegaram todos para o enterro. O murmúrio abafado tomou conta da sala. Eram as despedidas. O féretro seguia pela alameda principal. Eram importantes. O lábio crispado, segurava a alça do caixão. Autoridades, jornalistas acompanhavam o enterro.

    * * * * * * *

    Passado um tempo, uma mocinha, do salão, furtiva, olha pela cortina. Jovem atleta exercitava-se no pátio. O jardineiro sente seu olhar e a vê. Ela desce. Queria vê-lo.

    — Trouxe-lhe uma rosa, ele lhe diz. A primeira do ano.

    Encantada ela aceita. Os olhos escuros repousam sobre ele.

    — Posso lhe dizer uma coisa? Você é tímida.

    — Por que diz isso?

    — Você se ruborizou.

    — Tenho medo que nos vejam. Se meu pai souber vai nos punir.

    — Eu não me importo. Eu o enfrentarei.

    — Você não consegue. Ele afastará você de mim.

    — Venha hoje à noite aqui.

    — Que pretende?

    — Apreciar o luar com você.

    — Não sei se conseguirei escapar após o jantar.

    — Eu esperarei ao lado da sua janela.

    * * * * * * *

    — Pedro, isso é uma loucura! Se papai nos descobre...

    — Esqueça-o. Se veio aqui é porque me ama.

    — Não posso viver longe de você. Mas eu tenho medo. Sou muito nova.

    — Eu lhe darei experiência por trás daquela cortina.

    — Tenho muito medo de sermos descobertos.

    — Uma noite apenas.

    — Amanhã não lembrará mais de mim, assim como de todas as pequenas que você namorou.

    — Nenhuma é como você. Você é

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