A natureza da indiferença: um olhar humano e pedagógico
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Sobre este e-book
A abordagem proposta tem um caráter filosófico e pedagógico. Pretende suscitar questões de ordem existencial e ao mesmo tempo servir como indicativo para pistas de ação; atitudes ora suscitadas a partir do entendimento de que de fato há lacunas abertas quando abordamos a participação efetiva do indivíduo neste mundo.
É um texto provocativo, que se apresenta sobretudo no aspecto ontológico, abordando a questão da indiferença do homem com o próprio ser homem – dimensões e natureza – e suas consequências mais significativas. Apontando uma trajetória, este trabalho visualiza um horizonte atingível, em que se possa encontrar nada menos que o amor – na perspectiva da dimensão ágape – como referência essencial.
Poderá ser útil como ferramenta provocativa, relacional e pedagógica, em vista do benefício de um encontrar-se enquanto indivíduo em sua natureza e integralidade, desejando ser uma voz – e oportunamente um grito ou, quem sabe, um sussurro – um incentivo a todas as expressões de humanização.
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A natureza da indiferença - João Batista Pereira Silva
Dedico este trabalho a meus pais (in memoriam), raízes de inestimável valor; meu pai Manoel, homem do silêncio e da decência; minha mãe Maria, mulher da oração e da ternura.
Dedico a Adalberto Franklin (in memoriam), incansável agente em defesa de um olhar humanizado sobre o outro.
Dedico a Gilda Maria (in memoriam), com seu inestimável amor à natureza e aquele olhar sempre sensível às coisas mais singelas da vida.
Dedico a Leila Lopes, esposa e companheira; aquela que, entre textos e sonhos, viaja comigo pelas sendas da vida.
Dedico a todos aqueles, que de uma forma ou de outra, nestes tempos e noutros, imprimem esse olhar enternecido; desse olhar uma decisão, uma atitude, um gesto humanizador.
Desenho de um homemDescrição gerada automaticamente com confiança médiaA existência humana é sempre transcendente, por esta razão o homem está sempre se dirigindo ao encontro de algo ou de alguém além de si mesmo.
Viktor Frankl
Sol no céuDescrição gerada automaticamenteTempo virá
Uma vacina preventiva de erros e violência se fará. As prisões se transformarão em escolas e oficinas.
E os homens, imunizados contra o crime, cidadãos de um novo mundo, contarão às crianças do futuro, estórias absurdas de prisões, celas, altos muros, de um tempo superado.
Cora Coralina
APRESENTAÇÃO
Este livro fala sobre indiferença - e um pouco além disso - podendo ser chamado de um breve diálogo entremeado de questões dignas de serem colocadas à mesa. É uma interlocução sobre a natureza da indiferença no contexto em que vivemos. Um contexto revelador de inúmeras situações bem conhecidas entre nós, as quais podemos citar o individualismo, a autossuficiência, a arrogância, o isolamento, a xenofobia, os preconceitos de toda ordem etc.
A abordagem proposta tem um caráter filosófico e pedagógico. Pretende suscitar questões de ordem existencial e ao mesmo tempo servir como indicativo para pistas de ação; atitudes ora suscitadas a partir do entendimento de que de fato há lacunas abertas quando abordamos a participação efetiva do indivíduo neste mundo.
Trata-se de uma reflexão em parte iniciada ainda em 2019 – e em certa medida, seus desdobramentos - quando da publicação do meu artigo Indiferença em foco: um olhar pedagógico (SILVA, 2019). Um texto provocativo, que se apresenta sobretudo no aspecto ontológico, abordando a questão da indiferença do homem com o próprio ser homem – dimensões e natureza - e suas consequências mais significativas. Apontando uma trajetória, este trabalho visualiza um horizonte atingível, onde se possa encontrar nada menos que o amor – na perspectiva da dimensão ágape - como referência essencial.
Poderá ser útil como ferramenta provocativa, relacional e pedagógica, em vista do benefício de um encontrar-se enquanto indivíduo em sua natureza e integralidade, desejando ser uma voz – e oportunamente um grito ou quem sabe, um sussurro - um incentivo a todas as expressões de humanização.
PREFÁCIO
Estou vindo neste momento de um passeio maravilhoso sobre as páginas do trabalho do pedagogo e agora escritor João Batista P. Silva, pelo qual fora convidado a escrever o PREFÁCIO de tão eloquente construção textual. Indiscutivelmente, foi para mim, um verdadeiro deleite emocional e intelectual, poder usufruir de tão rica abordagem acerca de uma das piores PANDEMIAS vividas diariamente pela sociedade humana, ao longo de sua história, ou seja, A INDIFERENÇA entre humanos. Isso, considerando-se, que desde os primórdios de nossa história, a dor vivida por nossos irmãos, nunca foi universalmente compartilhada. Muitas vezes, inclusive, é despercebida dentro da própria família.
Nossas essências raramente são visualizadas por aqueles que nos cercam. Somos, quase sempre vistos pela capa que nos protege. Para termos uma ideia, até meados do século XVIII, segundo – PHILIPS ARRIÉS – HISTÓRIA DA INFÂNCIA, o infanticídio era praticado em grande escala. O Papa Inocêncio III, numa certa manhã, ao abrir as janelas de seus aposentos, percebera que os pescadores ao atirarem a rede ao rio, não pescavam peixes, e sim crianças mortas que eram atiradas nas águas do rio, evidenciando uma rotineira e insana prática de barbárie. Imediatamente, diante daquele cenário abominável, o referido papa vai ao Imperador Romano e ordena ao mesmo a elaborar um decreto tornando hediondo o INFANTICÍDIO em todos os seus domínios geográficos.
Infelizmente, ainda hoje, em nome da economia familiar, social, de estado, a exemplo do infanticídio, multidões indiferentes à vida de embriões, ou fetos, vão às ruas no mundo inteiro, principalmente nos países que se dizem CRISTÃOS, a pedirem a legalização do aborto. Não nos esquecendo, porém, dos inúmeros abortos, provocados em nome do preconceito de determinadas famílias, em nome da falsa moral burguesa, em relação à mãe solteira. Sobre isso, não tenho dúvidas, que MOISÉS era um egípcio, e, nunca, hebreu!
Voltemos à obra. Quanta beleza, informações científicas, filosóficas, literárias, pude absorver em teu trabalho. Maravilhoso, diga-se de passagem. Uma temática preocupante há muito no seio da Comunidade Pediátrica, em nível internacional, sobre a necessidade que temos sobre a HUMANIZAÇÃO da saúde em todo Planeta. À luz da Psicanálise, somos convidados à valorização da SUBJETIVIDADE HUMANA. É exatamente a tese primordial no contexto das entrelinhas desse excelente trabalho. Sua importância é tamanha que, às vezes, parece se tornar redundante nas ênfases dadas ao termo – INDIFERENÇA! Sermos redundantes, quanto a necessidade de clamar pela solidariedade humana, é uma virtude, aos meus olhos, de poucos humanos!
Viajei no tempo, quando o autor destacava a importância que deveríamos dar a alteridade humana. O que me fez retornar ao Primeiro Ano Científico no Colégio Estadual Augusto Meira, disciplina – ESTUDOS SOCIAIS, em que o então professor Wilson Costa nos enfatizava sobre a importância da Individualidade Humana, chamando-nos a atenção sobre a etimologia da palavra individuo, a qual significa: um ser indivisível. Seria muito bom, se o termo indivíduo fosse valorizado, de fato, no seio da sociedade humana. Melhor seria ainda, não fosse confundido com – INDIVIDUALISMO, o qual é reiteradamente problematizado neste trabalho, ao lado de hedonismo, xenofobia e capitalismo desenfreado. Por meio destes, temos sido vilipendiados em nossos direitos sociais pelas elites econômicas, religiosas - com algumas exceções - políticas e intelectuais. Simplesmente, por estarem sempre indiferentes às nossas necessidades humanas.
Durante toda minha leitura, pude lembrar muito bem um pouco do que já li sobre SÓCRATES, PLATÃO, ARISTÓTELES, SÊNECA, SIGMUND FREUD, e, acima de todos eles, O NOSSO SENHOR JESUS CRISTO! E, foi ELE quem nos disse: Ama o teu próximo, como a ti, mesmo!
Sem dúvidas, não fosse por esse olhar tão divinal e oposto à INDIFERENÇA humana, jamais os poderosos o teriam sacrificado na cruz. Nesse trabalho, foi gratificante presenciar as inúmeras leituras realizadas pelo autor, a exemplo de PAULO FREIRE, HANNAN ARENDT, NELSON MANDELA, KAROL WOJTYLA, MADRE TEREZA DE CALCUTÁ, SANTO AGOSTINHO, IRMÃ DULCE, além de outros…
Ademais, no coração deste trabalho, encontramos o AMOR, nas suas diferentes origens, PHILIA, EROS E ÁGAPE, sendo este último, refletido pelo autor. E durante toda leitura – uma oportunidade possível - fomos convidados e até desafiados por ele ao exercício do AMOR ÁGAPE. De fato, somente quando exercitamos o AMOR, nessa perspectiva, seremos capazes de renunciar aos nossos sentimentos notadamente egoístas ou individualistas.
Muito embora o autor não a tenha abordado diretamente, certamente bebera um pouco da REPÚBLICA DE PLATÃO! Um sonho ideal para uma verdadeira PÁTRIA FELIZ, considerando-se que o princípio básico reside no aperfeiçoamento ético do ser humano! Hoje diríamos, na formação BIOÉTICA do ser humano; o MEIO AMBIENTE compreendido como parte da vida de todos os seres vivos. E o AMOR que nos chama a reflexão o autor, envolve também o nosso MEIO AMBIENTE, hoje, infelizmente, sendo destruído em nome do CAPITALISMO SELVAGEM, incessantemente!
Meus parabéns, por tão eloquente trabalho – JOÃO. Sucesso!
Imperatriz, 28 de setembro de 2021
Itamar Dias Fernandes – Médico-Pediatra! Membro da AIL.
SUMÁRIO
Capa
Folha de Rosto
Créditos
INTRODUÇÃO
CAPÍTULO I - A INDIFERENÇA
1.1 SOBRE A INDIFERENÇA
1.2 O FENÔMENO DA INDIFERENÇA
1.3 A PESSOA