Banal
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Poesia para você
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Banal - George Venâncio
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Tenho certeza de que a maioria das pessoas estranha o número zero aqui, geralmente a contagem em um livro começa com introdução, prólogo ou o número um. Se preferir, chame-o de prólogo, introdução etc., a escolha é sua, e quem sou eu pra julgar. Mas resolvi começar com o zero, a ausência de tudo, o muitas vezes esquecido, o número que, pra mim, é um dos mais poéticos e, vamos concordar, também é um dos mais charmosos, olha pra ele. Dê uma boa olhada e tire sua própria conclusão do porquê de eu ter começado com o zero. Pode ser algo muito científico, ou talvez místico, algo bem pessoal, talvez. Decida por mim, pois sou muito indeciso.
Mas, de fato, este é o começo, nosso primeiro contato e minha primeira oportunidade de segurar seu coração nas minhas mãos. Por isso, coopere um pouquinho comigo e vamos conversar (ou melhor, monologar) sobre umas coisas que acho importantes. Acho bom começarmos com o que é este livro?
e por quê?
. Acredito que não seja difícil deduzir, considerando o verso do livro, sumário e outras coisas, que essa é uma obra poética, minha segunda, para ser mais exato. Mas não se engane, apesar de a grande maioria dessas páginas estarem manchadas por minhas loucuras e visões de poeta, não são só poesias, e mesmo as poesias não são só poesias
. De qualquer forma, deixei um presente nas últimas páginas. Aqui, eu decidi escrever um pedaço do mundo — do meu mundo; do nosso mundo — com uma clara ênfase em nossas cabeças, nossas nuances, minhas mecânicas; o sorrir, o chorar, o sofrer…
Mas tenho certeza de que você está me perguntando agora: E o título, o que tem a ver?
É mais simples do que parece. É simples, o significado de banal, no caso. Quero dizer que a nossa vida é comum a todos, e nossos sofrimentos; que não estamos sozinhos. Ao mesmo tempo, o mundo é duro, é doído, é estranho, é vulgar, é BANAL.
Ah! Outra coisa, antes que eu me esqueça, muito obrigado por ler este livro, significa muito. Apesar de ser difícil e de eu não ser tão grande quanto outros autores, eu realmente amo o que faço. E você é parte disso, e, por isso, eu te amo — de uma forma ou outra, este livro nas suas mãos foi feito só pra você, a voz na sua cabeça, que eu espero que seja bonita, é a conexão especial entre nós três: eu, você e as palavras nessas páginas. Por isso, receba o carinho todo que tive aqui.
Eu já não vou tomar muito mais do seu tempo, não acho que seja minimamente interessante ou eficiente ficar prendendo você pelas primeiras páginas. Para aqueles que não me conhecem, qual a melhor forma de me conhecer senão espiar minha própria alma? E, para aqueles que já me conhecem, esperem tomar minha poesia no peito como aríete. Por fim, eu só espero o melhor da sua leitura. Boa sorte.
Lidar
com
jovem
é
coisa
de
adulto
já
dizia
minha
mãe.
A ironia.
Há quem me chame de poeta,
mano, homem ou menino.
Há quem diga que meus olhos são…
aflitos; ou talvez bonitos.
Talvez seja eu que minta
e não lhes escreva tudo o que sinto,
se sinto; eu sinto? Não sei dizer.
No final só sei que nada sei.
Mas quando saberei? Idem
Mas enfim, que minha pena
seja forte o bastante
pra chacoalhar seu ninho.
Este livro é dedicado a todos aqueles que acreditaram em mim.
Em especial, dedico à minha mãe Larissa, a pessoa mais especial na minha vida.
Dedico também a meu pai Marcus, minha tia Paula, vó Vera.
Enzo, Alice, Liam, William e Juliana, por serem amigos incríveis e sempre me apoiarem.
A meus irmãos também, que, com certeza, merecem um espaço aqui:
Pedro, Luiz, Isabela, Bia, amo muito vocês.
Finalmente, por mais clichê que seja, é sincero, dedico este livro a todos aqueles que o estão lendo nesse exato momento.
Parte 1: Diário do homem moderno
De todas as partes deste livro, acredito que esta tenha sido a mais simples de fazer, ao mesmo tempo, a mais agoniante. Abri-me completamente aqui — por mais que tenha tentado ao máximo evitar deixar as coisas muito pessoais como no meu primeiro livro, foi impossível deixar de fazê-lo —, as agonias de ser humano não deixam de ser também minhas, e, como tal, meus desconfortos não deixam de ser naturais. Por isso, acho que este é um diário de todos nós, por mais felizes que sejam, por mais contrários aos problemas ou qualquer coisa que tenha escrito, não deixa de ser uma mostra do indivíduo ou, se preferir, encare como a mostra dum humano.
Provavelmente, tudo isso será mais fácil de compreender depois que começar a leitura, mas, pelo menos, por um momento, acho que quem estiver lendo conseguirá compreender de onde vem minha agonia. De onde vem a dor e a felicidade de ser humano.
Isso me lembra de uma vez em que fui declamar uma dessas poesias para uma pessoa querida. Ela riu da minha cara, do meu desespero, das minhas dificuldades, das minhas ansiedades… Pelo menos, foi o que pensei na hora. Pode até não ter sido assim, e somente fosse minha falta de proficiência na declamação e comunicação física da coisa o motivo do riso, mas o fato é: aquilo me abalou no dia e por uns tempos seguintes. Foi horrível. Tive vontade de chorar de vergonha, raiva, tristeza e qualquer outro sentimento que possa imaginar, considerando o quão sentimental posso ser, tanto que não queria falar direito com essa pessoa por um tempo. Então, depois, relembrando sobre esse momento, pensei: Não é justamente essa a condição de gente? Ter a força de rir pro sofrimento, ter a fortitude de aguentar essa vergonha, saber que isso é normal, ter a noção de que nada é perfeito e de que, muito menos, as coisas irão ser do jeito que eu queria que fossem? E, muito mais, ter boca, que serve justamente pra falar sobre o que me incomoda?
Demorei um pouco demais pra perceber tudo isso, ao mesmo tempo, nunca é tarde demais. O meu propósito com essa parte é, fundamentalmente, comentar sobre essas coisas estranhas da cabeça, sobre as entranhas. Ser humano… que dor de cabeça, né?
SI
Problemas são nada mais
que sentimentos matutados demais.