Encontre milhões de e-books, audiobooks e muito mais com um período de teste gratuito

Apenas $11.99/mês após o término do seu período de teste gratuito. Cancele a qualquer momento.

Ammaden
Ammaden
Ammaden
E-book218 páginas3 horas

Ammaden

Nota: 0 de 5 estrelas

()

Ler a amostra

Sobre este e-book

Onnaryuu é uma refugiada descendente de uma nação responsável por uma guerra apocalíptica que devastou grande parte da península de ammaden. Criada com Vane e a sua tribo, vivem as suas aventuras até o passado regressar para os assombrar. Felinos humanoides, elfos e reptilianos, magia e ciência, num mundo fantástico e obscuro. Conseguirão os nossos heróis derrotar Flagellum, o feiticeiro do passado?
IdiomaPortuguês
Data de lançamento22 de abr. de 2023
ISBN9791222088099
Ammaden

Relacionado a Ammaden

Ebooks relacionados

Fantasia para você

Visualizar mais

Artigos relacionados

Avaliações de Ammaden

Nota: 0 de 5 estrelas
0 notas

0 avaliação0 avaliação

O que você achou?

Toque para dar uma nota

A avaliação deve ter pelo menos 10 palavras

    Pré-visualização do livro

    Ammaden - Valter Russo

    PRÓLOGO

    A Guerra e o ódio que a trouxe

    Antes da guerra desencadear um apocalipse em Ammaden, haviam duas raças de Humanos que detinham grande poder. A Ordem, especialistas em tecnologia que viviam na grande metrópole Reina, e o Culto Draconiano, uma civilização subterrânea que usava a magia como fonte de subsistência e principal forma de marcar a sua posição entre outros povos, enquanto prestavam culto ao demónio das antigas profecias.

    Ambos se olhavam com desconfiança, assim como as menores nações que habitavam a península de Ammaden em Drynacus.

    Com o tempo, o Culto tornou-se mais e mais poderoso, a sua elite, indivíduos identificáveis pelas íris oculares vermelhas ou roxas, conseguiram infiltrar-se nas pequenas nações vizinhas e ascender nas hierarquias das mesmas graças às suas práticas. Assim, começaram a semear o ódio pela Ordem e o medo, afirmando que o ‘’Draconiano’’ não iria poupar ninguém no seu retorno caso existisse outro povo com a grandiosidade do seu Culto.

    Então, membros do Culto Draconiano, treinados como espiões e assassinos, foram enviados para Reina a fim de eliminar o seu líder, mas foram detetados e capturados, começando desta forma a guerra da tecnologia contra a magia, como eventualmente ficou conhecida.

    O Culto usava vários artefactos tecnológicos gravados com magia negra para lutar contra as forças militares da Ordem, mas não foi suficiente, a tecnologia e o poderio defensivo de Reina estava demasiado organizado e treinado.

    Uma vez mais, o Culto enviou assassinos para Reina, desta vez para destruir o Núcleo, a fonte de energia que alimentava toda a metrópole, mas algo correu mal, a magia e o Núcleo reagiram de forma imprevista, o que resultou numa enorme explosão, destruindo por completo Reina e libertando uma onda de choque tal que devastou grande parte da península de Ammaden.

    Apenas alguns postos avançados da Ordem espalhados por Ammaden mantiveram a raça livre da extinção, mas não estavam em segurança e tiveram de fugir, alguns para fora da península e espalhando-se por Drynacus, outros nas montanhas e ainda alguns se juntaram às pequenas nações bárbaras que habitavam Ammaden.

    O Culto queria acabar com o genocídio, e os confrontos foram eliminando ambas as fações, deixando apenas poucos sobreviventes de cada lado.

    I

    Estranhos invulgares

    O Grande Chefe guerreiro Ruk Savage, líder de uma das tribos bárbaras do deserto, ficou surpreso ao ver um velho caminhante com uma criança perto da sua aldeia quando atravessavam o deserto.

    Como sinal de respeito pelo idoso, Ruk convidou-os a passar algum tempo com a sua tribo. Esta ocupava quatro hectares de terreno e era composta por várias tendas espalhadas pelo arenoso terreno.

    Agricultura era o derradeiro desafio, mas pareciam conseguir produzir milho e trigo, que trocavam com algumas tribos dos arredores que conseguiam manter a paz. O sistema de rega consistia em dois a quatro cavalos conduzidos por um homem que trazia água do enorme pântano a alguns quilómetros a sul.

    Os salões comuns estavam no centro do terreno da tribo, bem como os mercados e a tenda do Grande Chefe, para onde foram levados os convidados.

    A criança e o velho aparentavam sinais de exaustão e subnutrição, derivados da sua jornada. A sua presença de estrangeiros gerava algum burburinho entre populares que se juntavam para os ver, enquanto iam para a tenda de pele curtida do líder da tribo.

    Havia pão e água na grande mesa de centro de madeira rodeada de cadeiras de pau e osso, eram construídas da mesma forma que o modesto trono do Grande Chefe. A sala era adornada com as armas dos guerreiros antigos da tribo e escudos de inimigos de batalhas passadas que estavam pendurados nas colunas de madeira que sustentavam a tenda.

    – Agradecemos o seu convite neste pesaroso momento. Deambulámos por esse deserto imenso e não vimos vivalma. Não é comum depararmo-nos com líderes tribais tão amistosos, estamos profundamente gratos. – Disse o velho.

    – Também não é comum vermos um idoso e uma criança atravessar o impiedoso deserto na mais ingrata estação. – Respondeu prontamente o Grande Chefe.

    O velho, embora espantado, conseguiu disfarçar a sua surpresa ao escutar a eloquência do bárbaro, era muito raro para uma tribo do deserto. – É verdade meu caro. Não sabemos quanto mais tempo iriamos aguentar.

    Naquele momento, um jovem entrou pela tenda adentro e dirigiu-se a correr para o líder tribal. Era um rapaz moreno e de pele bronzeada como qualquer bárbaro, mas tinha heterocromia, um dos seus olhos era castanho enquanto o outro era vermelho-vivo como se de um albino se tratasse.

    – Quem são estas pessoas, pai? – Perguntou o rapaz, olhando fixamente para a outra criança presente, que se escondia por detrás das vestes do convidado mais velho.

    Intrigado com os olhos do jovem bárbaro, mas ainda assim respondendo com um rasgado sorriso, o velho dirige-se a ele.

    – Ora, ora. Temos aqui um rapazinho muito curioso.

    – Chamo-me Vane Savage, futuro líder da tribo, tal como o meu pai e o meu avô antes dele.

    – Vane, são nossos convidados, são para ser tratados como tal, há que ter respeito. – Diz o Chefe, enquanto pegava o rapaz ao colo.

    O velho retirou a sua toga castanha empoeirada ao mesmo tempo que contava a sua jornada desde as montanhas onde já nada restava de bom para eles.

    – Esta pequena é a Onnaryuu, os pais dela faleceram há umas semanas e, desde então, temos vagueado pelo deserto.

    – Compreendo. Há, de facto, aí uma história, mas os teus olhos-cinza dizem-me que só me estás a contar parte dela. Conta-se que havia uma civilização antiga que tinham olhos claros como os teus e os da tua pequena amiga.

    Onnaryuu, ao ouvir o seu nome, escondeu-se ainda mais por detrás do velho, comia um bocado do escuro pão enquanto olhava, furtivamente, para o rapaz do outro lado da sala. Olhos verdes ou cinza eram algo nunca antes visto por gentes do deserto.

    – Estou a ver que está familiarizado com a história do Chefe Ruk. – O Idoso fez uma pausa enquanto olhava à volta para os presentes. – Sim, tem razão. Somos dos poucos sobreviventes da Ordem, e da antiga cidade Reina. Pode chamar-me Omernon.

    – Como desejar. Quando disse que os pais da criança faleceram, quis dizer que os cultistas de Draco os assassinaram, estou correto? – Questionou Ruk, com uma expressão carregada na cara.

    – Sim, se tem mesmo de saber. Existem pequenos grupos que nos têm vindo a caçar como animais nestes últimos duzentos anos. Eles não são numerosos, mas são extremamente poderosos e impiedosos.

    A sua magia tem sido aprimorada desde a velha guerra. Somos dos poucos Reinitas que restam e, provavelmente, a Onnaryuu será das últimas em Ammaden.

    Vane puxou uma das tranças do pai enquanto olhava para a tímida rapariga. – Podem ficar connosco? Não há muitas crianças da minha idade na tribo, podíamos ser amigos.

    – Isso é algo que tem de ser discutido com o conclave, isto se o mestre Omernon achar que deva ficar connosco.

    Com escassas opções relativamente à preservação do seu futuro e do da sua companheira de viagem, o velho acenou com a cabeça em consentimento. Ele sabia não conseguir fugir muito mais e, certamente, seria impossível proteger a rapariga.

    II

    O artefacto perdido

    Três anos passaram desde a chegada dos Reinitas à tribo. Onnaryuu e Vane tornaram-se inseparáveis, era habitual verem-nos pouco depois do nascer do sol sair para caçar, brincar e importunar o resto do povo de Ruk.

    Omernon tornou-se num conselheiro de confiança do Chefe da tribo bárbara, sendo também o mais velho e sábio da mesma. Embora diferente na sua pele clara e no seu cabelo branco, era bem recebido e respeitado por todos. Os conhecimentos do velho Reinita também se mostraram ser valiosos para a agricultura, estratégia militar, entre outras áreas na generalidade. A tribo aumentou os seus números populacionais bem como a sua qualidade de vida.

    Os mais novos reuniam-se com Omernon duas vezes por semana para aprender a escrever, metalúrgica, valores sociais, natureza e recursos naturais, enquanto os guerreiros mais velhos aprendiam estratégia e preparação militar. Embora vivessem tempos de paz, as tribos do deserto tinham muitos confrontos territoriais.

    Pela primeira vez, a tribo conseguiu cultivar arroz, cenouras, feijão e cebolas, tudo isto graças ao sistema de rega com bombeamento de água do pântano, apenas possível com os conhecimentos e engenhos de Omernon.

    A tribo de Ruk era a única que agora destacava equipas de escavação para os velhos postos avançados Reinitas, a fim de trazer metais e outros recursos de modo a serem usados posteriormente nas invenções e aulas de Omernon.

    A primeira vez que foram a Reina não deixou qualquer dúvida de que algo terrível teria acontecido ali, não havia qualquer vestígio de vida, os esqueletos, empilhados vários metros em altura, cercados por ruínas de edifícios, eram agora uma triste e fraca memória do que foi a metrópole nos seus velhos dias de glória.

    Era suposto eles serem os civilizados. – Comentou Lucius, líder do destacamento, segurando uma caveira coberta de poeira e cinzas. – Vane, Onnaryuu, tentem não arranjar problemas enquanto andarmos a recolher metais, pode ser?

    Vane não gostava de tais insinuações, mas Lucius era o líder do destacamento, então não podia fazer grande coisa relativamente a isso, além do mais, era um dos melhores amigos do pai, e um grande guerreiro, o jovem não sabia o que era viver sem Lucius, este já era uma figura importante no exército de Ruk mesmo antes de Vane nascer. Não havia reunião ou banquete de tribo em que não contassem os seus feitos bélicos lado a lado.

    Os dois jovens afastaram-se da equipa, ignorando os avisos prévios, eventualmente deram consigo num velho pavilhão. A estrutura parecia muito frágil, após tanto tempo sem qualquer tipo de manutenção.

    Bem, é a isto que eu chamo um desperdício de tempo. Não há aqui nada, o único sítio que conseguimos vir sem ninguém a chatear e está completamente vazio. – Reclamou Vane.

    – Estranho, pelo que li nos manuscritos do Omernon, os Reinitas não faziam nada em vão. Provavelmente não fomos os primeiros a vir aqui, mas também não há aqui mais pegadas senão as nossas, que achas que…

    Ela parou de repente ao ouviu o rachar do pavimento. Girou a cintura para olhar para o amigo quando o chão desabou e caiu num túnel subterrâneo. Vane correu para o buraco no centro do pavilhão enquanto gritava pela rapariga.

    – Estás bem? – Reparou o rapaz, apesar de assustada, a companheira não apresentava qualquer dano físico visível. – Para um povo tão esperto, está visto que segurança não era algo em que apostassem. Talvez fosse por isso que o espaço estava vazio.

    Onnaryuu olhou em redor, enquanto aguardava que os olhos se adaptassem às trevas. Reparou, por fim, num esqueleto com vestes douradas e negras como o túnel onde se encontrava. Ela soube instintivamente que era um dos assassinos de olhos vermelhos. Tinha uma espécie de grilhão num dos ossos do pulso, era de um metal que não conhecia, tinha uma terrível forma de dragão ouroboros, com olhos púrpura e inscrições negras em redor que não prestou atenção, mas sabia perfeitamente que eram do Culto Draconiano.

    Era visivelmente mais largo que o pulso da jovem que agora tinha catorze anos de idade, mas quando ela lhe tocou, o grilhão com formato de dragão serpenteou-lhe pela mão e ajustou-se ao seu pulso.

    – Wow, estás cheia de truques. – Disse Vane ao ver o estranho acontecimento.

    – Não sei que raio foi isto, mas não fui eu, parecia ter vontade própria, como se fosse suposto acontecer. Que achas que significa?

    Significa que, uma vez que encontraste, é teu, não é o tipo de metal que procuramos. No entanto, temos é de encontrar uma maneira de te tirar daí.

    Manda-me o punhal. -Disse Onnaryuu. – Vou cortar o manto deste esqueleto para fazer uma espécie de corda para me puxares.

    Vane levantou-se e fixou o olhar de Onnaryuu, ele nunca emprestava o punhal a ninguém, era o seu presente mais precioso alguma vez dado pelo pai.

    Sabes que não posso fazer isso! – Respondeu ele meio ofendido.

    Vá lá, Vane, não é que eu consiga fugir com ele, certo? Então manda uma flecha, eu faço com que funcione. – Respondeu ao rapaz, levemente desapontada. – Bem pensado, apanha aí.

    Vane tirou uma flecha da aljava e deixou-a cair aos pés de Onnaryuu, esta não desviou o seu olhar dos olhos do rapaz. No entanto, não estava surpreendida, a arma de um guerreiro é sagrada na cultura bárbara e, sendo uma prenda do Grande Chefe, tinha ainda mais valor.

    Depois de cortar o tecido de forma a conseguir atar pedaço a pedaço, atou-o à flecha e lançou-a de novo para Vane, para que ele a conseguisse içar. Finalmente, já fora do maldito buraco, tiveram que se reunir com o resto da equipa.

    Ela escondeu a sua nova pulseira, envolvendo-a num resto de tecido da sua corda improvisada, sendo aí que reparou, com atenção, nas negras inscrições ao longo do metálico artefacto. Foi um par de horas que os dois jovens perderam graças à sua estranha aventura. Lucius, ao avistá-los, perguntou em tom de gozo por onde é que estes haviam estado a brincar.

    Vane respondeu prontamente que não tinham estado a brincar, mas sim á procura de metais. – Claro que estavam, e encontraram algum? – Onnaryuu, embaraçada, começou. – Bem… – Mas foi prontamente interrompida – Não, apenas ruínas sem valor, e cadáveres há muito decompostos. – Disse o rapaz, assertivamente.

    – Com certeza, jovem mestre Vane Savage. – Gozou Lucius. – Vamos voltar para o acampamento, já temos bastante material, amanhã regressaremos à vila.

    Onnaryuu olhou para Vane, o rapaz fez-lhe sinal para não revelar a pulseira, ela acenou a cabeça afirmativamente, em consentimento.

    Nessa noite, já no acampamento, os dois jovens encontraram-se na tenda de Onnaryuu, como era hábito.

    – Não podemos contar a ninguém acerca da pulseira, pelo menos para já. Estava num esqueleto dum sacerdote do Culto. Apenas Omernon saberá do que se trata e porque é que ela se agarrou ao meu pulso.

    Vane olhava para as inscrições do artefacto, reconhecia algumas, mas não sabia dizer de onde. – Não acho que seja algo assim tão importante que tenhamos de partilhar com o grupo.

    – Mas que… não consigo tirá-la, parece que está a apertar ainda mais. – Observou Onnaryuu em aflição.

    – Sério? Deixa-me tentar. – Mal Vane dirigiu a sua mão para a pulseira, esta libertou uma onda de energia azul que formou um escudo e o lançou para o lado contrário da tenda.

    – Oh não, desculpa! Não fui eu que fiz isto, não sei como é que aconteceu. – Disse a rapariga, entre risos, ao tentar levantar Vane do chão.

    – Claro que não foste tu, como é que uma rapariga iria lançar um guerreiro como eu pelo ar, assim sem mais nem menos?

    – Hahaha, que piada, és uma criança tal como eu, guarda esse discurso de guerreiro para quando te derrotar na arena daqui a dois anos.

    – Pára de gozar, Onnaryuu, temos de descobrir é o que se passou aqui, que

    Está gostando da amostra?
    Página 1 de 1