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O Guardião do rio: A história contada
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O Guardião do rio: A história contada
E-book156 páginas2 horas

O Guardião do rio: A história contada

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Sobre este e-book

Você acredita em vidas passadas?
A história do jovem Erik, apaixonado pela bela Anastácia, mas impedidos, pela ganância, de viver esse amor. Felizmente, o destino proporcionou-lhes outra chance, mas como Jorgssen e Violeta; outras vidas, mesmos espíritos. Seu pai, explorador, antecedido pelo avô, engenheiro naval, iniciaram o legado da família em solo inglês. Novo século, Antuérpia se torna o ponto de partida para viagens pelos mares, mas sempre há o retorno. Atrelada a temas como a reencarnação e a lei de causa e efeito, a narrativa traça a relação entre a transitoriedade da vida física e a eternidade da vida espiritual. A constância dos vínculos das almas em oposição à materialidade passa a ser primordial na construção do que cada um se torna. Independentemente da sua crença, o amor é uma constante. Acompanhe o trajeto percorrido por essas almas apaixonadas.
IdiomaPortuguês
EditoraBOOKERANG
Data de lançamento5 de mai. de 2023
ISBN9786500296372
O Guardião do rio: A história contada

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    O Guardião do rio - Júnior Vial

    . . .

    A CAÇADA

    Era uma límpida manhã de final de novembro; o outono já dava adeus e as temperaturas, que, nessa época, ficavam entre cinco e dez graus, já iniciavam o seu declínio.

    Apesar dessa inebriante sensação de frescor, o dia ensolarado, incomum para o final de ano, enchia de ânimo todos aqueles que apreciavam o germinar desse novo dia.

    O orvalho borrifado pela noite, realçado pelo sol, transluzia os vários tons de dourado invernal da gramínea que se deitava nas tênues irregularidades do terreno, imprimindo-lhe um aspecto propício para a visita das mais variadas criaturas matinais.

    A uma distância de cem metros, era possível avistar um pequeno bosque matizado com tons de alaranjado queimado, do tom mais fraco até o mais forte, o que deixava as árvores com um ar de nobreza hereditária, configurando uma imponência majestosa. Não se somavam em grande número, mas podiam, facilmente, abrigar alguma espécie nativa. Em seus galhos, algumas dezenas de folhas persistiam em lutar contra a morte imposta pela estação vindoura. O chão coberto pelas pioneiras folhas, possuía tantos tons que era impossível quantificá-las, o que impossibilitava, também, precisar sua gramatura.

    O bosque encontrava-se na parte central de uma vasta propriedade que tinha, dentre suas inúmeras belezas, um rio sinuoso de águas magnificamente claras no limite Sul, trechos de correnteza na parte mais profunda e estações de remanso raso em meio a algumas pedras que faziam parte da margem, que se estendia suavemente dez metros adentro de uma mata peculiar à região.

    Havia dois lagos igualmente fabulosos. Um deles, o menor, se localizava ao norte. O outro ficava próximo ao bosque. Sua superfície, tal qual um espelho, refletia, à noite, as estrelas, constelações e todas as

    histórias que elas nos contam e, durante o dia, deixava-se penetrar pelos raios de sol, desnudando-lhe o fundo composto de minúsculas pedras.

    Um velho carvalho repousava ao lado do lago, tão antigo como os próprios druidas; diziam que ele contava suas memórias ancestrais para quem repousasse sob sua égide.

    Naquela manhã de um provável ano da primeira metade do Século XVIII, Erik Albrite, jovem de vinte anos, alto, corpo atlético, cabelos escuros levemente ondulados, olhos castanhos enegrecidos como a noite, mas com uma brandura herdada do seu avô, pele alva que realçava sua descendência alemã e inglesa, conduzia um grupo de mais três aristocratas em direção ao bosque. Montados em seus cavalos, seguiam uma matilha de cães caçadores que farejavam um grupo de raposas.

    A caça à raposa com cães era uma atividade anual comum nas terras dos Albrite.

    De casaca vermelha com botões dourados, sobre malha, calça e luvas brancas acompanhadas por botas pretas com uma faixa marrom na parte superior e um quepe preto de veludo, os rapazes, agora caminhando bosque adentro, se deparam com os cães após terem abatido algumas raposas jovens de um grupo maior.

    Um dos rapazes, o mais jovem e debutante na caçada, não resiste e sente um desconforto ao ver a cena, lhe parecendo uma brutalidade desnecessária. Erik, na tentativa de testar a hombridade do rapaz, retira suas luvas, recolhe um dos filhotes mortos do chão e o coloca nas mãos do colega, como um ritual de batismo. Ao fazer isso, Erik percebe o sangue em suas próprias mãos e agora é ele que se sente mal. Tomado por uma certa loucura, Erik sai do bosque, monta em seu cavalo e após cinco minutos de cavalgada chega ao rio, ainda sem compreender o motivo pelo qual o sangue em suas mãos, lhe havia deixado com uma sensação indescritível entre a culpa e o arrependimento.

    Aproximando-se da margem, agacha-se e lava as mãos. A água, como um bálsamo, restituí-lhe a alvura das mãos, retirando o sangue que lhe atribulara a consciência. Colocando-se de pé, mas um pouco confuso, ainda, fixa o olhar no rio e perde a noção do tempo, tendo a sensação de que já vivenciara ou estava a vivenciar algo relacionado a isso. Tal sensação se transformara em temor, pois lhe remetera à infância, quando se dirigia até o velho carvalho no lago e deitado sob seus galhos, tinha a impressão de ouvir a voz de um ancião contando-lhe lendas e histórias.

    Em tal oportunidade, o sol transpassara o ângulo de noventa graus. Era o início da tarde. Deitado sob o carvalho, entre duas raízes que já assumiram a forma do seu corpo adolescente, Erik adormecera. Em seu sonho, a mesma voz lhe narrava a história da figura de um rapaz que estava em pé, dentro de um rio, com água até a altura dos joelhos, carregando, em suas mãos, um anel coberto de sangue.

    Subitamente e com o coração acelerado, Erik acorda sem saber o que era realidade e o que era ilusão. Assustado, retornou para casa e encontrara Sirion que percebeu uma certa aflição no jovem. Acostumado a cuidar do garoto, o homem negro, alto e de corpo esguio, toma-o em seus braços e, acalmando-o, diz: – Tudo vai ficar bem.

    Após tal lembrança desconcertante, Erik retorna para o bosque, onde seus companheiros de caçada o esperavam. Ele nem percebera, mas trinta minutos haviam se passado desde sua saída do meio das árvores. Mais calmos com seu retorno, os rapazes acompanharam Erik até a casa. Lá, Sirion, novamente, o esperava.

    OS ALBRITE

    O avô de Erik, Magnus Olbrütte, deixou a Alemanha e mudou-se para a Inglaterra, buscando a indústria naval. Especialista na construção de navios, Magnus foi assediado pelo sucesso da Marinha Britânica em batalhas.

    Em solo Inglês, fixou-se na cidade de Londres, como um renomado Engenheiro Naval, requisitado pelas melhores e maiores empresas do ramo. Não tardou para que seus serviços fossem monopolizados pela Coroa. Os veleiros de três mastros, símbolo da Marinha Real, eram constantemente substituídos ou reformados.

    Rapidamente, Magnus tornou-se homem célebre e frequentador dos salões da realeza. Portador de prestígio que lhe fora dado devido às suas habilidades, teve seu nome pronunciado nos ouvidos de Vossa Majestade que, sabendo da fama do deutsche, insistiu em conhecê-lo.

    O estrangeiro de sobrenome Olbrütte logo recebera a condecoração de Sir pelos seus préstimos à Coroa, passando a ser conhecido como Sir Albrite; homem apresentável, de conduta e moral impecável para com os seus e severo, mas não rude, apenas correto, nas questões que julgava merecerem sua intervenção.

    No trabalho, se dedicava até obter a perfeição como resultado final, o que lhe tomava tempo e com uma vida social ocupada, em função dos compromissos reais, não houvera disponibilizado atenção para as questões amorosas, visto que se considerava um desses homens desprovidos das habilidades da arte do flerte e da conquista. Contudo, naquela noite de final de verão, durante a recepção ao Embaixador da Bélgica no palácio real, num dos vários negócios entre as duas nações, estavam presentes entre os vários convidados da corte, o Secretário de finanças da Coroa, sua filha, Eleonor, que voltara, recentemente, da França, após longo período de estudos e Magnus que fora convidado pelo governo Belga, através de um acordo entre ambas as nações, para gerenciar, nos estaleiros de Antuérpia, a construção de navios comerciais.

    As paredes do salão real eram decoradas com tapeçarias que continham gravuras de batalhas da Coroa. Arabescos de ouro ornavam os pórticos de entrada. Lustres de cristal espanhol disseminavam a luz, clareando o ambiente em tom dourado. Jarros de ouro e prata foram colocados em mesas cobertas de seda vermelha, abaixo das tapeçarias. Na parte central, duas grandes mesas postadas sobre um tapete vermelho que cobria todo o salão, eram ornadas com vasos das mais belas e delicadas rosas vermelhas que Magnus havia visto. Circundando as mesas, cadeiras majestosas que mais pareciam um trono e defronte cada uma, um conjunto da mais fina porcelana chinesa. O cardápio – faisão assado ao vinho tinto e nozes.

    Na companhia de Gerard Watkins, Secretário de finanças, estava Magnus, vestindo uma casaca azul-marinho de abotoaduras de ouro, calça preta e botas de couro de javali, sentindo-se como se estivesse passeando no bosque, afinal, Magnus não se interessava por moda.

    Watkins, com um aceno imperceptível com os olhos, chamara Eleonor que estava deslumbrante com seu vestido vermelho carmim de cetim, bordado e armado com as mangas até os cotovelos e um decote conservador que deixava apenas parte do pescoço à mostra. Uma gargantilha de prata com um diamante de tom azul que, apesar de simples, realçava a beleza da moça. Eleonor tinha um rosto fino e alongado, com traços levemente angulados e delicadamente acabados. Os cabelos longos e lisos, de uma cor amendoada, recaiam sobre seu rosto, contrastando com a pele em tom caramelo. Seus olhos castanho-escuros entorpeciam quem cruzasse seu caminho.

    Naquela noite, ela não soubera explicar, mas quando adentrara no salão, algo parecia inebriar sua visão; tivera a ilusão de estar no mesmo local, mas em outra época, sentindo a sensação de estar revivendo algo. A cada passo dela em direção ao pai, Magnus sentia a respiração se tornar ofegante e o coração acelerar.

    Watkins recebe a filha com um beijo na testa, em sinal de afeto.

    Ao ser apresentado a Eleonor, Magnus vislumbra sua beleza, seus olhares se cruzam e ele se perde em si nos olhos dela.

    Magnus não acreditava em destino, mas ao ser apresentado a ela, algo lhe havia tocado a alma.

    Com um gesto cortês, ele se curva perante a dama, tomando-lhe a mão e beijando-a delicadamente.

    Enchanté! – fora a única palavra possível naquele momento, acompanhada de um sorriso discreto de canto da boca.

    Eleonor, impulsionada pela sensação estranha, mas única, lhe retribui com um leve flexionar das pernas e um sorriso radiante que deixou à mostra seus dentes finamente alinhados. Os lábios arqueados exprimiam um toque de sensualidade.

    Embora Magnus fosse um homem tímido, não lhe faltaram gracejos, sorrisos e olhares. Olhares, esses, exclusivamente para Eleonor que, de sua parte, também encontrara em Magnus um rapaz de conversa agradável e boa companhia.

    O esvaziar das horas e o dispersar dos convivas não foram notados pelos dois jovens que não deixavam de trocar olhares.

    Com o tempo e os constantes encontros em jantares, festas e compromissos reais, o jovem casal abrasou os sentimentos latentes. A formalidade das visitas à família, o cortejo e o respeito foram seguidos pelos jovens.

    O enlace com um membro da corte conferia ainda mais prestígio a Magnus.

    O casal oficializara a união em uma cerimônia discreta na casa de Gerard; tendo, Magnus, posteriormente, efetivado sua ida para Antuérpia. O período afastado de casa e de Eleonor parecia ser uma eternidade para ambos.

    Ao término de sua missão, Magnus deixara o sobrenome Albrite escrito em território belga. A parceria fora um sucesso. Com o seu retorno, o casamento viera em uma Igreja retirada do centro londrino, a pedido de Eleonor, que preferia a tranquilidade e discrição.

    Pouco tempo depois, o casal ampliara a família. Magnussen crescia forte e feliz.

    ANTUÉRPIA

    Constantemente presente na cidade, devido às tratativas comerciais entre os dois governos, Magnus tinha conhecimento sobre várias gamas de negócios. A parceria na construção dos barcos belgas e o interesse lucrativo nesse segmento fizeram, até, com que Magnus se tornasse sócio em uma Companhia marítima de transporte de mercadorias.

    Antuérpia era o principal porto da Europa; o comércio das especiarias do Oriente e de diamantes eram as principais atividades desenvolvidas na cidade.

    Cercada de lendas e

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