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Desordem E Progresso
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E-book84 páginas56 minutos

Desordem E Progresso

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Sobre este e-book

No ano de 2035, após a falência do Governo Estatal, duas regiões separatistas tornaram-se países independentes. Nessas novas nações, os impostos sumiram junto com os políticos. Drogas e armas passaram a ser vendidas sem nenhuma proibição. Tudo foi privatizado, inclusive ruas e praças.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento8 de mai. de 2020
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    Pré-visualização do livro

    Desordem E Progresso - Manoel Freitas

    "O Estado é o mais frio de todos os monstros frios;

    mente friamente e eis a mentira que escorrega da sua boca:

    ‘Eu, o Estado, sou o Povo’." Nietzsche

    – Bom dia, ouvintes da Rádio Libertas. O sol já está

    brilhando nessa bela manhã de 15 de janeiro de 2050. A

    previsão para hoje é de tempo bom: céu limpo, sem

    possibilidade de chuva e temperatura girando na casa dos

    25ºC.

    Hoje, nosso lindo país está de parabéns pelos quinze anos

    de sua fundação. E pra comemorar esse aniversário, teremos

    uma programação especial.

    Começaremos o nosso programa entrevistando o

    presidente do Sindicato dos Professores, da nossa província,

    que vai explicar as novidades no setor do homeschooling.

    Na área da saúde, conversaremos com o Dr. Haroldo

    Mattos, diretor da Saudex, que está trazendo, para nossa

    região, um novo conceito em plano hospitalar, e pretende

    competir com as principais marcas do setor. A Saudex é a 36ª

    empresa a atuar aqui em Liberlândia, e deverá aumentar ainda

    mais, a concorrência no setor clínico hospitalar.

    Teremos, ainda, uma conversa com os ativistas de uma

    ONG, contrária ao porte de arma para deficientes físicos, o

    que diverge da nossa Constituição.

    Para finalizar, o novo gerente da província, contratado

    para os próximos dois anos, falará da sua expectativa para

    governar nossa região e explicará suas táticas para conseguir

    agradar os nossos exigentes cidadãos, que não tiveram muita

    paciência com o último gestor e o demitiram com apenas oito

    meses de administração.

    Então, fique aí, que nós voltaremos daqui a pouco com

    tudo isso e muito mais.

    In medias res

    O ano era 2035. O caos tomara conta do país há pelo menos

    uma década. A democracia, definida aqui, não como oposto à

    ditadura, mas como um regime de governo no qual seus

    membros são eleitos pelo povo, falhou drasticamente.

    Conforme esperado, o Estado não conseguiu solucionar sequer

    os problemas básicos dos cidadãos, simplesmente porque essa

    nunca foi a sua função, embora fosse vendida essa mentira aos

    eleitores. A verdadeira função de qualquer governo estatal

    sempre foi a de extorquir o dinheiro dos trabalhadores, com o

    intuito enriquecer os políticos, e encher os bolsos dos seus

    amigos e agregados.

    Tratando seus eleitores como gado de um rebanho acéfalo,

    os políticos distribuíam migalhas, disfarçadas como serviços

    públicos e gratuitos. Caso o rebanho reclamasse da qualidade

    dos serviços, os sábios governantes alegavam que a culpa era

    da arrecadação que estava baixa, o que justificaria um aumento

    nos impostos.

    Esse acréscimo na arrecadação gerava sentimentos

    distintos, a depender da classe social: a casta política,

    habitante do topo da pirâmide, sentia um frisson, ao perceber

    essa nova injeção de dinheiro nos seus cofres; já os ferrenhos

    defensores da democracia, amontoados na base da pirâmide,

    sentiam uma esperança infantil de que, dessa vez, as coisas

    iriam melhorar.

    Apesar desse fracasso na política, muitos cidadãos

    continuaram a votar: os ingênuos, acreditando que bastava

    mudar o partido para que tudo melhorasse, de maneira mágica;

    e os parasitas que faziam parte, ou dependiam do Governo,

    tratavam de eleger aqueles que defendessem suas causas

    pessoais.

    O estopim da mudança aconteceu quando, após uma

    pandemia mundial, a taxa de desemprego formal cresceu de

    maneira absurda, caindo vertiginosamente a arrecadação de

    impostos, nas esferas federal, estadual e municipal. Não tendo

    como se manter, nem como pagar o funcionalismo, e não

    querendo diminuir a máquina estatal, os governos começaram a

    falir.

    Sem receber os salários e precisando pagar as contas, os

    funcionários públicos foram gradativamente abandonando seus

    empregos estáveis e passando a buscar outras fontes de

    renda, dentro do livre mercado. Sem funcionários, as

    instituições entraram em colapso. As três principais frentes de

    atuação do Estado: saúde, educação e segurança, foram as

    primeiras a sentir a falta de recursos.

    – E agora, Ana? O que vamos fazer pra pagar as parcelas

    da casa e do carro? Já faz um ano que não recebo salário e

    nossa poupança tá quase no vermelho!

    – Eu já disse, Antônio! Faça a mesma coisa que seus

    colegas fizeram: abandone esse emprego e arrume outro.

    – Não posso fazer isso, coração! Eu sou concursado.

    Tenho estabilidade…

    – Do que adianta isso, homem, se não tão te pagando? O

    governo tá falido, meu amor. O barco tá afundando e a

    maioria dos seus colegas já pularam fora.

    – Mas, Ana! Eu nem sei pode onde começar…

    – Primeiro, você tem que sair desse emprego sem futuro,

    meu bem. Você tá pagando pra trabalhar!

    – Mas…

    – Depois, você liga pros seus amigos, pra saber o que eles

    estão

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