Para O Infinito E Além Dele

De Fabiany Fernandes

CATARINA COM 11 ANOS DESCOBRIU SUA INSUFICIÊNCIA CARDÍACA, E ATUALMENTE COM 16 ANOS A ESPERA DE UM TRANSPLANTE INTERNADA NO HOSPITAL, PASSA SEUS DIAS DE FORMA MONÓTONA E FÚNEBRE, COM OS DIAS CONTADOS.A ESPERA DE SUA MORTE COM PENSAMENTOS SOMBRIOS SOBRE O LUTO, ENCONTRA O ERICK UM GAROTO COM 18 ANOS QUE COM ÂNCER NO PULMÃO A ESPERA DE UM TRANSPLANTE LUTANDO CONTRA O RELÓGIO, LHE MOSTRA UM NOVO MODO DE APRECIAR A PRÉ MORTE E UMA FORMA DIFERENTE DE VIVER OS ÚLTIMOS DIAS. DESSA FORMA DANDO INICIO A UM ROMANCE QUERESULTARÁ EM

• Idioma: Português
• Editora: Clube de Autores
• Data de lançamento: 26 de jul. de 2021

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Agradecimentos

A toda minha família, de forma especial minha mãe Andrezza Souza Ramos.

Ficha catalográfica

Obra: Para o infinito e além dele

Autor: Fabiany Souza Fernandes

Local: Marabá PA

Ano: 2021

ISBN:978-65-00-26742-6

Edição: 1

Sumário

Agradecimentos

Início

Luzes

Máscaras

Xadrez

Cores

Um começo para o fim

Poeira estrelar

Início

Dias contados não são só números, pensamentos além do infinito lhe fazem questionar a vida, mas para mim é só números que com o passar das horas se retornam e vivem como sempre no imerso pálido tempo.

Catarina não é apenas uma pessoa, nesse caso é pensamento, me descrevo como algo monótono que tem dias contados, se aparecer um anjo que na visão da minha mãe, que irá trazer a felicidade de volta para meu caminho. Grupos de apoio são apenas várias pessoas com problemas que compartilham entre si sua vitória, não irá resultar em nada pois todos vamos morrer. Com apenas 11 anos sofro de insuficiência cardíaca grave, devem estar pensando coitada tão nova, tenho 16 e tive minha adolescência baseada em vê adolescentes rebeldes crescendo e fumando, fazendo coisas que pessoas sem cérebro fazem. Não me vejam como coitada disso já basta na minha vida, nem eu me vejo assim, enfim, preciso de um transplante pois estou apenas com 2 anos de vida.

Sendo educada e me apresentando desde o início da forma que a sociedade vê como padrão, me chamo Catarina Souza Eloz, minha mãe além de ser uma pirâmide de pensamentos positivos no meio do caos é jornalista Aline Souza Eloz, já meu pai é médico cardiologista, isso só dificulta a pressão sobre tudo na minha vida, Eduardo Souza Eloz. E eu uma doente que tem 16 anos filha única que precisa de um coração. Faço parte do grupo de apoio do hospital para jovens, lá se vê de tudo, pessoas que saíram do câncer, outras que como eu precisam de transplante, e alguns viciados. Faço o segundo ano do ensino médio, Carol e Pedro apenas 2 amigos que me fazem sobreviver ali, foram os únicos que não seguiram a massa, entende?

Ouço um barulho na porta quando vejo me esqueci do trabalho de biologia, organelas até que pode ser um assunto interessante.

Pedro sempre com cabelo longo bagunçado:

- Eu não acredito que você esqueceu de novo, Esse trabalho tem ideia que vale 5 pontos? e eu na minha situação crítica atual não tenho nem 2.

- Tenho noção disso sim Pedro, mas por acaso tenho alguma culpa da sua falta de pontos? Marcamos as 2 foram só 15 minutos de atraso, e você sabe por onde anda a Carol?

- Estou sem ver ela tem dois dias desde que teve alguns problemas na família com o padrasto.

Carol sempre se queixou do padrasto, ela perdeu o pai quando pequena ainda, nisso sua mãe desabou no fundo do poço, e está lá até hoje. Luto é algo que todos devemos nos acostumar, como regra da natureza todos nascem, crescem, reproduzem (às vezes), e morrem, então o porquê a palavra morte ou luto são tão tenebrosas aos olhos da sociedade? Um ciclo se acaba e outro começa, é algo como um espiral, parecido com a minha vida, sempre em hospitais, melhoro, depois piora tudo e volto por onde comecei.

- Vamos na casa dela e começamos o trabalho lá fica mais fácil assim Pedro, só desse jeito vamos saber o que anda passando pela cabeça da Carol.

- Entender o que se passa na cabeça dela Catarina? Isso é algo impossível, ela sempre some do nada e aparece dias depois como se nada estivesse acontecido.

Caminho até a casa da Carol me faz lembrar o quanto andar muito as vezes cansa, coração como já sabem é uma máquina, a minha está cansando, cada passo é algo lento. Além de refletir sobre meu falho coração vejo o Pedro, com os pensamentos voando e sem se importar muito com o trabalho, queria ter a leveza que ele tem para deixar tudo de lado e apenas pegar seu vídeo game passar horas da tarde nele, deixando o trabalho e provas para 5 minutos antes do encerramento do prazo.

Pedro para, olha pela janela:

-Está tudo fechado, será que ela viajou sem nem dar notícias?

- Fechado? Ela não me mandou nenhuma mensagem avisando nada, vou tentar ligar mais tarde. Vamos fazer o trabalho e colocar o nome dela.

Pela noite após ter terminado o trabalho com horas aguentando o Pedro se gabar com seu cabelo sedoso e pensando na Júlia que se comporta como a patricinha que toda escola em filme clichê tem. Esperando a janta vendo várias pessoas mentirem no Instagram sobre si próprio e criarem um padrão que alimenta a cabeça de pessoas que fazem o máximo para alcançar uma cintura e pele perfeita. Realidade é algo que era para ser real, mas no Instagram é uma completa mentira, acho incrível como o ser humano é capaz de moldar uma realidade falsa para preencher seu vazio e aumentar a sua própria rejeição. Por causa disso sempre me senti atrasada, peitos grandes e cintura fina é tudo que meninas se gabam, até perceber que isso não é tudo, cair a fixa de que corpos perfeitos não existem é algo que pode parecer assustador. Sempre fui baixa, a recebi apelidos durante toda a minha vida como: porta, tábua, palito, confesso que com um tempo isso me fez ir a loucura, mas quem não é louco hoje em dia? Acordei e vi a realidade de meninas comendo só alface por um dia todo, ou vomitando o que comeu para ter o corpo perfeito. Sociedade e seus padrões levando a humanidade a falência como sempre, enfim, como seria bom uma vida sem os filtros.

-Cat. o jantar tá pronto, desce logo sabe que precisa se alimentar.

Sim, essa Cat. sou eu, um apelido que para minha família é fofo até que não acho estranho, mas sabe aquela coisa de personalidade, então esse nome não é muito bem o que me representa, uma pessoa que tem pensamentos que para muitos são tristes e apavorantes, filosofias loucas sobre a vida e a morte, enfim.

- Como foi o trabalho da escola hoje?

Meu pai sempre é o primeiro que puxa a conversa na mesa, ele tenta compensar o tempo que passa no hospital para não parecer que deixou a família meio de lado, mas entendemos o motivo, se resume em coração, uma maneira de fazer funcionar direito, portanto relevamos os dias seguidos no hospital.

- Foi normal, a Carol não apareceu, o Pedro me ajudou a terminar.

-Carol não apareceu? Perguntou para sua mãe se ela teve contato com a Mãe dela? Estranho isso mesmo sendo normal ela sumir assim.

- Não tive contato com a mãe dela, andou meia sumida também sabe, cabeça baixa, sinceramente acho que não superou o luto do ex marido ainda.

- É talvez não mãe, mas quem sabe um dia normalizam o luto como uma consequência da vida.

- Cat, o luto para muitos não é fácil, agora termina de comer que seu pai vai fazer alguns check up antes de você ir dormir.

Toda noite antes de dormir vemos o quanto meu