Passado Perdido
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Sobre este e-book
Aurora Médici
A autora Aurora Médici é formada em Letras/Literatura ama ler e escrever. Sempre se emociona com personagens alheias, mas nada se compara com a emoção que sente ao criar as próprias histórias.Esse título, entre outros da autora, faz parte do selo ‘Love Story’ que como o próprio nome diz é repleto de histórias de amor.
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Passado Perdido - Aurora Médici
PASSADO
PERDIDO
PASSADO
PERDIDO
Aurora Médici
2019
2ª Edição
Todos os direitos reservados.
Não é permitida a reprodução total ou parcial desta obra por qualquer meio, sem previa autorização por escrito da Autora.
Obra Registrada na Biblioteca Nacional - Registro nº 670.233
2ª edição 2019
Arte de capa e Editoração: Literarisch
Revisão: Aurora Médici
Imagem do miolo: Pexels/Pixabay
Dados Internacionais de Catalogação da Publicação (CIP)
Aos meus filhos obrigada por me suportarem, me apoiarem e por todo amor que sinto vindo de vocês.
Prólogo
N
o corredor do mesmo hotel, Toninho se encontra de bermuda e toalha no pescoço, ele procura por alguém, com quem possa reclamar do chuveiro que está com problemas para esquentar.
Não encontrando ninguém, desce até a recepção e constata que como sempre, está vazia.
O hotel é confortável, mas o banho deixa a desejar. Ele ouve a campainha de visita, se volta no impulso e fica cara a cara com Jéferson.
Os dois permanecem como estátuas se encarando, boquiabertos, como que em transe.
Fato recorrente, Mônica faz sua entrada estabanada, correndo e limpando as mãos no avental, ela vai logo se desculpando:
— Desculpe a demora senhor eu...
Ela percebe a estranha situação dos dois homens se encarando, sem intenção de se moverem, hipnotizados.
Sem entender, ela ouve Toninho balbuciar:
— Eu devo estar maluco...
Passa as mãos pelos olhos.
— Acho que estou vendo coisas.
O estranho também sussurra:
— Então somos dois malucos e você, sim, é uma alucinação.
Mônica continua olhando de um para o outro, quando Toninho tenta se segurar no balcão da recepção sem sucesso e despenca no chão.
Ela sai do torpor e grita:
— Toninho!…
C:\Users\rosangela\Pictures\Livros e Blog\Nova pasta\Passado Perdido\contra capa pp.jpgMesmo que você jamais reencontre alguém que foi importante no seu passado, ainda assim essa pessoa continuará fazendo parte da sua vida... para sempre
.
Capítulo 1
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ais uma tarde de verão com sol forte do tipo que deixa as pessoas sonolentas e preguiçosas. Um jovem parece ser exceção à regra, pois apesar do calor segue andando a passos largos. Em um terno caprichado, leva uma pasta preta na mão.
Para um instante e tirando do bolso um lenço enxuga o suor insistente que desce pelo rosto. Nessas horas vê-se obrigado a reconhecer que a vida de vendedor realmente não é fácil, mesmo quando se tem a chance de viajar por várias cidades do país.
Antônio Carlos ou Toninho, como gosta de ser chamado, é sem dúvida um vendedor nato. Adora essa vida de andanças já que para ele é uma forma de não pensar no passado.
Passado sombrio e cheio de mistério que ele nunca revelou a ninguém, nem mesmo para o homem que o criou desde a adolescência e que apesar de achar estranhos os pesadelos horríveis que assombrava as noites do menino, nunca lhe pressionara a contar seus segredos de infância.
Os pesadelos se foram com o tempo e o amigo também, ficando Toninho mais uma vez sozinho no mundo.
Resolveu então aceitar o emprego de representante comercial de uma pequena firma de produtos eletrônicos e, há cerca de oito anos vem de cidade em cidade, ano após ano, tentado apagar as lembranças amargas da mente e do coração.
Além-Paraíso é uma pequena cidade do interior de Minas Gerais que Toninho ainda não conhece.
Encanta-se com a praça grande e arborizada. Faz uma parada para checar o endereço do hotel onde foi feita sua reserva e fica satisfeito com a vizinhança. Sobe a escada e toca a campainha. Ninguém atende. Tenta mais uma, duas, três vezes e nada.
Está prestes a desistir quando aparece uma moça pela porta lateral, se aproxima do antigo balcão da recepção e recuperando o fôlego se desculpa:
— Desculpe senhor! É que estou sozinha no hotel e não tem noção de como estou correndo...
Dá uma pequena parada para respirar.
— Quer dizer, sozinha, sozinha não. Tem a Benedita e a Margarida, mas...
— Tudo bem moça só preciso confirmar minha reserva, ir para meu quarto e, se possível, descansar.
Ele a corta irritado com a demora. A moça aparentemente não percebendo sua irritação continua:
— Então o senhor é um turista que veio para a festa da padroeira? Pois te garanto que vai adorar a nossa cidade é muito...
— Moça só me dê a chave do quarto está bem? E pode deixar que eu encontro sozinho...
Encabulada com o tom rude do hóspede, ela confirma rapidamente seus dados e faz questão de acompanhá-lo ao quarto que fica no segundo andar do prédio.
— É aqui senhor Antônio Carlos. Servimos o café da manhã no terraço, logo ali naquela porta no final do corredor, a partir das sete horas da manhã. Espero que tenha uma boa estadia.
Toninho sente necessidade de se desculpar-se pelo modo rude:
— Me desculpe, estou cansado da viagem, que foi incômoda por causa desse calor infernal, e já que vou permanecer aqui por alguns dias vamos deixar de formalidades.
Diz estendendo-lhe a mão:
— Pode me chamar de Toninho, é como todos me chamam.
Ela se volta para o rapaz com um sorriso radiante, já esquecida de sua falta de paciência, e retribui o cumprimento:
— Tudo bem Toninho, meu nome é Mônica, seja bem-vindo mais uma vez!
O rapaz sente-se perturbado com o simples sorriso.
Ele a vê se retirar do mesmo modo apressado, e tem um pressentimento de que algo está por acontecer.
E após tomar um banho e descansar pelo resto do dia, a última coisa que lhe veio à mente foi o belo sorriso de Mônica.
Capítulo 2
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ospital de pronto socorro João XXIII, um dos mais bem equipados do Brasil. No momento está com uma superlotação devido um gravíssimo acidente ocorrido no fim de semana.
Na enfermaria um homem aparentando uns 30 anos aguarda uma transferência do seu convênio. No momento em que a irmã de caridade passa pelo seu leito percebe uma movimentação na cama.
O paciente do leito sete, quarto 52 em coma a duas semanas, acordou.
Uma grata surpresa para a freira que faz trabalho voluntário no hospital e tem muita piedade daquele homem que ao abrir os olhos abruptamente, faz a senhora sair em disparada a procura o médico.
— Doutor... Enfermeira... Rápido, o paciente do leito 52 acordou!
Médico e enfermeiros entram correndo no quarto; o médico examina e pergunta ao paciente se sabe o que aconteceu, se ele tem noção dos seus ferimentos;
— Sim doutor! Sei que nasci de novo e tenho uma chance de recomeçar.
Dirige-se a irmã e num fio de voz e pede um favor:
— Irmã será que poderia fazer uma ligação para mim?
— Claro meu filho, onde esta o número? –Prontifica-se na mesma hora a religiosa.
— Está em meus pertences sob o nome de Dr. Rubens, diga que o Jéferson precisa lhe falar com urgência.
Enquanto aguarda, ele se submete a alguns exames. Pensa no acidente e em tudo que aconteceu.
Agora mais do que nunca ele quer viver, quer resolver seu passado.
Sair em busca do passado perdido há tanto tempo.
— Deus, quanto sofrimento! Mas agora tenho um sentido para minha vida!
Adormece exausto pelas últimas emoções. Algumas horas depois, Dr. Rubens, advogado jovem e promissor, especialista em informática, se encontra com o paciente e ouve as recomendações da enfermeira:
— Ele não pode se cansar, pois ainda está fraco; portanto seja breve. Só foi permitida esta visita porque está agitado e insistiu bastante.
Dando uma piscadela para Jéferson ele diz fazendo continência:
— Sim senhora, deixa comigo, a senhora que manda!
Após sua saída relutante ele comenta brincalhão:
— Enfermeira ou cão de guarda?
— Ora deixe de bobagens Rubens, preciso da sua ajuda agora mais do que nunca. Sobre aquele assunto...
— Você sofreu um terrível acidente, cara. Seu carro despencou de um barranco, você quase morreu. Não desperdice sua vida. Bola pra frente...
— Você não entende, eu já expliquei várias vezes. Eu preciso resolver isso!
Vendo o sofrimento que esse assunto sempre traz a Jéferson, Rubens tira alguns papéis da pasta.
— Aqui está! Enquanto você descansava aqui na mordomia, eu trabalhei como um louco nestas duas semanas.
— Não acredito! -Jéferson exclama aliviado e ao mesmo tempo, impressionado com o amigo.
— Como você conseguiu?
— Já disse, trabalhei como um escravo nestes dias e você aqui com enfermeira bonitona e tudo...
Jéferson se rende ao bom humor de Rubens:
— Rubens, você não existe! Muito obrigado, muito obrigado mesmo.
— E agora o que vai fazer? Taí. O endereço da Maria Luísa Fontes Almeida, nome de solteira, hoje ela assina fontes Brestes, que é o de casada.
— Como você conseguiu as informações? Faz anos que eu tento e nada!
— Internet meu amigo e um pouquinho de sorte também. Sabe aquelas fotos da festa de fim ano da empresa? Você viu uma jovem de olhar triste em uma das mesas e achou familiar, lembra?
Jéferson se anima.
— Claro que sim, mas você disse que era loucura, não acreditou em mim.
— Eu sei, mas quando sofreu o acidente eu quis fazer algo por essa obsessão, para você acordar e ter alguma coisa concreta. E tinha de começar de algum lugar. Investiguei a fundo começando pelas fotos.
Emocionado, Jéferson não tem palavras para expressar seu agradecimento.
— Puxa Rubens, não imagina como isso é importante para mim. Obrigado, obrigado...
— Não! Para. Não vai começar a chorar. Tem uma coisa que não suporto é ver homem chorando. –E vai explicando como conseguiu chegar à solução do problema:
— É aí que a entra a internet, esse meio maravilhoso de comunicação mundial.
É interrompido por um acesso de tosse ainda fraca do paciente.
— Não posso tossir, pois me dói tudo!
Rubens ajuda o amigo levantando um pouco a cama.
— Calma. Melhorou?
— Sim. Por favor, continue.
— A primeira coisa que eu fiz foi pesquisar sobre o cara da foto, Dr. Alberto Brestes. Um advogado gente boa, bacana mesmo. Trabalha em outro setor da empresa por isso tenho pouco ou nenhum contato com ele. Descobri que o nome da mulher dele é Maria Luísa, coincidência ou não é o mesmo da sua amiga de infância, a Malú, então fui mais a fundo. Pesquisei sobre a própria e pasme meu amigo: não existe nada, nada...
— Como assim? Então como você sabe que é a Malú, a minha Malú?
— Aí que está! Assim como você e os outros, ela não tem passado, não existe nada sobre a infância ou adolescência dela.
— Então você chegou à conclusão que pode ser ela. Pode ser a Maria Luísa que eu procuro.
— Isso mesmo! Entrei em contato com o Alberto, decidi ser bem honesto e funcionou. Ele não sabe nada sobre o passado dela e é muito apaixonado pela mulher, mas existe uma barreira que não consegue transpor, então você é uma esperança para ele. Quer te vê o mais rápido possível.
Jéferson tenta se levantar da cama no mesmo momento e é impedido pelo amigo.
— Que é isso? Você está maluco?
A enfermeira entra para dar a medicação e fica