Crónicas Do Flavão
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Crónicas Do Flavão - Flávio Mendes Paz
CRÓNICAS
DO
FLAVÃO
FLÁVIO MENDES PAZ
– AS MÁQUINAS
– BRINCADEIRAS DE CRIANÇA
– ALTA VELOCIDADE
– RESTAURAÇÃO DO SISTEMA
TÍTULO ORIGINAL: CRÓNICAS.
1º EDIÇÃO - ESCRITO EM: 2010 - PUBLICADO EM: 2022
REVISÃO: O AUTOR
AUTOR: FLÁVIO MENDES TEIXEIRA
NOME ARTÍSTICO: FLÁVIO MENDES PAZ
CONTATO: (61) 99126-4776 (WHATSAPP)
E-MAIL:
flaviompaz@gmail.com
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DIREITOS AUTORAIS RESERVADOS AO AUTOR.
DEDICATÓRIA & AGRADECIMENTOS:
A TODOS QUE GOSTAM... E SENTEM PRAZER EM LER...
AS MÁQUINAS
Ainda era cedo e já estava preocupado. Como seria a primeira noite no seu novo emprego? A ansiedade consumia os seus minutos de folga e tranqüilidade. Iria se apresentar às 18h, mas, já começara a trabalhar muito antes... Desde manhã ocupava-se em pensamentos, imaginando como seria aquela primeira noite. Às 16h, começou a arrumar as suas coisas. Dobrou o uniforme e colocou-o dentro do carro. Decidiu não usá-lo.
Iria trabalhar de vigia. Sua escala seria de 12 horas por 36. Além de funcionário público, era marceneiro. Ambicioso, ao ver surgir uma oportunidade de trabalhar à noite, logo aceitou. Isso lhe proporcionaria dois dias de folga. Semanas atrás, sua esposa lhe pressionara para comprarem um carro novo; para venderem a casa e se mudarem. Ele não conseguia viver sob pressão. Não gostava que as outras pessoas mandassem em sua vida, lhe dizendo o que fazer, nem mesmo a sua mulher. Havia nascido para ser livre. Tão livre quanto ao pássaro que, certa vez, havia libertado da gaiola com as suas próprias mãos, quando tomava uma cerveja num barzinho, foi parar na delegacia, levou dez palmatórias em cada uma das mãos, mas valeu à pena.
Não obstante. Estava pronto para o seu primeiro dia, ou melhor, para a sua primeira noite de trabalho. Terminou de tomar banho, vestiu a sua roupa – camiseta e calça jeans. Por cima, o colete de vigia. Sua esposa estava querendo mudar-se por causa da violência na cidade, e, lá estava ele se preparando para trabalhar à noite. Passou na sua mãe e de lá seguiu para o seu serviço.
O trabalho a ser realizado não era complicado. Deveria apenas olhar algumas máquinas, até o dia seguinte, quando um outro vigia o substituiria. Chegou aproximadamente às 18h05, aproximou-se do colega e disse:
– Boa noite! Tudo bem?
– Tudo bem! – disse o colega. – Você é o novo vigia?
– Sim.
– Como é o seu nome?
– Guto, - respondeu.
– Seja bem vindo Guto.
O vigia, que havia trabalhado 12 horas seguidas, estava exausto e ansioso para ir embora. Ainda assim explicava algumas coisas para o novo amigo:
– Pois bem, nós temos cinco tratores aqui – disse caminhando em direção as máquinas. – Ali é a guarita, onde você vai ficar.
Guto fitou aquela guarita de ferro de quatro metros quadrados, sem nenhuma iluminação e segurança. Depois perguntou:
– Como é o seu nome?
O homem respondeu, mas Guto, que tinha um sério problema de memória, logo esqueceu. Enquanto o colega explicava o serviço, ele imaginava uma série de situações que poderiam acontecer. E se fosse assaltado? E se alguém quisesse roubar as máquinas? Será que conseguiria dormir? E se alguém atirasse na guarita apenas para fazer o mal...?
Algo na voz do vigia lhe chamou a atenção:
– Não vai querer dar uma de herói. A única coisa que precisa fazer se houver um roubo, é ligar para a polícia avisando...
– Tudo bem! - respondeu Guto.
– Não se preocupe, aqui é seguro. O que podem tentar fazer é roubar uma bateria do trator para vender e comprar drogas.
– Hum!
– Agora já vou indo. Boa sorte e bom trabalho. Daqui a pouco o pessoal da ronda deve passar para você assinar o ponto.
– Tudo bem. Boa noite!
Gutenberg, esse era seu nome de batismo, ficou a imaginar como seria aquela noite. A luz do Sol ainda clareava o restinho do dia. Quando escureceu, a solidão assombrou o local. Ali, no meio do mato estavam agora apenas ele, a sua guarita e as máquinas. Olhou para o céu e começou a contemplar as estrelas. Eram bilhões de luzinhas a enfeitá-lo. Será que Deus havia feito o luzeiro maior para iluminar a Terra e os luzeiros menores para embelezar o homem? Guto viajava em seus pensamentos. Sabia que esta não era a verdade. Sabia que existiam milhares e milhares de estrelas que, como o Sol, podiam muito bem iluminar e aquecer um outro planeta semelhante a Terra e, neste planeta poderia facilmente existir um tipo de vida, talvez semelhante à nossa, talvez menos evoluída. Só na nossa galáxia havia aproximadamente 400 bilhões de estrelas. No universo havia milhares de galáxias. Imaginava então quantos trilhões de estrelas existiriam. Quantas seriam semelhantes ao Sol? Quantas teriam planetas e vida? Ora, se existisse vida em outras estrelas, então por que nunca se comunicaram conosco? Sabia que a distância entre nós e a estrela mais próxima era de aproximadamente quatro anos-luz. Se a luz viajava à velocidade de 300.000 km/s, baseado nesses dados, não seria tão difícil calcular a distância entre nós e a estrela mais próxima. Era só multiplicar 300.000 km por 60 segundos (que é um minuto), depois pegar o resultado e multiplicar pelas horas, pelos dias, pelos meses e assim sucessivamente, até chegar aos anos. Enquanto fazia os cálculos em sua mente, alguém se aproximou, bateu no seu ombro e disse:
– Hei rapaz!
Guto assustou-se. Deu um pulo virando-se imediatamente para o homem que lhe chamava. Tal homem perguntou:
– Você é o novo vigia?
– Sim! – respondeu.
– Aqui está o seu ponto. Assine logo que preciso ir embora.
Enquanto assinava, sentiu vontade de perguntar se eles passariam apenas aquela vez, ou se fariam uma nova ronda. Apesar de