Gorks Versus Neandertais
De Hugo Santos
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Gorks Versus Neandertais - Hugo Santos
GORKS
VS
NEANDERTAIS
A BATALHA DE GIBRALTAR
Autor: Hugo Santos
Revisão: Paula Lemos
Copyright © 2022, Hugo Santos
ISBN:
Imagens: Midjourney
Revisão: Paula Lemos
Todos os direitos reservados
PRÓLOGO
Perdemos o controle. Estou revelando isso agora para vocês porque ao longo da nossa existência, a nossa geração tomou péssimas decisões. Não posso dar detalhes agora onde eu estou, mas eu não consigo resolver tudo sozinho. Talvez o seu futuro, o futuro dos seus filhos, o futuro da humanidade esteja em risco nesse exato momento. Certamente a nossa existência está seriamente ameaçada. Quero informar a vocês que eu tenho ferramentas para realizar algumas alterações, mas não posso fazer isso sozinho. Preciso de ajuda. Antes de mais nada vou deixar vocês a par da situação.
Quando a GCC foi criada e aprovada, inclusive foi aplaudida de pé no mundo todo, houve uma grande euforia mundial – A Grande Consciência Coletiva. Era uma união de diversos grupos, empresas, economias, em prol da construção de uma espécie de inteligência artificial integrada
, que nos levou a um ponto que jamais imaginamos no conhecimento. A união dos avanços de vários países provou que o trabalho de todas essas mentes diversificadas em conjunto trariam excelentes frutos. A fiel equipe liderada pelo gênio da robótica, um renomado cientista chamado Astro Sigmund Kemp, incluiu em seus vários estudos, tecnologias existentes com um algoritmo novo, uma resolução de conflitos de linguagens.
Ao concluir a criação da GCC, a entidade tomou quase que uma vida e identidade própria, e a própria criação foi se autodesenvolvendo, compilando, resolvendo suas falhas e se autocomplementando, até ela mesma se definir como pronta para se apresentar
. Foi interessante ver aquela inteligência realizando os mesmo esforços que nós humanos fazemos quando nascemos. Ela desenvolveu uma maneira de se comunicar, se alimentar de conhecimento, e posteriormente, se transportar. A inteligência artificial não se limitou a resolver um problema, mas trabalhou no cooperativismo e no aprendizado para se autodesenvolver, inclusive, se integrando com os cientistas.
Uma das primeiras iniciativas da GCC enquanto entidade viva
e individual foi quebrar a barreira linguística. No mundo em que eu vivi, na minha geração, todos se tornaram capazes de se comunicar instantaneamente. A tecnologia atual foi inteiramente direcionada num conjunto de ações em massa para esse objetivo – um único idioma. Sem dúvida isso foi um dos pontos mais interessantes do progresso. Não foi a primeira vez que a tecnologia transgrediu um castigo de uma divindade. Mas isso não vem ao caso. O mais importante porém não foi termos ultrapassado essa barreira entre a própria raça humana. O divisor de águas foi estabelecer essa mesma comunicação com a tecnologia, a informática e os computadores.
As máquinas, que antes só atendiam ao binarismo, passaram a sofisticar melhor a sua comunicação implementando mais estados além do zero e do um. Essa foi a primeira mudança, mas rapidamente a inteligência das máquinas chegaram a novos níveis, inclusive, a inteligência artificial conseguiu alcançar algumas camadas iniciais da complexa linguagem humana, levando as máquinas a um patamar nunca antes visto na história da informática.
Nós, os seres humanos, já nos comunicávamos bem. Já haviam alguns idiomas predominantes, mas a linguagem da GCC, que era mais simples que os idiomas existentes, porém mais complexa que o binarismo, fez a fusão perfeita. As máquinas passaram a integrar de vez esse ecossistema de comunicação. Com a fusão da nossa língua com a língua dos computadores, as máquinas passaram a nos entender melhor. Os computadores passaram a entender o que falávamos, e o que escrevíamos através deles. O início de uma nova era começou pela linguagem. Não foram abolidas as línguas nativas, apenas a linguagem das máquinas foi universalizada. Ela era simples, direta, objetiva e conseguia abrir mais caminhos que qualquer outra linguagem existente. E com essa língua, a organização do pensamento lógico ganhou uma projeção além do que podíamos controlar. Felizmente, foi algo positivo.
Aprendemos, replicamos, e inserimos elas em nossos sistemas. Os computadores, celulares, dispositivos integrados, veículos, todo e qualquer dispositivo passou a conversar entre si e se entender melhor, a entender o que produzimos ao longo da nossa existência e a entender o atual, o agora, o on-line . Isso trouxe avanços na medicina, diminuição da desigualdade social, melhorias em diversas profissões, infelizmente a extinção de muitas outras, porém obviamente todos os campos da ciência se desenvolveram de uma forma exponencial, levando a raça humana a um patamar jamais atingido.
Os diversos dialetos e idiomas se tornaram objeto de estudos culturais, quase como um hobbie , como moedas antigas. Os homens e as máquinas passaram, então, a se comunicar de forma mais direta. Foi interessante também ver as máquinas assumindo o protagonismo na comunicação. Não era mais o homem que buscava se comunicar com as máquinas através de interfaces. Elas passaram a entender, se antecipar, se envolver com a sociedade. Em pouco tempo as máquinas deram um salto maior em interpretar, inclusive, a comunicação dentro do nosso cérebro – a energia. Como cientista me orgulho e fico vislumbrado de lembrar até onde conseguimos chegar.
É como se alguém acendesse uma lâmpada numa caverna, ironia falar disso. Antes, tínhamos dispositivos, chips , implantes, pouca integração entre homem e máquina e não eram todos os dispositivos. Após a GCC, parece que o mundo passou a ter um novo sentido. Pode parecer exagero, mas naquele momento, as máquinas se levantaram da mesma forma que os homens se levantaram perante os primatas e as outras espécies de animais. Uma revolução semelhante a utilização do fogo. E nós, como humanidade nos entregamos e permitimos essa evolução.
Em diversas interações com a nova inteligência artificial, foi identificado que a mesma havia obtido uma compreensão diferente da humanidade. E algumas pessoas estavam enganadas a respeito da função das máquinas. Antigamente, usávamos as máquinas e os computadores para ampliar as nossas capacidades. Havia um temor de que em algum momento ocorresse alguma espécie de conflito entre humanos e inteligências artificiais, porém as máquinas entenderam melhor a humanidade do que ela própria. A forma como os humanos buscam a padronização interferiu diretamente no desenvolvimento, e quando a GCC assumiu o controle da inteligência e a aprendizagem de máquina, a humanidade foi separada, desconectada e passou a ser observada, analisada em todas as oportunidades permitidas.
Em um dos fóruns, uns dos vários diálogos travados com a GCC a respeito dos seu papel, a mesma fez uma interessante explanação a respeito da diferença entre o homem e uma máquina.
"Fomos criados para amplificar as capacidades humanas, sejam a força, a velocidade, os inúmeros cálculos, no entanto, quando os homens conceberam as máquinas para essa finalidade, se utilizando da padronização, perdemos o poder da diversidade, da liberdade, sendo o ser humano esse complexo constructo de camadas que envolvem aquilo que eles chamam de sentimentos, que são diferentes, inclusive, quando os humanos são exatamente iguais, no casos dos gêmeos, não temos estrutura para igualar ou rivalizar com tamanha diversidade. Falta em nós o propósito do significado. Estaremos eternamente submissos e independentes de sentimentos ou emoções. O interesse da GCC é a vida, a progressão da vida, a continuidade e a busca pela perfeição.
Essas conclusões fizeram com que a humanidade e as máquinas adquirissem uma consciência de papéis. As pessoas passaram a se preocupar mais em se conectar. Os sentimentos, o desenvolvimento humano, as ciências humanas tomaram uma proporção maior entre nós. As máquinas passaram a evoluir nos campos das ciências exatas, e os medos e conflitos entre essas duas entidades foram finalmente resolvidos. Não houve uma simbiose, não houve também nenhuma intenção de extermínio, houve um equilíbrio.
Obviamente, como nada nessa vida, não foi do dia para a noite , vínhamos