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O Inferno Não é Um Lugar Ruim para se Viver: Ensaios sobre a Contemporaneidade sob a Ótica da Psicanálise
O Inferno Não é Um Lugar Ruim para se Viver: Ensaios sobre a Contemporaneidade sob a Ótica da Psicanálise
O Inferno Não é Um Lugar Ruim para se Viver: Ensaios sobre a Contemporaneidade sob a Ótica da Psicanálise
E-book108 páginas1 hora

O Inferno Não é Um Lugar Ruim para se Viver: Ensaios sobre a Contemporaneidade sob a Ótica da Psicanálise

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Sobre este e-book

O Inferno não é um lugar ruim para se viver é resultado da etapa teórica do Curso de Psicanálise Clínica do qual tive a oportunidade de ser aluno no Instituto Brasileiro de Psicanálise Clínica [IBPC] de Campinas-SP, durante o 2° semestre de 2020, no auge da pandemia de covid-19.
Chamo a atenção para o contexto mundial e brasileiro em particular, uma vez que, tendo uma formação calcada em Literatura, um campo das Artes que abre tentáculos pelas mais variadas áreas das Ciências Humanas [Psicologia, Sociologia, História, Psicanálise, Política etc.] e também a Tecnologia e seus desdobramentos, esse período foi particularmente prenhe de reflexões pela conjunção de vetores historicamente raras: a polarização político-ideológica de alcance global e que, no Brasil, tem como marco as manifestações de junho/julho de 2013, a ruptura política de 2016 e as eleições de 2018; a crise econômica global, disparada com a "Bolha Imobiliária" de 2008, nos Estados Unidos, atingiu-nos. Depois de um período de crescimento econômico constante de 2003 a 2012, calcado no consumo desenfreado proporcionado pelo crédito liberado aos mais pobres. As 26 milhões de pessoas que saíram da linha de pobreza, segundo o Banco Mundial, consumiram além de suas capacidades, endividaram-se em longo prazo e contribuíram para a inadimplência no comércio, a baixa nas vendas, o que gerou desemprego e, por sua vez, a diminuição na produção industrial, gerando mais desemprego. Estava instalada a Depressão Econômica. Como se não bastasse, vem da China a covid-19: dois anos e meio da maior pandemia desde a gripe espanhola [1918-919], entre 2019-2022. E, quando surgia uma esperança com o arrefecimento da pandemia, Putin invade cruelmente a Ucrânia, causando o maior conflito bélico europeu desde a Segunda Guerra [1939-1945], gerando o caos mundial num mundo hiperglobalizado e interdependente. É a tempestade perfeita.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento19 de abr. de 2023
ISBN9786525041339
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    O Inferno Não é Um Lugar Ruim para se Viver - Renato Gorgulho

    15147_RENATO_GORGULHO_capa_14x21-01.jpg

    Sumário

    INTRODUÇÃO

    Da inutilidade dos prefácios

    O sonho e a ficção verdadeira

    As redes sociais estão eliminandoo superego?

    Como as psicoses funcionamna contemporaneidade

    Édipo nos trópicos

    Liberais e Conservadores

    Depressão: doença do século?

    A gente vê, mas não enxerga

    A Psicanálise e sua jornada pela aceitação

    Mecanismos de Defesa e Resistência

    Edgar Allan Poe: análise de um caso

    Ética e conhecimento

    Suicídio entre adolescentes e jovens: desafios para a Psicanálisena contemporaneidade

    REFERÊNCIAS

    O Inferno não é um lugar ruimpara se viver

    ensaios sobre a contemporaneidade sob a óticada Psicanálise

    Editora Appris Ltda.

    1.ª Edição - Copyright© 2023 dos autores

    Direitos de Edição Reservados à Editora Appris Ltda.

    Nenhuma parte desta obra poderá ser utilizada indevidamente, sem estar de acordo com a Lei nº 9.610/98. Se incorreções forem encontradas, serão de exclusiva responsabilidade de seus organizadores. Foi realizado o Depósito Legal na Fundação Biblioteca Nacional, de acordo com as Leis nos 10.994, de 14/12/2004, e 12.192, de 14/01/2010.

    Catalogação na Fonte

    Elaborado por: Josefina A. S. Guedes

    Bibliotecária CRB 9/870

    Livro de acordo com a normalização técnica da ABNT

    Editora e Livraria Appris Ltda.

    Av. Manoel Ribas, 2265 – Mercês

    Curitiba/PR – CEP: 80810-002

    Tel. (41) 3156 - 4731

    www.editoraappris.com.br

    Printed in Brazil

    Impresso no Brasil

    Renato Gorgulho

    O Inferno não é um lugar ruimpara se viver

    ensaios sobre a contemporaneidade sob a óticada Psicanálise

    Dedico este livro a meus pais (in memorian).Agradeço ao meu irmão, Júnior, e à minha cunhada, Valéria, com eterna gratidão e à minha irmã, Queila Daniela; e em especial, à minha esposa, Maristela, que por motivos humanamente inexplicáveis, nunca desistiu de mim.

    E a voz que eu do céu tinha ouvido tornou a falar comigo e disse: Vai e toma o livrinho aberto da mão do anjo que está em pé sobre o mar e sobre a terra. E fui ao anjo, dizendo-lhe: Dá-me o livrinho. E ele disse-me: Toma-o e come-o, e ele fará amargo o teu ventre, mas na tua boca será doce como mel. E tomei o livrinho da mão do anjo e comi-o; e na minha boca era doce como mel; e, havendo-o comido, o meu ventre ficou amargo. E ele disse-me: Importa que profetizes outra vez a muitos povos, e nações, e línguas, e reis.

    Apocalipse, 10:8-11¹

    E há tempos nem os santos têm ao certoA medida da maldadeHá tempos são os jovens que adoecemHá tempos o encanto está ausenteE há ferrugem nos sorrisosE só o acaso estende os braçosA quem procura abrigo e proteção.

    (Renato Russo e Dado Villa Lobos)


    ¹ BÍBLIA SAGRADA. Português. Antigo e Novo Testamento. Tradução de João Ferreira de Almeida. ed. rev. e atual. São Paulo: Sociedade Bíblica do Brasil, 2011.

    INTRODUÇÃO

    Um fato fundamental da vida contemporânea é que, sobretudo entre na virada dos séculos XIX e XX, a evolução social e científico-tecnológica acelerou-se de tal maneira que o nosso cérebro, segundo Paul MacLean², e os evolucionistas contemporâneos em geral, um cérebro trino, com três camadas, possui uma camada mais interna, semelhante à que encontramos nos animais inferiores: é o cérebro reptiliano, situado na amígdala, a sede dos instintos. A camada maior, que envolve a Amígdala, o sistema límbico, que existe em animais mais avançados, é onde moram as emoções, comportamentos sociais, regulação metabólica, respostas afetivas, sexuais, memória, aprendizagem e até mesmo motivação. Importante: aí reside a regulação homeostática, ou seja, a regulação da água no corpo, temperatura, níveis de glicemia e mesmo a homeostasia psicológica, que consiste no equilíbrio de necessidades emocionais, afetivas do indivíduo e, quando essas não estão em equilíbrio, há mudanças comportamentais que culminam na tentativa de satisfação dessas necessidades. Bom, a leitora perspicaz, retornando algumas linhas, pode imaginar que isso pode levar a situações no mínimo desagradáveis, para não ser alarmante.

    A camada de cima, encontrada apenas em primatas e humanos, o córtex cerebral, está ligada ao raciocínio, às formas avançadas de pensamento e à linguagem.

    O Homo sapiens, que emerge no Paleolítico Superior (40 a 10 mil anos a. C.), tendo inclusive convivido, e talvez exterminado, o Homo neantherdalis entre 40 e 30 mil anos a. C., evoluiu em condições mesológicas totalmente diferentes, afinal, era o que vulgarmente chamamos de homem das cavernas, e tenho certeza que logo vem uma figura de charge, de desenho animado e esquete humorísticos de TV, que estão no inconsciente coletivo, fruto de deboches tardios às descobertas de Darwin, e mais diretamente com os achados dos paleontólogos no séc. XX.

    Esse cérebro trino funcionava numa condição de simetria. Os mecanismos de defesa biológica contra perigos e ameaças, tanto para a autopreservação como para a segurança do grupo, e os transtornos mais frequentes, como ansiedade, medo, ódio, raiva, mas também amor, cooperação, companheirismo, laços maternais/filiais, e mesmo, talvez, já no final desse período, a depressão, eram estratégias adaptativas evolutivas de sucesso.

    Depressão? A leitora deve perguntar. Que vantagem traria a um homem das cavernas um sofrimento tão inútil e deletério como esse? É preciso ter paciência, mas chegaremos lá.

    As condições favoráveis de modelos fisiológicos replicaram-se e persistiram. Por um lado, a mulher, herdou um traço inicial de amor maternal, uma vez que os filhotes exigem um tempo muito maior de maturação até se tornarem razoavelmente independentes, pelo tempo de gestação e a alta taxa de abortos, natimortos e mortalidade infantil, o número de descendentes era pequeno, o que gerou um sentimento de afetividade, de investimento emocional; o que provavelmente despertou um sentimento em sentido oposto, num plano mistificador. Como pode ser comprovado pela Vênus de Willendorf (c. 20 mil anos a. C.), uma pequena estátua de calcário, de formas generosas, quadril e ventre avantajados, uma clara referência à fertilidade, assim como

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