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À luz da cegueira - vol. 1: Meditação 17
À luz da cegueira - vol. 1: Meditação 17
À luz da cegueira - vol. 1: Meditação 17
E-book186 páginas1 hora

À luz da cegueira - vol. 1: Meditação 17

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Sobre este e-book

"Meditação 17" reúne cem minirromances de um único autor. Os temas são os mais variados: uns retratam experiências triviais do cotidiano; outros abordam, simbolicamente, a estupidez ontológica do homem, das cavernas pré-históricas às cavernas presentes; as reflexões recorrentes sobre o suicídio se irmanam a enredos sobre a arte – como a música de Sebastian Bach, o método paranoico-crítico de Dalí, a abstração de Kandinsky. Em termos de estilo, uns são mais expansivos – duas ou três páginas –, outros se aproximam da "estética da indigência", de Samuel Beckett. Em diálogo com a literatura, há textos sobre poéticas da atualidade, como também aqueles que se embasam em tragédias gregas, em Shakespeare, em Borges, e até na batalha final de Alonso Quijano. Nessas variações, o leitor logo perceberá que cada texto é independente, podendo ser lido em qualquer ordem. E a leitura é sempre surpreendente e de estímulo a novas buscas literárias.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento23 de jan. de 2023
ISBN9786585121132
À luz da cegueira - vol. 1: Meditação 17

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    À luz da cegueira - vol. 1 - Arturo Gouveia

    À LUZ

    DA CEGUEIRA

    [ FICÇÕES PÓS-BORGIANAS ]

    LIVRO UM

    MEDITAÇÃO 17

    [ OS CEM MENORES ROMANCES DO SÉCULO XXI ]

    ARTURO GOUVEIA

    Catalogação

    Copyright by © 2023

    Arturo Gouveia

    Coordenação editorial:

    Lygia Caselato

    Projeto editorial/capa:

    Wilbett Oliveira

    Diagramação eletrônica

    Semadar edições

    1a edição

    Janeiro de 2023

    Impressão

    Nossa Impressão Gráfica

    Imagem de capa:

    History

    [ Peace, love, happiness por Pixabay ]

    Contato com o autor:

    arturogouveia7@gmail.com

    [CIP]

    Dados Internacionais da Catalogação na Publicação

    Índice para catálogo sistemático:

    G719m

    Gouveia, Arturo.-

    Meditação 17: os cem menores contos do século XXI. Arturo Gouveia. 1ª edição - Cotia, SP, Editora Cajuína, 2023. 126 p. [À luz da cegueira. v. 1].

    ISBN: 978-65-85121-13-2

    1. Literatura brasileira. 2. Contos

    I Arturo Gouveia II. Titulo

    CDD B869.3

    1. Literatura - contos - B869.3

    CATALOGebooktransparente

    ÍNDICE

    CAPA

    À LUZ DA CEGUEIRA: MEDITAÇÃO 17 [Volume um]

    Catalogação

    MEDITAÇÃO APOLÊMICA

    [01] DOGMA VOLÁTIL

    DOIS DIAS DE ULISSES

    I

    II

    [03] TEOLOGIA DO AMOR

    I – Da oni-impotência

    II – Da regressão dos sentidos

    III – Da permanência da dor

    O QUARTO SONHO

    O ENIGMA DA QUINTA LINHA

    [06] DA JANELA DE QUÉOPS

    SÉTIMO CÍRCULO

    [08] FEIXE DE TREVAS

    A NONA TESE

    [10] VIGÍLIA DOGMÁTICA

    I

    II

    11 DE SETEMBRO

    [12] ATO PENITENCIAL

    [13] ENSAIO SOBRE A MÁSCARA

    [14] ETERNO TORNO

    [15] RAZÕES NEGATIVAS

    [16] EXTENSÕES DE JÓ

    MEDITAÇÃO 17

    [18] TEODICÉIA NEGATIVA

    [19] TEBAS HECATOMPYLOS

    TRONCO 20

    21 DE JUNHO

    [22] SÓ BRAÇOS VACINADOS

    A DOIS E A TRÊS

    [24] CASTAS ESTRELAS

    [25] ONDINHAS TROPICAIS

    [26] ADORNO

    [27] PRETÉRITO IMPERFEITO

    [28] O CAOS DA TEORIA

    [29] FIANT TENEBRAE

    [30] LAMENTAÇÃO DO DOUTOR FAUSTO

    [31] LAMENTAÇÕES DE MEFISTO

    [32] O VEREDICTO DE ASTÉRION

    AP. 33

    GÊNESE 34

    [35] O OUTRO

    [36] PRIMO LEWY

    [37] SURTO DE DALÍ

    [38] ENTRE A E B

    [39] FRAGMENTOS ÓRFICOS

    [40] FORMA E CIRCUNSTÂNCIA

    CHACINA n.o 41

    [42] SOLUÇÕES INCONCLUSAS

    I – Versículo cinza

    II – A dor no prisma

    [43] FORMAS NOMINAIS

    [44] DO INESPERADO

    VALHALA em 45

    [46] COROAÇÃO DE TACHITO

    [47] NEOPSICONTODÉLICO

    [48] RÉQUIEM EM CONTRABAIXO

    [49] UM PEDAÇO DE SAIGON

    [50] A TORRE DAS FACES

    FRAGMENTO 51

    [52] EPITÁFIO PARA UMA CRIANÇA TÚTSI

    [53] CHOCOLATES E STRAUSS

    [54] O TRANSTORNO DE MARKEL

    REVER 55

    [56] A PAIXÃO SEGUNDO GÓRGONA-HÚMUS

    [57] BARQUINHOS DE PAPEL

    [58] O TEMPLO DA IMUNIDADE

    [59] TOCCATA E FUGA

    [60] A PIEDADE

    [61] ESTÉTICA DA INDIGÊNCIA

    [62] NEXT FALL

    [63] CARO EDITOR,

    [64] TRÉGUA DE OCASO A OCASO

    [65] OS ESCRAVOS E OS TEMPLOS

    [66] DELÍRIOS SUPRESSOS

    [67] TRAIÇÕES OBTUSAS

    [68] HOMO SAPIENS

    69

    [70] ANTES DO HABEAS-CORPUS

    [71] OUTRO A MAIS E A MENOS

    [72] SONHOS E ADÁGIOS

    [73] SETEMBRO CINZA

    [74] SANSÃO CARRASCO

    [75] INTEMPESTIVO OUTRO

    [76] O MAIS CONCRETO DELES

    [77] TEMPESTADE PRÓSPERA

    [78] FENDAS DO INVEROSSÍMIL

    [79] INTRADUZIR-SE

    [80] O SUICIDA

    [81] MAL ROMPE A MANHÃ

    [82] PROBLEMA DE ORWELL

    [83] SUJEITO SIMPLES

    [84] MINHA ÚNICA TRÉGUA

    [85] EXCLUSÃO OPORTUNA

    [86] EXCLUSÃO INOPORTUNA

    [87] MONSTROS DO GALEANO

    [88] CENSURA-CONCRETA

    [89] PARTILHA

    [90] DETURPAÇÃO DE PLAUTO

    [91] URRANDO POR TÚMULOS

    [92] ANTIPROBLEMA DE PLATÃO

    [93] ADÔNIS

    [94] A BATALHA FINAL DE ALONSO QUIJANO

    [95] SOMBRAS DANIFICADAS

    [96] A DÍVIDA

    COMPOSIÇÃO 97

    [98] A PROVA DO OUTRO

    [99] POÉTICA ADORNO-BECKETT

    [100] FINAL FELIZ

    MEDITAÇÃO APOLÊMICA

    No transcorrer do ano 2004 da Era Cristã, Marcelino Freire organizou uma coletânea intitulada Os cem menores contos brasileiros do século. Livres em tema e forma, os cem contistas reunidos no livro aceitaram a imposição de uma regra: a fatura do texto em no máximo cinquenta caracteres (exceto título e pontuação). De extensões as mais diversas, todos concebidos como minicontos, o menor deles é o de Raimundo Carrero, Quatro letras, restrito à palavra Nada. Inspirado no conto O dinossauro, do escritor Augusto Monterroso, Marcelino Freire pode não ser o primeiro na literatura brasileira a compor e a estimular textos em pequenas dimensões, mas é pioneiro na organização inédita de uma antologia plural de contos minimalistas. Essa experiência alcançou notável êxito em recepção e em disseminação de novas investidas, como a proliferação de produções semelhantes, de 2004 ao momento presente. Hoje já se tornou comum a produção de minicontos, também chamados microcontos, nanocontos, tal o alcance e a circulação da proposta estética.

    Um estudo detalhado do livro de Marcelino Freire iria abrir espaço para a exploração de diversas categorias analíticas, tais como: a inexistência absoluta de enredo (incluindo tempo, espaço e personagem) em alguns dos textos; a limitação de certos textos a um diálogo conciso, sem presença de um narrador; a dificuldade de distinção entre minicontos e poemas líricos – ou em prosa – de pequenas proporções. Dificuldades e ambiguidades dessa natureza se impõem como desafios a toda uma nova geração crítica que, de alguma forma, tem que ir em busca de princípios teóricos capazes de compreender e interpretar o sentido interno de cada texto e as motivações histórico-sociais de sua produção massiva no limiar do século vinte e um. A reflexão e o estabelecimento de tais princípios, os quais devem partir tanto da composição interna dos textos quanto das possíveis causas históricas de tal fenômeno (a exemplo da extrema reificação do tempo, que impede muitas pessoas, sobretudo em cidades grandes, de fazerem leitura de textos mais extensos), são imprescindíveis a uma leitura coerente com a configuração do objeto, procedimento exemplar para evitar duas posturas prejudiciais a qualquer exercício hermenêutico: a detratação preconceituosa e a mistificação acrítica.

    A proposta do presente livro, Meditação 17, em diálogo crítico com a de Marcelino Freire, é a reunião de cem minirromances de um único autor, em uma única obra, a qual, em sua expressão maior, resulta em gênero indefinido, se ainda se faz necessária tal classificação. Mas a especulação que moveu o livro, desde a leitura dos minicontos, foi a seguinte: se o conto pode ser feito em no máximo cinquenta caracteres, sendo um deles de apenas quatro letras, o romance também pode sofrer semelhante retração e se construir com apenas quarenta caracteres. Obviamente, o romance é pensado aqui como uma obra dez vezes maior que um conto – comparação arbitrária, claro, porém relevante em ao menos um aspecto: a quantidade mínima do texto. Independentemente da qualidade artística (como também ocorre nos minicontos), todo minirromance, a rigor, teria um mínimo de quarenta caracteres e um máximo, digamos, de quinhentos caracteres. Meditação 17 contém textos bem aquém dos quarenta caracteres, como alguns supressos, assim como outros que extrapolam o limite dos minicontos multiplicado por dez. Caso concebamos a média do conto por página (dez páginas) e a do romance dez vezes maior (cem páginas), o problema ainda permanece.

    Convém lembrar que a quantidade tem sido a única categoria a distinguir conto de romance (os teóricos nunca encontraram outra, pois todas as possíveis diferenças são ligadas à extensão), gerando problemas para avaliação e discernimento da natureza de um gênero. Afinal, o nanoconto Pont, de Arturo Gouveia, restringe-se a um ponto; A busca onírica por Kadath, de H. P. Lovecraft, tem cento e quatro páginas. Pelo critério tão frágil da quantidade, as diferenças podem se inverter e gerar um caos cognitivo: o conto de Lovecraft é mais extenso que vários romances; e o nanoconto citado dispensa palavras e é a menor pontuação possível, o que poderia também ser um minirromance. Contra a objeção de que o texto de Lovecraft é uma novela, basta argumentar que ele se insere em uma coletânea chamada Os melhores contos de H. P. Lovecraft; e, se é verdade o que diz Mário de Andrade (Conto é aquilo que eu chamo de conto – afirmação em que muitos se ancoram para disfarçar a incompetência reflexiva), não apenas o texto de Lovecraft é um conto, mas a Bíblia inteira é um conto e Homero só deixou para a Humanidade dois contos (ou três?).

    Procuro aqui demonstrar a possibilidade de fatura do gênero mais extenso da literatura ocidental – Guerra e paz, Os Irmãos Karamazov, Em busca do tempo perdido, Ulisses e Doutor Fausto são maiores que as epopeias homéricas – em uma dimensão mínima, com algumas variáveis, alguns até menores que determinados minicontos. Assim como ainda não há uma teoria sólida sobre a natureza do miniconto – explorando, sobretudo, as suas distinções ontológicas em relação a outras construções narrativas, bem como sua possibilidade de confluência e indistinção de outras formas mínimas, como o poema conciso –, não me consta, até o momento, nenhum teórico capaz de

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