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Revista Continente Multicultural #270: O cérebro eletrônico faz tudo?
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E-book171 páginas3 horas

Revista Continente Multicultural #270: O cérebro eletrônico faz tudo?

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Sobre este e-book

Nos últimos meses, a imprensa e as redes sociais têm estado repletas de notícias sobre o ChatGPT, um exemplar do que se chama Inteligência Artificial. A rapidez e a eficácia nas respostas desse software de busca, produzido pela empresa norte-americana OpenAI, na mesma medida que vêm fascinando, também assustam a humanidade. Afinal, o desenvolvimento de um produto como esse aponta para um futuro tecnológico mais sofisticado, complexo e preciso, no qual diversos profissionais provavelmente correrão o risco de serem substituídos pelas "máquinas".
Na reportagem deste mês da Continente, A era das máquinas pensantes, nosso colaborador Yellow, programador e mestre em Ciências da Linguagem, aborda o desenvolvimento da Inteligência Artificial e traz análises atuais sobre diversos aspectos que envolvem o tema. Dentre eles, a ética do uso, que abrange os efeitos diretos na sociedade, como os possíveis erros cometidos, visto que se trata de uma tecnologia que correlaciona dados gerados pelos seres humanos, alguns com equívocos e preconceitos.
A controvérsia com relação ao assunto é tão grande, que cientistas e empresários, através da Future of Life Institute, organização não governamental estadunidense, assinaram, no início deste ano, uma carta aberta ao mundo pedindo a interrupção por seis meses nas pesquisas em Inteligência Artificial. E propostas de regulações surgem em vários países, inclusive no Brasil. "Não acho que deveríamos regular agora o que não podemos entender ainda. Regular IA agora é como regular deuses: que deuses podem 'existir'?", refuta Silvio Meira, cientista-chefe da empresa de consultoria TDS.
O professor extraordinário da Cesar School e presidente do conselho do Porto Digital é uma das vozes ouvidas nessa reportagem esclarecedora sobre o assunto, que também abre portas para reflexões e discussões acerca do tema. "É necessário o estabelecimento de marcos regulatórios para o uso das IAs", defende Luiz Carlos Pinto, jornalista e sociólogo, professor da Escola de Comunicação da Unicap. "Todas as empresas que passaram a desenvolver e disponibilizaram seu uso o fizeram se aproveitando da falta de regulação – um modus operandi que se padronizou entre as Big Techs para outros produtos, em anos anteriores. E, seguindo o padrão da branquitude, consideram que pedidos de desculpas são suficientes para sanar os estragos causados pela abertura da caixa de Pandora", considera.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento2 de jun. de 2023
ISBN9786554391504
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    Revista Continente Multicultural #270 - Cepe

    Inteligência Artificial

    Nos últimos meses, a imprensa e as redes sociais têm estado repletas de notícias sobre o ChatGPT, um exemplar do que se chama Inteligência Artificial. A rapidez e a eficácia nas respostas desse software de busca, produzido pela empresa norte-americana OpenAI, na mesma medida que vêm fascinando, também assustam a humanidade. Afinal, o desenvolvimento de um produto como esse aponta para um futuro tecnológico mais sofisticado, complexo e preciso, no qual diversos profissionais provavelmente correrão o risco de serem substituídos pelas máquinas.

    Na reportagem deste mês da Continente, A era das máquinas pensantes, nosso colaborador Yellow, programador e mestre em Ciências da Linguagem, aborda o desenvolvimento da Inteligência Artificial e traz análises atuais sobre diversos aspectos que envolvem o tema. Dentre eles, a ética do uso, que abrange os efeitos diretos na sociedade, como os possíveis erros cometidos, visto que se trata de uma tecnologia que correlaciona dados gerados pelos seres humanos, alguns com equívocos e preconceitos.

    A controvérsia com relação ao assunto é tão grande, que cientistas e empresários, através da Future of Life Institute, organização não governamental estadunidense, assinaram, no início deste ano, uma carta aberta ao mundo pedindo a interrupção por seis meses nas pesquisas em Inteligência Artificial. E propostas de regulações surgem em vários países, inclusive no Brasil. Não acho que deveríamos regular agora o que não podemos entender ainda. Regular IA agora é como regular deuses: que deuses podem ‘existir’?, refuta Silvio Meira, cientista-chefe da empresa de consultoria TDS.

    O professor extraordinário da Cesar School e presidente do conselho do Porto Digital é uma das vozes ouvidas nessa reportagem esclarecedora sobre o assunto, que também abre portas para reflexões e discussões acerca do tema. É necessário o estabelecimento de marcos regulatórios para o uso das IAs, defende Luiz Carlos Pinto, jornalista e sociólogo, professor da Escola de Comunicação da Unicap. "Todas as empresas que passaram a desenvolver e disponibilizaram seu uso o fizeram se aproveitando da falta de regulação – um modus operandi que se padronizou entre as Big Techs para outros produtos, em anos anteriores. E, seguindo o padrão da branquitude, consideram que pedidos de desculpas são suficientes para sanar os estragos causados pela abertura da caixa de Pandora", considera.

    Nossa capa: ilustração Davi Augusto.

    ALESSANDRA SIMÕES

    tive MUITOS SONHOS DECOLONIAIS, RESOLVI TRADUZIR EM TELAS

    Professora, jornalista e pesquisadora lança livro sobre a decolonialidade na arte brasileira e trabalha esses conceitos em produções de obras colaborativas com seus alunos

    TEXto MAYARA MOREIRA MELO

    editora mireveja/divulgação

    Como a decolonialidade está presente no mundo das artes visuais no Brasil? Uma verdadeira revolução está em curso nas artes brasileiras. Trata-se da virada decolonial, fenômeno marcado pelo crescimento exponencial de poéticas que expressam questões como raça, etnia, classe, gênero e geopolítica articuladas de forma interseccional, afirma Alessandra Simões em seu novo livro A virada decolonial na arte brasileira (Mireveja Editora, 2022).

    Jornalista, pesquisadora, professora e artista, Alessandra, através da sua experiência como docente adjunta na Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB), desenvolve noções de decolonialidade na arte e no pensamento através de produções colaborativas com seus alunos, em que aplica métodos de arte-educação, ensino e relações étnico-raciais. Crítica de arte há 25 anos, Simões leva seus estudos privados e coletivos sobre a decolonialidade para espaços em que é colaboradora, como a Associação Brasileira de Críticos de Arte (ABCA) e a revista ArtNexus.

    A noção do lugar que ocupa na sociedade, assim como as experiências trocadas com os alunos na UFSB, conduziram a jornalista a unir sua paixão pela arte com as ideias revolucionárias do enfrentamento à cultura da colonização. A maneira como a colonialidade foi compreendida como consequência do sistema colonial no mundo moderno partiu das ideias do sociólogo Aníbal Quijano, que levou o grupo MCD (Modernidade, colonialidade e decolonialidade) a desenvolver a ideia desta última terminologia como uma contracorrente as tradições do colonialismo.

    Nesta entrevista, conversamos sobre os desafios ao tratar do movimento de resistência às heranças do período colonial vindo de um lugar de privilégio, a produção artística conduzida a partir desses pensamentos inovadores na universidade e os recentes ataques a obras e patrimônios nacionais, dentre outros temas.

    CONTINENTE A princípio, gostaria que você comentasse um pouco da sua origem, sua família, sua criação, seu envolvimento com a academia e seus estudos sobre colonialidade. Como sua história influenciou a Alessandra de hoje?

    ALESSANDRA SIMÕES Eu sou de Brasília, mas venho de uma família tradicional pernambucana de médicos, de um lugar de privilégio. Apesar de nunca ter clinicado, meu pai foi um sanitarista muito importante, se dedicou à academia, à saúde pública e à pesquisa, foi inclusive diretor da Fiocruz. E minha mãe também era bióloga. Hoje dou continuidade a essa relação com a academia, fui professora da Universidade de Brasília e leciono na UFSB. Então, venho de uma linhagem de família cientista acadêmica, embora eles estivessem na ciência biológica e eu tenha ido para as artes. É a partir desse reconhecimento do meu lugar de privilégio, dentro da estrutura social brasileira, como mulher branca, filha de acadêmicos, de uma família tradicional pernambucana que eu me envolvi com a pesquisa e, em seguida, com pautas como o colonialismo e a decolonialidade.

    CONTINENTE Como começou seu envolvimento com as artes visuais e decidiu unir isso ao seu ofício enquanto jornalista?

    ALESSANDRA SIMÕES Foi uma coincidência. Fiz Comunicação na Unesp, no campus de Bauru, e desde a adolescência já pintava, desenhava, sempre gostei de artes e sempre fiz artes de várias linguagens. Eu já escrevia um pouco sobre teatro amador e pensava em escrever sobre artes visuais, acabei indo para a imprensa cultural, que era minha vontade inicial. Fui para o caderno cultural da Gazeta Mercantil, onde fiquei cinco anos escrevendo sobre artes visuais e me dediquei bastante a estudar, de uma certa forma autodidata, ainda no início da internet no Brasil. Esse momento coincidiu com um período de abertura do mercado brasileiro, na era FHC, e aí a imprensa também estava em um bom momento, vivíamos uma bolha econômica poderosa. Houve uma mudança de paradigma no mercado de arte brasileira, de repente começaram a ter as grandes exposições de Picasso, Salvador Dalí, todos os grandes artistas modernistas, companhias de balés do mundo inteiro, além de que havia um interesse editorial.

    Nós produzíamos o caderno de leitura de fim de semana, um caderno semanal, em que a gente podia escrever com um certo tempo, com uma rotina muito legal, visitávamos os museus, as galerias, cheguei a entrevistar artistas de muitas gerações diferentes. Além disso, nesse mesmo período, fiz alguns frilas, como para a Continente, na edição de outubro de 2004, sobre a confiança no poder da estética, a queda do interesse pela pintura no sistema da arte contemporânea. No mestrado, resolvi parar e estudar mais, já tinha em mente que queria fazer carreira acadêmica em universidade pública, porque eu queria ter tempo para pesquisar. Daí, fiz minha tese sobre Francisco Brennand, eu adorava o trabalho dele, já estava estudando a relação da arte com o espaço, com a expansão do campo visual, e também porque ele era amigo da minha família, tinha uma ligação afetiva muito grande. Em seguida, fiz um doutorado sobre arte urbana comparando o grafite de São Paulo e Buenos Aires. Logo depois, vi o projeto pedagógico da Federal do Sul da Bahia e fiquei bastante encantada, apesar de já ter entrado na Federal do Tocantins, acabei fazendo o concurso para a UFSB e fui para a Bahia.

    CONTINENTE Seu livro mais recente, A virada decolonial da arte brasileira, transparece bastante seu interesse pelas artes visuais e pela pesquisa sobre decolonialidade. Em que momento você decidiu unir produções artísticas a essas ideias e reunir em um livro?

    ALESSANDRA SIMÕES A ida a UFSB tem toda uma relação com essa obra. A ida pra Bahia mudou completamente a minha perspectiva, eu trabalhava muito próxima do sistema de mercado da arte de São Paulo. Então, fui para um território completamente diferente e em um período muito interessante, no final de 2015, pois acredito que essa virada decolonial já estava ganhando um acento muito grande, ali já começava a ser fomentado o livro sem eu saber. O título é uma reunião de artigos já publicados, a maioria durante a pandemia, mas acho que teve essa gênese no Sul da Bahia, em um território de comunidades afro diaspóricas, indígenas, com o movimento do MST forte com muitos assentamentos, além dos alunos também, muitos de comunidades urbanas, periféricas, bastante precárias, mas com muita consciência política. A maioria dos jovens e estudantes da UFSB quer permanecer no território, não tem essa coisa de querer ir pra São Paulo, pra fora, um ou outro que vai, mas a maioria deles está interessada em produzir dentro da sua própria cultura e até mesmo ir para área, pra dar aula, sempre nessa ideia de contribuir e dar um retorno para própria comunidade.

    CONTINENTE No livro você comenta sobre a importância do grupo de pesquisa Modernidade/Colonialidade/Decolonialidade como precursor dessas temáticas no mundo. Mas também critica a ausência de pesquisadores brasileiros no grupo, além das poucas análises sobre a colonização portuguesa realizadas pelo grupo em comparação à espanhola, o que afasta ainda mais o nosso país dos estudos sobre colonialidade. Gostaria que você comentasse como isso afeta os estudos brasileiros sobre esse tópico, assim como a produção da arte decolonial.

    ALESSANDRA SIMÕES É o que a (professora) Luciana Ballestrin aponta e isso deve ter efeitos bem interessantes na sociologia, principalmente. Mas eu faço um comentário em algum momento no livro que nas artes também é assim, o Brasil sempre foi muito dissociado dos outros países, dos nossos vizinhos, esse grupo é um exemplo disso, é um grupo que não tem brasileiros, a não ser que alguém tenha entrado agora. Nesse coletivo até tem uma geração nova que, inclusive, está trabalhando mais com as questões artísticas que é bem interessante, mas continua com a visão desses outros países. Isso põe a gente a pensar sobre as diferenças do Brasil para os outros países, principalmente em relação às questões indígenas e da negritude. Para cada país é uma questão; e em um país com a maior população negra fora da África, além de todo o histórico da escravização, é outra coisa. Então eu levantei algumas questões sobre isso no livro para que possam também ser desenvolvidas por outras pessoas, que levem a outras pesquisas.

    CONTINENTE Nele você também comenta sobre os distintos sentidos e uso de palavras como pós-colonialismo, descolonizar e decolonizar. Queria que você desse mais detalhes sobre essas distinções, a importância e força que essas nomeações podem carregar.

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