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Manual De Teologia Mística
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E-book539 páginas3 horas

Manual De Teologia Mística

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Introdução ao estudo da teologia mística.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento9 de ago. de 2023
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    Manual De Teologia Mística - Abade Paul Lejeune

    Manual de Teologia Mística

    Abade Paul Lejeune

    Capítulo I – Noções preliminares.

    01

    Muitos escritores confundem estas duas noções: Teologia Ascética e Teologia Mística. Esta confusão passou para a linguagem comum. É importante separar estas duas noções e delimitar exatamente o campo de cada uma destas duas teologias.

    A teologia ascética abrange toda a parte da ciência sagrada que expõe os princípios e formula as regras da perfeição cristã. A teologia mística é um dos ramos da teologia ascética, ou melhor, é a floração do seu ápice.

    Antes de fornecer uma definição precisa desta teologia, acreditamos útil recordar que os mestres da vida espiritual distinguem três etapas sucessivas da ascensão da alma para Deus, três vias pelas quais a alma deve sucessivamente passar para chegar até Deus.

    Primeiro, há a via purgativa. Nesta primeira fase da vida cristã, a alma luta para se libertar do pecado, para guardar a graça santificadora, para se livrar da cadeia de maus hábitos. O medo é a virtude dominante da alma que se debate nessas lutas penosas.

    Depois, há a via iluminativa. Mais livre do lado dos sentidos, menos preocupada em permanecer na defensiva, a alma já está mais preocupada em criar nela a virtude. A prática da oração cria nessa alma uma iluminação habitual que lhe demonstra o nada dos bens deste mundo e a sólida realidade dos bens eternos. Assim, a virtude que domina nessa alma e que é a inspiradora principal de seus atos é a esperança.

    Por fim, há a via unitiva. O amor se torna então dominante na alma e a unifica com o beneplácito divino. Este é o reino do amor puro. Agradar a Deus é a grande preocupação desta alma. O medo do inferno e o desejo pelo céu são nela dominados por um amor que tende a se refinar sempre mais e a se livrar cada dia mais de qualquer traço de amor-próprio ou interesse pessoal. Mesmo que este estado não realize ainda a união e a perfeição consumadas da Pátria, ele já é um tipo de posse do repouso, do objetivo e é o que nos autoriza chamá-lo de via unitiva ou perfeita.

    Diz o Pe. Jérôme Ribet:

    Esta distinção das três vias, que correspondem ao início, ao progresso e ao término da vida espiritual, faz parte do ensinamento comum da teologia e, segundo o Pe. Scaramelli, ela não pode ser rejeitada sem temeridade, sobretudo após a sanção que ela recebeu da Santa Sé contra os ataques que recebeu de Molinos.¹

    Esta distinção vai nos ajudar a definir a teologia mística. A via que chamamos de unitiva se bifurca em duas direções diferentes. Se a alma segue a via ordinária e comum, ela é mais ativa do que passiva. Ela produz atos de virtude com uma plena posse dela mesma, com sua própria energia ajudada pela graça. Se a alma é chamada a seguir a outra via, ela é submetida a uma ação privilegiada, extraordinária e é então mais passiva do que ativa. Deus produz nela atos que nenhum esforço humano poderia realizar. Ele a depura, a inflama e deixa eclodir para fora, sobre os sentidos, provas maravilhosas de suas operações íntimas.

    Ao descrevermos esta via extraordinária, foi da própria teologia mística que preparamos a definição e foi seu campo de ação que delimitamos. Esta teologia começa no momento em que a alma deixa de ser ativa e ela segue a alma em todas as ascensões ou vias extraordinárias pelas quais Deus quer conduzi-la. Em resumo: ela é o estudo racional de todos os estados nos quais a alma é passiva com relação a Deus.

    Podemos então, sob o ponto de vista doutrinal e objetivo, definir, com o Pe. Jérôme Ribet, a teologia mística:

    É a ciência que trata dos fenômenos sobrenaturais íntimos ou exteriores que preparam, acompanham ou seguem a atração passiva das almas por Deus e para Deus __ ou seja, a contemplação divina __ que as coordena e as justifica pela autoridade das Escrituras, dos doutores e da razão. Enfim, que traça regras práticas para a conduta das almas nessas ascensões sublimes, mas perigosas.²

    Formulemos imediatamente algumas reservas com relação à classificação das três vias distintas que acabamos de enunciar.

    Digamos primeiro que a lei ordinária é a ascensão da alma até a união passando pela purificação e a iluminação. Mas esta lei não tem nada de absoluto. Ela não pode ser concebida como uma limitação do poder divino. Deus pode, quando bem quiser, levar subitamente uma alma, dos mais profundos abismos da abjeção moral aos cumes mais elevados do amor. Não foi o que ele fez com Maria Madalena e com tantos outros convertidos célebres?

    É preciso observar, em segundo lugar, a gratuidade completa dos favores místicos que servem de apogeu para a vida unitiva. Sem dúvida que muitos não entram nessa terra prometida pela própria culpa, porque são infiéis às solicitações de Deus. Mas permanece verdadeiro que Deus recusa esses favores a almas muito fiéis, que percorreram com generosidade as etapas da vida purgativa e iluminativa e que crescem a cada dia, pelas vias mais ordinárias, no amor puro.

    Evitemos também acreditar que estes três estados da alma são tão isolados um do outro que não entra nada em um deles do que está nos outros dois. As separações não são tão marcadas, na realidade, como a classificação poderia deixar supor.

    Assim, aquele que está na via purgativa não está murado pelo medo. Ele já vive na esperança e já possui alguma união com Deus através do amor. Aquele que está na via iluminativa tem um amor já suficientemente grande e, por outro lado, ele está obrigado ainda a se debater contra as amarras do pecado e de suas paixões. Por fim, aquele que pratica a vida unitiva tem também suas lutas e tentações. Ele precisa empregar energia contra os avanços mais ou menos frequentes do inimigo e muitas vezes ele sente a necessidade de repousar seu pensamento na recompensa futura, como faz aquele que ainda está na via iluminativa.

    Encontra-se então em cada um destes estados alguma coisa dos dois outros e, se classificamos a alma em um e não em outro, isto não é porque a forma de virtude própria a este estado reina na alma de uma maneira exclusiva, mas é porque esta forma predomina nele. Quando o medo predomina, trata-se ainda da via purgativa. Quando é o ardor em avançar na virtude e quando é o atrativo da recompensa que prevalecem, caminha-se na via iluminativa. Se é o amor que reina sobre as forças da alma, está-se então na via unitiva. Mas, enquanto durar esta vida mortal, por maior ou menor que seja a perfeição adquirida, sempre nela se trabalha a purgação, a iluminação e a união.

    02

    Esta teologia mística que vamos tratar merece o título de ciência que lhe demos em nossa definição?

    Sim, pois ela realiza todas as condições exigidas para constituir uma ciência: 1) Ela se apoia em princípios certeiros; 2) Ela coordena toda uma classe de fenômenos de observação, os explica através de suas causas e os liga aos princípios que lhes deram nascimento.

    A teologia mística é então uma série de conhecimentos logicamente encadeados e legitimamente deduzidos de princípios certeiros. Ela merece então o título de ciência.

    Os princípios sobre os quais se apoia esta ciência __ ou, segundo a maneira de falar teológica, os lugares onde ela vai buscar suas regras e suas verdades primeiras __ são os mesmos que aqueles da teologia dogmática e moral: as santas Escrituras e a tradição.

    Como para os outros ramos da teologia, os principais órgãos da tradição são as definições dos Papas e dos Concílios e os escritos dos Santos Padres e dos teólogos.

    E quais são os teólogos aos quais a teologia mística se dirige de preferência e dos quais ela retira as maiores e mais frequentes contribuições?

    Eu respondo distinguindo as matérias especulativas da vida mística daquelas que são objeto da experiência. Para as primeiras, é aos teólogos escolásticos que é preciso principalmente se dirigir. De fato, nas coisas que são imediatamente do domínio da fé, a opinião dos teólogos escolásticos deve ser buscada antes daqueles dos autores místicos. Depois, a teoria das graças puramente gratuitas, as espécies infusas que servem à mais alta contemplação, os mistérios da graça e da glória, todas estas coisas são, principalmente, do domínio da teologia escolástica.

    Se, pelo contrário, for o caso de questões que tocam mais diretamente à experiência?

    Os autores místicos têm então várias vantagens sobre os teólogos escolásticos. Assim, quando for o caso de explicar os fenômenos íntimos e os diferentes graus da contemplação, as consolações e as dores interiores, os êxtases, as visões, os toques divinos, enfim, todas as impressões sobrenaturais que o Espírito Santo opera nas almas, a opinião dos autores místicos deve ser, geralmente, preferida à dos teólogos escolásticos.

    Falamos aqui dos autores místicos autorizados, daqueles que reúnem a ciência à experiência e que, tendo experimentado eles mesmos todas essas coisas, podem descrevê-las mais facilmente do que um teólogo especulativo cuja experiência seria limitada aos fenômenos ordinários da ordem sobrenatural.

    03

    Alguns termos utilizados comumente pelos autores místicos podem parecer estranhos àqueles que não são iniciados ainda nesta ciência e até mesmo despertar um sorriso zombeteiro em seus lábios. Um religioso carmelita __ o Pe. Nícolas de Jésus Maria __ defende a teologia mística nestes termos, contra a censura que muitos lhe fizeram sobre isto:

    A teologia mística, entre todas as artes e todas as ciências, tem o direito de se servir de expressões e termos que lhes são próprios. A sublimidade das matérias que ela trata a obriga muitas vezes a usá-los, pois, quanto mais as coisas que ela ensina são difíceis e ocultas, menos se pode explicá-las com termos comuns, que são desproporcionais ao pensamento que se quer expressar. É por isto que é preciso encontrar novos termos ou se apropriar daqueles que já tinham recebido novos significados sem relação com seu sentido usual, para que se possa assim, mesmo que imperfeitamente, representar a grandeza e a excelência das coisas divinas.

    A necessidade dos termos e expressões particulares na teologia mística se sobressai igualmente do fato de que aqueles que desfrutam da contemplação das coisas divinas consideram desproporcionais todos os termos usados para expressar o que eles conhecem em seu intelecto e que experimentaram neles mesmos, até que Deus lhes ensine uma maneira adequada de se expressarem.

    Foi então na Escola do Espírito Santo que esses escritores aprenderam esses termos e essas expressões, como se pode acreditar que aconteceu com os doutores místicos São Dionísio, São Bernardo, São Tomás, Santa Tereza, São João da Cruz e tantos outros. Estes diferentes autores falaram e escreveram segundo uma luz sobrenatural muito sublime, o que torna a linguagem deles pouco comum e, no entanto, muito adequada à ciência mística. É por isto que, aqueles que não são iluminados assim não os compreendem facilmente e não devem, por isto, rejeitá-los e nem condená-los, mas, pelo contrário, respeitá-los humildemente.³

    Isto quer dizer que é preciso aceitar sem controle as maneiras de falar de certas almas dedicadas a uma devoção totalmente especulativa e nebulosa?

    Nós nos inclinamos diante da autoridade dos grandes místicos que citamos e aceitamos os termos que eles empregaram, mesmo quando a linguagem deles se afasta da linguagem comum. Mas nos recusamos, quando se trata do primeiro escritor espiritual que aparece, a dar o direito de citação a qualquer expressão que nos pareça pouco clara e cuja obscuridade de expressão nos parece então como um sinal não equívoco de pouco valor do pensamento.

    Com muito mais razão ainda reprovamos, como o Pe. Maynard, as expressões que parecem sensualismo místico. Se almas simples podem às vezes empregar esta linguagem em suas relações com Nosso Senhor, isto não é motivo para reproduzi-la sem nenhuma reserva nas obras de espiritualidade.

    Estes termos se parecem muito com a expressão de uma paixão humana para não escandalizar as mentes preconceituosas ou de má vontade. O Pe. Maynard observa com muita justiça que Salomão, inspirado por Deus, pôde se expressar, no Cântico dos Cânticos, de uma maneira que ficaria deslocada em um livro de devoção à disposição de todos.

    04

    Diz o Pe. Álvarez de Paz:

    Há duas classes de pessoas a quem a ciência mística é útil ou necessária. Ela é útil às almas que Deus chama para estados extraordinários. É bom que essas almas saibam de quantos escolhos e ilusões esses caminhos estão semeados. A ciência mística não lhes é, no entanto, indispensável. Ela só é necessária àqueles que devem conduzir essas almas.

    É, de fato, um axioma da vida espiritual que não há alma tão elevada e tão perfeita que não esteja submetida à lei da direção. Ao diretor pertence sempre então se pronunciar sobre essas situações da alma, assinalar os escolhos, apoiar as deficiências, sanar todas as dúvidas.

    Ora, eu pergunto como ele cumprirá seu papel se não possui a ciência mística, se ele não sabe mesmo (e isto é encontrado muito frequentemente) que, fora dos caminhos comuns, existem outros caminhos para os quais Deus convida para percorrer um grande número de almas?

    Um confessor __ piedoso, aliás __ que faça muito regularmente por sua conta pessoal sua meditação a cada manhã, mas que ignora que existe, acima da meditação, outros estados de oração mais perfeitos, tal confessor pode paralisar a ação de Deus sobre sua alma e, para grande detrimento desta alma, mantê-la, contra a vontade de Deus, em um estado inferior onde ela patina no lugar, sem progresso e sem consolações. Esta alma ainda pode se considerar feliz se suas aberturas não são acolhidas com sarcasmo e suas aspirações tratadas como quimeras e sonhos ocos!

    Diz São João da Cruz:

    Há confessores e pais espirituais que, desprovidos do conhecimento e da experiência desses caminhos, proporcionam às almas mais obstáculos do que ajuda, como os trabalhadores que construíram a Torre de Babel que, ao ouvirem a língua do colega, lhes repassavam materiais diferentes do que eles precisavam e, assim não puderam terminar a obra.

    Scaramelli afirma, em um testemunho de sua própria experiência, que essas almas, chamadas a estados extraordinários, não são encontradas somente nos claustros, mas em toda parte e que não há um confessor que não possa ser chamado um dia para dirigir uma dessas almas. A consequência deste fato é que não há um confessor ao qual a ciência mística não se impõe, em certa medida.

    É certo que a ciência mística deve se aliar, no confessor, à ciência da teologia dogmática e moral. Uma pessoa experimentada nas coisas místicas, mas desprovida da ciência teológica seria, no julgamento de Santa Tereza, um guia muito pouco seguro.

    Mas permanece também verdade que a ciência da teologia dogmática e moral não dispensa nenhum confessor do estudo dos fenômenos e das leis da mística. O diretor só está completo se ele é bem informado sobre estes fatos e estes estados sobrenaturais.

    Para compreender a importância da ciência mística, que se queira refletir bem em que círculo estreito de leituras espirituais está obrigado a se confinar aquele que não tem esta ciência. É a Escola mística inteira que lhe está interdita e, se ele for um sacerdote e se tiver um conhecimento memorável da teologia dogmática e moral, ele não poderá abrir uma obra de Santa Tereza ou de São João da Cruz sem declarar que esta gente fala uma linguagem incompreensível e sem considerar como uma grande perda de tempo a leitura de tais livros.

    Ele compreenderá melhor São Francisco de Sales? As palavras e expressões contemplação, oração de quietude, oração de união não retornam a todo instante sob a caneta do grande doutor? Que gosto pode encontrar então, em uma página de São Francisco de Sales, um leitor para quem estas palavras e expressões não possuem nenhum sentido ou que só atribuem a elas um significado vago, flutuante?

    Permanecer então na ignorância completa sobre a teologia mística é então interditar a si mesmo as fontes mais puras e as melhores da verdadeira espiritualidade; é se condenar a permanecer no círculo estreito das leituras recomendadas às almas mais comuns. Que um sacerdote, que um confessor, que um religioso se questione se está respondendo ao ideal para o qual Deus o chama para realizar.

    05

    É preciso admitir que a teologia mística está, hoje em dia, entre nós, em pleno descrédito. A palavra mística, hoje em dia, soa mal para muitas pessoas.

    Ao que se deve este estado de coisas? Quais são as causas deste desfavor que pesa sobre uma parte da ciência sagrada, outrora tão florescente?

    Em seus excelentes Diálogos sobre os diversos estados da oração, segundo a doutrina de Dom Jacques-Bénigne Bossuet, obra preciosa da qual faremos muitas citações, o Pe. Caussade constata que no século XVIII o mesmo preconceito já estava reinando. O mal, portanto, não é novo.

    Diz ele:

    É por prevenção e por uma ignorância quase geral dos autores místicos e, sobretudo, das matérias tratadas por eles, que se atribuiu pouco a pouco a este termo a ideia de, não sei que ridículo, de sorte, diz Dom Jacques-Bénigne Bossuet, que os místicos são tratados costumeiramente de cérebros fracos e feridos.

    O desfavor do misticismo já começou no século XVII, na época da discussão do quietismo e ela teve por causa a confusão que mentes muito boas fizeram então entre o verdadeiro misticismo e suas contrafações. O medo de cair no quietismo os jogou no extremo oposto e os fez englobarem, em uma reprovação injusta, tudo o que se chamava então de misticismo.

    Diz com muita justiça o Pe. Caussade:

    Mas os exageros ou os erros dos falsos místicos não podem justificar a cega presunção dos mundanos que zombam dos livros espirituais que jamais leram e nem o desprezo de certos semissábios por nossos místicos, dos quais jamais abriram as obras e dos quais ignoram até o nome e a reputação.

    As pessoas experimentadas lhe dirão que, com seus miseráveis preconceitos, se desgostou da leitura dos verdadeiros místicos e não se vê mais nos claustros um número muito grande de almas interiores, desapegadas de tudo, mortas para o mundo e para elas mesmas. Eles vão dizer que, em todas as comunidades onde se permaneceu afeiçoados aos livros de São João da Cruz, de Santa Tereza, sua digna filha, de São Francisco de Sales, do venerável Pe. Lallemand e de seus dois discípulos, o Pe. Rigoleuc e o Pe. Surin, este último tão estimado por Dom Jacques-Bénigne Bossuet, vê-se neles reinar também, proporcionalmente, um maior espírito interior, mais abnegação de si mesmo, mais humildade e simplicidade evangélica. Eles vão dizer ainda que, somente pelo gosto e atrativo por tais leituras, eles reconhecem muito frequentemente qual é o espírito interior das pessoas que se dirigem a eles.

    Aqueles que estivessem ainda tentados a sorrir ao ouvirem o título, um pouco extraordinário talvez, de uma obra de São João da Cruz ou de uma Santa Tereza, basta recordar o profundo respeito que Dom Jacques-Bénigne Bossuet tinha por estes dois grandes escritores místicos. Por toda parte ele cita São João da Cruz, assim como cita São Tomás na Escola e, de Santa Tereza, ele não hesita em fazer este elogio: "Esta Santa, que a

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