Prefácios E Comentários
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Prefácios E Comentários - Wanderlino Arruda
Copyright © Wanderlino Arruda, 2014
Capa e Editoração: Gráfica Editora Millennium Ltda.
Revisão de textos: Júlia Maria Lima Cotrim Fotografia da Capa: Wanderlino Arruda Filho Arruda, Wanderlino
A773p
Prefácios e Comentários / Wanderlino Arruda. - Montes Claros - Minas Gerais - Gráfica Editora Millennium Ltda. 2014.
200 p. : 21 cm
1. Literatura Brasileira - Prefácios e Comentários. 2. Escritor brasileiro
I. Título.
CDD B869.1
Todos os direitos reservados. É permitida a reprodução total ou parcial desta obra, por quaisquer meios, com a prévia autorização do autor.
Impresso no Brasil
Printed in Brazil
GRÁFICA EDITORA MILLENNIUM LTDA.
Rua Pires e Albuquerque, 173 - Centro
39.400-057 - Montes Claros - MG
mileniograf@viamoc.com.br
www.mileniograf.com.br
Telefax: (38) 3221-6790
2014
ÍNDICE
Prefácio – 7
Maria Luiza, Amiga e Mestra – 9
A Poesia de Dário Teixeira Cotrim – 11
Pássaro Amigo, de Afonso Prates Borba – 14
Palmyra Santos de Oliveira – 17
Amelina Chaves e o Comendador Romão – 21
Iracy Pereira Santos em Livro de Terezinha – 24
Andréa de Fátima Mota Dias – 29
Antônio Augusto B. Moura, Notável Arquiteto – 31
O Canto Poético de Iracema Zannetti – 33
Doutor Rameta e Os Meninos do Sapé
– 35
Em Cantos e Versos – 38
Noturno para o Sertão – 41
Karla Celene Campos e Hibiscos Molhados
– 44
Labor Clube de Montes Claros – 47
Na Venda de Meu Pai – 50
Monte Azul de Maria da Glória – 55
Momentos de Luiz de Paula – 57
Montes Claros Retratos Poéticos – 59
Mozart David – 62
O Laço Húngaro – 64
João Chaves – 67
Ivan de Souza Guedes, este Grande Brasileiro – 70
História Primitiva de Montes Claros – 74
Aconteceu...
, de Corbiniano R. Aquino – 77
A Menina Celeste, de Divina Tanure França – 81
Ventos de Agosto – 83
Condenado à Morte pela DNM – 86
PREFÁCIOS E COMENTÁRIOS – 5
Vargem Grande – 90
Serrano de Pilão Arcado – 93
O Voo do Albatroz, o Voo de Isau – 97
Edwirges Teixeira de Freitas – 101
Joaquim Soares de Jesus – 104
Célio Barbosa de Castro – 107
Todo Mundo é Gente
– 110
Um Pequeno Rei
– 113
Montes Claros, Vovó Centenária – 115
Poesia no Mulo
de Darcy Ribeiro – 117
A Noite da Minha Iniciação – 120
FAFIL, Pioneira do Ensino Superior – 123
Montes Claros, Sessenta Anos Atrás – 126
Saudades do Velho Mercado – 129
Oralidade em Grande Sertão Veredas
– 132
Onde e Quando o Amor é Maior – 134
Oitenta Anos, Quase um Século! – 137
Estevinho Poeta – 140
Henrique Oliva, o Pesquisador – 143
Hotel Cachoeira de São Félix – 146
Memórias de Adriano – 149
Montes Claros Era Assim...
– 152
O Mulo Darcy Ribeiro – 155
O Sertão de Antônio Ferreira Cabral – 158
Seis Poetas de Montes Claros
– 161
Wagner Durães, Poesia, Fé e Destino – 164
Gy Reis, Poeta – 167
Outubro de 1940 – 170
As 7 Pontes
, de Maria Luíza – 173
Doce Encanto – 176
Deus e Liberdade, uma Loja Octogenária – 178
Antônio Augusto Souto – 182
Encantadora a Poesia de Evany – 185
Miriam Carvalho Brincando aos Raios do Sol
– 188
Colcha de Retalhos – 191
Mais uma Vitória do Nosso Pelé – 195
Simeão Ribeiro Pires – 196
Presidentes do Automóvel Clube – 198
6 – WANDERLINO ARRUDA
PREFÁCIO
A notícia bibliográfica da literatura montes-clarense, nos últimos tempos, tem catalogado centenas de livros e de outras produções literárias. Embora não sendo a mais completa, ela é considerável pela qualidade e pela quantidade de obras que traz a lume. Assim, nessa dinâmica da intelectualidade norte-mineira, destacamos com muita alegria a participação do ilustre escritor, o doutor Wanderlino Arruda, que já reúne mais de uma dezena de bons livros, disseminando conhecimento e prazer, para todos que gostam de uma boa leitura.
Desta vez, o autor nos dá a conhecer uma obra que enaltece, com pleno mérito, o mundo literário de Montes Claros e região. Trata-se do substancioso livro "Prefácios e Comentários", onde o seu espírito de mestre emérito avulta no campo da crítica literária e, também, na consideração artística das palavras para definir as obras mais significativas que fazem parte de um universo privilegiado de escritores e pensadores.
Nota-se que este novo livro, do eminente confrade das letras Wanderlino Arruda, apresenta-nos uma versada coletânea de crônicas e artigos escritos nos últimos tempos, revelando todo o apogeu de sua criatividade intelectual. É um registro, com valimento intensivo, da sequência contínua de ações escritas e dos conceitos profundos no campo da Semântica e da Literatura. Prefaciando obras e escrevendo magistralmente sobre temas ligados à região, o nosso mestre da PREFÁCIOS E COMENTÁRIOS – 7
Academia Montes-clarense de Letras mais uma vez nos oferece uma excelente oportunidade de viver e conviver com o burilar das palavras.
É ao mesmo tempo o universo da fantasia e das realidades.
O fato de a escrita de Prefácios e Comentários conter, na sua maior parte, análise literária e linguística, isso não significa que a sua leitura tornar-se-á técnica ou até mesmo, científica. Muito pelo contrário, o leitor certamente irá se deliciar muito das colocações inteligentes do autor sobre as sinopses e os comentários das obras literárias prefaciadas. O esmero é uma característica dos que cultuam as letras; é uma atitude dos que as elaboram em textos; é uma paixão dos que desejam adquirir conhecimentos. O sédulo escritor Wanderlino Arruda, na sua impaciência de doutrinar, faz com que os seus leitores argutos o admirem pela linguagem escrita e, outrossim, pela linguagem falada. São seus textos e os seus pronunciamentos as sementes lançadas, em formas de palavras bem-querentes, na esperança de sua fertilização, para criar e formar um novo tempo.
O trabalho literário do emérito acadêmico Wanderlino Arruda não tem limites. Hoje, os seus livros já ultrapassam fronteiras. Em vários lugares do planeta muitos deles enriquecem bibliotecas públicas e particulares, quer seja na língua pátria, quer seja no espanhol ou no inglês. É correto dizer que as suas obras encantam meio-mundo literário "não só como guardiã e cultora da perfeição estética, mas, sobretudo, como pólo difusor cultural". Não será surpreendente se alguém disser, alhures, que o autor Wanderlino Arruda escreveu uma bela e proveitosa obra. Verdade verdadeira!
Dário Teixeira Cotrim
Academia Montesclarense de Letras
Institutos Históricos e Geográficos de Minas Gerais e de Montes Claros 8 – WANDERLINO ARRUDA
MARIA LUIZA, AMIGA E MESTRA Maria Luiza Silveira Teles vê o mundo como passível de mudança e sabe que a única forma de mudá-lo é formar educadores conscientes, moldando-os para o respeito e para a esperança. Sua posição foi sempre a de quem tem compromissos com o amor em tempo integral, se possível, tanto no aprender como no ensinar. Nunca dissociou o saber do saber fazer, nunca se esque-ceu do gostar da vida. Em Maria Luiza, a pessoa humana precisa ser sempre o sujeito da história, ou das estórias. Nela é vívida e vibrante a visão crítica do ensino-aprendizagem, com educadores e educandos espelhando brilho e encantamento, personalís-simos olhares e audições.
Mais do que poderia Rubem Alves filosoficamente confirmar, Maria Luiza é e será sempre mediadora de esperanças, fundadora de mundos, pastora de projetos. Sempre arquiteta da melhoria de vida de tudo quanto foi gente que passou por sua sala de aula. Deu aulas particulares dos dez aos dezoito anos: português, matemática, inglês e latim, e seus vitoriosos alunos jamais se esquecem dela. Além de doces lembranças do charme e da beleza da professora, eles levam pela vida muito amor e gratidão, pois apaixonados e admiradores. Já na Faculdade, no PREFÁCIOS E COMENTÁRIOS – 9
terceiro ano de Pedagogia, Maria Luiza foi monitora de Psico-logia e Sociologia, tempo também de muito encanto. Meus alunos e professores fizeram de mim a pessoa que sou
– diz ela agradecida. Como Paulo Freire, sabe que o ato de educar não é profissão, é vocação. E toda vocação nasce de um grande amor, de uma grande esperança.
Minha amiga sempre amou o ser humano, sempre aspirou vê-lo crescer, sempre teve paixão pelo ensino, nunca dissocian-do a disciplina dos valores pessoais e da postura ética. Uma sonhadora, uma visionária do bem, poetisa de todas as belezas do viver e do conviver. Mulher e mestra sempre revestida de fé e de coragem!
Eu, embora me aposentando da escritura pedagógica, continuarei acreditando na humanidade, na superação de uma ordem social injusta e numa Educação verdadeiramente nova em que o aluno seja realmente o centro de todos os objetivos, em que a relação educador/educando seja um terreno fértil de amor, sonhos, utopias, respeito, prazer, esperanças, vida intensa e realizações
.
Afinal, para Maria Luiza, a característica principal do ser humano reside na capacidade de amar, que implica saber cuidar, acolher, perdoar, compadecer-se, ter empatia, ternura, compartilhar, interagir, cooperar. Assim como disse Vinicius de Moraes: ... a vida só se dá pra quem se deu, pra quem amou, pra quem chorou, pra quem sofreu
.
Ontem e hoje continuo pedindo a Deus para iluminá-la sempre. Um fraterno abraço, querida amiga, querida mestra!
10 – WANDERLINO ARRUDA
A POESIA DE DÁRIO TEIXEIRA COTRIM
De quando o homem se viu colocado na primeira manifestação literária, mesmo antes do texto escrito, a melhor forma de arte que encontrou foi a fala poética. Inicialmente, pelo menos em Português, o verso paralelístico, a cantiga de amor, a cantiga de amigo, a cantiga de maldizer. Poesia para ser cantada, repeti-da de memória em portas de hospedarias, nas tabernas, à beira das estradas ou nos palácios reais, o poema de amor à gente ou à terra, sempre com laivos de emoção e sonoridade que só o verso pode ter. Assim, o poeta, homem ou mulher, jovem ou velho, mas apaixonado pelo musical da língua, nunca pôde fugir do bom e do gostoso da arte de poetar. E como Deus fez o mundo com luz, o versejador fez o idioma com versos. E a poesia foi feita...
É por isso que Dário Teixeira Cotrim, falante do mesmo idioma de El-rei Dom Dinis, de Paio Soares de Taveirós, de Camões, de Bilac, de Fernando Pessoa ou de Cândido Canela, também há de cometer seus versos, cantando a velha Bahia, sentindo no peito a necessidade de extravasar-se na paixão do menino e no namoro do adolescente. Vive a natureza pura, adoece de saudade com os mesmos sintomas de todos os poetas, sofre e canta PREFÁCIOS E COMENTÁRIOS – 11
o sofrimento. É a tradição dos que amam acima da linha de nível do amor comum. Dário Teixeira Cotrim ama a terra, ama o povo e se embeiça pelo amor do próprio sangue, da própria raça interiorana de baianos de fé e de coragem.
A Casa Grande de Mãe-Veia
é, pois, um canto de pura saudade, um rememorar de eternas lembranças dos companheiros de meninice, dos parentes mais velhos, da escola primitiva, do back-ground de um tempo de vida alegre e descompromissa-da, sem horários, sem livros de pontos, sem dígitos e sem tecla-dos, onde o computador de hoje era o mundo de rios, morros e montanhas, pedaços de capão-de-mato. Dário Teixeira Cotrim foi sempre um saudosista, um vidente ao contrário, muito mais de passado, muito pouco de futuro. Se o presente é bom, o pre-térito é melhor, é mais rico, mais prenhe de sutilezas com infinitas doçuras de mocidade. Na sua memória, a igrejinha, o curral, a estrada, as cercas com lonjuras de acabar de vista, os pastos, os animais dentro dos pastos, as nuvens despidas de sol ou carregadas de chuvas, o amanhecer, o crepúsculo, os brinquedos de roda, do pega-ladrão, do fazer-a-gata-parir, o montar em pelo, o banho de rio e de lagoa, a arapuca, o quebra, o estilingue, o bodoque o eterno buscar umbu quando umbu está começando a amadurecer. Tudo num mundão de sonhos e de doces realidades, que só o interiorano conhece.
Fez muito bem o poeta em poetar sua poesia. Modesto, diz que não quer fama, não espera vender o exemplar na livra-ria, não pensa em edições milionárias e de luxo. Dário Teixeira Cotrim quer sua poesia na boca e no coração do seu povo, dos seus amigos e colegas de banco, mas sobretudo, na boca do povo baiano de Ceraíma, que teve a felicidade de nascer ali perto da casa grande de Mãe-Veia
. Se esses baianos lerem seu livro, sen-12 – WANDERLINO ARRUDA
ti-lo e com ele se emocionar, tudo bem, o esforço foi pago, o poeta viverá feliz. E mais vale a felicidade do poeta e da gente do seu sangue, que o dinheiro de todos os ricos! Viva o amor!
E eu, como amigo e companheiro de lutas, também me sentirei gratificado. E muito!
PREFÁCIOS E COMENTÁRIOS – 13
PÁSSARO AMIGO, DE
AFONSO PRATES BORBA
"A vida é um contínuo exercício do aprender.
A cada dia descobrimos novos valores, descortinam-se se aos nossos olhos