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Os Caminhos do João
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E-book245 páginas3 horas

Os Caminhos do João

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Sobre este e-book

Quando falamos do Caminho de Santiago de Compostela por vezes pensamos em um momento cem por cento espiritual de autoconhecimento. Ainda existem aqueles que dizem que ser "um chamado". Há aqueles que dizem ser um caminho histórico, de descobertas. Independente da ótica, o Caminho de Santiago de Compostela vem para nos trazer o prazer do viver, do exercício da gratidão, o desprendimento de um mundo materialista, superficial, em que o tempo rege os nossos destinos. No Caminho o peregrino desfruta do que aquele dia e aquele percurso tem a oferecer. Não existe uma cronologia, não existe uma necessidade absoluta de cumprimento de metas. Você apenas segue as flechas amarelas... faz daquele Caminho a metáfora da sua própria vida. No livro OS CAMINHOS DO JOÃO podemos claramente comprovar o quanto viver o Caminho é tão importante quanto chegar ao destino. João Marcon, homem com alma de criança, percorre os caminhos francês e do Norte seguindo sempre o mesmo propósito: da diversão. João se divertiu com as belezas naturais, com os amigos anônimos, com os obstáculos e dificuldades. O João mostra como é simples ser feliz com o que é suficiente vivendo intensamente o prazer de estar em um percurso tão especial.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento8 de out. de 2018
ISBN9788546211470
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    Pré-visualização do livro

    Os Caminhos do João - João Carlos Marcon

    Paulo.

    PREFÁCIO 2

    El sueño de mi vida, durante muchos años ha sido hacer el Camino de Santiago, el Camino, como símbolo de la vida, del encontrarte contigo mismo, desconectar de las preocupaciones diarias y de tener una actitud abierta conviviendo con gente de edades, culturas e intereses diferentes.

    El 7 de septiembre de 2015 con Joana y Mari Paz decidimos vivir esa aventura, comenzando el camino desde Ponferrada, para disfrutar intensamente de lo más simple, caminar, caminar, caminar.

    El 9 de septiembre iniciamos nuestra segunda etapa de Villafranca del Bierzo a O’Cebreiro, ya erramos cuatro personas en ese momento, era la etapa Reina de nuestro tramo del Camino, entrábamos en la mágica Galicia y decidimos tomarlo con calma.

    En el transcurso de la subida, cuando ya estábamos en plena ascensión, sacando el hígado por la boca, conocimos a João Marcon, la verdad es que la etapa se hizo muy corta, entre foto y foto, charlas sobre temas profundos. ¿Cómo te llamas? ¿Estás casada? ¿Cuántos años tienes? ¿Tienes hijos?

    Lo cierto es que tenemos mucho que aprender de João Marcon, de su espíritu, de su capacidad para vivir el día a día intensamente, siempre con una sonrisa y siempre transmitiendo una energía positiva a todas las personas de alrededor, como hablamos mucho los días del camino… yo quiero ser como João… No, pero no cuando tenga su edad, yo quiero ser como João AHORA. João es el joven que todos querríamos ser… ¡CARPE DIEM!

    Exprimir todo el jugo a la vida, hacer felices a los demás, contagiar alegría, en definitiva ¡VIVIR!

    Alicia Rodríguez fez o Caminho de Santiago, um trecho da rota do Caminho Francês (2015). Fizemos também de bicicleta um bom trecho del Camino Natural, el Camino de Cavalls, na Ilha de Menorca (2016). É administradora e trabalha na Rhenus Logistics. Reside em Barcelona.

    INTRODUÇÃO

    "Temos de ser como as plantas. Quando caírem porcarias sobre nós, devemos transformá-las em adubo e usá-lo para crescermos ainda mais fortes.

    Podemos transformar nossas vidas apenas alterando a perspectiva pela qual encaramos os problemas, convertendo situações aparentemente ruins em bom adubo.

    Os alquimistas sempre buscaram um método para transformar metais comuns em ouro. Mas talvez a grande obra seja essa nossa capacidade de transformar as situações desfavoráveis em momentos preciosos, inspiradores e divertidos." (O Livro da Bruxa, de Roberto M. Lopes)

    Começando a escrever o meu sonhado livro Os caminhos do João. Por onde começar são tantos os caminhos. Ou começar o livro com o tombo que me levantou? De cara o conflito, qual dos dois caminhos a seguir? Antes disso leiam alguma coisa que postaram sobre mim, primeiro um blog da amiga que a conheci há pouco tempo no Parque do Carmo, no bosque das cerejeiras, na zona norte de São Paulo a blogueira Denise Carvalho e depois um artigo do jornalista e amigo de longa data Luiz Carlos Paes Vieira.

    Eu te amo hoje! O blog: A saudade dos outros, por Denise Carvalho em 03/09/2015.

    INSPIRAÇÃO

    A Insubstituível

    Ele foi casado por quarenta anos. Viveu um amor desses que a gente pede aos santos e canta nas músicas: tranquilo e com sabor de fruta mordida. Mas teve que assistir a protagonista de seu romance de cinema ir embora.

    A partida irremediável e dolorosa levou a eterna namorada, mas não as experiências que tiveram juntos. Depois da calmaria ficou a saudade das longas conversas, do companheirismo, da amizade, dos jogos do Palmeiras, Santos e Corinthians que viam aos domingos, sempre temperados com carinho e com o sabor das comidas que ela preparava.

    Mas ele sabe que onde quer que ela esteja, continua presente e agradece por tê-la tido por tanto tempo. Sabe também que a melhor forma de perpetuar seu amor é dedicando-o a si mesmo, à nova vida, aos novos amigos e à peregrinação, que o faz lembrar de que cada dia deve ser aproveitado ao máximo. Viaja pelo mundo protegido por ela, carregando consigo boas lembranças e acompanhado da liberdade que só o verdadeiro amor pode proporcionar.

    Jornal A Folha de Boituva, diretor responsável e jornalista Luiz Carlos Paes Vieira

    Publicado em 5 de novembro de 2015, com a seguinte chamada na capa: Terceira idade: Marcon, o peregrino.

    Título da Matéria: Quando a idade avança o jeito é caminhar, revela João Marcon.

    Marcon: o peregrino no tempo

    Era março de 1947, momento pós-guerra mundial. Em Boituva, no lar da família Marcon, nascia mais um garoto – o terceiro. Como dita a tradição italiana, logo seria batizado com o nome de João Carlos.

    De pai chapeleiro (profissão hoje inexistente) e mãe dona de casa, o pequeno João ainda teria um irmão caçula, Celso, para se juntar aos outros dois, Sérgio e Zeca. A infância foi aquele tropeço típico de uma família cheia de garotos. Risos e brigas constantes!

    Seus pais na década de 1960 abriram uma loja na Eugênio Motta – até hoje principal corredor econômico de Boituva. A tragédia bateria à porta da família em fevereiro de 1965.

    No dia 2 daquele mês, os pais de João organizaram um passeio na vizinha Tietê – a bordo do primeiro Fusca da cidade. Um desentendimento com o irmão Celso fez o nosso personagem se safar da morte na época... não seria a primeira vez! João não embarcou naquele dia.

    O carro conduzido por seu pai, numa curva da estrada já na vizinha cidade, foi atingido em cheio por uma inusitada manobra de um caminhão que seguia no fluxo contrário. Com 17 anos, João ficava órfão.

    Andarilho das alturas

    Se na adolescência havia se internado com 13 anos, num seminário paulistano, de rígidos padres holandeses devido a uma suposta vocação sacerdotal, agora Marcon queria voar pela vida. Para isso valeu-se do mesmo companheiro da batina de seminarista: Wilson Alves. Eternizaram uma viagem de aventuras e dificuldades.

    Juntos embarcaram no célebre trem de passageiros da Sorocabana, nos anos de chumbo da ditadura, em 1969. O destino era a cidade de Bauru. De lá trocariam o conforto para alcançar os Andes, por intermédio do famigerado trem da morte, atravessando o pantanal mato-grossense e os elevados pontos de travessia da vizinha cordilheira. Che Guevara – o mais festejado jovem líder revolucionário na época – havia sido morto um mês antes... as Américas fervilhavam.

    Na Bolívia, foco da aventura, valeram-se de informes de funerárias para conseguir os lanches de velórios, fazendo frente à fome que se avizinhava diariamente em afronta ao bolso esquálido de recursos. Nem tudo era dificuldade. A criatividade de ambos organizou um discurso de pseudolideranças da juventude brasileira, o que proporcionou uma audiência particular com o presidente da República da Bolívia à época, Luís Adolfo Siles Salinas – para obter o farto almoço oficial que era o real objetivo da dupla.

    Jornada familiar

    Marcon, de volta ao Brasil, retomou os estudos e o namoro com uma das mais belas normalistas da época: Sônia Maria Rosa da Silva. Em 1970, colava grau em Administração pela FACCAS (hoje Uniso). Em 26 de dezembro contraía núpcias com Sônia, para logo se mudarem para a capital.

    Residentes em Carapicuíba, Marcon logo se instalaria no coração econômico da principal cidade da América do Sul. Na sede do Banco de Tokyo em plena Avenida Paulista, teve contato estreito e diário com a cultura e costumes orientais.

    Em abril de 1973, o nascimento da primeira filha – Janaina, hoje tenente farmacêutica do Exército – traria a saudade do ritmo e do calor humano do interior. Com a aprovação num concurso do então INPS, logo trabalharia em Sorocaba e a família passaria a residir em Boituva. O segundo filho, Jodson, nasceria na Águia da Castelo em 1980.

    Em outubro de 1989, juntamente com os servidores Luiz Carlos Paes Vieira e Nelci Dorighello, ele seria um dos pioneiros da instalação da Previdência Social em Boituva. Lá trabalhou até sua aposentadoria, em 1997.

    Cidadão do Mundo

    Com a aposentadoria da esposa, do magistério estadual, logo estariam por afivelar as malas e percorrer o mundo. Argentina, Itália (1999), França, Egito (2006); o casal vivenciava uma nova lua de mel.

    O bailado existencial teria um novo sobressalto. Convalescente de uma cirurgia cardíaca, a professora Sônia Marcon não suportaria as dificuldades da UTI num hospital paulistano, falecendo na véspera do aniversário de Boituva, em 2011.

    O novo momento de escuridão, diferente daquele da juventude, se abateu sobre nosso personagem, quando o mesmo chegava aos 65 anos. A tristeza e vácuo foram aos poucos sendo amenizados pela presença constante dos amigos, filhos e netos.

    Entremeando seus dias em viagens e amigos, um novo relacionamento surgiria em sua agenda. Como num flamejante desatino de Cupido, em pouco tempo celebrava novas bodas, agora aos 67 anos de idade. Mas o sonho se extinguiu, ficando apenas lembranças. Logo uma nova solidão, desta vez mais exigente e amadurecida, cobrou muito mais o passar das horas e dos dias de Marcon.

    Disposto a recomeçar, se empenhou avidamente por terra, água e ar. Saltou de paraquedas de grandes alturas, contemplou a beleza do fundo do mar com amigos. Mas foi no caminhar que se deu o reencontro com seu EU.

    Caminho de vida

    Em meados de agosto de 2014, seu grande desafio: percorrer as centenas de quilômetros do caminho do apóstolo São Tiago, até Compostela, na Espanha. Logo nos primeiros dias um grave acidente, com fratura do nariz, escoriações e um profundo corte na cabeça, resultando na perda de doze dentes. Nada disso era comparável ao diagnóstico na emergência do hospital espanhol: risco de morte iminente! A válvula aórtica há muito estava comprometida.

    O tombo havia sido providencial para deter aqueles que, por certo, seriam seus últimos passos. De volta ao Brasil, no Instituto do Coração, conheceu Dr. Fábio Gaiotto, um jovem médico de nossa região, referência nacional no tratamento de problemas cardíacos. Após meticulosa cirurgia, o desafio: retomar o caminho de São Tiago de Compostela.

    No dia 3 de setembro de 2015, postado à cidade de León, aos 68 anos de idade, uma nova ação: mais de 300 km vencidos em 13 dias de caminhada, com uma singela homenagem àqueles que, aqui e lá, foram instrumentos para o seu caminhar.

    Vou seguindo. A idade é mais um processo mental. Cuidando do corpo, você observa o passar dos dias na folhinha, mas o que importa é o AQUI, o AGORA, diz Marcon.

    MINHAS MEMÓRIAS

    Faz algum tempo que quero colocar no papel a minha vida, mas por que não?

    Nasci em 14/03/1947, às 20:00, parto normal com parteira em casa, na cidade de Boituva-SP e, segundo a minha mãe, o cordão umbilical foi enterrado no quintal num pé de roseira. Meus pais eram Rosalina Betti Marcon e João Marcon. Avós paternos: Giuseppe Marcon e Maria Mescoloto Marcon. Avós maternos: Angelo Betti e Maria Paveli. Meus irmãos: Sérgio Antonio (DN 21/12/40), Maria José (03/06/43) e Celso (15/05/49), já falecidos, além de José Carlos (Zeca).

    Meus pais se casaram em 03/02/1940 em Cerquilho e mudaram-se para Boituva. O começo foi muito duro e eram muito econômicos. No início, meu pai se estabeleceu como tintureiro e reformava chapéus. Passou, depois, para o comércio de retalhos e aí não demorou muito para se tornar uma loja grande, para os padrões da época, comercializando tecidos, roupas, calçados e miudezas em geral, tinha de tudo. A loja ficava bem no centro da cidade, na Rua Coronel Eugênio Motta, 164. Papai não reclamava de nada, era muito alegre e brincalhão, aliás, era uma pessoa de muita sorte em rifas e sorteios. Gostava de futebol e assim que podia participava dos jogos, esse era seu passatempo. Nos jogos de solteiros x casados era atacante e fazia seus gols. Meu pai prestou serviços à nossa comunidade assumindo a primeira legislatura da Câmara (sem remuneração, é bom salientar), de 1948 a 1951. Uma das salas da Câmara dos vereadores da cidade leva o seu nome. Na área social era membro atuante dos Vicentinos na ajuda às famílias carentes. Meus pais eram católicos.

    Seu primeiro carro foi um Ford Mercury, 1947, preto, 8 cilindros. Em 1958, obteve um Fusca, foi o primeiro Volks em Boituva e sua procedência era alemã. Em 1964, um Fusca 0 km, 1.200, veículo esse que foi objeto do grave acidente.

    Outra marca dele, além de ser alegre e sorridente, era ser muito bom em contas. Não tinha medo de nada, aliás, era ousado. A loja era a maior de Boituva.

    Estudos. Seminário. Faculdade

    Fiz o primário em Boituva e nessa época passaram por lá uns padres missionários da ordem Sagrados Corações de batina branca, holandeses. Os padres conversaram com meus pais, muito católicos, e lá vou eu com eles estudar no Seminário Cristo Rei em Ferraz de Vasconcelos. Tive como companhia mais um boituvense, o amigo Wilson Alves. Três anos e meio foi o tempo que fiquei recluso: estudando, orando e participando de todas as atividades de lá, como teatro e futebol. No seminário tive o meu primeiro contato com o Francês, o Latim e o Grego. Os estudos eram bem focados e isso refletiu na minha vida, nos meus concursos, aliás, eu passava em quase todos. Uma imagem que nunca esqueço é a dos padres holandeses fumando, aliás, tinham uma sala aclimatada só para guardar os cigarros, fumo e charutos. Outra coisa, antes de qualquer refeição a gente orava em pé. E durante a refeição alguém lia passagens da Bíblia. O dormitório era imenso e era fácil de sentir o chulé. Participei de inúmeras peças de teatro, a que lembro bem foi Pluft o Fantasminha. Na época também gostava de jogar futebol, normalmente no gol. Até que um dia bati o pé, quero ir embora. ¡No más!

    De volta a Boituva, retornei aos estudos, terminando o ensino ginasial.

    Estudei concomitantemente o Curso do Magistério (em Boituva) e do Científico (Porto Feliz).

    O Curso Científico era na parte da manhã, assim, eu viajava a Porto Feliz todos os dias de ônibus, na volta normalmente meu pai ia me buscar de carro, um fusca marrom. Aí tive o meu primeiro contato de direção, normalmente ele me deixava dirigir para ir pegando o gosto, nunca esqueço isso. Ficava com dó dos amigos do banco de trás, iam apreensivos quando pegava no volante. Lembro bem da carinha da Iracema Salto com os olhos arregalados.

    Nesse período perdi os meus pais num acidente de carro, que vou narrar mais adiante.

    O Curso Científico (Escola Estadual Monsenhor Seckler, em Porto Feliz) tinha uma vida estudantil intensa. Classe com poucos alunos, mas bem atuante. O 3º ano científico tinha um jornal editado com o nome de Cultura, sendo que o Diretor Presidente era o Paulo Roberto Camargo e eu, o Tesoureiro. Os artigos eram nossos e normalmente a gente acabava mexendo com os professores, veja um artigo nosso publicado em 15/06/1966:

    Você Já Pensou:

    Se o Salatiel não fosse o nosso professor de Química? Se o professor Salatiel publicasse um livro prático de química?

    Se o prof. Anibal tivesse que carregar mais um livro de baixo do braço?

    Se a professora Astrogilda já tivesse um Karman Ghia?

    Se o professor Juste gritasse um pouco mais alto na aula?

    Se o professor Ney ainda fosse solteiro?

    No casamento da professora Salete com o professor Guido?

    Se Ênio tivesse o pé um pouco maior?

    Se tivéssemos uma boa biblioteca? Se a biblioteca fosse aberta o dia todo?

    Se a quadra funcionasse?

    Se tivéssemos um bom laboratório?

    O tom era esse, um pouco irônico, mas de assuntos nossos. Aceitávamos quaisquer artigos de alunos, críticas e sugestões. O jornal Cultura era bem democrático e desprovido de quaisquer interesses, a não ser servir o nosso meio.

    Ainda referente a esse período do meu despertar, o Lions Clube de Porto Feliz lançou na escola Monsenhor Seckler um concurso que seria em nível mundial para escrevermos sobre um tema: A Paz é Atingível. Fiz o texto, encaminhei e tinha até esquecido, quando recebi uma carta do Lions Porto Feliz em 02/04/1967, assinado por seu presidente, Dr. Walter Castelucci, para que eu pudesse participar de uma cerimônia, uma sessão solene, onde seria entregue um prêmio referente ao concurso. Quase caí das pernas quando li aquilo, lembro que tinha caprichado quando escrevi, mas quando entreguei não esperava nenhum retorno, fiquei pensando que o artigo iria passar despercebido no meio de milhares. E, na verdade, havia sido um dos 3 melhores, ficando em 2º e acabei ganhando uma importância em dinheiro, que era a metade do 1º classificado. Lembro que para não ter influência dos jurados os trabalhos foram numerados e o meu era o de número 14.810. No final, foi publicado no jornalzinho da escola o artigo na íntegra da Paz é Atingível.

    O Curso Normal era à noite em Boituva e fiz os três anos, mas nunca cheguei a lecionar. A nossa turma foi a primeira do magistério no Instituto de Educação Monsenhor João Sandoval Pacheco e tudo era novidade.

    Fiz a Faculdade de Administração em Sorocaba à noite, de 1967 a 1970. Uma imagem que está bem viva dentro de mim foi quando entrei na faculdade como calouro. Antecipei-me ao trote, fui ao barbeiro e raspei o cabelo. Os veteranos viram nessa atitude uma provocação e jogaram pesado comigo, tive que vestir um saiote e jogaram um líquido azul na minha cabeça. O desfile já estava em frente à catedral de Sorocaba. Só sei que o líquido azul escorreu nos olhos e por pouco não fui parar nos hospital. Deram muita cachaça para beber, enfiavam goela abaixo. Aguentei tudo com bravura, a imagem disso tudo foi como se eu segurasse uma granada junto ao corpo e se explodisse eu que me virasse sozinho. Espero que hoje não existam mais esses trotes violentos.

    O período de faculdade foi nos anos de chumbo da ditadura militar. Lembro de um professor, o Porreta, que

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