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Passado secreto - Princesa do passado
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E-book300 páginas4 horas

Passado secreto - Princesa do passado

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Sobre este e-book

OMNIBUS GERAL 140
Passado secreto
Julia James
Nada o deterá de saldar velhas contas do passado...
Quando Angelos Petrakos viu a supermodelo Thea Dauntry num luxuoso restaurante de Londres, sabia que, na realidade, ela não era a mulher de elegância inata que aparentava ser...
Para Thea, o reaparecimento de Angelos era desastroso. A última coisa que desejava quando o visconde com quem jantava estava prestes a pedi-la em casamento, era que alguém lhe recordasse o seu passado. Um encontro com o bonito magnata grego há alguns anos permitira-lhe forjar o seu futuro, mas Angelos nunca esqueceu a forma como ela o utilizou…
Princesa do passado
Caitlin Crews
Chegara o momento de ter um herdeiro e ela devia voltar para o castelo… e para a sua cama.
Dentro dos imponentes muros do castelo, a jovem princesa Bethany Vassal descobriu que o seu casamento precipitado com o príncipe Leopoldo di Marco não era o conto de fadas que ela imaginara. Pouco depois do casamento, a princesa fugiu do castelo esperando que o homem por quem se apaixonara loucamente fosse procurá-la…
Casar-se com Bethany fora a coisa mais temerária que Leo fizera em toda a sua vida e estava a pagar um preço bastante alto por isso…
IdiomaPortuguês
Data de lançamento1 de out. de 2023
ISBN9788411802383
Passado secreto - Princesa do passado
Autor

Julia James

Mills & Boon novels were Julia James’ first “grown up” books she read as a teenager, and she's been reading them ever since. She adores the Mediterranean and the English countryside in all its seasons, and is fascinated by all things historical, from castles to cottages. In between writing she enjoys walking, gardening, needlework and baking “extremely gooey chocolate cakes” and trying to stay fit! Julia lives in England with her family.

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    Passado secreto - Princesa do passado - Julia James

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    Editado pela Harlequin Ibérica.

    Uma divisão da HarperCollins Ibérica, S.A.

    Avenida de Burgos, 8B

    28036 Madrid

    © 2023 Harlequin Ibérica, uma divisão da HarperCollins Ibérica, S.A.

    N.º 140 - outubro 2023

    © 2011 Julia James

    Passado secreto

    Título original: From Dirt to Diamonds

    Publicado originalmente pela Harlequin Enterprises, Ltd.

    © 2011 Caitlin Crews

    Princesa do passado

    Título original: Princess From the Past

    Publicado originalmente pela Harlequin Enterprises, Ltd.

    Estes títulos foram publicados originalmente em português em 2011

    Reservados todos os direitos de acordo com a legislação em vigor, incluindo

    os de reprodução, total ou parcial. Esta edição foi publicada com a autorização

    da Harlequin Books, S.A.

    Esta é uma obra de ficção. Nomes, carateres, lugares e situações são produto

    da imaginação do autor ou são utilizados ficticiamente, e qualquer semelhança

    com pessoas, vivas ou mortas, estabelecimentos comerciais, acontecimentos ou

    situações são pura coincidência.

    ® Harlequin e logótipo Harlequin são marcas registadas pertencentes à Harlequin

    Enterprises Limited.

    ® e ™ são marcas registadas pela Harlequin Enterprises Limited e pelas filiais,

    utilizadas com licença. As marcas em que aparece ® estão registadas na Oficina

    Española de Patentes y Marcas e noutros países.

    Imagem da capa utilizada com a permissão da Dreamstime.com

    ISBN: 978-84-1180-238-3

    Sumário

    Créditos

    Passado secreto

    Capítulo 1

    Capítulo 2

    Capítulo 3

    Capítulo 4

    Capítulo 5

    Capítulo 6

    Capítulo 7

    Capítulo 8

    Capítulo 9

    Capítulo 10

    Epílogo

    Princesa do passado

    Capítulo 1

    Capítulo 2

    Capítulo 3

    Capítulo 4

    Capítulo 5

    Capítulo 6

    Capítulo 7

    Capítulo 8

    Capítulo 9

    Capítulo 10

    Capítulo 11

    Capítulo 12

    Se gostou deste livro…

    portadilla

    Capítulo 1

    Angelos Petrakos relaxou os seus ombros largos contra as costas da cadeira confortável e pegou no seu copo de vinho para saborear com deleite uma pequena quantidade do líquido exclusivo. Olhou à sua volta para observar os clientes do restaurante elegante de Knightsbridge, distraindo-se durante um instante de quem o acompanhava naquele jantar de negócios.

    Imediatamente, apercebeu-se de como os olhos femininos o observavam.

    Uma olhar de desprezo frio reflectiu-se nos seus olhos, negros como a noite. Que parte do seu interesse se dirigia para ele como pessoa e qual para o seu lugar como presidente de um conglomerado internacional com participação em negócios muito rentáveis?

    Aquela era uma distinção que o seu pai viúvo fora incapaz de fazer. Suficientemente ardiloso nos negócios para construir o império Petrakos, o seu pai fora vítima de uma caçadora de fortunas atrás de outra, coisa que desagradara profundamente o jovem Petrakos. Repugnara-o ver como o seu pai vulnerável era explorado, obrigado a emprestar dinheiro ou a promover as suas carreiras com a sua riqueza e contactos. Angelos aprendera muito bem a lição e, por muito tentadora ou atraente que fosse uma mulher, mostrava-se inflexível na hora de separar os negócios do prazer. Nunca permitia que nenhuma mulher bela e ambiciosa se aproveitasse do interesse que ele sentia por ela. Assim era muito mais simples e mais seguro.

    Continuou a percorrer o restaurante, ignorando descaradamente as tentativas de muitas de chamar a sua atenção e sem deixar de prestar atenção ao que o seu acompanhante lhe dizia. Então, abruptamente, alguma coisa o obrigou a agarrar o seu copo de vinho com mais força. Alguma coisa chamara a sua atenção até atrair o seu olhar para uma mesa contra a parede oposta.

    Uma mulher, sentada de perfil para ele.

    Ficou completamente imóvel. Depois, muito lentamente, baixou o copo para a mesa, sem desviar o seu olhar da mulher. Os seus olhos eram tão duros como o aço. Então, interrompeu o que o seu acompanhante estava a dizer e disse-lhe:

    – Perdoa-me por um instante.

    Levantou-se e pousou o guardanapo sobre a mesa. Então, com passo ágil e poderoso, atravessou o restaurante.

    Na direcção da sua presa.

    Thea levantou o seu copo, sorriu para o seu acompanhante e bebeu um gole delicado de água mineral. Embora Giles estivesse a desfrutar de um bom vinho, ela nunca bebia álcool. Não só se tratava de calorias sem aproveitamento algum, mas também era perigoso. Durante um instante, uma sombra atravessou-lhe o rosto. Então, Giles falou e dissipou-a.

    – Thea…

    Sorriu-lhe calmamente, apesar dos nervos que a comiam por dentro. «Diz, por favor…»

    Esforçara-se tanto e durante tanto tempo para que chegasse aquele momento e, de repente, o que tanto desejara estava ao seu alcance.

    – Thea… – voltou a dizer Giles. Desta vez, o seu tom era mais decidido.

    E, novamente, ele parou, apesar de Thea desejar que continuasse.

    Então, uma sombra caiu sobre a mesa.

    Angelos achou curioso que a tivesse reconhecido tão rapidamente. Afinal de contas, tinham passado quase cinco anos, mas não tivera dúvidas sobre a identidade dela assim que a vira. Uma parte do seu cérebro sentiu alguma coisa parecida com a emoção, um sentimento que ele descartou rapidamente.

    Como podia não a reconhecer? Reconhecê-la-ia em qualquer lugar. Não havia lugar onde ela pudesse esconder-se. No entanto, naquele momento, quando alcançou a mesa onde ela se encontrava, viu no que se transformara. A mudança era notável, tanto que, durante um momento, viu o que ela desejava que o mundo visse.

    Uma mulher de uma beleza espectacular. Uma mulher que seria capaz de fazer com que qualquer homem sustivesse a respiração.

    De qualquer forma, ela sempre fora bela, embora não tão elegante e arranjada. O seu cabelo, de um loiro claro e brilhante, estava impecavelmente penteado e preso sobre a nuca. A maquilhagem era tão subtil que parecia que não a tinha. O brilho das pérolas nos lóbulos das orelhas, o vestido de alta-costura de seda cor de champanhe…

    Quase deu uma gargalhada. Vê-la assim, tão elegante, tão chique, com uma imagem que estava a anos-luz da que ela tivera há cinco longos anos. Cinco anos para criar aquela transformação. Aquela ilusão.

    Aquela mentira.

    Ela virou-se para olhar para ele e, em menos de uma décima de segundo, Angelos viu como a surpresa e o choque se reflectiam no seu rosto. Então, menos de um segundo depois, o seu rosto mudou novamente, tanto que Angelos quase a admirou pelo controlo férreo que exercia sobre os seus sentimentos.

    No entanto, não era admiração o que sentia por ela, mas…

    Era uma coisa diferente, muito diferente. Uma coisa que enterrara profundamente há mais de cinco longos anos, que esmagara como as rochas sob a lava e queimara para transformar depois em basalto frio e impenetrável.

    Até àquele momento.

    Pôs a mão no bolso do peito e tirou um cartão-de-visita. Deixou-o sobre a mesa, mesmo à frente dela.

    – Telefona-me – disse-lhe.

    Com isso, virou-se e foi-se embora. Enquanto o fazia, tirou o seu telemóvel e carregou num botão. Recebeu uma resposta imediata.

    – A loira. Quero um relatório completo sobre ela quando regressar à minha suíte esta noite – disse. Fez uma pequena pausa. – E também sobre o seu acompanhante.

    Então, voltou a guardar o telefone e dirigiu-se para a sua mesa. O seu rosto continuava sem expressar emoção alguma.

    – As minhas desculpas – disse ao seu acompanhante. – Estava a dizer…

    – Thea, o que foi isto? – perguntou-lhe Giles. A sua voz elegante e sotaque impecável reflectiam a surpresa que sentia.

    Ela levantou os olhos do cartão. Durante um instante, o seu rosto pareceu expressar os seus sentimentos.

    – Angelos Petrakos – disse Giles, lendo o nome que figurava no cartão.

    Angelos Petrakos. O nome magoava-a no mais profundo do seu ser. Cinco anos…

    Sentia que a surpresa explodia dentro dela. Uma força destrutiva que quase não conseguia suportar, mas devia fazê-lo. Era primitivo.

    Para além do espanto, sentiu outra força devastadora: o pânico. Um calor abrasador que lhe acendeu o peito e ameaçou asfixiá-la. Com um esforço que quase não conseguiu suportar, esmagou todos os sentimentos que a embargavam e recuperou o controlo.

    «Consigo fazê-lo.»

    Aquelas palavras saíram do mais profundo do seu ser. Eram palavras familiares, já conhecidas, que num passado não muito distante tinham sido uma ladainha para ela, uma ladainha que conseguira levá-la ao lugar onde se encontrava naquele momento. A um lugar controlado. Seguro.

    Pestanejou para conseguir concentrar-se novamente no rosto de Giles. No rosto do homem que representava tudo o que sempre desejara. E ele continuava ali, sentado à frente dela.

    «Está tudo bem. Ainda está tudo bem…»

    Giles virara-se para olhar para a figura alta que atravessava o restaurante.

    – Parece que não é o tipo de homem que se incomoda com boas maneiras – comentou Giles, com desaprovação.

    Thea sentiu que a histeria ameaçava destruir o seu autocontrolo férreo. Boas maneiras? Boas maneiras num homem como Angelos Petrakos? Um homem cujas últimas palavras para Thea há cinco amargos anos tinham sido…?

    Preferiu não seguir aquele curso de pensamento. Não. Não tinha de pensar. Nem recordar.

    Giles voltara a falar. Esforçou-se para ouvir, para manter sob controlo uns sentimentos que ameaçavam paralisá-la de puro terror. Tinha de negar o que acabara de acontecer. Devia esquecer-se de que Angelos Petrakos, o homem que a destruíra, surgira do nada como um demónio escuro e maligno.

    – Talvez queira contratar-te – disse Giles, olhando para ela novamente, – embora me pareça um modo muito estranho de o fazer. Extremamente mal-educado. De todos os modos – acrescentou. A sua voz mudara. Parecia tímida, reservada, – já não tens necessidade de aceitar mais contratos… Bom, quer dizer, se tu… Se tu…

    Pigarreou.

    – Bom, Thea, o que ia dizer-te antes de aquele homem nos interromper era… Era… Bom, considerarias…?

    Voltou a interromper-se. De repente, Thea sentiu que não conseguia mexer-se nem respirar. Giles olhava para ela como se não soubesse como completar a sua frase. Então, ergueu o queixo e o seu tom já não era hesitante nem temeroso.

    – Minha querida Thea, dar-me-ias a grande honra de te casares comigo?

    Ela fechou os olhos, que se encheram de lágrimas. De repente, todos os sentimentos que experimentara há poucos minutos e que tinham ameaçado devastá-la desapareceram. Abriu os olhos e sentiu um alívio profundo.

    – É claro que sim, Giles – respondeu, num tom suave. As lágrimas brilhavam-lhe nos olhos como se fossem diamantes. O alívio que sentiu foi tão profundo como o oceano.

    Estava a salvo. A salvo. Pela primeira vez na sua vida. Nada nem ninguém podia magoá-la.

    Quase virou a cabeça com um ar desafiante para olhar para o outro lado da sala para o único homem que odiara com todo o seu coração. Não o fez. Não lhe daria a satisfação de saber que pensava nele. Fosse qual fosse a reviravolta maligna do destino que o levara naquela noite até ali, permitira-lhe ser testemunha, embora ele não soubesse sequer o que estava a acontecer, de um momento de alegria suprema na sua vida.

    Sentiu uma satisfação profunda. Na verdade, era muito adequado que ele estivesse ali, no momento cúpula da sua vida, quando ele estivera prestes a destruí-la.

    «Não o permiti. Voltou a aparecer e agora estou aqui. Tenho tudo o que desejei na vida. Vai-te embora, Angelos Petrakos! Vai-te embora da minha vida para sempre!»

    Então, olhou para os olhos de Giles. O homem com quem se casaria.

    Do outro lado da sala de jantar, os olhos de Angelos Petrakos observavam-na.

    O resto da noite ficou num segundo plano para Thea. O alívio e a gratidão que sentia eram o que mais importava, mas sabia também que ainda a esperavam graves dificuldades. Ela não era a esposa ideal para Giles. Como podia sê-lo? No entanto, sabia que se esforçaria muito para ter sucesso no seu casamento e que se transformaria numa esposa com que ele não lamentaria casar-se ao ponto de os pais dele a aceitarem sem problemas. Não os defraudaria. Nem a Giles. O que estava a dar-lhe tinha um valor incalculável para ela. Não permitiria que ele se arrependesse disso.

    Decidiu que Giles merecia o melhor dela e ela não pouparia esforços para lho dar. Jurou-se que aprenderia como fazê-lo enquanto ouvia como Giles lhe falava de Farsdale, a casa ancestral de Yorkshire que ele herdaria algum dia.

    – Tens a certeza de que gostarias de viver lá? – perguntou. – É uma monstruosidade, sabes?

    Ela sorriu carinhosamente.

    – Farei o que for preciso. Só espero não te defraudar.

    – É claro que não – afirmou ele, segurando na sua mão. – Nunca me defraudarás! Serás a viscondessa mais bonita e maravilhosa que alguma vez tivemos na família!

    Angelos levantou-se e apoiou as mãos sobre a balaustrada fria de metal do terraço da sua suíte e observou o rio, que fluía na penumbra sob os seus pés. A escuridão do Tamisa tinha brilhos dourados, das luzes reflectidas dos edifícios que o ladeavam. Do terraço conseguia ver como a cidade se prolongava em todas direcções.

    A zona de Londres em que ele residia quando visitava a cidade era a mais exclusiva da capital. Era a Londres dos mais ricos. Muitos queriam viver ali, mas poucos conseguiam. O dinheiro era o modo principal de o conseguir, mas não o único. Às vezes, o dinheiro não era essencial. Às vezes, bastavam outros atributos, em especial se se tratasse de uma mulher.

    Agarrou com força na balaustrada.

    O método mais antigo de todos. Fora o que ela usara.

    Respirou lentamente. É claro que sim. Que outra coisa tinha?

    A sua expressão tornou-se mais cínica. A única diferença é que ela aspirava a mais do que quisera dele no passado, tal como indicava o dossiê que ele pedira.

    Excelentíssimo Senhor Giles Edward Saint John Brooke, filho único do quinto visconde de Carriston, cuja residência principal é Farsdale, em Yorkshire. O senhor Giles Saint John Brooke foi a uma ampla variedade de acontecimentos sociais no último ano. Diz-se que tem uma relação que pode acabar em casamento, mas especula-se que o visconde e a viscondessa podem opor-se, dado que prefeririam uma esposa mais tradicional para o seu herdeiro.

    A última frase ecoou no pensamento de Andreas. «Uma esposa mais tradicional para o seu herdeiro». Cerrou os dentes.

    Teriam estado tão preocupados com aquela relação que a teriam investigado? Se fosse assim, eles só teriam encontrado o que a sua própria equipa de segurança encontrara.

    Thea Dauntry, vinte e cinco anos. Modelo de profissão, representada por Elan, uma importante agência de modelos. Possui um estúdio em Covent Garden. Nacionalidade britânica. Nascida em Maragua, na América Central. Filha de dois trabalhadores de uma organização religiosa que morreram num terramoto quando ela tinha seis anos. Regressou ao Reino Unido e viveu num internato religioso até fazer dezoito anos. Viveu no estrangeiro durante dois anos e começou a sua carreira de modelo com vinte e um anos. Boa reputação no seu trabalho. Não consumiu drogas nem se conhece outra relação sentimental para além da que tem com Giles Saint John Brooke. Nenhum escândalo. Não tem processos de nenhum tipo no tribunal nem acusações policiais.

    Durante um segundo, uma raiva profunda apropriou-se dele. Então, virou-se e voltou para o interior do apartamento depois de fechar com força as portas de vidro da varanda.

    Thea sabia que devia estar a dormir, mas sentia-se inquieta. Não parava de olhar sem ver para a escuridão do seu apartamento de Covent Garden. No exterior, conseguia ouvir o ruído da rua, um pouco suavizado pela hora inoportuna, embora a cidade de Londres nunca dormisse. Thea sabia muito bem. Sempre vivera em Londres, embora não naquela Londres, que estava a anos-luz de distância da Londres que ela conhecera. A Londres a que não queria regressar.

    Felizmente, não demoraria muito a abandonar a capital. Não sentiria a falta dela. Entregar-se-ia com gratidão e determinação a Yorkshire, à vida nova e maravilhosa que se abria para ela, uma vida em que estaria segura para sempre.

    No entanto, mesmo enquanto estava deitada ali, a ouvir o ruído do trânsito mais à frente em Strand, sentiu que uma sombra se abatia sobre ela. Uma sombra preta e cruel, que lhe atirava um cartão. Uma voz profunda e dura que a transportara para o passado.

    No entanto, o passado era precisamente isso, passado. Não regressaria.

    Não podia permitir que regressasse.

    Giles telefonou de manhã. Desejava que ela o acompanhasse a Farsdale para poder receber o anel de noivado, uma jóia da família, e conhecer os seus pais. No entanto, Thea fê-lo mudar de ideias.

    – Penso que deves visitá-los sozinho para lhes contar – afirmou. – Eu não quero causar um distanciamento entre vocês, Giles, sabes. Além disso, tenho uma sessão de fotografias esta manhã.

    – Espero que seja para um enxoval de noiva – comentou Giles, afectuosamente. – Assim, começarás a habituar-te à ideia…

    Ela desatou a rir-se e desligou. A inquietação da noite anterior desaparecera com o sol da manhã. Sentia o coração leve, como se tivesse champanhe a borbulhar-lhes nas veias. O passado desaparecera. Para sempre. E não ia regressar. Não ia permiti-lo. E isso significava que nada, absolutamente nada, podia afectá-la.

    «Não pode fazer nada. Nada! Não tem poder algum. O que importa que esteja em Londres? Que me tenha reconhecido? Devia estar contente. Triunfante! Deve ser frustrante para ele ver como acabei, apesar de tudo o que me fez…»

    Tentou animar-se com aquelas palavras. Dar-se força, resolução e determinação. Tal como sempre fizera. Não tivera outra opção senão levantar-se do chão e sair do abismo em que se vira fechada por um só homem. O homem que, na noite anterior, reaparecera como um espectro.

    No entanto, o passado ficara para trás. Estava a encaminhar-se para o futuro, o futuro que desejara durante toda a sua vida. Angelos Petrakos já não podia magoá-la.

    Nunca mais.

    Angelos estava sentado à frente da sua secretária de mogno a tamborilar lentamente os dedos. Tinha uma expressão ininterpretável no rosto e os escuros olhos velados.

    À frente dele, estava a sua assistente pessoal no Reino Unido à espera de instruções. Angelos quase nunca ia a Londres, dado que preferia gerir o império Petrakos da Europa Continental. Portanto, ela tinha a estranha oportunidade de o observar. Mais de um metro e oitenta, ombros largos, ancas estreitas, traços muito masculinos e, principalmente, uns olhos pretos completamente insondáveis que lhe causavam um calafrio por todo o corpo, sobre o qual preferia não pensar demasiado.

    – Não houve mais chamadas enquanto estive ontem em Dublin? Tens a certeza?

    – Não, senhor – replicou ela, obrigando-se a abandonar os seus pensamentos e a concentrar-se no seu trabalho. – Só as que lhe tinha dito.

    Viu que a boca de Angelos Petrakos ficava tensa. Evidentemente, estivera à espera de uma chamada que não chegara. A assistente pessoal não conseguiu evitar sentir uma certa compaixão por quem não tinha telefonado quando, evidentemente, se esperava que o fizesse. Poucos eram os que desfrutavam da reacção de Angelos Petrakos quando não faziam uma coisa que ele esperava deles.

    Thea avançava rapidamente pela calçada. Regressava ao seu apartamento da biblioteca, desfrutando ainda da luz do entardecer daquele dia do princípio do Verão. Sentia-se mais tranquila. Giles ia regressar a Londres no dia seguinte e não tinha nada a recear. Não tinha razões para se preocupar. O alívio e a gratidão eram os únicos sentimentos que ia permitir-se.

    Enquanto se aproximava do seu bloco de apartamentos, uma limusina elegante chamou ligeiramente a sua atenção, embora não achasse a sua presença estranha. Estavam tão perto da Opera House que, certamente, se tratava de um motorista à espera que alguém saísse da ópera. Parou à frente da sua porta e tirou a chave da mala. Naquele momento, ouviu uns passos rápidos atrás dela e, antes de se aperceber, viu um homem ao seu lado, empurrando-a para a porta.

    – Nada de animações, menina – disse.

    Abriu a porta e empurrou Thea para o interior do hall. Tudo aconteceu num segundo e, durante esse segundo, Thea ficou completamente paralisada. Então, o seu instinto de sobrevivência pareceu despertar e virou-se, levantando rapidamente o joelho. O homem emitiu um gemido, mas, quando Thea ia dar-lhe uma boa cotovelada nas costelas, apareceu outra pessoa, alguém que a dominou sem esforço algum.

    Uns olhos escuros observaram-na. Ela encostou-se à parede com os olhos esbugalhados de medo.

    Pânico. Terror. E sobretudo, um ódio profundo.

    Então, ele falou.

    – Continuas a ser uma vadia – disse Angelos Petrakos. – Eu encarrego-me disto – acrescentou, referindo-se ao homem, que ainda estava a recuperar do forte golpe sofrido.

    Voltou a concentrar a sua atenção em Thea, que o observava da parede com os olhos semicerrados como os de um gato. Percebeu que tinha o coração acelerado.

    – Cima! – ordenou.

    – Fora daqui! – ordenou ela. Então, sem desviar os olhos dele, tirou o telemóvel da mala. – Vou chamar a polícia.

    – Fá-lo. Amanhã haverá um artigo muito interessante nos jornais. Especialmente, em Yorkshire.

    Thea hesitou durante um instante e depois baixou a mão. Tinha o coração acelerado. Tinha de se acalmar. Tomar o controlo da situação. Afastou-se da parede e ergueu-se.

    – Porque vens visitar-me a minha casa? – perguntou-lhe.

    – Disse-te para me telefonares – replicou ele, num tom tenso e frio.

    – Para quê?

    – Iremos ao teu apartamento para falar disso – afirmou Angelos. – Interessa-te fazê-lo – acrescentou, ao ver que ela hesitava.

    Mais nada. Não precisava. Sabia que ela compreendia.

    Um ódio profundo apareceu nos olhos de Thea, mas, apesar de tudo, virou-se e começou a subir pela escada. Apesar de o seu apartamento ser no penúltimo andar, não ia arriscar-se a ver-se confinada no elevador com ele.

    Angelos subiu atrás dela, admirando as linhas esbeltas do seu corpo. Vestia-se

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